Selene escrita por Tamires Vasconcelos


Capítulo 38
Esta com medo?


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, me desculpem mesmo pela demora. È que esses dias estão sendo tão ruins para mim porque minha cachorrinha teve um problema e precisou fazer uma cirurgia, mas graças a Deus ela esta bem. Então vocês podem imaginar que eu não estava nem com cabeça para escrever até tentei mas não consegui.
Bem espero que gostem do capitulo eu tive que dividi-lo em duas partes porque se não ia ficar extremamente grande.
Beijos!! Boa Leitura.



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Eu estava na torre do castelo junto com as minhas cinco irmãs estavam todas em silêncio escutando a respiração ofegante e ansiosa uma da outra.

Da torre eu podia ver praticamente a ilha inteira incluindo a muralha e os portões de bronze. Zelo estava em frente ao portão segurando firme sua espada assim como os outros garotos que estavam posicionados em pontos estratégicos.

Por volta de toda ilha existia uma forte camada de nuvem, fora ela não havia mais nada estávamos suspensos ao ar. Como Circe e seu exercito conseguiria chegar ali eu não sei, mas todos estavam atentos.

 - Você acha mesmo que ela vem? - Perguntou Arne ao meu lado.

Olhei para ela e em seguida para as nuvens outra vez.

- Sinceramente? Acho que sim e Cameron também.

- Cameron? Porque você acha isso?

- Eu não tenho certeza, só estou com algum pressentimento ruim.

Continuei a observar a enorme camada de nuvem, ela tremeluziu por um instante apertei os olhos esperando ver alguma coisa.

Sem nenhum tipo de aviso Circe surgiu sobre as nuvens, do seu lado esquerdo um lobo, seu pelo era acinzentado e talvez fosse um pouco maior do que o normal, do seu lado direito havia um outro lobo com pelo negros e cinza em algumas regiões.

Circe estava vestida com um vestido negro o mesmo que usara no lago enquanto caminhava em passos pequenos e firmes ela agitava suas longas unhas ao ar ela trazia um meio sorriso em seus lábios.

Apolo apareceu logo atrás usava uma armadura de ouro que parecia emitir sua própria luz ele carregava um arco de ouro e uma lança. Atrás dele surgiram milhares de lobos. E logo depois monstros, eu me lembrava de alguns deles estavam juntos com Apolo quando ele lutou contra Poseidon. Dois dos quatro gigantes que foram gerados por Gaia para derrotar Zeus estavam aprisionados no Monte Etna, mas quando eu estava ao lado de Apolo os tirei de lá, me arrependi disso no, pois agora teria que lutar com eles.

Encélado era enorme do tamanho das muralhas, tinha a estrutura de um homem normal a não ser é claro por ser totalmente de ouro, ou melhor, fogo seus olhos eram vermelhos e lançavam chamas, ele estava ao lado de seu irmão Tifão, o mais poderoso dos gigantes senti um calafrio subir na minha espinha quando o vi. Era do tamanho de seu irmão, da cintura para cima era um homem normal a não ser pelas enormes asas negras que saiam de suas costas, da cintura para baixo seu corpo era repleto de víboras, que podiam se desprender de seus membros e rastejar livremente.

Ao lado de Tifão estava Equidna uma enorme mulher com cauda de serpente do lugar das pernas e Cérbero o cão do Hades, tinha três cabeças e uma cauda de dragão.

- Preciso ir - Disse me virando para Arne.

Ela fez um breve aceno então pulei da torre, fiz com que o vento amortecesse minha queda, causando apenas um impacto muito pequeno.

Corri rápido até os portões e cheguei ao mesmo momento que Circe.

- Nos encontramos outra vez - Ela disse com uma voz sinistra.

Circe desviou os olhos para o medalhão com um meio sorriso e em seguida para meus olhos. Entendi no mesmo momento o que ela queria e lembrei o que meu pai disse antes de desaparecer 

"Selene ele nas mãos erradas pode ocasionar no fim de tudo."

- Você tornou as coisas tão mais fáceis, achei que teria que matar seu pai - Ela sorriu um pouco e completou - Também.

- Você não vai matar mais ninguém.

Ela colocou a mão na cintura e Apolo deu alguns passos para frente e disse com a voz fria.

- Se você não colaborar vamos ter mesmo que matar seus irmãos, agora se colaborar só você morre. É muito simples o jeito fácil ou o jeito difícil.

