You Are My Star escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 13
Distância


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!

Rápido de novo, não? Eu escrevi esse capítulo em 3 dias, espero, realmente, que tenha ficado bom *-*

Bem... Entramos na reta final da fanfic, acho que temos mais 2 capítulos antes do final da fanfic. Aproveitem!

E quanto a música desse capítulo, escutem. Creio que vão gostar.

Boa leitura!



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            Olá Santana. Eu sei que provavelmente, você está querendo me matar nesse momento, mas a culpa não foi só minha. Quinn me machucou e eu simplesmente não consigo mais lidar com ela tão próxima a mim. Culpe minha covardia, minhas cicatrizes, meus traumas... Eu simplesmente não consigo, mesmo querendo acreditar nela, eu não consigo. Eu queria saber perdoar, mas já perdoei tanto que nem sei se ainda sou capaz disso.

            Mas eu não quero falar de mim. Eu quero falar sobre você e Brittany e sobre o que vocês vão fazer para Quinn. Ela vai ser eternamente grata a vocês e é bom que ela não saiba que eu tive algo a ver com isso. Eu não quero que ela volte a me procurar, eu não preciso dela me procurando para lembrar o que ela me fez.

            Bem, durante o tempo que eu fiquei em Lima, eu conversei com Shelby. Passei por cima dos meus próprios medos para trazer alguma felicidade pra ela, por quê? Porque eu a amava e soube, da forma mais dolorosa possível, que isso não era recíproco. Shelby concordou em deixar que Quinn visse Beth novamente. Claro que isso custou algumas ameaças e até mesmo, um incentivo financeiro (não que Quinn precise saber disso).

            Sendo assim, eu marquei um encontro com Beth na sala do Glee, na próxima quarta-feira durante a tarde. Beth tem 10 anos, é uma garota muito inteligente e muito parecida com Quinn.  E acredite, os olhos são os mesmos!

            O que você tem a fazer, Santana... É levá-la até lá e manter segredo sobre isso. Eu queria levá-la, mas devido aos recentes acontecimentos, eu não vou poder fazer isso. Está longe de minha força de vontade.

            Espero que você cumpra isso, mesmo. Não faça por mim, eu sei que você está planejando a minha morte, mas faça pela Quinn. Ela merece isso.

            Até qualquer dia, Rachel Berry.

            Santana teve que ler o e-mail mais de três vezes antes de entender o que Rachel Berry tinha feito.

            Rachel tinha conseguido fazer com que Shelby permitisse as visitas a Beth novamente.

            Nem Santana ameaçando Shelby de processos que muitas vezes, nem eram possíveis, tinha conseguido aquilo. A latina nem podia imaginar o que Rachel tinha feito para e pela primeira vez, em anos, Santana Lopez conseguiu admirar Rachel.

            Enquanto apagava o e-mail e olhava para a tela de seu notebook pensativa, Santana sentiu dois filetes de lágrimas em seu rosto. Rachel só provava, com aquela atitude, que realmente amava Quinn. Então por que não acreditara em Quinn no hotel? Santana não conseguia acreditar que as duas estavam separadas para sempre. Mas então, ela lembrava-se do desespero e do choro sofrido de Quinn que durou toda uma tarde e parte da noite e aí sim, ela acreditava.

            Brittany colocara Quinn para dormir a muito custo e agora, observava a noiva com uma expressão confusa. A dançarina aproximou-se da latina e sentou no colo dela, limpando as lágrimas com gestos delicados que provocaram um sorriso triste em Santana. Brittany tomou o rosto da latina entre suas mãos e perguntou:

            - O que aconteceu, amor?

            - Rachel enviou um e-mail. – Santana disse incomodada antes de beijar as mãos de Brittany, rapidamente, a expressão da dançarina fechou-se. Brittany era extremamente devota a Quinn, o lado materno dela gritava quando estava com a amiga e no momento, tudo que Brittany queria era que Rachel deixasse todos em paz. – Ela quer que terminemos uma coisa que ela preparou para Quinn.

            - E ela ainda se acha no direito de fazer alguma coisa pela Q? – Brittany perguntou um pouco agressiva, ainda mais ela que era sempre tão gentil e meiga. A dançarina levantou-se do colo de Santana e olhou irritada para a latina que tinha uma expressão melancólica na face. – Nós não vamos terminar nada, Quinn já está destruída o bastante, não precisa de mais nada vindo de Rachel!

            Santana entendeu o que Brittany quis dizer, afinal, ela mesma estava um pouco inclinada a não levar Quinn naquele encontro, Rachel não podia pedir nada depois de negar o perdão para a amiga delas. Mas estavam falando de Beth... Quinn não via Beth há quatro anos e Santana tinha certeza que, depois de Rachel, Beth era a pessoa mais importante na vida de Quinn.

            A latina levantou-se e foi até Brittany, tentando acalmá-la com beijos e palavras ao pé do ouvido. A dançarina desvencilhou-se a princípio, mas logo se entregou ao abraço que Santana lhe oferecia. As duas ficaram abraçadas em silêncio enquanto tentavam absorver um pouco do sofrimento ao qual foram expostas naquela tarde, sentindo Brittany mais calma, Santana se afastou com delicadeza e disse:

            - Pelo que eu entendi, Rachel conseguiu convencer Shelby e agora, Quinn pode ver Beth. Ela marcou um encontro na sala do Glee, nessa quarta-feira.

