Mutação Oculta escrita por Athenaie


Capítulo 17
Capítulo 17




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Estávamos a meio de Setembro e a minha súbita marcação de férias causou reboliço no trabalho. Não que não me pudesse afastar uns dias. Ultimamente o trabalho corre sobre rodas e não tenho nada atrasado. No entanto dada a minha vida pessoal houve quem pensasse se era desta que eu voltava imortal.

O administrador perguntou-me isso entre linhas:

 - Após as férias vai voltar certo?

 - Claro! Porque não voltaria?

 - O que eu quero saber é se vai continuar a trabalhar das 9 às 19 ou se vai pedir para trabalhar em período nocturno?

 - Só vou de férias, ok? Vou voltar igualzinha ao que fui – se bem que igualzinha já não estou há vários meses pensei.

A logística que envolveu a nossa viagem não foi fácil. O Eric teve que alugar um jacto particular que garantisse que fazia a viagem Lisboa-Houston durante o período nocturno. Chegar a um aeroporto em plena luz do dia era um risco que ele não queria correr.

Apesar de nos últimos anos desde que descobrimos a sua existência termos também aprendido que eles não se transformam num corpo em chamas ao sol, os vampiros continuavam a ser criaturas da noite, não querendo enfrentar as queimaduras solares e o encandeamento que a luminosidade do dia lhes provoca.

Nem tudo eram rosas para os vampiros nos últimos tempos e claro que nem todos os humanos os viam com bons olhos. Nem era humano que assim fosse.

Os humanos com fortes convicções de ordem religiosa, continuavam a vê-los como personificações do mal, vindos directamente do inferno para se apoderar das nossas almas.

A descriminação contra os vampiros era proibida por lei na Europa e América do norte mas havia uma corrente meio escondida meio as claras de ordens mais ou menos religiosas que pregavam a guerra santa contra os inimigos da raça humana.

As religiões mais visíveis tinham algum pudor em faze-lo às claras, nomeadamente a religião católica, anglicana e budista. Os islâmicos moderados também não o faziam.

No entanto todas as ordens mais pequenas e seitas mais ou menos secretas preparavam há muito o fim dos monstros!

Podia encontrar-se na net imensos sites a instigar o ódio e a promover a ideia que matar um vampiro era cumprir a vontade de deus.

Assim volta e meia quando o sol nascia encontrava-se um vampiro preso a um qualquer poste de electricidade ou amordaçado e algemado no meio de um espaço ensolarado. Houve inclusive um caso de um vampiro que foi trancado numa máquina de solário durante horas. Não morriam como é óbvio mas ficavam mal tratados e meio cegos durante uns dias. A prata passou a ser usada na construção de armas e correntes, apesar da prata ser apenas outro dos mitos criados ao longo dos séculos. Nem prata, nem alho, nem crucifixos ou água benta tinham qualquer efeito enfraquecedor contra os vampiros e decididamente a famosa estaca de madeira no coração era o maior mito de todos.

O Eric riu-se imenso quando lhe perguntei isso:

 - Pensa lá, que efeito poderia ter uma simples estaca de madeira no nosso coração?

 - Não sei – pensando que realmente ele tinha razão

 - Penso que a estaca de madeira criou-se a partir da ideia da cruz. As cruzes das igrejas costumavam ser em madeira e alguns religiosos acreditando que somos seres do mal, seriamos destruídos se perfurados com uma estaca feita a partir de uma cruz benzida.

 - Claro que não nos faz nada. Quer dizer, dói, sangramos e temos que a tirar para sarar mas não seria isso que nos impediria de matar

Tinha realmente lógica aquilo que ele me contava

No entanto apesar disso, havia imensas seitas a estudar o assunto procurando as melhores formas de os exterminar. Estavam convictos que era a sua missão na terra era exterminar os anti-cristo. Em Portugal a mais ruidosa delas era a Soldados de Cristo. A SC, uma seita de génese evangelista tinha sido criada por um dissidente que segundo ele não se identificava mais com as ideias da igreja de base e tinha as suas próprias ideias a pôr em prática. Luís Alecrim era o pastor- mor do SC e para uma igreja construída do nada tinha evoluído bastante nos últimos anos. Era óbvio para quem pensasse um pouco no assunto que havia algo mais por trás de toda aquela organização. O recrutamento era exaustivo e usavam as novas redes sociais para chamarem até si os novos soldados de deus.

