The Cullens escrita por Nina Guglielmelli, mulleriana


Capítulo 22
Operação caça-pirralho


Notas iniciais do capítulo

Capítulo especial, espero que gostem. Avisos no final do capítulo. Boa leitura ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/126346/chapter/22

Emmett’s POV.

Seria melhor estar sozinho. Carlisle sempre dizia: Se não fizer com o coração, não precisa fazer. E eles não estavam mesmo querendo me ajudar. Bando de ingratos!
- Emmett, isso não vai dar certo. – Edward me alertou. Gemi, virando de frente para ele.
Meus irmãos e minha namorada me encaravam, entediados. Todos estavam de preto, seguindo o que combinamos. Eu só conseguia enxergar suas silhuetas.
00:00. E um pouquinho mais. Estávamos no hospital de Forks (escondidos em sua lateral, para ser mais exato), esperando Bella e Jasper, que tinham sérios problemas com horários. Porra! Nada poderia dar errado naquela noite.
- Ainda não sei pra que tudo isso. – Rosalie suspirou.
- Não sabe? Cara! Aquelas crianças me ajudaram, e eu prometi a elas que voltaria. Elas merecem alguém pra contar histórias, e eu vou fazer isso com ou sem vocês!
Edward e Alice trocaram olhares, prontos para desistir. Eu permaneci imóvel na frente da parede, com os punhos apoiados nos quadris. Ergui o queixo, tentando encontrar na escuridão o carro que se aproximava.
Edward e Alice viraram para olhar também, ficando de costas para mim. Rosalie se colocou ao meu lado, e eu abracei sua cintura definida pela calça colada que usava.
- Trouxemos tudo. – A voz da Bellinha soou perto de nós, completamente entediada, e ela ligou a lanterna na nossa cara. Edward resmungou quase em um rosnado, pegando a mochila que sua ex-namorada carregava com dificuldade.
- Ótimo. – Meu mano rebateu. – Vamos acabar logo com isso.
Puxei a mochila das mãos dele, abrindo-a.
- Não precisa fazer isso, então. – Resmunguei, irritado, olhando tudo o que Bella colocara lá dentro. Ela era meio lerda, às vezes. Seria bom checar. – Lanternas extras?
- Estão aí. – Ela suspirou.
- Pilhas?
- Sim.
- Corda?
- Não sei para quê você quer, mas também estão.
- Grampos?
- Sim. – Ela fez uma pequena pausa enquanto eu remexia na mochila, tentando lembrar de mais alguma coisa. - Você acha mesmo que vão abrir alguma porta? – Continuou, irônica.
- Você não entende nada de invadir hospitais. Trouxe os lanches?
- Lanches?
Parei, quase derrubando a mochila.
- Você esqueceu a comida? – A frase saiu devagar, com boas pausas entre as palavras.
- Você não disse nada sobre comida!
- E o meu lanche da madrugada? Fica como? – Cruzei os braços junto ao peito, jogando a mochila aberta para Alice, que quase caiu ao agarrá-la.
- Ora, me poupe, Emmett! Eu nem sei por que concordei com essa merda. – Bella respondeu, se aproximando de minha irmã. Pegou várias lanternas e distribuiu para nós, que acendemos quase ao mesmo tempo. – Além disso, você sabe que horas são? As crianças estão na cama.
Alice ergueu a cabeça ao lado de Edward, só se dando conta disso naquele momento.
- Eu sei que elas estão na cama! São crianças! – Resmunguei apontando a lanterna ligada na cara da Bellinha, que cerrou os olhos. – E é por isso que eu tenho um plano! – Estufei o peito, orgulhoso por mais uma idéia bem-sucedida. – A Operação Caça-Pirralho!



( http://www.youtube.com/watch?v=CnKzVo_V58Q&feature=related )