            Brittany arregalou os olhos azuis e ficou observando Santana atônita. Em seguida, suspirou e andou de um lado para o outro no escritório pensando em mil e um resultados que poderiam sair daquela reunião. Quinn poderia sair extremamente devastada pelos anos perdidos ou extremamente feliz em ter a chance de reencontrar a filha após quatro anos... Mas ela não sabia se aquele era o momento mais indicado para aquele reencontro.

            - Por que isso agora? – Brittany questionou cansada e um pouco chorosa enquanto jogava-se na cadeira em que Santana sentara-se recentemente. A latina suspirou e agachou-se ao lado da noiva, sem saber muito bem o que responder. Olhou significativamente para Brittany e respondeu:

            - Odeio ter que dizer isso, mas depois dessa atitude, Rachel só deixou ainda mais claro que ama Quinn.           

            - Não viaje Sant, achei que a romântica da relação fosse eu. – Brittany respondeu fria e desgostosa, olhando para a amada com decepção. Santana sorriu para ela e lhe deu um selinho, tentando acalmá-la. – Rachel é egoísta, ela não aprendeu que nem sempre, o amor é feito apenas de felicidade. Ainda mais quando se namora Quinn Fabray e tem Finn Hudson como ex inconformado.

            - Mas ela está machucada, aliás, sempre esteve machucada. – Santana defendeu a diva com firmeza e surpreendendo-se com a audácia de sua atitude. Brittany olhou para ela incrédula. – Acho que ela esperava mais dessa vez. Rachel está cega pelas próprias feridas, cega demais para perceber que Quinn a ama de verdade.

            - Eu não vou discutir com você. – Brittany anunciou cansada e aproximando-se de Santana para dar um abraço, a latina sorriu tristemente enquanto encaixava o corpo de Brittany no seu. – E nós não vamos promover esse reencontro.

            Depois disso, Brittany se afastou e subiu as escadas. Santana respirou fundo e olhou de novo para o computador, vendo-se diante de uma escolha difícil.

            Infelizmente, ela teria que decepcionar Brittany.

***

            Rachel não sabia muito bem como fora parar dentro daquele jatinho, o que acontecera com ela nas últimas horas era um borrão de cores e sons dentro de sua mente. A única coisa que conseguia ouvir era a própria mente gritando “Você está sozinha, Quinn é exatamente como os outros.”

            Mesmo sendo a única coisa que a sua mente gritava, era também a única coisa que Rachel não queria acreditar. Ela olhou para o céu escuro que estendia-se diante de sua janela e suspirou, contendo o choro.

            - O que Jesse e a mídia disseram, é verdade? – Antonio perguntou com a expressão fechada e visivelmente decepcionada, Rachel colocou a mão sobre a testa, sentindo aquela já tradicional dor de cabeça consumi-la. A diva respirou fundo e seu olhar lhe entregou. – Céus Berry, o que eu disse a você sobre cuidado e discrição?

            - Me desculpe Antonio, é que foi tudo muito rápido e muito intenso... – Rachel justificou com um ar melancólico enquanto olhava para o homem que agora, suspirava preocupado. Jesse revirou os olhos e Rachel teve vontade de matá-lo naquele momento. – Eu não queria que as coisas tomassem esse rumo, ainda mais agora.

            - Agora? Como assim Berry? – Antonio perguntou preocupado e Rachel sorriu ao ver que debaixo daquela pose capitalista, Antonio ainda podia nutrir algum tipo de sentimento pela sua pessoa. Ouviram batidas na porta e Jesse foi atender, logo em seguida, ele saiu. Sozinha com seu empresário, Rachel respirou fundo, recuperando um pouco de sua racionalidade e disse:

            - Antonio, meu relacionamento com Quinn desandou de ontem para hoje, o que não me surpreende devido ao passado dela. Porém, eu esclareço tudo com a imprensa desde que você permita que eu termine com Jesse.

            - Por quê? Você mesma concordou em manter esse relacionamento, Rachel. – Antonio estava confuso, ele serviu-se de um pouco de whisky enquanto Rachel massageava as têmporas, tentando aliviar a dor. A morena fechou os olhos e algumas lembranças de Quinn lhe vieram à mente, mas ela as expulsou e respondeu:

            - Jesse está atrasando minha carreira com todo esse ar perdedor. Eu quero trilhar novos rumos e vou precisar sair da Broadway para isso, vou fazer meu último show e não quero ninguém me prendendo àquele lugar.

            - Eu ia te sugerir o mesmo, nunca concordei com essa fachada entre você e Jesse. Você sempre teve que cuidar da sua vida profissional e da irresponsabilidade dele. – Antonio disse satisfeito e dando um sorriso para sua menina, Rachel retribuiu. – Marcamos uma coletiva de imprensa assim que chegarmos a NYC, antes de você voltar aos ensaios. Você esclarece esse rolo com a loira e termina seu relacionamento com Jesse.

            - Obrigada. – Rachel agradeceu sincera enquanto se levantava para sair do quarto, porém, antes que os dois saíssem, Antonio perguntou preocupado:

            - Tem certeza que quer fazer isso?

            - As coisas entre eu e a Quinn não eram nem para terem começado. – Rachel murmurou melancólica e com um sorriso triste, Antonio a abraçou e os dois saíram juntos do quarto.

            Rachel não soube o que sentiu quando viu Quinn correr em sua direção. Sentiu-se imersa em torpor, dor e saudade... E nem diante disso, ela conseguiu perdoá-la.

            - Miss Berry?