Faziam espectáculos, acções de voluntariado, workshops e tudo o que lhes permitisse chegar a mais e mais possíveis ovelhas para o seu rebanho.

Nos textos que o Luís Alecrim colocava na net havia sempre referências mais ou menos veladas aos vampiros e aquilo que ele achava ser a vontade de deus que se expressava através do seu corpo.

Tenho a certeza que nas reuniões na sua igreja as suas intenções eram bem mais claras e não sabia bem até onde ele seria capaz de ir e até onde levaria os seus soldados que o seguiam cegamente.

Dias antes do nosso embarque para Houston, a Leonor surpreendeu-me ao bater-me à porta de casa às 21 horas. Era uma novidade! A Leonor tinha saído de casa à noite pela primeira vez em 10 anos!

Estava preocupada com uma coisa e queria falar comigo.

Pensei que tinha ouvido falar das minhas férias e também ela queria saber se era agora que eu fazia a passagem para o outro lado.

Não era no entanto isso que ela me queria falar

 - Tens ido ao Facebook ultimamente? - Perguntou ela

 Nem por isso, tenho andado um bocado ocupada e tenho-me esquecido.

 - Bom, então cá vai. A tua ex-amiga Ana é um novo membro do SC.

A Ana tinha sido minha amiga durante muitos anos. A princípio era boa rapariga, mais nova que eu e um bocado ingénua e criança em algumas coisas e eu tínhamo-la assim como uma irmã mais nova que é preciso orientar e aconselhar

Com o passar dos anos deixei de ter coisas em comum com ela. Entre outras coisas a Ana não tinha personalidade própria. Era para o lado que soprava o vento. Se estava com uma pessoa tinha um tipo de convicções. Se passasse a andar com outra pessoa, as convicções mudavam também. Quando começou a acompanhar com algumas pessoas que ela pensava ser importantes virou uma materialista intragável. Eu que nunca liguei a dinheiro, nem ao suposto status associado, aguentei aquilo que deu para aguentar. Um dia fiz-lhe um teste, deixei de lhe telefonar e ela também nunca mais me contactou. Terminava assim uma amizade que era obvio que era apenas da minha parte e amizades unilaterais não são amizades, é falta de auto-estima de quem as mantêm.

Nunca mais voltei a tentar reatar a amizade, achava-a agora uma pessoa irritante, sem auto estima que só se sentia bem com a desgraça alheia. Sempre ansiosa por apoio dos outros, nunca disponível para apoiar ninguém. Como quase todas as amizades de outro tempo se tinham afastado dela, segundo me contava agora a Leonor, tinha um namorado novo, membro do SC e passou também ela a pregar as directrizes da organização.

 - Ultimamente no Facebook não há dia que ela não te mande uma indirecta! – Disse-me

  - A mim? Ora essa? Nem a tenho adicionada como amiga! Como ela pensa que isso cá chega?

 - Ela pode ser uma criatura desprovida de convicções próprias mas é inteligente o suficiente para pensar que alguém te traz o recado

 - E qual é o recado? – Perguntei eu

 - Que no dia do juízo final não haverá perdão para os humanos traidores da sua raça.

 - Em que sentido é que isso é para mim? – Perguntei

 - Para ti e para todos os humanos que tem relações com vampiros. É isso que eles vos consideram, traidores da própria raça!

 - Ora então eu no dia do juízo final preocupo-me com isso – disse no gozo

 - Amiga, o famoso dia do juízo final é algo que eles andam a preparar, não um dia preparado por uma identidade divina!

Oh diabo, isso já era coisa para levar em consideração. A guerra santa aproximava-se e não era só contra os vampiros mas sim também contra todos os humanos com quem eles tivessem relações, sejam elas profissionais ou de ordem emocional.

No entanto continuei a menosprezar a situação.

 - Ora Leonor, o que me vão fazer? Matar-me publicamente?