Olhei para Tifão que flexionou seus músculos e rosnou, Apolo sorriu, mas com uma expressão ainda séria.

- Está com medo - Ele disse como se tivesse concluído um difícil problema de matemática.

- Eu já disse pra você que não tenho medo.

Ele me encarou sério por um momento.

- Pelo visto vai ser do jeito difícil. Você já foi mais esperta.

Ele fez um sinal com a mão e Encélado começou a se aproximar rosnando assim como seu irmão. Flechas brancas passaram zunindo por nossos ouvidos e foram em direção ele, as flechas de nada adiantaram, pois viraram cinzas a poucos centímetros antes de tocá-lo.

Encélado gritou nervoso e avançou com mais raiva com um só soco quebrou parte da muralha, ele continuou socando e assistimos aquilo aterrorizados.

Senti minha espada se fazer no ar e com um só movimento a peguei antes mesmo que tocasse o chão.

Encélado continuou a socar o muro e quando abriu uma passagem razoavelmente grande os lobos corriam em nossa direção.

Defendi-me do primeiro lobo cravando uma espada em seu coração. Flechas passaram zunindo por meu ouvido outra vez atingindo apenas os lobos, Arne e as minhas outras irmãs tinham uma pontaria incrível.

Eu não conseguia pensar e nem ver quem estava em minha volta, me concentrei apenas em atacar os lobos fui mordida varias vezes, mas eu não tinha tempo de pensar nem mesmo na dor que estava sentindo. 

Parecia que quanto mais eu matava mais apareciam, então senti uma cobra se enrolar em minha perna eu a segurei pela cabeça e a joguei longe.

Eu estava concentrada demais para perceber o lobo me atacando pelas costas, tive tempo apenas de ouvir um rugido e virar para ver Zelo decapitar a cabeça do lobo.

Ele olhou para mim e sorriu como ele podia sorrir em uma hora daquelas?

- Essa foi por pouco - Ele disse ofegante.

- Nós não vamos conseguir.

Olhei para todos os lados e pude ver meus irmãos lutando bravamente todos tinham gostas de sangue borbulhando em diferentes partes dos corpos. Até mesmo quatro das minhas irmãs estavam lutando contra os lobos e tentando sem sucesso as cobras.

- Temos que agüentar mais um pouco - Disse Zelo 

Ele olhava para o céu com uma expressão séria

- Por quê?...Não eu não posso esperar mais.

As cobras de repente começaram a fugir umas rastejaram para dentro da floresta enquanto outras voltavam para Tifão.

Então um enorme cachorro de três cabeças surgiu entre as muralhas, Circe gritou algumas coisas para ele e então apontou pra mim.

- Ah não - Eu disse quando vi Cérbero vindo em minha direção.

- Eu posso te ajudar - Disse Zelo.

- Não você tem que ficar aqui. E diga aos seus irmãos o que fazer quando chegarem! 

Eu já estava correndo para dentro da floresta tentando levar Cérbero para longe dali.

- Como você sabia?! - Ouvi Zelo gritar.

Eu apenas sorri, não respondi Zelo porque eu a essa altura já estava muito longe e ele não escutaria, mas eu sabia que seus irmãos Niké, Crato e Bía estavam a caminho, pois era seres alados e tudo que se movia pelo ar eu podia sentir.

Cérbero corria atrás de mim com latidos que mais pareciam trovões. Continuei a correr pela mata fechada por mais que minha respiração estivesse regular e minhas pernas estivessem em uma velocidade incrível, meu coração estava tão acelerado que achei que fosse parar a qualquer minuto.

Olhei para trás por alguns segundos e foi o suficiente um enorme tronco de carvalho recém caído que estava na minha frente me fazer cair, depois de sem sucesso pulá-lo.

Rolei centímetros no chão, mas segurava firme minha espada e quando levantei estava em posição de ataque pronta para a luta.

Cérbero se aproximou e mesmo estando preparada não consegui me defender do seu primeiro ataque e fui jogada a distancias.

Levantei-me cambaleando, combater Cérbero corpo a corpo não era com certeza uma boa idéia, usar os ventos podia até ser um pouco de covardia, mas era preciso.

Levantei meus braços e foi o suficiente para uma enorme corrente de ar tomar o lugar, foi tão forte e inesperado que eu não sabia por quanto tempo ir conseguir manter. Cérbero lutava fortemente para se manter firme no chão, as unhas de suas patas cravaram de tal maneira na terra que era quase impossível retira-lo.