            Rachel foi chamada de volta a realidade quando Paulie a chamou, a diva sorriu para sua assistente enquanto fazia sinal para que ela continuasse. Paulie deu mais algumas tecladas em seu notebook e disse aliviada:

            - Eu enviei algumas notas para imprensa, dizendo que a senhorita estará disposta a responder às perguntas amanhã ao anoitecer. Tudo bem?

            - Sim, claro. – Rachel murmurou cansada, olhando a tela do celular nervosa, esperando que Santana tivesse levado seu e-mail a sério. A diva levantou o olhar para Paulie que permanecia concentrada em seu notebook, mesmo com todo aquele ar punk e ameaçador, Rachel não sabia o que seria dela sem Paulie. – Ahm, Paulie?

            - Sim, Miss Berry? – Paulie questionou um pouco confusa enquanto levantava os olhos do notebook e olhava para sua patroa com um ar preocupado. Até mesmo Antonio que observava a cena calado, apurou os ouvidos. Rachel sorriu agradecida para Paulie e disse gentil:

            - Não precisa mais me chamar de “Miss Berry”, “senhorita” ou qualquer outra coisa... Estamos enfrentando essa loucura toda juntas há muito tempo, ok?

            - Ah é... Claro que sim, Miss... – Paulie gaguejou e arregalou os olhos quando Rachel lhe fez uma careta incomodada, a assistente brincou nervosa com o piercing do lábio e suspirou. – Claro que sim, Rachel.

            - Bem melhor assim, não acha? – Rachel perguntou meiga enquanto sorria satisfeita para Paulie, a assistente acenou positivamente com a cabeça e voltou sua atenção para o notebook. Antonio fez um sinal de positivo para Rachel e sorriu, Jesse revirou os olhos e foi pego no flagra pela diva que disse ameaçadora:

            - Jesse St. James, se você revirar esses olhos novamente, eu juro que não é só o fim do nosso relacionamento que eu vou anunciar.

            Jesse arregalou os olhos e engoliu em seco enquanto afundava-se na poltrona do jatinho. Paulie conteve uma risada e Antonio sorriu satisfeito enquanto Rachel colocava os fones nos ouvidos e fechava os olhos.

            Pelo menos dentro dos próprios sonhos, Quinn Fabray continuava perfeita.

***

            Quinn Fabray estava perdendo a noção de tempo, ela não sabia exatamente quantas horas ou até mesmo, dias passara na cama. Ela só fazia as coisas necessárias a sua sobrevivência envolvida em apatia. Os banhos eram sempre no mesmo horário, assim como a comida.

            Mas naquela noite, ela se cansara. Ela não tinha mais lágrimas para chorar e achava que seu orgulho já estava massacrado demais e não agüentaria mais uma sessão de humilhação pessoal enquanto pensava em Rachel Berry. Dane-se se Rachel tinha um orgulho maior do que o amor que sentiam uma pela outra, dane-se se ela não acreditava... Quinn só precisava sair daquele quarto e ir à luta.

            E a desculpa perfeita viera naquele momento.

            Ela sabia que por volta daquele horário, Santana ou Brittany entrariam no quarto com uma bandeja e a fariam engolir tudo, mesmo se ela quisesse. Só que as duas estavam atrasadas, Quinn se levantou e sentiu a cabeça girar por alguns instantes. Abriu a porta do quarto e deu passos vacilantes pelo corredor até ouvir murmúrios da TV e vozes no andar debaixo.

            Quinn desceu as escadas sem produzir som algum e caminhou até a sala. A TV estava ligada, Santana e Brittany prestavam atenção a tudo. E assim que viu a imagem, Quinn entendeu por que.

            Pelo que ela entendeu, Rachel estava dando uma entrevista. E céus, Quinn podia ver que os olhos dela estavam inchados, com certeza ela andara chorando.

            - Chamei todos aqui porque eu gostaria de fazer alguns comunicados.

            - Você terminou seu relacionamento com Jesse St. James? Foi por causa da garota fotografada ao seu lado dias atrás?

            - Bem, é exatamente sobre isso. Eu e Jesse concordamos em nos separar, nosso relacionamento não estava dando certo há algum tempo e quanto à garota das fotos, nós duas nunca tivemos nada. Somos boas amigas que se reencontraram após alguns anos, ela estava me acompanhando como médica.

            - Qual é o nome dela?

            - Eu não gostaria de expô-la, sinto muito. Além do mais, ela não é importante. É só uma amiga.

            - Mudando de assunto, Miss Berry... É verdade que você retomará os ensaios de seu novo musical?

            - Sim, começamos na segunda-feira. Bem, era só isso que eu tinha a dizer para vocês, acabei de chegar de viagem, preciso de descanso... Tenham uma boa noite.

            No instante seguinte, a TV foi tomada pelo âncora do jornal que repetia todas as informações dadas por Rachel na coletiva de imprensa daquela tarde. Quinn deixara de ser a namorada e passara a ser uma “velha amiga”. A loira suspirou e apertou o colar com crucifixo que agora, tinha a companhia do anel. Quinn o colocara ali desde aquela manhã na sala do Glee.

            E ainda tinha mais, Rachel ia voltar a ensaiar.

            - Ela não pode estar fazendo isso. – Quinn murmurou vacilante enquanto saía da entrada da sala e ia sentar-se junto com as amigas, Santana e Brittany olharam surpresas para ela. – Ela sabe muito bem que não pode fazer esforço.