 - Era a primeira vez que uma seita matava publicamente pelas suas convicções? Estás lembrada daquela seita japonesa há uns anos com o ataque do gás sarin?

Ela tinha razão. Os extremistas eram realmente capazes de tudo quando piamente convencidos da sua razão e da missão que tomaram.

Apesar disso, não havia nada que pudesse fazer para evitar isso. Apenas agradecer-lhe o aviso coisa que fiz. O Eric estava próximo e resolvi dizer-lhe isso mesmo para evitar cruzamentos que a desagradasse.

 - Não faz mal, eu posso conhece-lo – disse ela para o meu espanto

 - O que mudou? – Perguntei-lhe ainda sem acreditar bem no que ouvia

 - Olha, vou ser sincera contigo – disse ela – continuo a não achar piada a eles, mas se há coisa que com que não me identifico são com estes extremistas idiotas. Acho que me fizeram ver que o ódio só fomenta a guerra e tenho que concordar contigo em algumas coisas, nomeadamente, para que raio os havemos de temer agora só porque sabemos que eles existem? Além disso, detesto injustiças e toda esta propaganda contra eles enoja-me. Acho que eles merecem o benefício da dúvida ao fim de 10 anos e principalmente ele, já que quer eu goste quer não, ele é o teu namorado.

Era decididamente uma reviravolta na forma de ver as coisas que a Leonor apresentava agora mas eu sempre disse que ela era uma mulher justa e que não julgava sem factos. A Leonor estava a dar o grito do Ipiranga. A esconder o medo contra as injustiças.

Minutos depois o Eric chegou e eu fiz as apresentações da praxe. Eu já lhe tinha falado muita vezes dela e ele sabia até que ponto ela os temia e por isso manteve uma distância que lhe permitisse sentir-se segura.

Após os primeiros segundos em que podia ver que a Leonor estava gelada até aos ossos e a combater os seus medos e receios com todas as forças que encontrou o ambiente desanuviou.

O Eric costuma ser provocador e gosta de assustar os humanos mas ela é minha amiga e ele não usou nenhuma das piadas de mau gosto que costuma usar.

Falou da viagem, dos preparativos da mesma, sempre pondo de parte os motivos que nos levavam a Houston. A Leonor manteve-se quase sempre calada, o que é uma característica muito pouco própria dela. Se há pessoa que fala mais do que eu essa pessoa é ela. Olhava para mim e para ele e depois para mim outra vez, enquanto ouvia a conversa. Ao fim de uns minutos falou directamente para ele:

 - Eric, presumo que a Alex te tenha contado que eu tenho muito medo de vocês, enquanto espécie.

Ele sorriu e abanou a cabeça que sim.

 - Bom, continuo a ter mas….fez uma pausa como que a escolher as palavras…mas vendo vocês os dois juntos não me faz confusão. Não sei porquê. Devia fazer mas já não faz.

 - Não tens medo que eu mate a tua amiga? – Provocou ele

 - ERIC! – Gritei

 - Não! – Disse ela aparentemente a dizer a verdade. – Acho que não a matarás nem que quisesses.

 - Não tenhas tanta certeza! – Continuou ele a provocar – Sou uma criatura feroz!

 - Também ela! – Disse a Leonor largando-se a rir

Ele sorriu e disse:

 - É verdade! Não posso negar!

 - Vocês querem parar de falar de mim como se eu não estivesse presente?

Mas eles ignoraram-me. Passado o terror da Leonor e a provocação do Eric, os dois tinham encontrado uma característica em comum, o prazer de gozar com a minha cara!

 - Para uma criatura com tanta idade como tu devias andar bem desesperado para te meteres com ela! – Provocou ela

 - És capaz de ter razão – disse ele – ao fim de mil anos tornei-me masoquista!

E riram! E eu começava a não achar graça! E Eles acharam ainda mais piada

 - Então, diz-me Leonor, achas que a tua amiga um dia pretende fazer de mim um vampiro honesto?

E caiu-me tudo!!

 - Hã???? – Saiu-me

Ele ignorou com um sorriso e continuou a olhar fixamente para ela. Ela ria-se agarrada à barriga.

