Selene escrita por Tamires Vasconcelos


Capítulo 33
O vento da primavera


Notas iniciais do capítulo

OK, podem me matar. Eu sei que demorei um pouquinho pra postar kkkk mas é que esse começo de ano foi muito puxado na escola pra mim, era tanta coisa pra fazer que eu já tava ficando louca. Mas ai ta o capito, e coloquei uma partezinha do ultimo capitulo só pra lembrar. Só isso.
BOA LEITURA!! e FELIZ PASCOA!



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– Então você consegue captura-los? - Cameron me perguntou.

– Acho que sim - Eu disse sorrindo.

– Espera ai, como sua irmã sabe disse e você não?

– As vezes quando nosso pai nos treinava eu não prestava muita atenção no que ele dizia.

Nós rimos e parecia que as coisas finalmente estavam começando a dar certo, ou talvez não.

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Lauren levantou a mão como se quisesse fazer uma pergunta, ri com aquilo e fiz um sinal para que falasse.

- Bem, na lenda de Odisseu...

- Não é uma lenda, aconteceu mesmo - Eu a interrompi.

Cameron sorriu do modo como falei séria.

- Me desculpe, isso deve ser mesmo ruim pra você. Então, na história de Odisseu os ventos foram pressos em um saco de couro de um novilho de dias de idade. E acho que na situação em que estamos isso vai ser um pouco difícil de se encontrar.

- Eu não tinha pensado nisso.

- Como você sabe tudo isso? - Perguntou Cameron a Lauren.

- Gosto muito de mitologia grega que não é mitologia - Ela disse a ultima parte olhando para mim o que me fez sorrir.

Ficamos algum tempo em silêncio.

- Acho que posso pedir isso para a Arne o problema é que eu não sei como chama-la, mas vou dar um jeito.

Lauren olhou assustada para seu rélogio de pulso.

- Nossa, to atrasada tenho que levar meu sobrinho para a mãe dele.

Ela se levantou limpando a sujeira da calça.

- Até outra hora!

Lauren saiu correndo atrás do menininho loirinho. 

Eu continuava sentada ao seu lado, Cameron passou a mão por minha cintura e me trouxe mais para perto.

- Me fala mais sobre esse Polix.

Olhei surpresa para ele.

- Porque você quer saber?

Ele deu de ombros se esforçando demonstrando que não estava muito curioso

- Hnh... Ele... Ele era legal.

- Só isso? Legal.

- Não, quer dizer ele era diferente.

- Só porque ele era um príncipe. 

Sorri um pouco.

- Não é não.

Ele também sorriu um pouco.

- A garotas gostam de príncipes,

- Eu não sabia que ele era um príncipe até me pedir em casamento.

Cameron deu risada.

- O cara era um mentiroso.

- Ele só não queria que as pessoas soubessem que ele era um príncipe, porque o tratariam diferente.

Cameron deu um sorriso malicioso.

- Tem certeza que é isso?

- Acho que sim.

- Você ia mesmo se casar com ele?

Estranhei um pouco sua pergunta.

- Ia sim.

- Se eu te pedisse em casamento agora, você aceitaria?

Sua pergunta não me pareceu brincadeira, respirei fundo e desviei meus olhos dos seus.

- Não.

Ele franziu a testa.

- Porque não?

- È difícil de explicar.

Ele me examinou um pouco.

- Tenta.

Era exatamente esse tipo de conversa que eu estava querendo evitar, e eu tinha caído em sua armadilha.

- Eu tecnicamente não posso ficar com você.

Sua expressão ficou séria.

- Como assim?

- Deuses não podem se relacionar com humanos, é proibido.

- Quer dizer que você não pode ficar comigo?

- Isso.

Cameron respirou fundo como se quisesse se controlar para não gritar.

- E quando pretendia me contar? - Ele parecia estar nervoso e chateado.

Eu não sei... Eu....Não consigo pensar nisso racionalmente.

- E Polix? Você disse que ia se casar com ele.

- As coisas era diferentes naquela época, as pessoas acreditavam e nós.

- Eu acredito em você.

- Isso não é o bastante.

Ele ficou um tempo apenas pensando.

- Então você vai embora? - Cameron se controlava para não gritar.

- Não sei, não sei o quanto pode durar o meu...castigo.

Ele não disse nada apenas assentiu, ficamos algum tempo em silêncio eu não suportava mais aquilo, então me levantei.

- Acho que vou para casa - Tentei não demonstrar que estava triste.

- Não precisa ir - Percebi que ele tentava fazer o mesmo.

- Eu tenho que ajudar a Claire em algumas coisas.

Ele sorriu então se levantou.

Cameron me acompanhou até minha casa só na metade do caminho ele pegou minha mão.

- Me desculpe por não ter te contado - Eu disse assim que chegamos em frente a minha casa.

- Não tem problema.

Cameron deu um sorriso amarelo e beijou minha testa.

