Eu estava calada. Alec estava sentado ao meu lado, na primeira classe de nosso voo para a Itália. Assim que chegamos ao aeroporto ele tinha se livrado do manto negro e ficado só com a camisa preta e o jeans escuro

Eu não queria,mais simplesmente não tinha sido capaz de evitar que as lágrimas salgadas descessem de meus olhos assim que o aviao ganhou altitude. Eu estava recuperando partes da minha memória,e não estava gostando muito do meu passado para dizer a verdade. Vivi escondida minha vida toda,e só vim parar em Forks porque perdi minha mãe e meu melhor amigo. Edward tinha me detestado desde a primeira vez em que pos os olhos em mim,e eu tinha sido tola em acreditar que podia mudar isso.

O rosto dele quando eu deixei o quarto da mansão ainda estava gravado em minha mente,e eu daria tudo para ser capaz de esquecer. Fechei os olhos e deixei minha mente vagar,acabei adormecendo.

-Bella?-Alec estava me sacudindo levemente,e eu pisquei,tentando focalizar a visão.

-Ja chegamos?-minha voz estava rouca,e eu tossi

-Sim,Félix já deve estar nos esperando na saída do aeroporto.

-Félix? É um Volturi tambem?

-Ele faz parte da guarda,pode ser meio assustador,mais você vai estar segura

Até Aro decidir me matar-eu pensei,enquanto andávamos pelo aeroporto lotado. Alec parou ao lado de um carro preto,e eu senti vontade de me encolher num canto quando Félix saiu de dentro. Ele era enorme

Alec o cumprimentou polidamente,e eu apenas fiquei lá,parada e tentando fazer com que ele não me notasse, Félix não parecia aberto a novas amizades. O caminho até a cidade de Volterra foi silencioso e rápido,os vampiros parecem gostar de quebrar regras de tráfego.

-Vamos Bella?-Alec abriu minha porta do carro e depois que eu desci nos enfiou num beco escuro. Comecei a me sentir mal naquele lugar,me fazia lembrar do pesadelo que eu tive quando passei a noite com Edward. Edward. Eu precisava me condicionar a não pensar nele,aquilo doia demais,e eu queria recomeçar minha vida sem lembranças dolorosas

Praticamente esmaguei a mão de Alec quando começamos a andar por uma espécie de galeria de esgoto abandonada. Ele notou meu nervosismo e passou as mãos pelos meus ombros enquanto andávamos. Félix andava a nossa frente sem emitir um ruído sequer,e se ele não estivesse em movimento eu poderia jurar que ele estava morto.

Paramos em frente a uma porta baixa e grossa de madeira,e Féliz a empurrou sem a menor dificuldade para o lado. Escadarias enormes apareceram a nossa fretne e começamos a subir. Meu coração acelerava cada vez que eu subia mais um degrau.

Depois de alguns minutos,o zumbido de vozes chegou até nós. Féliz desapareceu por uma das bifurcações da galeria e eu comecei a tremer. Ao que parecia,meu destino seria decidido daqui a alguns minutos

Alec beijou minha testa delicadamente e sussurou um 'vai ficar tudo bem'antes de bater numa porta de madeira toda trabalhada,com símbolos antigos que eu não fui capaz de reconhecer

Cerca de 2 segundos depois,uma garota baixinha[menor até que Alice]abriu a porta e correu para os braços de Alec. Eles se braçaram por um tempo e eu me senti estranha,era como se eu fosse uma intrusa num momento importante. Depois que ele a soltou,a garota finalmente pareceu se dar conta de que ele não estava sozinho. Ela me lançou um olhar de desprezo com tamanha frieza que eu quase congelei ali mesmo.

Ótimo,mal chegue e uma Volturi já não gosta de mim. Se continuar nesse ritmo eu morro antes mesmo de me encontrar com Aro.

A garota saiu andando elegantemente para dentro da sala, e Alec a segui. Eu estava logo atrás,tentando me controlar para não sair correndo dali.

-Que bom que está de volta,Alec-exatamente como no meu sonho.Aro se levantou e andou até nós com seu manto esvoaçante e ainda mais negro do que eu me lembrava.

-Eu sabia que o senhor não ia gostar que eu me demorasse mais do que o nescessário-Alec respondeu,de cabeça baixa,completamente submisso. Ok, se Alec está desse jeito,Aro é realmente poderoso

-E trouxe Isabella Cullen com você! Maravilhoso!-ele me encarou com seus olhos vermelhos e hipnotizantes,e batia palmas como uma criança feliz- eu esperava ansiosamente para te conhecer,querida-num movimento ágil ele pegou minhas mãos entre as suas- e o melhor de tudo é que eu não vou mais precisar matar ninguém pra te encontrar,Edward seria uma perda lastimável para o nosso mundo!