 - Não sei, não sei. Os vampiros já podem casar com humanos? – Perguntou ela no meio das gargalhadas

 - Isso é uma questão de querer, não de leis! – Retorquiu ele

Eu estava chocada!

 - Eric, acho que vais ter problemas com ela quando eu me for embora! Ela não está com cara de grandes amigos. Vampiro ou não, se fosse a ti metia-me a salvo que não sei se ela não te arranca a pele e faz uma écharpe com ela!

 - Tenho formas de amansar a fera! – Disse ele

Foi a gota de água!

 - Estão a achar muita gracinha à conversa? Vejam lá se não perdem um dentinho. No teu caso – apontando para ele – vê lá se não te arranco uma presa com um alicate!

Eles riram mais um bocado mas resolveram parar com a brincadeira. A Leonor disse que era tarde e que tinha a família à espera e a conversa ficou por ali. Despediram-se quase como bons amigos.

Quando ela saiu, fiquei na dúvida se havia de falar ou não sobre a conversa dele sobre casamentos. Ele sentiu a minha indecisão e disse:

 - Tem calma. Não te vou pedir para casares comigo! Estava apenas a tentar ter uma conversa normal para a tua amiga se sentir melhor.

 - Nem parece teu preocupado com o que ela sente! – Disse-lhe meio irritada

 - E não quero saber mas sei que gostas dela e por ti acho que posso ser minimamente simpático.

 - Obrigado! – Disse-lhe mas ainda irritada

Confesso que estava nesta fase a ser uma humana típica. Como ele se atreveu a dizer semelhante coisa. Nem nunca admitiu para ele mesmo que me ama, nunca mo disse e sai-se com aquela? Eu posso ser racional e pragmática mas sou humana e os humanos são emocionalmente confusos! Ele não tem o direito de gozar com os meus sentimentos por ele. Eu que faço um esforço diário para o aceitar como ele é, convivendo com a forma como ele reage aos sentimentos, não acho correcto que ele ponha ilusões na minha cabeça sobre algo que nunca acontecerá.

 - Estás irritada – disse ele

Resolvi abrir o jogo, escolhendo bem as palavras para não parecer que estava a exigir-lhe o que quer que fosse:

 - Eric, ouve…..desde que temos esta nossa relação, nunca me ouviste aplicar uma designação a isto que temos, namoro, caso, affair, o que seja. Nunca me ouviste falar em compromisso, nem nunca te perguntei se tinhas outras pessoas.

 - Tu sabes que eu não tenho – disse ele

 - Sim mas sabes também que digo que gosto de ti, que adoro estar contigo, que quero estar contigo, que adoro fazer sexo contigo a toda a hora mas nunca te disse que te amava. Isto porque se o disser estou implicitamente a exigir que digas o que sentes por mim e eu nunca te exigi nada.

 - Certo. Continua – disse ele

 - Bom, isso não significa que eu não faça um esforço para manter isto tudo neste nível, para que não haja questões entre nós. Isso não significa que eu não seja humana e como tal um poço de emoções em constante turbilhão, ainda para mais nos últimos dias com a última dose do teu sangue. Como tal agradeço-te que não fales em coisas que não entendes, pois eu não me quero iludir, nem enganar. Estava feliz com o que temos e não ambiciono mais do que posso ter. Por isso, se não te importas não levantes poeira quando não é preciso.

Ele ficou pensativo e após olhar directamente nos olhos durante uns segundos, disse:

 - Desculpa. A serio, desculpa. Acho que às vezes esqueço-me que és apenas humana! Posso sentir que estás magoada comigo e eu não pretendia isso. Foi uma brincadeira parva, levei longe demais o meu sentido de humor corrosivo. É perfeitamente lógico, sendo tu humana e tendo nós a relação que temos há meses que te seja difícil não me ouvires falar sobre o sinto por ti.

 - Eric – e aproximei-me dele e pus as mãos no peito dele – não tem sido difícil. Eu sempre te aceitei como és, é assim que eu te…… - e calei-me.

Ele ficou com os olhos subitamente muito brilhantes e podia senti-lo a debater-se com um sem número de emoções que o faziam sentir-se confuso.