Os cinco pares de olhos me encararam sem expressão alguma. Talvez houvesse um pouco de nojo, mas toda essa ingratidão não impediria meu plano. Ninguém se moveu enquanto eu jogava a mochila nas costas e abaixava, iluminando os arbustos ao nosso lado. Andei até uma janela ainda agachado, agindo como um verdadeiro espião, só parando para chamá-los quando vi que a barra estava limpa.
- Por que não podemos usar a porta? – Jasper perguntou, receoso.
- Cara! Ninguém pode nos ver, entendeu? Ninguém! Não fode, Jazz!
Olhei em volta de onde estávamos e então através da janela, com movimentos decididos e rápidos.
- Vai! – Coloquei um braço entre as pernas da minha irmã, erguendo-a e jogando a miniatura para dentro do hospital. Ela gritou, mas felizmente o corredor estava vazio. Em seguida veio Rosalie, que se esquivou com facilidade para o outro lado da janela. Um a um, Bella, Edward e Jasper passaram pela fresta, e eu fiquei por ultimo, sempre atento com tudo o que acontecia a nossa volta. – Jasper e Alice, vocês vão direto para a recreação. – Continuei em sussurros, mexendo dentro de minha mochila. – Eu e Rosalie vamos procurar Elena, que vai nos ajudar a achar as outras crianças. Quando falarmos com ela, Edward e Bella estarão próximos a ala infantil, e vão se juntar a nós para chamar o restante dos pirralhos. – Tirei um walk talk de dentro da mochila e joguei para meu irmão, que ainda fazia uma careta com a notícia de que iria trabalhar com Bella. – Não podemos ser vistos, ouvidos ou tocados. Todas as crianças precisam chegar em segurança na recreação, e de lá – apontei para minha irmã e seu namorado – não podem sair. – Fiz uma grande pausa, puxando minha ursinha pela mão. - Boa sorte a todos.
Deixei a ultima frase um pouco mais longa, dramatizando a situação. Agachei ainda com a lanterna em mãos, olhando para os dois lados do corredor. Deslizei até a parede, me colando a ela. Cara, eu poderia muito bem me tornar um profissional nisso!
- O que está fazendo? - Rosalie chegou perto, confusa, e eu a puxei para se camuflar também.
- Você não sente a adrenalina? Estas roupas e a clandestinidade nos deixam ágeis. Podemos fazer qualquer coisa!
Olhei para todos os lados uma última vez, só por precaução. Mais alguns metros e viraríamos em direção aos quartos. Olhei para os outros ainda parados no fim do corredor e, com um breve aceno que aprendi com os escoteiros, avancei para o início da Operação.

Jasper’s POV.

Era tudo uma brincadeira de mau-gosto comigo. Não havia outra explicação. Minha família e a de Alice se juntaram para rir de mim, e o resto do hospital estava na trama. Era impossível que nem um único enfermeiro aparecesse e pegasse Emmett no flagra, infringindo a ordem que lhe deram de ficar afastado. Pouco antes de nos separarmos, ofereci a Edward que deixasse Bella comigo e ele acompanhasse sua irmã. Nenhum dos dois pareceu feliz com a idéia de ficarem juntos. Mas Alice disse que Emmett não iria nos perdoar se mudássemos o plano – e ela estava certa. Eu já o conhecia bem o suficiente.
Agora éramos só nós dois ali, andando em direção a “base”, como Alice já apelidara. Ela saltitava pelo corredor, apontando sua lanterna de maneira teatral para as paredes.
- Vamos. – Suspirei, mantendo a porta aberta para que ela passasse. Minha namorada agachou, varrendo o corredor com a luz da lanterna uma última vez, antes de me obedecer. Adentrei a recreação, fechando a porta atrás de mim. Ela estava no centro da sala, em meio a vários brinquedos e pinturas, rodopiando animada. Seu jeito de menina era algo que sempre me encantava.
- Você não sabe brincar! – Resmungou, parando. Ela interpretou mal minhas feições sérias enquanto a analisava, e fez um bico quase irresistível. – Vamos, Jazz! Qual vai ser a próxima vez em que vai sucumbir as idéias malucas do meu irmão e invadir um hospital?
- Não é a primeira vez que Emmett inventa uma operação. Acha mesmo que será a última?
Ela riu, saltitando para perto de mim. Meus braços envolveram sua cintura, um pouco baixa demais para o alcance de minhas mãos.
- Hm... – Minha Alice resmungou, pensativa. Seu dedo indicador traçou uma linha na curva de meu maxilar, analisando-o com os olhos castanhos atentos. – Acha que vão demorar?
- O que quer fazer? – Perguntei, erguendo e abaixando as sobrancelhas rapidamente, algumas vezes. Seus olhos encontraram os meus, e ela corou com os pensamentos impróprios, me fazendo rir. – Será que limpam esse lugar durante a madrugada?
- Ah, realmente espero que não! – Ela olhou em volta. – Não temos onde nos esconder. E eu não posso ser expulsa do hospital, também. Tenho que vir aqui com Edward quando... - Franzi a testa de maneira automática, e ela parou. – Quando nosso pai chama. – Alice completou, dando os ombros com uma agitação repentina. – É. Porque às vezes Carlisle quer falar conosco aqui sobre... As contas. De casa. E do restaurante. E não tem tempo, aí a gente vem aqui, e... CARA, ISSO É NERDS?
Ela se soltou de mim, praticamente voando na direção de uma máquina de doces. Era enorme, dividida em alguns compartimentos diferentes, como se na verdade fosse feita para sucos de muitos sabores. Ao invés disso, em cada lugar estavam diversas bolinhas minúsculas, divididas por cores.
- O que é isso? – Perguntei, me aproximando.
- É simplesmente a bala mais deliciosa do mundo! – Perto de nós havia um galão de água e aquele típico local para guardar copos de plástico. Alice pegou um deles, e começou a encher com doces, misturando várias cores. – Experimenta! – Virou para mim e começou a pular, me entregando o copo.
Encarei o conteúdo colorido por alguns segundos, mas logo joguei um pouco na boca, como se fosse líquido. Mastiguei, curioso. Vários sabores de frutas diferentes desceram pela minha garganta. Não hesitei em acabar o que havia naquele copo, e logo pedir por mais.