            - Infelizmente, você não pode fazer nada. Ela foi embora. – Brittany respondeu friamente, recebendo um olhar repreensivo de Santana, a dançarina ignorou. – Quando ela te deixou aqui, aos pedaços, foi bem clara em dizer que te queria longe dela.

            - Eu sei, mas eu ainda sou médica dela. – Quinn insistiu séria, tentando ignorar os batimentos acelerados de seu coração com a simples menção de Rachel Berry naquela conversa, Brittany bufou e levantou-se, indo para cozinha. Quinn ficou impressionada com a atitude da amiga, mas nada comentou. Santana aproximou-se dela no sofá e afagou-lhe o ombro dizendo:

            - É bom te ver de pé de novo.

            - O fato de eu estar em pé, não significa que eu esteja bem. – Quinn murmurou irônica e envolta em humor negro, Santana sorriu triste para ela e observou Brittany bater as panelas enquanto preparava o jantar. A latina encostou a cabeça no ombro de Quinn e abraçou-a pelos ombros, enquanto dizia:

            - Mas é meio caminho para que você melhore, Q. Você já passou por coisas piores, vai sobreviver a isso.

            - Passei por coisas piores e sobrevivi a tudo porque eu ainda tinha um coração, não é S? – Quinn disse com um sorriso triste também e fazendo uma careta para a amiga, Santana apertou-lhe os ombros e bronqueou:

            - Por favor Fabray, chega de drama. Você ainda tem um coração, ele só está aos pedaços. Mas você pode ter certeza que eu e Brittany vamos ajudá-la a reconstruí-lo!

            - Claro que vamos Q, prefere cola, fita crepe ou isolante para colarmos os pedacinhos? – Brittany perguntou da cozinha, com um ar mais leve e risonho que provocou risos nas outras duas que estavam sentadas na sala. Quinn sorriu e murmurou um “obrigada” baixinho para Santana, a latina beijou-lhe a testa e sorriu.

            - Que horas são? – Quinn perguntou interessada, lembrando-se que ainda devia algumas satisfações a duas pessoas em Lima. Santana olhou confusa para ela e respondeu:

            - Acabou de anoitecer, por quê?

            - Preciso falar com duas pessoas. – Quinn respondeu apressada enquanto corria escada acima. Santana e Brittany se entreolharam, mas a latina sorriu mais tranqüila e subiu para seu escritório, dizendo que ainda tinha que ver uns processos.

            Assim que chegou, Santana discou um número rapidamente (já que discara várias vezes naqueles dois dias, mas nunca conseguira falar) e disse:

            - Alô... É a Sra. Corcoran? Ah olá, sou Santana Lopez. Sim, nós vamos, pode levá-la.

            Quinn desceu a escada completamente vestida com calça jeans, uma camiseta qualquer e tênis. A médica caminhou rapidamente até a cozinha e apanhou uma maçã, Brittany observou todas as ações da amiga calada, até que a viu saindo da cozinha e perguntou:

            - Onde você pensa que vai? Estamos quase jantando.

            - Eu adoro sua comida, B... – Quinn disse com um sorriso sincero e dando um beijo na bochecha da amiga, Brittany sorriu agradecida e corou levemente. – Mas eu preciso falar com os Berry antes de ir embora de Lima de novo.

            - Isso não pode esperar até amanhã? – Brittany questionou um pouco incomodada, enquanto baixava o fogo da panela e olhava decepcionada para Quinn. A médica sabia muito bem o que Brittany estava pensando. A dançarina suspirou e continuou a encará-la, com os olhos azuis julgando-a. Quinn balançou a cabeça negativamente e disse cansada:

            - Poderia, mas eu sei que se eu tentar vê-los amanhã, você vai acabar me impedindo de ir. Eu preciso vê-los B, eu não devo satisfação alguma a eles, mas eu pedi Rachel em namoro e preciso... Preciso comunicar que tudo acabou.

            - Eu tinha me esquecido de como você podia ser extremamente certinha e perfeccionista com algumas coisas! – Brittany dissera irritada antes de virar-se para a panela e voltar a fazer seu jantar. Quinn olhou triste para amiga e saiu dali, antes de Brittany mudar de idéia.

            Leroy e Hiram Berry estavam sentados na sala de estar, calados e um pouco tristonhos. Hiram bufou irritado quando a entrevista de Rachel passou pela terceira vez naquela noite, o homem levantou-se e desligou a TV, indo aconchegar-se no abraço que Leroy lhe oferecia. Hiram abraçou o amigo e perguntou:

            - Por que a tratam como se ela fosse um pedaço qualquer de carne pronto a ser devorado?

            - Porque, de certa forma, é isso que ela é para eles. Afinal, é a vida da nossa estrelinha que faz com que esses urubus ganhem o pão de cada dia deles... – Leroy respondeu incomodado enquanto olhava para as fotos que se encontravam na estante junto a TV. Hiram pigarreou e arrumou-se para encarar o marido, em seguida, perguntou:

            - Você acha que Quinn realmente a traiu?

            - Eu duvido! As duas só começaram a se desentender depois que o St. James apareceu aqui. – Leroy respondeu entre dentes enquanto olhava para o marido, sério. Depois daquela conversa há anos atrás, Leroy e Hiram Berry podiam duvidar de tudo, menos do sentimento que Quinn Fabray tinha por sua filha.

