Selene escrita por Tamires Vasconcelos


Capítulo 41
Humana


Notas iniciais do capítulo

Eis os o ultimo capitulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/128308/chapter/41

Eu estava deitada no chão minha mente estava se retomando aos poucos ou pelo menos uma pequena parte dela. O vento ali era quente e eu sentia que estava completamente molhada eu ouvia sons de queda d'água, talvez uma cachoeira? Eu podia sentir pelos meus dedos que estava sobre a grama. Então porque eu não abria os olhos? Eu estava com medo, eu não sabia onde estava e nem o que havia acontecido.

– Ali ela está - Ouvi uma voz masculina.

Senti alguém se abaixar ao meu lado e em seguida pegar meu pulso.

– Não esta morta - Disse um outro homem.

Ele segurou em minha cintura e me levantou pegando-me no colo só então abri os olhos, foi difícil me acostumar com luz por isso tive que abrir e fechar os olhos varias vezes.

– Ei, você esta bem? - Perguntou o homem que estava me segurando.

– Estou - Minha voz estava rouca e minha garganta ardia.

– O que aconteceu? – Perguntei forçando-a um pouco mais.

– Primeiro precisamos levar você para o hospital.

O homem que notei pelo seu uniforme era um policial me colocou delicadamente deitada no banco traseiro da sua viatura. Durante o caminho ele falou em seu radio que havia encontrado uma garota de mais ou menos dezoito anos e que tinha acabado de se afogar. Eu tinha acabado de me afogar? Eu não lembrava nada e minha cabeça estava doendo muito.

Ao chegarmos no hospital alguns médicos vieram me buscar com uma maca, eu achei isso totalmente desnecessário eu poderia estar um pouco cansada e com o corpo doendo, mas eu consegui andar. Mesmo assim insistiram até eu aceitar me levaram para uma sala completamente branca onde o médico baixinho e careca me examinou.

– Não tem nada de errado com você. O que foi que aconteceu?

– Eu não sei não me lembro de nada.

Ele examinou minha cabeça e logo em seguida anotou alguma coisa em sua prancheta.

– Você não bateu a cabeça. Qual é seu nome? E o nome dos seus pais?

Ao médico fazer aquelas perguntas percebi que eu só não tinha esquecido o que havia ocorrido, mas também minha vida inteira, meus olhos começaram a encher de lagrimas ao notar isso. Qual era meu nome? Eu não lembrava do meu próprio nome, e o nome dos meus pais? Se é que eu tinha pais.

– Eu... Eu não lembro eu... Meu nome é...

– Shhh, tudo bem vá descansar um pouco.

– O que está acontecendo comigo?

O médico me olhou como se estivesse com pena de mim.

– Tenho certeza que você vai lembrar-se de tudo. Agora você precisa descansar um pouco.

Eu assenti e me encolhi na maca puxando os lençóis brancos até a cabeça.

– Quem sou eu? - Sussurrei.

Tentei lembrar onde morava, qual era meu nome, o que tinha acontecido. Mas isso era impossível, alguma coisa estava me impedindo de lembrar de tudo isso como se tivesse um muro em minha mente. Minha dor de cabeça latejava mais ainda a medida que eu tentava forçar as lembranças aparecerem, adormeci lentamente enquanto as lagrimas caiam em meu rosto.

***

– Eu sou a Dra. Abigail Adams, mas pode chamar de Abbie.

Eu apenas assenti para a psicóloga sorridente que estava em minha frente. Ela tinha cabelos loiros e pequenos que estavam jeitosamente pra trás da orelha. Ela ajeitou seus óculos enquanto esperava por minha resposta que não viria.

Nós estávamos em uma sala de lazer ainda no hospital estávamos sentadas em uma mesa redonda onde tinham peças de quebra-cabeça.

– Qual é seu nome?

Fechei meus olhou tentando me lembrar outra vez.

– Meu nome é... Meu nome é... Selene.

Abri meus olhos sorrindo para a mulher que estava em minha frente.

– Muito bem, você tem um lindo nome. Então, teve algum sonho esta noite?

– Eu tive, mas acho que não vão ajudar.

– Tente.

Coloquei a minha mão na cabeça tentando lembrar dos detalhes do sonho.

– Eu sonhei com um tipo de lha e ela flutuava em cima das nuvens e... - Eu interrompi meu relato.

