Só mais um outro dia na minha vida monótona.

Sempre a mesma coisa: acordar, tomar café, fazer minha higiene, ir para o colégio, ficar pensando no cara que eu gosto enquanto finjo prestar atenção na aula, conversar com minhas amigas, ir para o portão ficar esperando minha carona.

E lá estava eu no portão de novo. Escondendo a minha cabeleira cor-de-rosa em baixo do capuz do meu moletom preto da GAP. Minha mochila estava jogada sobre um dos ombros, e eu ficava escutando minhas musiquinhas favoritas via fones de ouvido no mp4, enquanto balançava a cabeça olhando para os meus All Star do dia.

Igual a qualquer outro dia: chato e tedioso.  

Fazer o quê. Essa é a minha vida. Ou falta dela. Não que faça muita diferença, enfim.

Bem, como eu dizia, eu estava esperando minha carona. Sasuke, o meu melhor amigo, sempre vinha me buscar depois do colégio com sua moto. Nós dois estávamos no 3º ano do Ensino Médio, mas em salas separadas. É, a diretora do colégio nunca foi com a minha cara mesmo.

Sasuke Uchiha é o tipo de garoto que todas as garotas gostam: cabelos e olhos negros, pele pálida, e todo charmoso com seu jeito indiferente, frio e sedutor. Ahn... Eu não sou exceção,  o que quer dizer que eu também gostava dele. É, gostava.

Mas isso foi até eu conhecer o irmão do Sasuke. Aquilo sim é um Deus Grego. Com direito a letra maiúscula e tudo.

Itachi Uchiha, o nome da perfeição divina. O dono dos meus pensamentos, também. Sabe, cabelos e olhos tão negros quanto os de Sasuke, mas os cabelos eram mais compridos, e tinha marcas abaixo dos olhos, que pareciam olheiras. Não que fossem marcas feias, mais pelo contrário. Hmmm. Sem contar nas pequenas diferenças de personalidade entre eles, que fizeram com que eu me apaixonasse por Itachi.

Continuando... Eu estava esperando Sasuke aparecer ao meu lado a qualquer momento, tentando - e conseguindo, infelizmente - me assustar com alguma coisa idiota como jogar uma formiga em cima de mim, como sempre fazia.

Mas Sasuke estava demorando. Demorando DEMAIS. E quando digo demais, não estou falando de 5 ou 10 minutos. Não. Estou falando de horas. Duas horas. E eu lá, bonitinha, encostada no portão, com cara de paisagem, como se ficar paradona ali fosse normal para mim. Uma imagem bem bonita mesmo.

Aí me toquei e olhei em volta. A moto dele, que deveria estar estacionada em algum lugar por ali, não estava estacionada em algum lugar por ali. Que coisa. E eu só percebi isso depois de duas hora. É a maldição do cabelo rosa!

Estava me preparando para pegar o ônibus, aquele que ficava meia hora rodando a cidade antes de parar perto da minha casa. Mas aí eu vi a moto vermelha do Sasuke parando bem na minha frente.

Com um problema, apenas: Não era o Sasuke, na moto.

Não.

Era o irmão do Sasuke: deus-grego-dono-dos-meus-pensamentos, vulgo Itachi. Não que isso seja motivo para reclamar, mas enfim... Ele estava ali. E estava olhando para mim! Bem nos meus olhos, como se pudesse ver a minha alma. 

Ah, uma coisinha que me esqueci de comentar: Itachi não sabe que eu gosto dele. Uhum. Esse é o meu segredo. Segredo que vou levar comigo até o túmulo. Ou até o dia que ele disser que gosta de mim... O que vier primeiro!

É que eu realmente não tenho coragem para me declarar. Até tentei uma vez, mas quando olhei nos olhos dele eu travei completamente, e fiquei muda. Não foi um coisa das mais agradáveis.

Itachi também é 5 anos mais velho que eu. Ou seja, eu tenho 17, ele tem 22. Não que isso seja um problema, pelo menos não para mim.

Quando fui ver, ele já estava paradinho na minha frente, me encarando.

_Oi, Sakura-chan. - disse ele, com o seu habitual jeito sério, sem sorrir. Coisa de Uchiha. Vai entender... Mas era esse jeito dele que me atraía.

“Respira fundo para não babar, Sakura!”, falei para mim mesma.