            Hiram recordava-se dos olhos de Quinn brilhando enquanto ela confessava o que sentia pela sua estrelinha, assim como Leroy lembrava-se do olhar de devoção da loira há alguns dias quando as duas começaram aquele curto namoro... Eles temiam que sua filha nunca percebesse o erro que estava cometendo. Rachel podia ser muito cabeça dura e orgulhosa quando queria.

            A campainha tocou e os dois homens pularam no sofá, não estavam esperando ninguém. Leroy fez sinal para que o marido permanecesse sentado e foi atender a porta. Ele sentiu seu coração sair pela boca quando viu quem era. Quinn Fabray estava parada a porta, com os olhos visivelmente inchados e uma expressão melancólica no rosto.

            - Leroy, me desculpa... Eu sei que você não deve nem querer olhar na minha cara, mas eu quero dizer que não. Eu não traí a sua filha! – Quinn disse tudo tão rápido e de forma tão afobada que mesmo diante daquela situação, provocou um sorriso tímido no rosto de Leroy. Hiram estava ao seu lado, olhando para a loira com admiração, foi ele que tomou a frente e disse indignado:

            - Eu e o Leroy sempre soubemos que você seria incapaz de traí-la, Q. Desse jeito, você nos ofende.

            - Me desculpa, mas é que ela é filha de vocês, afinal. – Quinn disse sem jeito e dando um sorriso triste, segundos depois, sentiu-se envolvida pelos braços dos homens que lhe trouxeram para dentro da casa. Dentro do ambiente, Quinn sentiu as lágrimas em seus olhos, aquela casa lhe trazia boas lembranças. Leroy apertou os ombros da médica quando viu as lágrimas e Hiram as limpou, Leroy sorriu e disse:

            - Ela é nossa filha, mas isso não quer que nós aprovamos tudo que ela faz. Ela está cometendo um erro, sabemos disso.

            - É isso mesmo, Q. Você não seria capaz de trair Rachel, nós sabemos. – Hiram disse com um sorriso generoso enquanto olhava com admiração para Quinn. – O que você fez para reconquistá-la foi incrível.

            - Então por que ela não ficou? – Quinn perguntou ironicamente e com um sorriso mórbido no rosto, Leroy e Hiram entreolharam-se sem entender muito bem o que a garota queria dizer naquele tom. – Eu fiz tudo por ela, eu passei por cima do meu orgulho e das minhas decepções por ela... Por que ela não pode fazer o mesmo?

            - Porque Rachel é cabeça dura, querida... – Leroy disse um pouco inconformado, ele não agüentava ver Quinn Fabray mal. Depois do colegial, Quinn havia mudado e fizeram com que os Berry a admirasse ainda mais. Ela enfrentou preconceito, rejeição, solidão, medo... E agora, ainda tinha que lidar com uma decepção amorosa.

            Hiram conduziu Quinn até a poltrona e a colocou sentada ali, em seguida, agachou-se ao lado dela e fez um carinho na bochecha da garota. Quinn sorriu um pouco envergonhada e ele disse:

            - Assim está melhor. Quer tomar alguma coisa, querida?

            - Na realidade, eu agradeço pela compreensão. – Quinn disse apressada, levantando-se da poltrona e olhando para os dois homens. Leroy e Hiram sorriram para ela e foi ali que Quinn percebeu que a sua família era os dois, seus amigos e Rachel... – Aliás, obrigada por tudo. Vocês podiam ter me humilhado, mas sempre escolheram me acolher quando eu mais precisei.

            - Não é só nossa opção sexual que nos torna diferente dos outros trogloditas dessa cidade, Q... – Leroy disse com um ar caloroso e paternal, coisa que Quinn nunca vira em Russel Fabray. – Nós não vamos jogar pedras em você, você não as merece.

            - Isso mesmo, querida. Nós gostamos de você e realmente torcemos para que você se acerte com Rachel. – Hiram disse com o otimismo latente em seu tom de voz e em seu sorriso. Leroy piscou para ele e sorriu para Quinn que não conseguiu retribuir. – Rachel merece uma garota incrível como você.

            - Obrigada... – Quinn disse envergonhada e caminhando até a porta, o casal a acompanhou e antes de sair, a loira voltou a olhar para eles com os olhos brilhando. – Bem, boa noite.

            Os dois acenaram enquanto Quinn caminhava pelo gramado em direção ao carro. Porém, assim que ela abriu a porta, Leroy a chamou e suplicou:

            - Por favor, só não demore mais oito anos... Tudo bem?

            Quinn sorriu para ele e afirmou com a cabeça, entrando no carro. Seu coração apertou em seu peito e ao deixar a casa dos Berry sem Rachel, ela finalmente sentiu a saudade a consumir. Quinn fixou os olhos nas ruas escuras de Lima e tentou esquecer Rachel, convivera oito anos sem ela, quem sabe conseguia esquecer... O problema é que convivera oito anos sem Rachel e sem nenhuma lembrança dela. Porém, agora ela tinha lembranças, sensações e promessas que viviam em sua mente.

            Quinn suspirou, previa longos dias a sua frente.

***

            - Santana, por que a pressa? – Quinn perguntou mal humorada enquanto era praticamente jogada para fora da casa pela advogada. Brittany estava no estúdio e Santana viera com uma conversa estranha a respeito de ter que passar no McKinley High.

            - Eu já te disse, Mr. Schue nos chamou para uma reunião. – Santana disse apressada e insegura enquanto dividia-se em trancar a porta da casa e empurrar Quinn em direção ao carro. A loira estacou na metade do caminho e perguntou confusa:

            - O que ele pode querer conosco depois de oito anos?