Ele então ergueu a cabeça direita e cuspiu fogo, por reflexo pulei para a esquerda, mas mesmo assim pude sentir o ar quente passou por meu ombro.

- Não sabia que você podia fazer isso - Resmunguei para mim mesma.

Levantei-me rápido e ergui os braços novamente fazendo com que ficasse não frio que caíssem pedras de gelo do tamanho de uma bola de basebol do céu, apenas onde Cérbero e eu estávamos.

Foi difícil no começo a força que eu tinha que fazer para manter aquele frio devastador era tão grande que se tornou uma dor física se por acaso Bóreas estivesse aqui com certeza seria muito mais fácil.

Lascas de arvores em minha volta começaram a voar por todos os lados. Quando cheguei ao meu ápice simplesmente deixei que meus braços caíssem sobre meu corpo e tive que apoiar minhas mãos no chão para que não caísse por completo.

Cérbero estava tremendo e coberto de hematomas. 

Ele olhou para mim e soltou um grande uivo, tive que tapar bem meus ouvidos pois era tão alto que podia me deixar surda.

Eu estava agora sentada no chão com a mão na cabeça quando o senti tremer, a cada segundo mais forte então um enorme buraco se abriu no chão, Cérbero olhou para mim antes de entrar no buraco e desaparecer sem deixar rastros.

Fiquei alguns minutos no chão apenas olhando para o lugar onde o buraco tinha sido aberto, Cerbero foi buscar reforços nos confins do mundo inferior? Não, muito provavelmente voltou apenas para casa.

- Ele sempre foi um covarde - Disse uma voz masculina.

Levantei os olhos no mesmo momento e vi Apolo andando devagar e minha direção.

- Assim como você - Respondi no seu mesmo tom frio.

Ele jogou a cabeça para trás dando risada.

- Seu jeito carrancuda me deixa louco.

- Não sou carrancuda.

Ele pegou firme sua lança, apertando-a tanto que a ponta dos seus dedos ficaram brancas eu sabia que ele estava pronto para lutar.

- O que você está fazendo no chão?

Dei de ombros e me levantei.

- Está pronta? - Ele perguntou com um sorriso malicioso.

- Pra acabar com você? Sim.

Apolo deu alguns passos para frente e então colocou os dedos sobre o queixo parecendo pensar.

- Sabe, vou confessar uma coisa - Ele parou e olhou em meus olhos - Eu sinto sua falta.

Soltei uma gargalhada inesperada.

- Essa foi mesmo a melhor coisa consegue dizer em um momento como esse? Você já foi mais esperto.

- Circe não é como você, ela pode até ser poderosa e ter milhares de lobos ao seu dispor, mas você sempre foi à melhor - Ele continuou como se eu não tivesse dito nada.

- Isso foi realmente comovente, mas aonde você quer chegar? - Eu disse com um pouco de sarcasmo.

- Quero que venha comigo de novo, não precisamos dessa guerra você não precisa lutar. Vai ser como nos velhos tempos eu e você juntos - Sua voz era suave de um jeito atraente.

Não sei exatamente quanto tempo fiquei olhando para Apolo, meu coração estava acelerado não era porque eu estava com muita adrenalina e nem porque estava com raiva, então era por quê? Será que os sentimentos que algum dia já tive por Apolo sobreviveram. Não, não era possível, eu me nego a pensar que eles algum dia já existiram quando mais que ainda existem. Esse era um dos seus dons, seduzir as pessoas, mas só tive realmente certeza disso quando seus olhos em uma fração de segundos desviaram para meu medalhão não foi uma simples olhada, seus olhos mostravam que ele ansiava por poder e pela minha destruição.

Então apenas sorri não só por sua proposta, mas também por achar que ainda podia existir algum sentimento.

- Está com medo de mim? É por isso que esta tentando me levar para seu lado? 

Um sorriso surgiu no canto de seus lábios eu podia jurar que vim sim uma pontada de medo em seus olhos, mas Apolo sempre foi orgulhoso demais que demonstrar isso.

- Eu tentei do jeito fácil.

Essas foram suas ultima palavras antes de avançar contra mim com sua lança dourada tive tempo apenas de pegar minha espada que estava no chão e bloquear seu ataque.

Antes mesmo de me conseguir recuperar ele atacou novamente, consegui me desviar e fazer um corte em seu braço esquerdo mesmo que não tenha sido proposital.