_Oi, Itachi-kun. - dei um sorriso para ele. Daqueles que mostra os dentes. Sei lá, né, vai que ele se apaixona pelo meu sorriso e... - Cadê o Sasuke-kun?

_Está em casa. Ficou gripado, daí mamãe obrigou ele a ficar em casa. Talvez ele não venha pro colégio amanhã também, por causa da tal gripe.

Itachi continuava olhando para mim, enquanto falava. Não faço a menor ideia do que ele esteja falando, mas os lábios dele ficam tãããão convidativos enquanto ele fala... Me dá até água na boca.

_... e então ele me mandou vir buscar você. - ouvi a última frase.

_Quê?

_O meu irmãozinho tolo. - Itachi tirou uma mecha dos cabelos negros do olho. - Ele se lembrou que não poderia vir até o colégio buscar você, então eu vim.

_Ah. Bem, você poderia ter vindo... Ahn... - olhei para o meu relógio de pulso. - Duas horas atrás, sabe?

Itachi passou o braço por cima dos meus ombros, em uma espécie de abraço. Senti milhares de correntes elétricas passando pelo meu corpo. Hm, um meio abraço... Já é alguma coisa, né?

_Desculpe se te fiz esperar. - falou ele, com voz sensual. Meu coração disparou.

_S-sem p-p-problemas. - gaguejei. Itachi deu um beijo no topo da minha cabeça, já que ele era uma cabeça mais alto que eu, e jogou um capacete rosa para cima de mim. - Ei! Eu não gosto de rosa!

_Você já deu uma olhada nos seus cabelos, Sakura-chan?

_Já. Genética é foda. Digo, no sentido ruim da coisa mesmo. Minha mãe teve cabelos rosa, minha avó, minha bisavó, minha tataravó e por aí vai. Mal de família, sabe? Mas eu continuo não gostando de rosa! - falei.

Para minha defesa, eu não falo coisa com coisa quando o Itachi está por perto. E quando está longe também. Mas ele não precisa saber disso, hm?

Itachi olhou sério para mim de novo, e eu cedi, acabando por colocar o tal capacete cor-de-rosa mesmo. E ele ficou com o capacete preto. Ficou lindo. Como sempre.

Subimos na moto. Eu aproveitei a oportunidade única para abraçar Itachi sem parecer uma idiota. Passei meu braços em volta da sua cintura, e pude sentir - sem querer, tá? - com as mãos, aquele abdomen perfeito que ele tem. Ôh, tentação.

_Tudo bem aí? - ouvi a voz grave e (sexy!) masculina dele, que olhava para mim pelo canto do olho.

"Perfeito!", pensei.

_Aham. - falei. Eu não iria encher o ego dele recitando poemas sobre o quanto o abdomen dele é perfeito é talz... Hunf. Tenho meu orgulho! Mas prometo elogiá-lo depois que ele se tornar meu namorado. Se algum dia ele se tornar meu namorado, isto é.

_Segure firme. - aconselhou-me.

"Com prazer, Itachi-kun!", pensei de novo, abraçando-o ainda mais forte e deitando minha cabeça nas suas costas, sobre os cabelos dele. 

Fechei os olhos assim que senti que a moto começara a andar. O vento batia com força e eu pude senti o cheiro dele. Itachi tinha cheiro de baunilha com chocolate, bem mais doce do que Sasuke, que tinha cheiro de menta...

Depois de um tempinho, ele parou. Endireitou o corpo, fazendo com que eu me soltasse dele. Snif, snif.

Olhei em volta, mas não reconheci o lugar. Mas sabia que não era a casa de Itachi e Sasuke, e muito menos a minha casa. Primeiro por que havia apenas 1 casa em um raio de pelo menos 2 ou 3 quilômetros, e nós morávamos na cidade, com prédios e construções para todos os lados. Ali só tinha a tal casa, e árvores e grama para todos os lados.

_Itachi-kun... - chamei.

_Sim, Sakura-chan? - ele olhou para mim. Meu coração falhou um compasso.

_Onde nós estamos? – perguntei.

_Na casa de praia da família Uchiha. – disse Itachi, olhando para a frente.

_Mas não tem mar! Como pode ser “de praia” se não tem mar?

_Mas é claro que tem mar! – Itachi pousou a mão na curva da minha mandíbula até o queixo, acariciando minha bochecha com o polegar. Era bom. Fechei os olhos para a aproveitar o carinho. Não é sempre que Itachi Uchiha faz carinho em você!