            - Bem... É... Sobre, ahm... – Santana gaguejou e procurou fazer sua mente trabalhar na velocidade da luz, Quinn segurou Santana e fez com que a amiga a encarasse. A latina tentou dar o melhor dos seus sorrisos sacanas, recebendo um lampejo de racionalidade em seguida. – Ah sim! Mr. Schue quer que nós duas o ajudemos com o Glee, mencionou que eles estavam desanimados ou algo do tipo.

            - Não é isso, S. – Quinn disse séria, Santana olhou para ela falsamente sentida, a loira revirou os olhos. – Isso foi o que eu disse a respeito do convite que Mr. Schue fez a Rach há um mês.

            - Quinn! – Santana chamou a amiga com um ar ameaçador e um sorriso cruel na face, Quinn arregalou os olhos enquanto sentia-se sendo empurrada em direção ao carro. – Por que você não para de me fazer tentar estragar a sua surpresa?

            - Surpresa? Como assim? – Quinn perguntou confusa, Santana sorriu para ela, mas não respondeu. A latina a jogou no banco do passageiro e trancou a porta em seguida, Quinn ficou olhando para ela com a expressão fechada. Santana entrou no carro com um sorriso enorme e disse:

            - Sim, você anda down demais nos últimos dias... Tá na hora de sair dessa!

            E acelerou o carro, Quinn sorriu agradecida para a amiga e fechou os olhos, tentando descobrir o que a aguardava no McKinley.

            Quinn estava trancada na sala do Glee há alguns minutos, Santana a trouxera ali e depois, dissera que precisava buscar outras coisas no carro. Quinn sabia muito bem que a latina estava tramando algo, mas deixou-se ficar ali. Imersa em seus pensamentos.

            O único problema em ficar sozinha era que, inevitavelmente, Quinn acabava lembrando-se de Rachel. E céus, aquilo doía muito. A loira respirou fundo e caminhou até o piano, dedilhando algumas teclas e tentando ignorar o pensamento de que, há alguns dias, Rachel dedilhara as mesmas teclas que ela dedilhava agora.

            De certa forma, aquele pensamento a tranqüilizou um pouco. Enquanto dedilhava uma música qualquer que soava extremamente melancólica naquele momento, Quinn sentiu-se mais calma e mais, racional... Parecia que o Glee a fazia ficar mais próxima de Rachel, aliás, a música a fazia ficar mais próxima da sua morena.

            Imersa em seus pensamentos e na música que dedilhava, Quinn fechou os olhos e talvez fosse por isso, mas não ouviu as batidas na porta. Sequer ouviu a discussão que veio em seguida, tampouco ouviu que a porta se fechara novamente.

            - Q?

            Quinn abriu os olhos imediatamente, as teclas pararam de ser dedilhadas e a loira não conseguia levantar os olhos, permaneceu encarando a madeira escura do piano enquanto engolia em seco. Ouviu passos vacilantes e novamente:

            - Quinn? É você?

            Quinn Fabray conhecia aquela voz, estava mais adulta... Mas ainda assim, ela conhecia aquela voz. Só que ela não conseguia acreditar no que seus ouvidos escutavam, Beth parara de falar com ela há quatro anos, só podia estar ficando louca por causa da ausência de Rachel.

            - Por favor Q, quando mamãe disse que eu ia voltar a te ver, eu fiquei muito ansiosa... Fale comigo, por favor.

            A voz tornou a falar e Quinn foi acobertada pela sombra de uma pequena silhueta parada ao seu lado. Esta foi a deixa para que Quinn finalmente levantasse os olhos, já cheios de lágrima, para a garota parada ao seu lado.

            Elizabeth Corcoran tinha os cabelos castanho-claros, os olhos eram extremamente iguais aos de Quinn, assim como o nariz. A boca era de Puck e a cor da pele também. Quinn deu um sorriso choroso e sentiu a pequena mão da garota secar suas lágrimas, nesse momento, Quinn a abraçou com saudade.

            Beth agarrou-se aos ombros da mulher enquanto se sentia erguer um pouco do chão, as duas se separaram e ficaram olhando-se com sorrisos um pouco molhados enquanto procuravam o que dizer. Quinn tomou a frente e apertou a bochecha de Beth, a garota fez uma careta e disse irritada (lembrando e muito, a cheerio maldosa de oito anos atrás):

            - Céus Q, eu não tenho mais quatro anos!

            - Eu perdi quatro anos da sua vidinha, Beth... Posso te apertar o quanto quiser! – Quinn disse com um sorriso radiante enquanto fazia algumas cócegas na garota, Beth riu dela e se afastou ofegante. As duas ficaram se olhando, até que a espontaneidade do momento foi quebrada, as duas ficaram se olhando até que Beth perguntou:

            - Por que parou de me ver?

            - Sua mãe não te disse? – Quinn disse com um ar amargo, sem conseguir conter a ironia em sua pergunta. Beth fez uma careta e puxou Quinn para sentar ao lado dela, a garota permaneceu segurando a mão da médica enquanto dizia:

            - Minha mãe me disse que você não queria mais me ver e aquilo me doeu, mesmo que eu não acreditasse nela... Só que eu ouvi comentários enquanto ia para escola e acabei deduzindo o que tinha acontecido. Me desculpe Q, eu não teria permitido se soubesse desde o começo.

