O Poder do Amor escrita por CarolFernandes


Capítulo 3
Capítulo 2 – Egoísmo Fatal


Notas iniciais do capítulo

Pra compensar as minhas faltas em APC, resolvi postar esse capítulo com mais pensamentos lindos do Edward, logo após a tentativa de suicídio. No próximo, é o dia em que ele conhece a Bella... Mas não quero deixar vocês curiosos! :)



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Eu ouvia um choro fraco ao longe e, quando abri os olhos, constatei que estava em uma maca de hospital pela segunda vez em poucas horas. Dessa vez eu tinha um curativo no punho que latejava um pouco, em contraponto, eu me sentia tonto e sonolento, culpa dos remédios presos pela agulha no braço oposto ao do ferimento.

Gemi de dor. Cada ponto do meu corpo doía. A cabeça, o estômago, o punho, o braço furado e, eu arriscava dizer que até o dedo mindinho.

Respirei fundo, relembrando do motivo de estar ali. Meu suicídio mal planejado não ajudou em nada, pelo contrário. Eu estava dolorido, ficaria no hospital por mais um tempo, teria que ir ao médico periodicamente cuidar do punho machucado e ainda teria uma super proteção ainda maior por parte da minha família. Se eles já vigiavam cada passo que eu dava, agora vigiariam mais ainda.

O meu ato de coragem em enfiar uma faca no braço foi apenas isso, um ato de coragem. Eu não acreditava que podia fazer uma coisa como aquela outra vez. Não sem planejar muito bem cada passo.

Suicídio não era o modo como eu planejava morrer – as pessoas planejam isso? – mas eu era um humano medroso e frágil. Ironia, já que o meu maior medo era realmente morrer. Eu sabia que ter leucemia não era culpa minha, pelo contrário, podia acontecer com qualquer outro.

Fechei os olhos, relembrando do dia em que descobrir estar doente:

Então, esta tudo bem, não é?” Perguntei trocando um olhar nervoso com Esme. Era a primeira vez de muitas, que eu ficava a frente de um médico por causa disso.

Eu vinha sentindo náuseas periódicas, dores fortes de cabeça, sonolência, cansaço e falta de apetite. Por consequência, tinha emagrecido demais e estava pálido como papel. Com certeza, uma imagem não muito bonita de se ver. Eu tentava esconder dos outros que estava mal, mas Esme ficou desesperada quando recebeu um telefonema do colégio, dizendo que eu tinha desmaiado. Ela me obrigou a ir ao médico e li estávamos.

Você sofre de um tipo raro de leucemia na sua idade, Edward.” Falou o médico, como se dissesse isso muitas vezes. Esme soltou um som de choque. Eu deveria ter apertado a mão dela, mas também estava em choque.

O médico falou sobre o tratamento e como as minhas chances eram moderadamente altas, já que a leucemia não estava avançada. A minha mente não estava ali, ela voou pra longe, se perguntando o que aconteceu de errado.

Porque comigo? Porque agora?

Respirei fundo, submergindo dos pensamentos que tomaram conta de mim por um tempo. Eu respirava muito fundo, pois precisava desse ar límpido para clarear minha mente. Ela andava muito confusa, conflitante.

“Edward.” A voz calma de Carlisle chegou aos meus ouvidos. Ele era como a parte racional da família, Carlisle sofria, mas não deixava ninguém perceber. Eu invejava isso. “Esta se sentindo bem?”

“Não.” Respondi sinceramente. Carlisle deu uma risada fraca, segurando minha mão.

“Tivemos que fazer uma transfusão de sangue, mas deu tudo certo.” Ficou calado por um tempo. “Você nos assustou, filho.” Levou nossas mãos até meu rosto. “Eu sei que tenho estado distante, mas isso é difícil para mim também.” Outra coisa que eu invejava em Carlisle era que ele não tinha medo de dizer o que pensava.

“Eu sei.” Murmurei me aconchegando ao carinho que ele fazia no meu rosto. “Desculpe, pai. Como Esme esta?” A imagem dela chorando na cozinha veio a minha mente.

“Ela esta mal.” Fez uma careta preocupada. “Esme se culpa de tudo.”

“A culpa é toda minha.” Falei um pouco alto. “Esme... Ela não merece sofrer. Nem Alice, Emmett ou você.”

“Acalme-se!” Carlisle encostou-me de volta na cama. Eu só percebi que chorava quando senti o líquido lacrimal nas minhas bochechas.

“Eu não quero que vocês sofram por mim.” Falei sem fôlego. Carlisle me olhou por muito tempo, plantando um beijo na minha testa.

“Você não tem culpa, filho. Também não pode pedir que não soframos. Você é o nosso Edward...” Sorriu, aparecendo no meu campo de visão. “Todos nós amamos você. Mas, tentar diminuir sua dor, só vai aumentar a nossa.” Com suas palavras, percebi o quanto o suicídio era egoísta.

Minha família sofreria do mesmo jeito se eu morresse hoje ou amanhã, porque eles me amavam. Diminuir a minha dor, realmente, não mudaria em nada a deles.