De repente, senti a mão dele segurar a minha, e logo depois estávamos correndo.

Minha mão formigava, e eu estava tão maravilhada de estar segurando a mão dele que mal percebi que já havíamos chegado a tal praia.

_Sakura-chan... A praia. – Itachi segurou a minha mão com mais força.

Olhei para frente. O mar lançava uma brisa fresca em nós, que deixava a temperatura agradável se misturada com o calor do sol. As ondas se quebravam calmamente, resultando em espumas que logo chegavam até a areia.

Tirei os meus tênis, e em seguida, as minha meias, sentindo a areia quente em contato com os meus pés.

A situação causava algum tipo de efeito calmante em mim, muito mais forte do que qualquer anti-depressivo. Ou talvez eu me sentisse calma apenas por ter Itachi ao meu lado mesmo. Das duas uma.  

Dei alguns passos à frente, alcançando o mar. As ondas cobriam meus pés e logo depois voltavam ao mar, para logo depois uma outra onde me alcançar.

Girei o corpo, direcionando meu olhar para Itachi. Vi que ele olhava para mim, sentado na areia, já sem os sapatos, que estavam aos lados dos meus tênis.

Corri até ele, e me sentei ao seu lado.

_Isso é lindo, Itachi-kun! – exclamei feliz. Quando olhei para ele, vi um brilho diferente nos seus olhos... Tá, talvez seja coisa da minha cabeça... Mas nunca devemos perder as esperanças, não é?

_Que bom que gostou, Sakura. – falou ele. Voltei a olhar para a praia. O mar, o céu, a brisa, Itachi e eu. Só. Mais ninguém.

Mas peraí! Por que diabos não tinha mais ninguém?

_Mas... por que é tão deserto? Não deveria ter mais gente andando por aí?

_Aqui é meio que a praia particular dos Uchiha, por isso é tão pequena. Mas é muito útil quando se precisa de um lugar para relaxar. – disse Itachi, olhando para o céu. Tão, tão lindo. Itachi, não o céu.

Me movimentei para mais perto dele, encostando minha cabeça no seu ombro. Itachi ficou estático, e um pouco tenso também. Mas depois de um tempo deixou a tensão de lado, começando a acariciar meus cabelos.

Notei que eu ainda estava de moletom. E... bem, moletom não é a roupa mais adequada para se usar na praia, não é? Me afastei da Itachi, que por um instante me pareceu decepcionado, e em seguida tirei o moletom pela cabeça.

Larguei o moletom na areia, pouco me importando se iria sujar ou não. Me voltei para Itachi, e coloquei a cabeça no seu ombro de novo. Passamos um tempo assim, até Itachi beijar o topo da minha cabeça.

Por que Itachi está agindo assim? Ele nunca fez isso antes...

Milhares de coisas passavam em minha cabeça, todas relacionadas a Itachi. Até hoje, ele nunca havia permitido que eu chegasse tão perto quanto estou agora. E eu estava gostando, gostando muito. O que, na verdade, é bem natural, se levando em conta que receber carinho dele era o que eu mais queria dês de que descobri que o amo.

_Itachi-kun... Por que me trouxe aqui? – perguntei.

De repente, ele ficou estático e tenso novamente. Me empurrou para longe si com a mesma mão que antes alisava meus cabelos, para logo depois virar a cara.

É, ele não tinha gostado da minha pergunta. E eu não tinha gostado da reação dele. Tudo por culpa minha.

Sakura, você é uma idiota!

Só percebi que eu estava chorando quando senti as grandes gotas de água salgada escorregando dos meus olhos pelas minhas bochechas, morrendo no meu lábio superior. E, com certeza, não era água do mar.

É, tinha que ser eu para conseguir fazer uma burrada - e das grandes! - em momentos assim, e logo depois chorar como uma criança birrenta. São defeitos que eu nunca consegui mudar em mim mesma. Eu era desajeitada e chorona. Bah.

Comecei a sentir um aperto no peito. Decidi que era melhor ir embora, antes que eu começasse a ser tomada pelo sentimento de culpa. Culpa não é uma coisa boa de se sentir, principalmente se você é um pessoa chorona, assim como eu. A culpa me destrói, de dentro para fora. Ou algo assim.

Me levantei, trazendo junto meu moletom e meus tênis.