- Até mais.

Ele se virou e começou a andar, então de repente parou e voltou. 

Cameron segurou delicamente meu rosto e me beijou.

- Eu amo você - Ele sussurrou.

- Também amo você.

Ele novamente beijou minha testa e então saiu.

Entrei em casa e depois de vasculhar todos os moveis conclui que Clarie e Jack, James provavelmente estava trabalhando então eu estava sozinha em casa.

Fui para meu quarto e logo quando entrei notei que havia uma caixa em cima da minha casa, era a mesma caixa que eu havia encontrado a algum tempo atrás e nunca consegui abri-la.

Fui em passos devagar até a cama, sentei encarando a caixa que estava cheia de poeira, ao seu lado notei que havia uma chave, parecia antiga cheias de desenhos minúsculos. Olhei para o cadeado que trancava a caixa e em seguida para a chave.

Sem hesitar peguei a chave, ela girou facilmente no cadeado.

Assim que abri a caixa não consegui acreditar o que havia lá dentro, um saco de couro, justamente o que eu precisava.

Era um pouco estranho sim ter exatamente aquilo na caixa, mas mesmo assim não podia deixar de ficar feliz. O coloquei de volta na caixa e me preparei mentalmente para o esforço que eu ia ter que fazer para conseguir capturar os ventos.

- Parece que você ta correndo perigo outra vez - Disse uma voz masculina.

Levantei a cabeça e me deparei com Zelo, ele era o unico deus que eu conhecia que nunca mudava de aparência, era alto e um pouco musculoso, tinha olhos claros e cabelos loiros, que sempre usava de modo bagunçado.

- Não estou correndo perigo, não dessa vez.

Eu me levantei e o abracei.

- O que você ta fazendo aqui?

Ele sorriu.

- Vim te ajudar.

- E quem lhe disse que eu estava com problemas?

Ele ficou calado.

- Foi minha irmã?

- Ela está preocupada com você.

franzi a testa.

- Não precisa de tanta preocupação, eu vou ficar bem.

- Você não está nos seus melhores momentos.

Dei risada.

- Só porque sou tecnicamente uma humana? na verdade acho que nem sou mais, tenho meus poderes de volta por mais que não tenha o controle deles totalmente.

- Não, não isso - Ele disse devagar.

Eu o encarei.

- Tudo bem é isso, mas Arne me disse que acha que é uma coisa muito maior.

- Como assim?

- Capturar os ventos e entregar a Apolo, você não acha fácil demais?

- Pensando dessa forma, acho que sim, mas Apolo não me disse mais nada então vou fazer o que tenho que fazer e pronto.

Ele me olhou como se não estivesse gostando da ideia.

- Ele não é burro a ponto de roubar o trono de Zeus outra vez - Tentei convence-lo.

- Então pra que ele quer os ventos?

Eu já estava começando a ficar nervosa.

- Eu não sei.

- Talvez ele queira controla-lo.

- Não isso é impossível, os ventos não vão servi-lo ao não ser que... Não isso também é impossível.

- A não ser que...

- Não é nada, eu nem devia ter cogitado essa possibilidade. De qualquer forma eu sei o que eu estou fazendo.

- Se você diz.

Ele se sentou em minha cama.

- E então quando vai começar? 

- Amanha, mas tem que ser em um lugar mais reservado possível.

- Tenho permissão para lhe ajudar?

Fingi que estava pensando na ideia.

- Talvez sim.

***

- Tem certeza que você consegue? - Perguntou Lauren.

Eu, Lauren, Cameron e Zelo tínhamos ido para o lago, o mesmo que Dylan agora Apolo havia me jogado na aguá, esse era o lugar mais isolado que eu havia encontrado.

- Ter certeza eu não tenho, mas não custa nada tentar.

- E quantos são? - Perguntou Cameron.

Ele estava sentado em uma pedra ao lado do lago, eu estava bem no centro do enorme campo, um tanto afastada dele e de Lauren.

- São quatro, Bóreas, Eurus, Nótos e Zéfiro.

- E qual você vai pegar primeiro? - Dessa vez foi Lauren quem perguntou.

- Zéfiro ele é um pouco mais fácil.

- E porque?

- Porque, ele é o mensageiro da primavera é mais calmo e suave.

- E como você vai chama-lo? Pelo nome? Tipo, Zéfiro, Zéfiro!

Me controlei para não rir.

- Não não é assim, tenho que achar ou alguma lembrança ou sentimento que tenha a haver com ele.

- Lembres-se respirei fundo e feche os olhos - Disse Zelo.

Sorri e então olhei para Cameron que piscou pra mim, fechei meus olhos ainda sorrindo.