– Quer desenhar? - Ela perguntou me entregando algumas folhas e uma caneta.

Comecei a desenhar a ilha flutuante que tinha sonha, os muros altos e fortes e um castelo ao fundo que se erguia até as nuvens. Quando terminei o desenho não só fiquei espantada em ver o que tinha sonhado e como era louco, mas também a minha capacidade de desenhar. Entreguei o desenho para Abbie que o analisou com um sorriso.

– Uau, você desenha muito bem. Quem sabe você não é um Da Vinci perdida.

– Prefiro Vincent Van Gogh.

Ela desviou os olhos da prancheta para mim.

– Isso mostra que você gosta bastante de artistas plásticos.

– Acho que sim.

Abbie colocou os desenhos sobre a mesa.

– O que me diz sobre ele?

– Só que sonhei com ele.

– E o que aconteceu no sonho?

Respirei fundo.

– Nada mesmo, eu apenas estava lá e só isso, não aconteceu mais nada.

Ficamos algumas horas conversando e resolvendo problemas de lógica para exercitar a memória. Mesmo assim eu não me lembrava de nada, a não ser meu nome, na verdade eu acho que jamais vou lembrar o que aconteceu comigo e quem eu realmente era.

Depois de algum tempo percebi que Abbie era uma boa pessoa e demonstrava que estava preocupada comigo.

– Nos vemos amanha.

Ela saiu e me deu um beijo na testa.

Essa foi basicamente minha vida durante uma semana e meia durante esse tempo conheci pessoas muito legais como Bob, o garoto que sofreu um acidente durante um jogo de futebol americano, ele já estava aqui quando cheguei e a cada dia que eu o visitava estava melhor e também Sally uma garota que fazia terapia depois de um acidente e perder parte dos movimentos das pernas sem contar os enfermeiros que sempre me apoiaram, Harmony, Oscar e Carl.

A boa noticia é que Abbie e eu já havíamos nos tornado melhores amigas e a ruim que eu não me lembrei de nada durante esses dias. Meus sonhos ficaram intensos até o quarto dia mais depois disso notei que estavam ficando fracos e mal conseguia lembrar deles. Por isso continuei desenhando em um caderno que Abbie me deu.

– O que vai acontecer comigo? - Perguntei a Abbie - Quer dizer eu não posso ficar pra sempre em um hospital e nem se quer me lembro da minha casa, se é que tive uma já que até agora ninguém me procurou.

– Eu vou dar um jeito nisso, não se preocupe.

Ela olhou nervosamente para seu relógio de pulso.

– Tenho que ir estou atrasada.

Ela saiu apressadamente da sala.

Pude ouvir da pequena sala ela conversando com um homem nos corredores do hospital. Por mais que eu não quisesse me aproximei da porta para ouvir a conversa. Com certeza estavam falando de mim.

– Ela não tem registro nenhum, não esta na lista de desaparecidos e não tem documento nem nada. Essa garota não existe! - Gritou o homem furioso.

– E o que você pretende fazer, joga-la na rua e fingir que não é problema seu?!

Essa foi a primeira vez que vi Abbie gritar com alguém, ela era sempre tão calma.

– O que você quer que faça? Nenhum orfanato a aceitaria ela já tem com certeza dezoito anos.

Algumas lagrimas ameaçaram a cair mas continuei firme.

– Eu posso arrumar um lugar para ela. Sou a sindica do meu edifico, posso arrumar um apartamento para ela.

Ouvi um silencio então o homem respondeu.

– Você quer colocar uma garota em um apartamento por sua conta se é que nem a conhece? Você sabe que isso é perigoso.

– Eu a conheço o bastante pra saber que não é. Já tomei minha decisão.

– Como ela vai pagar o aluguel? - O homem a desafiou.

– Posso arranjar um emprego para ela também, minha filha trabalha em um antiquário.

Por mais que eu acabara de receber noticias péssimas sobre minha vida social do homem, um sorriso surgiu em meus lábios ao ouvi-la dizer isso.

– Você é quem sabe o que esta fazendo.

Ouvi os passos de Abbie voltar para a sala e me aprecei para voltar a minha mesa comecei a montar outra vez o quebra-cabeça.

– Sei que estava ouvindo a conversa - Ela disse atrás de mim.