            - Hey garota... Você tinha seis anos na época! O que ia fazer? Brigar com a mãe e ser expulsa de casa? – Quinn disse com o ar animado voltando ao seu rosto e provocando risos em Beth, a loira pegou o rosto da menina entre as mãos e ficou olhando para ela com uma felicidade latente em seu toque. Beth sorria sem parar e também parecia satisfeita com o que acontecia, as duas tentaram recuperar os quatro anos perdidos no abraço que veio a seguir.

            Quinn sabia que não podia voltar atrás em suas escolhas, mas era feliz participando da vida de Beth (mesmo que de forma pequena) e quando aquilo foi tirado dela há quatro anos, ela sofreu muito. Porque querendo ou não, Beth era uma das poucas coisas que deram certo em sua vida. Sentiu as mãos pequenas de Beth batendo em suas costas, em seguida, a pequena se afastou e perguntou:

            - Já terminou a faculdade?

            - Ainda não, estou fazendo residência... Tenho mais uns 2 anos pela frente antes de me formar! – Quinn respondeu animada, Beth agora brincava com seus cabelos fazendo tranças nele. A pequena fez uma careta de nojo e disse:

            - Estou quase desistindo de ser médica, você estuda demais Q!

            - Desde quando você quer ser médica? – Quinn perguntou assustada e virando-se abruptamente para Beth, a garota sorriu e respondeu:

            - Ah, decidi isso há alguns anos... Sabe, você me inspirou. – Beth murmurou enquanto corava, Quinn deu um sorriso lisonjeado para a garota e sentiu-se bem por poder, pelo menos, inspirar Beth. Quinn olhou para os olhos do mesmo tom do seu e disse animada:

            - Não me contento com isso, pode ir me contando como foi...

            Quinn riu enquanto Beth gesticulava e falava tudo animada, seus olhos encontraram o de Santana que observava tudo pela janela da sala e ela deu uma piscadela para a amiga. Santana acenou emocionada e sorriu.

            - Eu devia ter entrado com ela, Quinn pode influenciá-la, você nem sabe como as duas se parecem! – Shelby comentou desgostosa para Santana enquanto as duas esperavam do lado de fora. Shelby já estava velha, tinha rugas ao redor dos olhos e manchas na pele. Santana virou-se incrédula para a mulher e disse revoltada:

            - Você não ia entrar com ela, você já tirou quatro anos de Quinn e outra, homossexualidade não é contagiosa... Caso contrário, você já estaria agarrando uma qualquer por aí só por estar ao meu lado!

            Shelby lançou um olhar indignado para Santana, mas não dignou-se a responder, aliás, nem precisou responder. O celular de Santana tocou e ela tremeu ao ver que se tratava de Rachel Berry, a latina o atendeu com um ar sério e cansado.

            - Olá Berry.

            - As duas se encontraram? - Rachel sequer deu-se ao trabalho de cumprimentar, pelo tom de voz dela, Santana percebeu claramente que ela estava aflita. A latina deu um sorriso quando voltou seus olhos para a janela e viu Quinn e Beth tocando algo no violão.

            - Pelo que eu posso ver daqui, as duas estão tocando alguma coisa.

            - Será que você pode...? – Rachel não terminou a frase, Santana ouviu um suspiro pesado do outro lado da linha e seu coração apertou em agonia. Resolveu ajudar.

            - Quer escutá-las?

            Rachel não respondeu, Santana levou aquilo como um sim e abriu a porta da sala. Entrou com um sorriso e foi recepcionada por um abraço caloroso de Beth, ficou ao lado de Quinn que segurava um violão e anunciava:

            - Beth pediu para tocar algo, você me acompanha S?

            Santana acenou e deixou o celular, ainda com Rachel na linha, ao seu lado.

            Do outro lado do país, Rachel Berry mordia o lábio, nervosa. Seu coração quase explodiu em seu peito quando ouviu a sua Quinn animada dizer que ia cantar alguma coisa. Mas seu coração doeu mais ainda quando, nos primeiros acordes do violão, ela reconheceu a música e ouviu a voz tão distante de Quinn.

Without you

The ground thaws

The rain falls

The grass grows

            Rachel sorriu. Quinn continuava com extremo bom gosto musical, a voz dela soava como uma brisa no meio de toda aquela ventania que ela encontrou em NYC. Aliás, soava exatamente como tinha que soar: a voz de Quinn era seu porto seguro.

Without you

The seeds root

The flowers bloom

The children play

            O semblante de Rachel ficou sério, não precisa ver Quinn para saber o quanto a loira estava sofrendo para cantar aquilo. A voz dela estava um pouco nasalada e não tão bem afinada quanto o normal. Que seja, podia ser só o telefone.

The stars gleam

The poets dream

The eagles fly

Without you

            Mas não era o telefone, porque do outro lado da linha, Quinn isolava-se dentro da própria música enquanto era observada por uma Santana preocupada e pela devoção de Beth.

The earth turns

The sun burns

But I die

Without you

            Rachel sufocou o choro, quer dizer, o som dele. Colocou a mão sobre a boca enquanto as lágrimas escorriam pela sua face. Céus, por que insistia naquela bagunça? Perdoar não deveria ser fácil?

Without you

The breeze warms

The girl smiles

The cloud moves

            Quinn sufocou as lágrimas e deu um sorriso para Beth. Santana a olhava em silencioso apoio. Quinn encontrou na amiga, a força para continuar a cantar.