Apolo gemeu um pouco e avançou novamente com uma força maior ainda. A força que ele exercia sobre mim com seus ataques era tão grande que suas mãos estavam pegando fogo. Tentei não parecer cansada nem que não tinha muitos domínios sobre minha espada.

Agora sua lança inteira estava pegando fogo, queimei minhas mãos algumas vezes e então como se Apolo não aguentasse mais ''brincar'' comigo ele ergueu sua lança e acertou meu tórax me fazendo literalmente voar por metros. Cai entre algumas arvores o forte choque não me queimou pelo menos não muito, a couraça protegeu meu corpo, mas ela estava esquentando muito então dei um jeito de tirá-la rápido antes que queimassem meu corpo e minhas mãos, ficando apenas com uma leve camiseta por baixo.

Fiquei com a cabeça baixa e olhando para o chão tentando me concentrar e verificar os damos que ele causara em meu corpo, minhas mãos estavam queimadas, eu peito não estava queimado mas estava ardendo, minhas pernas e cabeça estavam doendo devido a queda. Ouvi os leves passos de Apolo sobre a as folhas secas, fechei meus olhos e respirei fundo.

- Chegou a hora de encontrar seus pais - Apolo falou um tanto irônico.

Eu sabia que ele estava perto o bastante para me atacar, e por mais que estivesse totalmente acabada me levantei e com um simples sopro, um furacão saiu das nuvens negras e pousou bem em minha frente impedindo sua passagem.

Outros três furacões apareceram por ali tentei encurralar Apolo e fazer com que ele seja mandado direto para as nuvens ou então jogado para bem longe da minha família, isso poderia demorar um pouco já que um tipo de esfera feita de energia solar o protegia, em algum momento ele ficaria sem energia e eu rezava para que fosse primeiro que eu.

Infelizmente não consegui concluir meu plano, Apolo começou a cantar essa era  uma de suas ultimas armas em uma batalha. Meu coração começou a acelerar e meu corpo todo estava tremendo. Eu podia Cetus ali, o monstro marinho que quase me matou, não só ele, mas também o cheiro horrível da água salgada, as fortes correntes sobre meus braços e o enorme rochedo esmagando minhas costas.

Algumas lagrimas desceram em meu rosto.

- Selene! - Ouvi uma voz feminina me chamar.

Continuei com os olhos fechados, com medo de tudo aquilo se repetir.

- Selene abra os olhos, não é real! Não é real eu posso te ajudar.

Abri meus olhos com cuidado e vi Arne do outro lado de Apolo, ela estava com os braços esticados e percebi que se não fosse ela ali aqueles furacões não existiriam mais.

- Concentrasse, isso não é real não o escute.

Dei uma ultima olhada para Apolo seu canto se intensificou. Sim, eu ainda sentia o medo que estavam sentindo naquela noite, mas à medida que dizia a mim mesma que não era real mais fraca a lembrança ficava. Nos olhos de Apolo eu podia ver o desespero de sua ultima tática ter falhado.

- Pare com isso agora! - Apolo gritou.

E não pude deixar de sorrir ao fazer a pergunta que ele mais gostava.

- Está com medo?

Apolo desviou os olhos dos meus e voltou a se concentrar na esfera e sua volta.

Arne que estava do outro lado não disse uma palavra se quer, ela estava tão concentrada tenho certeza que se não fosse por ela aqui esses furacões já teriam ido embora mesmo sem minha breve recaída. Eu não conseguia mesmo fazer nada da maneira certa nem mesmo controlar os ventos que eu mesma criei.

Pude ver pela primeira vez preso na cintura de Apolo o saco de couro, o saco onde estavam todos os meus ventos, eu tinha que recuperá-los de alguma forma.

A esfera de Apolo estava cheia de buracos e logo se dissiparia, Arne olhou para o saco e com um breve aceno entendeu o plano que se formava em minha cabeça. Quando a esfera finalmente fosse embora eu corriria até Apolo e pegaria o saco e por fim o mataria.

- Você não vai se sair bem nessa! - Gritou Apolo outra vez.

Quando sua esfera finalmente foi embora antes mesmo que eu pudesse correr em sua direção, Arne correu na minha frente e pulou em cima de Apolo eles tiveram uma breve briga e quando Arne finalmente consegui soltar-se dele e correr Apolo com um rápido movimento a acertou com uma flecha, a mesma pegava fogo e Arne Caiu no chão.

- Não! - Gritei desesperada e joguei Apolo com toda minha força em direção as arvores.