Sorri com aquilo.

– Como?

Ela apontou para um peça do quebra-cabeça que estava totalmente errada.

– Você é inteligente, não cometeria um erro desses.

– É verdade? - Perguntei

Ela se sentou na minha frente como das outras vezes.

– Sobre você ser inteligente ou...

– Sobre você me dar um apartamento, estava mesmo falando sério? - Eu a interrompi.

– É claro que eu tenho que ver se você também quer isso...

– Eu quero.

Ela sorriu.

– Ótimo. O meu prédio é bem perto daqui se algum dia quiser voltar no hospital.

– Com certeza não quero.

Abbie olhou novamente para seu relógio de pulso.

– Estou mesmo atrasada. Posso ser no final de semana? Eu tenho que ajeitar algumas coisas por la.

Eu assenti sorrindo.

Então ela levantou e saiu em passos largos da sala, continuei a resolver o quebra-cabeça e outros milhares de jogos de lógica que agora não eram mais para mim um exercício para a memória e sim apenas para passar o tempo.

Depois que meu estoque de jogos acabou fiquei apenas sentada na cadeira é incrível como era fácil ficar tediosa aqui.

– Algum problema? - Ouvi a voz doce de Harmony.

– Esse lugar é muito...

– Tedioso - Ela concluiu.

– Isso.

Ela parou em minha frente, ela tinha cabelos ruivos como o meu, mas os seus era pequenos e encaracolados.

– Então porque você não vai dar uma volta lá fora?

– Eu não posso.

– Que eu saiba você não é nenhuma fugitiva da policia, pelo menos espero que não. Aqui não é nenhuma prisão Selene, você precisa de um pouco de ar e sol.

– Acho que sim.

Eu a abracei animada e fui para meu quarto, peguei as roupas que eu estava no dia em que me encontraram um vestido e um all star. Tirei as roupas do hospital e coloquei as minhas, em seguida peguei meu caderno de desenho.

Meu plano basicamente era passar pela porta da frente e torcer para que o segurança não me visse ou pelo menos não ligasse que eu estava saindo.

Passei pela enorme porta de vidro automática e em seguida pelo segurança um homem estranhamente grande e medonho eu já o vi algumas vezes e com certeza sabia quem eu era. Já estava com um sorriso de vitória quando senti alguém pegar meu braço.

– Onde você esta indo?

– Estou indo... Qual é só quero dar uma volta.

– Tem a autorização do seu médico?

Mesmo que eu pedisse a ele com certeza o Dr. Garry não me daria, depois de alguns dias descobri que na verdade ele era um homem carrancudo e que não confiava em mim.

– Não, não tenho. Não vou fugir só quero dar uma volta, quem sabe eu não lembro alguma coisa.

Ele me encarou pensando no assunto.

– Tudo bem, mas volte antes de anoitecer.

Eu a abracei.

– Muito obrigada.

Sai correndo dali antes que o homem mudasse de idéia.

Caminhei por vários lugares, o sol estava quente e céu sem nenhuma nuvem totalmente azul. Eu já estava em uma distancia considerável do hospital e nem mesmo preocupei em não me lembrar no caminho depois.

Então cheguei em um parque a grama era bem verde e varias famílias estavam ali fazendo piquenique, me aproximei do parque e por fim me permiti ficar ali sentei de baixo de uma arvore e apoiei meus cadernos sobre a perna, primeiramente fiquei apenas olhando as pessoas.

Então peguei meu ultimo desenho e terminei de desenhá-lo, depois de dar um ultimo traço no desenho, afastei minhas mãos do caderno para dar uma olhada melhor era a primeira vez que o via por completo.

Era o mesmo desenho que os outros mas desta vez eu o via por dentro da ilha consegui desenhar melhor o enorme castelo branco quase transparente que se erguia até as nuvens. Arvores estavam por todos os lados assim como cavalos e pétalas de flores em formato de pessoas.

Era como se todo aquele lugar fosse mágico. Como isso era possível? As únicas coisas da qual eu lembrava eram coisas impossíveis de existir.

Um impacto no meio da minha testa me tirou imediatamente dos meus devaneios, olhei para o lado e pude ver uma bola de futebol pingando.

– Machucou? - Perguntou uma voz masculina.