- É assim que tu me amas! – Afirmou ele

 - É! - Confessei finalmente – É assim que eu te amo, sem questões, sem exigências, sem expectativas! Isto é o que é e há-de durar o que tiver que durar e desde que eu esteja contigo vou-me sentir feliz. Não preciso de mais, nem te vou exigir mais. Nunca fui de amar uma imagem diferente da pessoa que, realmente tenho na minha frente. Ou se ama a pessoa (ou vampiro, neste caso) como ela realmente é ou então estamos a amar algo que só existe na nossa cabeça. Neste caso, amo-te como és, com todos os defeitos e virtudes que tens.

Ele estava a olhar-me fixamente de olhos muito abertos. Sentia a confusão de emoções que ele sentia neste momento, as dele, as minhas, todas misturadas num turbilhão. Se fosse um humano teria tido um colapso. Como era um vampiro tinha dificuldade em entende-las!

Pegou em mim ao colo e levou-me para cama, desfez-se das minhas roupas e das dele numa fracção de segundos e entrou em mim com uma sede, uma ânsia diferente do costume. Sentia o seu desespero pelo meu corpo, sentia ele a combater contra uma serie de sentimentos. Puxou-me com tanta força contra ele que gemi de dor. Ele pareceu nem ouvir e continuou com força, as suas mãos com uma força descomunal. Pensei que ele me ia magoar a serio mas ele sentiu o meu desconforto e aliviou a força. Foi sexo selvagem, brutal, sedento. Sentia a urgência do corpo dele pelo meu, a urgência do prazer e abandonei-me nos seus braços. Sem medo, nem receios. Confiança absoluta. Ele mordeu-me exactamente quando atingi o orgasmo e mordeu com força, mais força que o costume. Gritei de prazer. De certeza que todos os vizinhos ouviram. Paciência!

E fiquei ali, ele a tremer de prazer e a beber de mim. Mais do que o costume também. Deixei-o e não o afastei.

Ele finalmente recolheu as presas e lambeu a minha ferida.

Sentia-me fraca, mas com uma paz que não pensei ser possível.

Ele ficou em silêncio por uns minutos. Eu não tentei sentir os sentimentos dele. Estava demasiado egoísta para isso. O que eu sentia era suficientemente forte para misturar com os dele.

Por fim ele falou:

 - Tu sentes que eu te amo, não sentes?

 - Sim - Disse-lhe. E não estava surpresa. Eu sempre senti. Apenas não lhe exigia que ele percebesse isso, nem que o dissesse.

 - Eu amo-te! – Disse ele como se tivesse tido uma revelação e estava eufórico por isso.

 - Eu também te amo!

 - Desculpa se não o disse mais cedo. Foram muitos séculos sem sentir nada além de sede de sangue e sede de sexo. Gostei de algumas mulheres e algumas vampiras. Gostei muito da minha criadora, adorava sexo com ela e admirava-a pela sua força e racionalidade mas nunca experimentei tamanho sentimento por alguém e acho que levei tempo a entender o que significava. Quando me disseste que me amavas como eu sou, foi como se eu fosse atingido por uma onde de choque. Uma certeza sobre o que sentia por ti que nunca tinha tido. Uma onda de emoção que doía, que corroía por dentro, que parecia que me ia rebentar por dentro. Uma certeza que não posso viver sem ti e isso foi uma novidade.

 - Não gostas dessa sensação?  

 - Gosto, claro que gosto mas nunca pensei que poderia pôr alguém acima da minha própria vida e aparentemente eis-me agora aqui.

 - Arrependes-te de me ter conhecido?

Ele pareceu pensar nisso. Virou-se e olhou para mim. Sorriu

 - Se pensar racionalmente, és um problema de todo o tamanho para mim. Um vampiro que ama uma humana como eu te amo é capaz de não ser bem aceite no meu mundo.

 - Sempre podes matar-me e acabar com o problema – Disse-lhe sem pensar

 - Pois posso – disse ele, encostando as presas ao meu pescoço e pressionando-as contra a minha pele – Mas depois ia sentir a tua falta!

E começou a rir.


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