Without you

The tides change

The boys run

The oceans crash

            Rachel ainda sentia as lágrimas escorrerem pela sua face, aquela era uma boa música para um péssimo momento. Rachel estava até mesmo com dificuldades para respirar, o aperto em seu peito só aumentava.

The crowds roar

The days soar

The babies cry

Without you

            Quinn abaixou a cabeça, procurando esconder a intensidade do sentimento que borbulhava em seus olhos. Ela realmente estava sentindo-se daquele jeito longe de Rachel: a vida continuava seguindo, mas ela estava morrendo por dentro.

The moon glows

The river flows

But I die

Without you

            Rachel realmente sentiu como se tivesse morrido. As lágrimas não paravam, o aperto no peito só aumentava e o seu coração doeu ainda mais quando ela ouviu a voz de Quinn vacilar e ser amparada pela voz de Santana.

The world revives

Colors renew

            Quinn disfarçou as lágrimas em uma risada. Santana apertou o braço da amiga com um gesto mudo de apoio enquanto Beth deixava o seu sorriso morrer diante da tristeza das duas mulheres.

But I know blue

Only blue

Lonely blue

Within me, blue

Without you

            Rachel sufocou um soluço enquanto continuava a ouvir. Realmente, ela só tinha tristeza dentro de si desde que deixara Lima. Ela sabia o que Quinn sentia porque sentia exatamente o mesmo.

Without you

The hand gropes

The ear hears

The pulse beats

            Quinn tentou não preocupar ou estragar aquele momento com Beth, portanto, colocou o seu melhor sorriso na face. Pelo menos ela ainda tinha a pequena (não tão pequena mais) junto de si.

Without you

The eyes gaze

The legs walk

The lungs breathe

            Santana apanhou o celular discretamente e notou que Rachel ainda estava na linha. Rachel soluçava, as lágrimas pararam de cair, mas ela sentia aquele aperto a consumir mais e mais.

The mind churns

The heart yearns

The tears dry

Without you

            Beth ergueu a mão e limpou as lágrimas que Quinn sequer tinha reparado que haviam caído de seus olhos. A pequena sorriu para Quinn que fez um esforço para terminar a música. Santana ficou de pé, apertando o celular entre as mãos, cansada de presenciar aquele auto-sofrimento da amiga.

Life goes on

But I'm gone

'Cause I die

            Rachel ouviu as últimas notas do violão e um silêncio pesado preencheu a linha. Até tinha achado que Santana pudesse ter desligado o celular, quando ouviu Quinn dizer as últimas palavras com uma dor incontida na voz:

Without you...

            Quinn terminou a música sobre os aplausos e sorrisos de Beth. A loira deu um sorrisinho de lado enquanto Santana voltava o telefone para o ouvido apenas para constatar que Rachel já desligara.

            A latina saiu da sala, alegando que precisava tomar água devido à intensidade do momento. Quinn sorriu para ela e limpou as últimas lágrimas que tinha nos olhos. Beth ficou observando Santana sair da sala e depois, virou-se novamente para Quinn e perguntou envergonhada:

            - É a Rachel, não é?

            - Claro que não, Beth. Essa música não teve nada a ver com ela. – Quinn respondeu um pouco fria, levantando-se para guardar o violão e respirar fundo. Magoou o fato de que percebeu que estava sendo fácil negar Rachel depois da partida dela. Beth a perseguiu e disse, indignada:

            - Q, eu não sou burra. Minha mãe soltou alguns comentários maldosos enquanto conversava com Rachel a respeito da relação de vocês duas e a própria Rachel se entregou quando conversou comigo...

            - Ela falou com você? – Quinn perguntou abruptamente enquanto olhava para Beth que parecia satisfeita por conseguir atrair a sua atenção de novo. Mas Beth não respondeu, apenas continuou a sorrir para Quinn e a puxou para o piano onde as duas começaram uma música.

            Quinn sequer reclamou, apenas sorriu derrotada para a menina enquanto a sentia puxar-lhe pela mão. Rachel estava longe e a simples menção dela na conversa já lhe fazia sofrer, ela tinha que aproveitar, Beth estava de volta para sua vida.

***

            Quinn e Santana chegaram à noite em casa, depois de lancharem com Rachel. Brittany estava furiosa quando a encontraram assistindo TV na sala, Santana mordeu o lábio, nervosa e disse com um sorriso de lado:

            - Vou lá, acalmar a fera...

            Quinn sorriu para ela, sabendo muito bem o que Santana ia fazer para mudar o humor de Brittany. A médica foi até a cozinha e apanhou um copo para beber água, antes que pudesse levar o copo aos lábios, seu telefone tocou. Quinn fez uma careta quando viu o número de Meg na tela do celular.

            - Veja só quem apareceu...!

            - Fabray, a sua garota acabou de chegar ao hospital. Rachel caiu novamente no ensaio e pelo que eu entendi, está desacordada.

            Quinn ficou estática, o telefone caiu da sua mão.

            Eu não posso perdê-la para sempre.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que provavelmente, estão querendo me matar nesse momento... Mas gente, tudo tem um propósito, eu prometo! =/

Sei que a cena da música ficou meio confusa, mas eu queria retratar o que Rachel e Quinn estavam sentindo. Espero que tenham entendido e gostado.

E não roguem as maldições ainda, tenho 2 capítulos para consertar essa bagaça toda HAUASHUHAUHUAS

Quero reviews hein? Sei que tudo tá MUITO dramático, mas por favor, reviews amolecem meus sentimentos!

Beijos e até o próximo capítulo x)