Como é? Ele queria matar o Edward?

-Voce está falando sério?-perguntei,num fio de voz

-Não se assuste querida, isso não vai mais ser nescessário. Além do mais eu tenho certeza de que você vai adorar viver aqui. Tenho até uma surpresa muito agradável pra você!

Surpresa? Agora eu estava totalmente confusa,do que ele estava falando?

-Jane-Aro chamou,e a garota que tinha me olhado com desdém a poucos instantes apareceu,mais dessa vez ela tinha trocado o olhar superior pelo de um cachorrinho assustado. Me controlei para não rir da situação

-Sim mestre?-a voz dela era linda,mais quase infantil

-Vá buscar nosso hóspede. E por favor não o machuque mais do que for preciso. No fundo eu sei que Lucca é um bom garoto,talvez um pouco rebelde;mas creio que a presença de Isabella vai acalmá-lo um pouco.

Lucca? Ele estava vivo,e Aro estava com ele?

-Lucca está vivo?-perguntei,tentando assimilar a informação

-Nós estávamos com ele esse tempo todo,se nada desse certo iámos usá-lo como isca para atrair você até aqui.-Aro respondeu,como se fosse a coisa mais normal do mundo-mais ele era rebelde,tivemos que acorrentá-lo com verbena,talvez eel não resista por mais muito tempo

Verbena? Mais isso não é uma espécie de veneno para vampiros? Que mal poderia fazer ao meu amigo,se ele era humano?

-Mais o Lucca é humano,senhor. Verbena não o machucaria de forma alguma

-Ele era humano querida. Tive que transformá-lo, já que o incompetente do Félix não conseguiu controlar seus instintos e acabou quase o matando

-Ele é vampiro?-eu estava chocada,eles não podiam ter estragado a vida do Lucca dessa forma. A parte boa era que ele estava vivo,e, se eu conseguisse sair desse inferno antes de enlouquecer,ou de ser morta(o que eu duvidava bastante que fosse acontecer) eu daria um jeito de levar ele comigo pra longe

De repente, eu me dei conta de que com Lucca vivo eu não estava mais sozinha no mundo. Uma onda de alívio me atingiu,e eu senti meu corpo inteiro relaxar. Até olhar para a porta e ver Jane entrando com um homem pálido e fraco ,todo acorrentado. Soltei um grito fraco de surpresa,e em cerca de segundos estava ao lado dele,tentando me livrar das correntes.

-Alec,me ajude!-pedi desesperada,quando vi que minhas mãos eram fracas demais pra soltá-lo-eel está morrendo!

Alec não se moveu,e eu olhei em desespero para Aro. Ele fez um movimento de cabeça quando meus olhos cruzaram com os seus,e ai Alec veio me ajudar. Quando finalmente conseguimos soltá-lo, Lucca caiu no chão de marmore com um baque surdo. Me ajoelhei ao seu lado e toquei seu rosto.Estava frio,muito frio mesmo. Eu tinha que pensar em algo para ajudá-lo,e rápido

Meu cérebro começou a trabalhar a mil por hora. Ele era um vampiro,isso significava que precisava de sangue. Eu estava quase colocando meu pulso entre os lábios dele quando um vulto negro se adiantou. Quem estava ajudando meu amigo?

-O que você acha que está fazendo?-perguntei,minha voz alterada pelo medo de perde-lo.

-Salvando a vida dele,retardada!-ela nem sequer se deu ao trabalho de olhar pra mim,estava completamene concentrada em Lucca,e pareceu um pouco mais calma quando a cor começou a voltar ao rosto dele.

Todos os vampiros presentes na sala pareciam chocados com o que ela estava fazendo.Fiquei completamente perdida quando Lucca abriu os olhos,e a primeira pessoa a quem ele chamou foi:

-Jane?

Ela correu para o lado dele,e se ajoelhou próxima a sua cabeça. Lucca ergueu a mão tremula e a tocou. Espera ai,ele estava fazendo carinho numa Volturi?

-Vai ficar tudo bem-ela sussurrou. Sua voz parecia embargada,era quase como se ela estivesse prestes a chorar-voce não pode se esforçar demais,ainda está fraco

Ok,preciso de uma ajudinha aqui:é impressão minha,ou está rolando algo entre esse dois?

Jane ainda sorria para Lucca quando eu me aproximei.

-Se lembra de mim?-perguntei.e comecei a chorar assim que ele me olhou ,com aqueles olhos incrivelmente azuis e profundos.

-Bella?-ele ergueu a mão com uma pequena dificuldade e tocou meu rosto. A essa altura a minha visão estava turva de tantas lágrimas. Eu passei anos me culpando pela morte de Lucca,e o fato de saber que ele ainda estava vivo me dava uma sensação tão boa que era impossível descrever com exatidão.- você está aqui,eu não estou delirando?