Fui até a moto, e sentei no chão. Coloquei os meus All Stars que tanto gostava, deixando as meias de lado. Quando me levantei, vi que Itachi estava a poucos passos de mim. Virei de costas para ele, ficando de frente para a moto, e limpei as lágrimas que ainda caíam com as costas da mão.

_Sakura-chan, eu...

_Eu quero ir para a minha casa, Itachi. - o interrompi, virando-me de frente para ele, mas olhando para o chão. Sabia que não conseguiria encará-lo. Eu faço o tipo chorona, lembra?

_Mas, Sakura, eu... – ele era insistente, não?

_EU QUERO IR PARA A MINHA CASA, ITACHI! – berrei, perdendo a pouca paciência que tinha.

Itachi ficou em silêncio. Chegou mais perto de mim, de modo que eu fiquei entre ele e a moto. Itachi estava com a cabeça baixa, e eu não conseguia ver seu rosto. Quando levantou os olhos, me encarou de modo decidido. 

_Não. - falou.

Ahn?

_Como é? - perguntei.

_Não. - ele segurou meu queixo, deixando meus lábios a alguns centímetros dos dele. Por um instante, achei que fosse me beijar, mas no último momento, ele desviou para minha bochecha. Ahhh, que decepção. – Eu não vou te levar para casa.

_E por quê?

_Temos que conversar. Tenho muito a falar com você, Sakura. 

_Não, Itachi! Eu quero ir para casa! É tão difícil assim de entender?! – gritei.

Itachi olhou nos meus olhos. Estava sério, como sempre. Mas em questão se segundos, eu já estava me perdendo naqueles olhos negros e misteriosos dele. Eram tão iguais, mas tão diferentes dos do seu irmão mais novo... Os de Itachi me atraíam bem mais.

Fechei os olhos em um movimento brusco, querendo escapar da escuridão sedutora dos olhos daquele Uchiha. Achei que era mais sensato continuar de olhos fechados.

De repente, ouvi um resmungo de Itachi, provavelmente ele estava falando sozinho. A primeira coisa que pensei foi que ele iria discutir comigo.

Mas não...

O que aconteceu foram os meus lábios serem pressionados por outros lábios. Frios, mas que se encaixavam perfeitamente nos meus.

Meu Deus... Itachi estava me beijando...

Já tinha ouvido muita gente falar que os Uchihas não são do tipo que tomam iniciativas assim, e Itachi estava ali, fazendo exatamente o contrário. Nem esperei mais nada! Talvez, se eu fosse esperar outra oportunidade, ela provavelmente não viria.

Meus olhos já estavam fechados há tempos, então passei para o próximo passo, colocando meus braços em volta do seu pescoço, o trazendo para mais perto de mim, e percebi que os braços dele já estavam na minha cintura.

Senti a língua de Itachi pedindo permissão para aprofundar o beijo, a qual eu concedi na hora. A impressão que tive foi de que ele explorava minha boca com a língua como se fosse uma brincadeira. Um brincadeira delicada, sensual e... apaixonada? Hm.

Mas, como sempre, o ar é um estraga-prazeres.

Itachi me afastou alguns centímetros. Em um impulso, o abraçei, colocando meu rosto no vão do seu pescoço. Tinha medo de que ele tivesse se arrependido. 

_Sakura-chan, nós precisamos conversar. - falou do modo sério de sempre. Pelo menos o "-chan" tinha voltado ao meu nome... Pode parecer idiota, mas o uso do sufixo era importante para mim.

_Tudo bem. - disse chorosa, ainda com o rosto esterrado no pescoço dele. Sentia o aroma de baunilha com chocolate que ele tinha. Era bom...

_Está ficando frio aqui fora. - Itachi me afastou de si, e me ajudou a recolocar o moletom. Depois, subiu na moto. - Venha, nós vamos para a casa de praia dos meus pais.

Assenti, e subi na moto. Não usamos os capacetes dessa vez. Em pouco tempo, Itachi já estacionava a moto na garagem da casa.

_Venha, Sakura-chan. - disse ele. Itachi saiu da moto, e me pegou no colo. - Você é leve...

Eu ri baixinho. Coloquei meus braços ao redor do seu pescoço de novo, apoiando meu rosto no seu ombro. Era bom estar dos braços de Itachi. Deus, eu o amava tanto!

Entramos na casa, e Itachi me deixou sentada no sofá, sentando-se ao meu lado.