Eu sabia em quem pensar, pensei em Cameron, a primeira vez que ele me beijou, quando ele sorria para mim. De modo geral pensei e como me sentia estando ao seu lado, ao mesmo tempo eu controlava o vento em minha volta, no começo ele estava suave e o que dizia que eu estava no caminho certo, só tinha que mante-lo assim e talvez conseguisse capturar Zéfiro. O vento continuava suave mas era como se dentro de mim houvesse uma tempestade acontecendo pronta para explodir para fora, e eu tinha que controla-la, minha respiração começou a acelerar.

- Concentrasse nos seus sentimentos - Ouvi Zelo dizer.

Eu sentia que estava perto, podia quase sentir sua presença, tentei seguir a orientação de Zelo e me concentrei mais em meus sentimentos.

Agora eu realmente podia senti-lo podia até ouvir seus leves sussurros em meus ouvidos.

Porque está fazendo isso? - Ele sussurrou calmo, mas parecia desesperado.

Está tentando me prender outra vez?

- Me desculpe, mas preciso fazer isso e agradeceria se colaborasse.

Sentir ele recuar e o segurei para mim com mais força. Eu estava a ponto de explodir.

- Quem é você? Humana ou deusa?

Um pouco dos dois, sou filha de Éolo.

Ele demorou um pouco para responder.

Sinto que seus sentimentos são humanos, então é humana.

Eu não sabia o que dizer de sua ultima frase, algum tempo depois senti ele se render aos poucos, até que finalmente fiquei no control total.

Consegui guia-lo até o saco de couro em minha frente o prendi la. Assim que consegui me libertar daquele vento eu cai no chão.

Alguns segundos depois senti alguém ao meu lado, meus olhos continuavam fechados era como se não pudesse abri-los.

- Selene - Ouvi Cameron me chamar sua voz estava longe.

Era como se eu estivesse fora de mim e aos poucos fosse retornando.

- Selene, abra os olhos - Ouvi Zelo dizer, agora um pouco melhor.

Com um pouco de dificuldade abri meus olhos, tive que fechar e abri-los um zilhão de vezes para que minha visão embasada voltasse ao normal.

- Você está bem? - perguntou Cameron.

- Acho que sim.

- Isso é normal - Disse Zelo.

Cameron o encarou por um momento.

- Como isso pode ser normal? Ela quase morrreu! - Ele gritou nervoso.

Eu estava um pouco tonta, mas consegui me sentar, Cameron que estava ao meu lado me ajudou.

- Cameron eu não morri.

- Mas fez a maior bagunça - Ouvi Lauren dizer, interrompendo Cameron.

Ela vinha em nossa direção, seu cabelo estava todo bagunçado e cheio de folhas.

- O que aconteceu?

- O que aconteceu! Do nada começou a ventar muito forte e de repente você estava no meio daquele vento todo e eu nem a via mais.

Olhei para Zelo que concordou com a cabeça.

- Não achei que tivesse sido tão horrivel assim. Mas eu consegui não foi? - Conclui a ultima parte sorrindo.

- Conseguiu.

- E espero que não faça isso outra vez - Disse Cameron.

- Ainda faltam três.

Ele me olhou sem paciência.

- Você viu o que aconteceu, você quase morreu.

- Eu já disse que não morri, e nunca vou morrer, então está tudo bem. 

Cameron me olhava como se não entendesse o motivo daquilo tudo.

- Cameron você não entende eu preciso fazer isso.

Ele não disse nada apenas me ajudou a levantar então Lauren voltou a tagarelar sobre seu cabelo.

- Vou ter que dedicar o resto do meu dia só para esse cabelo, nem adiante me chamar quando você for fazer isso de novo Selene que eu nem vou.

- Não se preocupe, você ta linda assim - Disse Zelo.

Não pude conter em revirar os olhos com o comentário de Zelo.

- Ah, você é um fofo, mas eu sei que é mentira.

Peguei o saco de couro que estava um pouco a minha frente e o guardei na caixa.

- Então quer dizer que aquela ventania toda ta ai dentro? - Perguntou Lauren.

- Não exatamente, aquele vento enorme era apenas uma projeção do seu poder... Só sua essência está no saco. 

Ela pegou uma mecha de seu cabelo e começou a enrolar.

- Você acha que consegue de novo? - Zelo me perguntou sério.

Respirei fundo.

- Consigo.

- Agora?

Eu queria capturar todos os ventos naquele exato momento, mas alguma me dizia que eu não exatamente pronta e se por acaso eu evocasse aqueles ventos e não estivesse totalmente no controle, as coisas poderiam ficar bem feias.

- Não agora não, talvez amanha, eu to muito cansada.

Ele sorriu feliz com minha decisão.



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Notas finais do capítulo

O que achara? Gente um dos motivos também para eu ter demorado foi, como eu ia escrever a parte que a Selene captura os ventos, e depois de uma sete vezes escrita ficou assim. Quero a opinião sincera de vocês. Obrigada
Ah... e se tiver algum erro me avisem e não fiquem chateados não tive tempo de revisar muito bem.



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