Mais tarde, deitado a minha cama, pedi que Alice e Esme se aproximassem. As duas mulheres da minha vida, como eu tinha dito uma vez, se entreolharam como costumavam fazer e vieram até mim.

“Eu amo vocês duas.” Segurei as suas mãos. Dei um sorriso fraco. “Desculpe.”

“Oh, Edward! Não vai fazer algo como aquilo de novo, promete?” Alice pulou no meu colo, me abraçando pelo pescoço. Esme soltou minha mão, talvez para deixar que eu segurasse Alice.

“Prometo.” Suspirei. Alice saiu do meu colo um tempo depois, percebendo que Esme estava calada demais para... Bem, para Esme. “Mãe, me perdoa?” Implorei.

“Edward, eu...” A voz dela estava embargada, o choro ameaçava sair. Alice beijou minha bochecha e saiu do quarto. Esme se sentou na cama, pegando meu punho ferido. “Quando eu fui atrás do grito e vi aquilo...” Fez uma careta. “Foi a pior coisa que eu poderia ver na vida. E, quando Emmett apareceu para dar os primeiros socorros em você, bem, nada dava certo... Tinha tanto sangue.” Falou embolada. Abracei Esme, tentando me desculpar ainda mais com o ato.

“Eu sei que foi horrível, mãe, mas eu só queria acabar com a dor.” Gemi.

“Eu pensei que fosse te perder, filho. Eu não quero que isso aconteça.” Apertou mais o seu abraço.

“Vai acontecer um dia.” Murmurei pessimista.

“Promete uma coisa para mim também?” Ela aceitou meu silêncio com um sim. “Vai aproveitar o tempo que você tiver?” Se afastou, olhando nos meus olhos. “Se for um dia ou uma década. Você vai aproveitar cada momento?” Eu não sabia bem como pôr aquele desejo em prática, mas assenti. Esme me abraçou outra vez, sussurrando um ‘eu te amo’.

Aproveitar o tempo que eu tiver. Sendo um dia ou uma década. Não parecia tão difícil.

Pouco mais de um mês havia se passado desde a minha estúpida tentativa de suicídio. Todos ainda me olhavam de um jeito estranho, parecendo receosos demais para me deixar sequer perto de um objeto cortante. Isso praticamente me obrigou a ir à cozinha sempre com um babá por perto, sendo Alice ou Emmett.

Esme tinha me perdoado, mas ainda mantinha um olhar melancólico sobre mim. Certo dia, ela acordou de ótimo humor, o que não chocou apenas a mim. Sentados na mesa de café da manhã, todos perguntaram a ela o motivo da alegria. Eu não via Esme daquele jeito a meses.

“Em breve vocês saberão.” Disse apenas.

Carlisle foi até Londres e eu acabei indo com ele, para verificar se o machucado no meu punho estava completamente sarado. Precisava espairecer, e admito que o vento batendo no meu rosto, durante a viagem, me fez bem. Quando voltei, tudo parecia diferente. Não só Esme estava feliz, como Alice também.

“O que aconteceu?” Perguntei vendo a animação das duas. Eu não via um sorriso de Alice desde que eu, bem... Desde o dia da faca.

“Nós teremos uma hóspede.” Pulou animada. “Edward, ela é da nossa idade. Vai ser como uma irmã para mim.” O sorriso de Alice aumentou mais um pouco, como se fosse possível.

“Alice vai assustá-la.” Carlisle comentou rindo. Até eu me assustava com Alice.

“Finalmente Alice vai ter alguém para fazer de bonequinha.” Emmett deu uma risada alta. “Eu ficava com dor de cabeça só de pensar no preço das bonecas em tamanho gigante que Carlisle comprava.”

Alice se virou para ele, dando língua infantilmente.

“Que tamanho gigante? Alice é muito pequena, as bonecas eram maiores do que ela.” Falei lembrando da nossa infância e recebendo um olhar mortal da minha irmã.

“Isso foi a muito tempo, ok?” Desviei de uma almofada assassina. “Viu, mamãe? Eles se juntam para me irritar.” Reclamou com voz de criança.

“Garotos, não irritem a Alice.” Esme falou gargalhando. Nós parecíamos como a ‘família perfeita’, outra vez.

“Vocês vão ver... Bella vai me adorar.” Bufou, sentando no sofá e ligando a televisão.

“Coitada dessa tal de Bella.” Falei divertido, levando uma almofada na cara.

Emmett disse que estava ansioso para ouvi-la chamá-lo de ‘mete’ e então a minha ficha caiu... Ela era a filha da amiga de infância de Esme. Esme contou rapidamente que ela tinha morrido, junto com o marido Charile, e que a tal Bella estava vindo morar conosco durante a universidade.

Eu não achei a idéia de Esme estranha, ela era a pessoa mais bondosa existente. Na verdade, eu tinha muito orgulho de tê-la como mãe.


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Notas finais do capítulo

Viram com a simples menção do nome Bella já fez a família ficar mais feliz? Então, o que eu gosto em OPDA é que nós podemos ver mais da família Cullen, que-eu-amo-de-paixão-e-queria-fazer-parte.

Volto qualquer hora! ;)

Cáh