Ficamos nos encarando. Era... difícil quebrar o silêncio.

_Itachi-kun, ainda não me respondeu. – falei. – Por que me trouxe aqui?

_Bem... Eu precisava saber se eu realmente sentia o que achava que sentia, ou se era apenas alguma coisa da minha cabeça. – respondeu ele, depois de um tempo, sempre olhando nos meus olhos.

_E qual foi a sua conclusão? – perguntei, receosa, com um pouco de medo da resposta.

_A primeira opção. Mas eu me enganei. Eu sinto bem mais do que achava que sentia.

_E... o que... você sente?

_Escute bem, por que eu não vou ficar repetindo a toda hora. – falou ele. Meu coração batia mais rápido, minhas mãos suavam, e meus ouvidos estavam ansiosos para saber a resposta.

_D-diga... Estou ouvindo...

_O que eu quero dizer é que... Eu amo você, Sakura. – disse Itachi pausadamente. Seus olhos me olhavam fixamente, como que esperando algum tipo de reação. – Sakura? Fala alguma coisa, Sakura!

Mas eu não estava prestando atenção nele.

Itachi se declarou...

Itachi gosta de mim também...

Itachi me ama...

Eu estava paralisada. Quero dizer, eu sempre esperei que ele se declarasse assim, mas, no fundo, no fundo, não tão no fundo, eu pensava que nunca iria acontecer.

Mas aconteceu! Itachi me ama! Posso surtar agora?? 

_Sakura-chan, diga alguma coisa! – ouvi a voz de Itachi, e voltei à Terra. Os olhos de Itachi pareciam... desesperados? Ah, ele esperava uma resposta.

Dei um sorriso imenso, e, num impulso, me joguei pra cima dele, o beijando. Com a força, Itachi perdeu o equilíbrio e acabou deitando no sofá, comigo em cima. Não que isso tenha interrompido o beijo.

E lá ficamos nós, aos beijos, por não sei quanto tempo. Era infinitamente melhor do que eu imaginava.

Quando nos afastamos, eu deitei a cabeça em seu peito, aproveitando que já estávamos deitados mesmo.

_Eu amo você também, Itachi-kun. De verdade. – falei, olhando para ele. Vi um sorriso crescendo no rosto dele. Um lindo sorriso. Bem, agora sou uma das poucas pessoas que teve a sorte de ver Itachi Uchiha sorrir. Haha. Viva eu! 

_Sakura-chan, posso deitar no seu colo? – o ouvi perguntar. Fiquei um pouco surpresa com o pedido. Mas...

_Claro.

Assim que me sentei corretamente, Itachi colocou a cabeça sobre as minhas pernas. Eu fiquei admirando-o enquanto acariciava seus cabelos compridos. Ele era tudo e um pouco mais, para mim.

_Sabe, eu sentia ciúmes do meu irmãozinho tolo. – disse ele, de repente, de olhos fechados.

_Do Sasuke-kun? Mas por que?

_Ele estava sempre ao seu lado. Sabe por que pedi para deitar no seu colo? – eu murmurei um "não" baixinho. – Lembra-se do dia em que te conheci? – perguntou, abrindo os olhos. Eu concordei com um movimento de cabeça. – Você e Sasuke tinham 10 anos apenas... Eu tinha ido buscar Sasuke no colégio, já que os nossos pais estavam ocupados, e vi vocês dois, ele com a cabeça no seu colo, assim como eu estou agora.

Itachi respirou fundo.

_E...?

_Quando vi, achei bonitinho. Você foi a única amiga menina que Sasuke já teve. E você mexia no cabelo dele com tanto carinho que vi que você estava apaixonada. – nessa parte, enquanto Itachi falava, senti minhas bochechas ficarem quentes – E, com o tempo, vocês dois ficaram cada vez mais amigos... E eu comecei a gostar de você, quando eu mesmo tinha 17 anos, e desde que percebi isso, quis saber como era receber carinho de você. – bem, nessa hora eu devo ter chegado a ficar completamente vermelha, como um tomate.

Itachi deu um sorriso de lado para mim.

_Bem, quando você completou 14 anos, eu me descobri completamente apaixonado. O problema é que achava que você gostava do meu otouto.

_Não posso mentir... Teve um época em que eu gostei do Sasuke-kun. Mas depois que conheci você... – e não terminei a frase.