Corri até Arne que estava deitada ofegante no chão, a tomei em meus braços.

- Você vai ficar bem. Você vai ficar bem – Eu repetia não para ela, mas para mim mesma.

- Não era pra você ter feito isso era pra eu ter ido lá não você.

Ela sorriu.

- Achei que devia ser eu - Arne tossiu um pouco - Precisamos melhor nossa comunicação.

Então ela pegou devagar minha mão e colocou alguma coisa sobre ela. O saco de couro.

- Eu consegui.

Seus olhos brilharam ao entregar o saco.

- Você conseguiu.

- Você o matou?

Olhei por entre as arvores e via Apolo deitado no chão, parecia estar desacordado.

- Ainda não.

Arne olhou para o saco de couro.

- Acho que eles já podem ser libertados.

Eu assenti então abri o saco liberando os ventos, eles saíram como uma forte rajada. Fechei os olhos e apertei Arne contra meu corpo enquanto os ventos rondavam em nossa volta.

Quando finalmente abri meus olhos, Bóreas, Zéfiro, Nótos e Eurus estavam em formas humanas. Era a primeira vez que os via fora Bóreas, Eurus era alto e com um ralo cabelo preto e seus olhos eram azuis já Eurus parecia ser o mais velho, tinha cabelos pretos e pouco encaracolados e uma barba um tanto grisalha, mas com um perfeito porte atlético.

Zéfiro que mais parecia um garoto magricelo de 17 anos com lindos cabelos pretos se abaixou ao lado de Arne e passou a mãos por seus cabelos.

Ele levantou os olhos para os meus.

- Como ela está? - Ele perguntou.

Sua voz era suave e me transmitia muita paz, mesmo assim não retirava a dor daquele momento.

- Acho que não tão bem.

- Eu estou bem - Murmurou Arne.

- Você vai pagar por isso! - Ouvi Apolo gritar com tanta raiva que um frio percorreu minha espinha.

Zefiro ainda ao lado de Arne olhou para seus três irmãos então Bóreas deu alguns passos em minha direção.

- A gente cuida dele.

Sua voz era fria da mesma forma quando lutamos no lago eu apenas sorri e assenti tinha medo de falar qualquer coisa e aborrecê-lo. Bóreas inesperadamente também sorriu e por um momento achei que ele também se lembrou do nosso breve conflito no lago.

Zéfiro, Nótos, Eurus e Boreas foram até Apolo em passos curtos e graciosos, pude ouvir o mesmo gritando meu nome e dizendo coisas horríveis.

Segurei mais firme em Arne como se assim pudesse impedir que as minhas lagrimas se escorram desesperadamente. Não precisei olhar para Apolo para saber que os ventos o estavam levando para dentro na mata a medida com que seus berros ficavam fracos e agradeci mentalmente por eles o levarem para longe.

- Você tem que ir - Ouvi Arne sussurrar.

Eu a continuei abraçando fingindo não ouvir o que acabara de dizer.

- Você tem que ajudar os outros.

Balancei a cabeça negativamente.

- Eu não vou deixar você e tenho certeza que eles vão ficar bem melhor sem minha ajuda.

Arne tentou dar um largo sorriso, mas não obteve sucesso.

- Você não sabe o poder que tem.

Olhei para meu medalhão.

- Eu sei sim e é por isso que tenho que me manter longe porque não consigo controlá-lo.

- Eles precisam de você.

Antes mesmo de eu negar novamente outra pessoa respondeu pó mim.

- Ela tem razão Selene, eles precisam de você.

Eu não precisei olhar na direção de onde vinha voz para saber que era Crato, irmão de Zelo, por ser uma criatura alada eu sabia que estava chegando. Ele veio até mim e abaixou ao lado de Arne assim como Zéfiro, era incrível a semelhança que ele tinha com Zelo, cabelos loiros e olhos verdes.

- Vou cuidar dela - Crato me disso com confiança.

Entreguei Arne aos seus fortes braços ele imediatamente a levantou e a embalou em suas asas brancas.

- Ainda falta uma

Ele disse com um sorriso antes de abrir suas asas novamente e levantar vôo levando Arne consigo eu o observei indo embora até desaparecer no horizonte então me virei na direção do castelo e suas altas torres que chegavam as nuvens. 

Ainda falta uma.

Sua voz ecoo na minha mente e de alguma maneira me forças o suficiente para ir atrás de Circe.


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