-Eu estou aqui sim,Luc-usei o apelido que eu tinha dado pra ele quando nos conhecemos- vai ficar tudo bem,eu vou te tirar desse lugar-sussurrei

-Bella,me desculpe,eu preferia ter morrido a deixar que eles me usassem como isca para te atrair,mais eu não tive como evitar- ele parecia culpado,e eu não gostei nada disso.

-Você não teve culpa de nada ok? Eu sou a aberração que não deveria existir,lembra?

-Pare de achar que é uma aberração Bee-ele reclamou você só é diferente,especial.

-Tudo bem-eu limpei as lágrimas que haviam lavado meu rosto- agora vamos levantar desse chão frio!

-Eu não sou mais aquele garotinho humano e frágil Bee-ele me deu um sorriso tão encantador,que mesmo sem nenhum motivo concreto para sorrir,eu acabei correspondendo.

-Mais está fraco-eu o repreendi,enquanto o ajudava a levantar.- você precisa dormir. Ops,voce não dorme mais não é?

-Não,bobinha-ele me puxou num abraço sufocante e eu me senti segura e amada de novo.

-Desculpe interromper-a voz cortante de Aro chegou até nós e só, ai eu me lembrei de onde estávamos.-mais eu preciso fazer algumas perguntas a Isabella. Ok,problemas a vista

-O que você precisa de mim?-perguntei,enquanto tentava fazer Luc me soltar

-Fazer perguntas-ele respondeu, com a voz entediada-passei anos esperando por essa oportunidade.

-Tudo bem,eu acho-respondi,afinal eu tinha decidido vir para cá,agora teria que aguentar o que viesse.

-Vamos para a sala de conferencias.

-Não!-Alec e Luc disseram ao mesmo tempo.Ao que parecia essa tal de sala de conferencias não era um lugar que eu devesse conhecer se estivesse afim de ficar viva.

-Vocês tem alguma objeção ao local que eu escolhi para a minha conversa amigável com Isabella?-os olhos de Aro corriam de Alec para Lucca,e o brilho nefasto em suas íris extremamente vermelhas me assustou

-Não senhor-Alec abaixou a cabeça,não sem antes me lançar um olhar quase culpado

-Você não vai levar Isabella para nenhum lugar se eu não for junto-Luc me soltou, e se pôs a minha frente num gesto protetor.

-Não seja estúpido filho-Aro o encarou ,e eu tive medo por ele- você sabe que eu posso matá-lo num piscar de olhos. Jane?-assim que o vampiro mais velho pronunciou o nome da pequena vampira que me detestava,eu senti que Luc se retraía. Era quase como se ele estivesse com medo do que quer que seja que ela fosse capaz de fazer

Jane se materializou ao lado de seu mestre assim que seu nome foi pronunciado. Pelo que eu podia perceber,as pessoas em Volterra davam uma importância excessiva para a hierarquia vampírica. Devia ser a lei do mais forte,ou algo assim

-Querida.sei que você está entediada,será que ajudaria se você utilizasse seu poder num garotinho impertinente?-Aro perguntou com a voz calma,e eu fiquei ainda mais confusa quando Jane ficou ainda mais pálida do que já era. Poder?

-Mestre,ele está fraco,não resistiria se eu o atingisse-notei algo diferente na voz dela. Panico,talvez?

-Só vamos testar o quanto ele é forte. Se o perdermos,fazer o que?

-Mas..-ela ia argumentar mais alguma coisa,mais ela a cortou com um gesto da mão. Jane abaixou a cabeça e quando voltou a ergue-la. Seus olhos estavam ainda mais assustadores. Ela formou um “me perdoe” com os lábios e em seguida fixou seus olhos no rosto de Lucca. Meu amigo parecia estar lutando contra uma espécie de força invisível,mais não resistiu por muito tempo. Fiquei olhando atonita enquanto ele caia no chão e começava a se retorcer. Era como se apenas o olhar da pequena vampira fosse capaz de ferí-lo fisicamente. Olhei para Jane em meu desespero e vi uma lágrima de sangue escorrer por sua face,enquanto ela continuava sua tortura mental.

Eu não podia acreditar que eu o perderia de novo. Dessa vez eu oficialmente,perderia tudo com que ainda me importava. A dor dessa constatação corria por minhas veias como ácido. Agora eu sinceramente estava rezando para que Aro me matasse,conviver com as lembranças de Luc morrendo lentamente sem que eu pudesse salvá-lo não era algo que eu pudesse suportar. Eu precisava da facilidade da morte,e faria tudo para encontrá-la