_Então, eu já falei por que te trouxe aqui hoje... Eu queria descobrir o que você sentia, também. Eu te amo, Sakura-chan.

_Eu também, Itachi-kun. Eu também... – disse, com um sorriso. Talvez o maior sorriso que eu já tenha dado.

Você faz ideia do quanto é bom amar e ser amado de volta? Pois eu sei. E é... simplesmente indescritível.

Ficamos mais alguma horas naquele sofá, apenas namorando. Estava tããão bom...

_Sakura-chan, já está ficando tarde. Tenho que te levar para casa. – disse ele, depois de mais um beijo.

_Ahn? – eu ainda estava meio que nas nuvens por causa dos beijos. – Ah, sim.

_Um outro dia tenho que te apresentar à minha família como minha namorada.

_O quê? Na-namo-namorada? – gaguejei.

_Ah, desculpe. Tenho que pedir do jeito certo. Caham. – Itachi se abaixou, com um dos joelhos no chão, olhando para mim. Tirou o anel que ele mesmo usava e falou: – Sakura Haruno, você aceita namorar comigo?

_Sim! Claro que aceito! – respondi, sem nem precisar pensar.

_Desculpe pelo anel, eu não tinha outro... E aposto que meus pais vão gostar da notícia, eles adoram você. E o Sasuke, agora ele vai ficar bem longe da minha namorada. – resmungou Itachi.

_Ah, Itachi-kun, não precisa ficar com ciúmes do Sasuke-kun! Ele nunca olhou para mim de outro jeito, e eu só tenho olhos para você... – falei, achando graça do ciúme bobo do meu atual-namorado/amor-da-minha-vida/Itachi. 

_Hunf.

_E pode se acostumar com isso, Itachi-kun, querido. Sasuke-kun é o meu melhor amigo. E nada mais que isso, tá bom? Confie em mim, ok?

_Eu confio em você. Eu não confio é nele! – Itachi fez voz manhosa.

_Vamos logo, senão meus pais vão ficar preocupados que eu não chego em casa nunca. – falei. Dei um selinho rápido nele e saí da casa.

Me encostei na moto vermelha de Sasuke, e fiquei esperando Itachi. Meu Itachi, hihi.

Ele não demorou muito para me alcançar. E quando chegou, colocou as mãos em minha cintura, e uma perna de cada lado do meu corpo, me deixando mais uma vez entre ele e a moto. Sorri para ele.

_Itachi-kun... – falei com voz de repreensão.

_Ah, Sakura-chan... Só mais um beijinho? – pediu ele. Uma coisa que descobri: Itachi é um namorado carente. Carente, carinhoso, e meloso.

E eu o acho perfeito.

_Não. Beijinho não. – neguei com um sorriso maroto. Itachi sorriu de lado e mais uma vez capturou meus lábios com paixão. 

Meus braços enlaçaram seu pescoço novamente, e uma das minhas mãos foram parar na nuca, puxando levemente os cabelos dele. Sua língua mais uma vez se aventurava com a minha em busca de espaço. Quando o ar começou a faltar nos meus pulmões, mordisquei o lábio inferior de Itachi carinhosamente, encerrando o beijo.

Itachi colou sua testa na minha, misturando nossas respirações, ainda ofegantes. Quando abri os olhos, encontrei aquelas duas pérolas negras do meu namorado, olhando diretamente para mim. Ele deixou um selinho suave em meus lábios e se afastou.

Subiu na moto, e eu fui logo atrás dele.

_Sakura-chan, me abraçe com força, está bem? – disse ele, sorrindo maliciosamente.

_Com prazer, Ita-kun. – falei, o abraçando com força. – Ah, sim, eu prometi para mim mesma que diria isso quando você se tornasse meu namorado...

_O quê?

_O seu abdomen é perfeito... – falei, enterrando meu rosto nos seus cabelos, para que ele não visse o quanto eu estava vermelha.

Bem, cumpri minha promessa, pelo menos.

_Obrigado. – falou Itachi, com voz risonha. Tudo bem, era para rir mesmo.

Itachi deu a partida e logo a moto estava andando, em uma velocidade mais alta do que o permitido pela placa de trânsito, enquanto eu ficava apreciando a adrenalida misturada ao cheiro de baunilha com chocolate do meu namorado.

Meu Itachi-kun. Bem, a partir daquele dia, ele acabou com a monotonia da minha vida.