Olhei para cima e coloquei a palma da mão sobre a minha frente para tapar o sol que me cegava. Um garoto com um meio sorriso estava na minha frente com uma respiração ofegante.

– Não... Eu acho que é disso que estou precisando.

Ele me olhou confuso.

– De uma bolada?

– Pra clarear as idéias.

Ele sorriu então e deu alguns passos em minha direção.

– As vezes eu acho que preciso de uma dessas também. Problemas com a escolha da faculdade?

– Na verdade de amnésia.

Ele jogou a cabeça para trás rindo.

– Você está brincando.

Arrumei os vários desenhos soltos dentro do caderno.

– Na verdade não. Então obrigada pela bolada, mas eu tenho que ir pra conhecer novos lugares.

Levantei-me segundo firme o caderno de desenho, mas um forte vendo passou por mim e eles simplesmente se soltaram do meu braço caindo e se espalhando no chão.

Me abaixei depressa para pega-los e o garoto também foi me ajudar. Eu não queria que ele visse, não queria que ele visse meus desenhos loucos. Uma garota com amnésia que desenha lobos, ilhas flutuantes e pétalas de rosas em forma de pessoas, com certeza não era um bom sinal.

– Você desenha bem - Ele disse pegando alguns desenhos.

– Hnh... - Foi todo o som que consegui emitir antes de praticamente arrancar os desenhos da sua mão.

Ele pegou um ultimo desenho que estava no chão, o mesmo que acabara de desenhar, e segurou firme em suas mãos enquanto o observava.

Tentei pega-lo, mas ele desviou para o lado.

– Esse desenho...

– Eu ainda não acabei - Disse rápido em defesa.

– Não, está ótimo assim você desenha muito bem.

Sorri com seu comentário apesar do modo como ele olhava estranho para o desenho.

– Obrigada.

Ele desviou os olhos dos desenhos para mim, por um momento.

– Que falta de educação a minha xeretar as coisas de uma mulher. Me desculpe.

Ele me encontrou o desenho e quando o peguei de volta senti algo diferente, inusitado. Ainda estávamos abaixados na grama, o garoto levantou e logo em seguida me ajudou a levantar.

Ficamos parados apenas um de frente para o outro, quando vi que ele não ia dizer nada e nem mesmo eu, ja comecei a dar meus passos para parei ao ouvir a sua voz.

– Eu estava sem nada para fazer então...

– Não estava jogando futebol?

O interrompi e apontei para uns garotos por detrás de seus ombros que o chamavam enlouquecidos. Ele pegou a bola e jogou para os outros garotos.

– Bem como eu não estou fazendo nada agora. Quer tomar um sorvete comigo? A gente pode dar uma olha nesses seus desenhos.

Ele sorriu e então piscou e percebi que ele tinha lindos olhos verdes.

– Bem a parte do sorvete eu aceito agora sobre os desenhos vamos ter que esperar um pouco mais.

Ele abriu um largo sorriso.

– Então quer dizer que terá mais vezes - Ele concluiu.

Fiquei vermelha ao perceber as intenções das minhas palavras então apenas dei de ombros.

– Isso já é um começo.

Ele disse enquanto me guiava para fora do parque, mas parou de repente e se posicionou na minha frente estendendo a mão.

– A propósito. Sou Cameron.

Apertei a sua mão.

– Selene.


FIM.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem gente o Fic agora acabou, eu nem acredito nisso kkkkkk.
Espero que tenham gostado no final, e me desculpem pelo os que sofreram por Cameron, mas estão felizes agora não é? kkkkkk Se tiverem alguma duvida só perguntar, criticas também são bem vindas.
Quero agradecer a todos que aguentaram 1 ano e quatro meses e todos que mesmo com minha incansável demora de postar capítulos acompanhou. Quero agradecer as maravilhosas recomendações de Thaylane Rodriguez, VicLilyh e
gabriela, vocês são de mais. Agradeço também a ysah, Joy_Keenan, assim como Thaylane e VicLilyh que me acompanharam até o fim e até mesmo quem não acompanhou porque sem vocês eu não estaria aqui.
Bem vou postar fotos dos personagens e descrição deles mas só isso a fic realmente acabou.
Ainda vou continuar aqui no Nyah escrevendo histórias e lendo-as também adorei todas as amizades que criei aqui.
Beijos Até mais!!