Edward’s POV.

-
Eu entendo que pra você é impossível fazer as coisas direito, mas eu não tenho que agüentar sua incompetência aqui, também. – Minha voz saiu firme, transformando a conversa em uma briga. Bella disparou na frente, com passos decididos, e eu a segui. Era bem possível que alguém nos ouvisse. – Emmett disse claramente o que devemos fazer e, apesar de me opor a toda essa armação ridícula, já que estou aqui vou fazer certo. Está me ouvindo?
Ela continuou a andar pelo corredor, me ignorando totalmente. Eu me apressei e fiquei parado a sua frente, dando um passo para o lado quando ela tentou um caminho alternativo.
- Não fui eu quem disse que iríamos trabalhar juntos! – Ela retrucou, apontando para o peito. – Ah, você devia ter aceitado a proposta de Jasper e ido pra lá com Alice!
- Não é você quem teria que ouvir Emmett reclamar depois.
- Quem tem o irmão maluco é você!
Bella espalmou as mãos no meu peito e me empurrou para trás. No rápido segundo em que cambaleei para trás, ela voltou a andar para longe. Droga. Como ela ficava linda quando estava brava!
- Eu já cansei disso. Vou atrás dessa menina eu mesma. – Ouvi a Swan bufar, virando o corredor. Andei um pouco mais rápido para alcançá-la e tudo aconteceu rápido demais.
Estiquei a mão para pegar sua blusa ou qualquer coisa que a segurasse e, assim que consegui agarrar o cós de sua calça, ela tropeçou nos próprios pés. Muito previsível. A garota foi ao chão, e ela girou para ficar de barriga pra cima ao mesmo tempo que meu corpo caia sobre o dela. O que poderia ser mais clichê?
- Idiota! – Bella resmungou, dando um tapa em meu ombro. – Sai de cima de mim agora!
Ela estava ficando cada vez mais corada. Resisti ao impulso de sorrir e tentei me levantar. Ah, eu realmente tentei! O botão da minha calça ficara enroscado na costura de sua blusa de lã. Ela entendeu mal a razão de eu ainda estar ali, mexendo meu corpo contra o dela, e me empurrou com força, fazendo com que trocássemos de posição.
- Calma! Ei! – Parte da blusa começou a descosturar, e nós paramos. Ela resmungou alguns palavrões sozinha e se ajeitou por cima de mim, prestes a soltar fumaça pelas narinas.
- Abre. – Disse entredentes, apontando para o meu zíper.
- O que? – Perguntei rindo, com as sobrancelhas erguidas.
- Eu não vou botar a mão aí!
- Ah, você não ligava para isso antes. – Minha voz soou bastante divertida enquanto ela me fuzilava com o olhar. - Aliás, você sempre esteve louca para...
- Vai se foder, Edward!
- Bom, eu não estou nem um pouco preocupado. Se quer se livrar de mim, vai ter que fazer isso sozinha.
Cruzei os braços junto ao peito e arrumei minhas costas no chão. Bella ficava mais enfurecida à medida que meu sorriso aumentava. Seus movimentos eram rápidos e inacabados, simplesmente porque não conseguia decidir o que fazia primeiro. Finalmente pensou que me espancar era a melhor opção.
- Como eu odeio você! – Ela gritou, dando vários socos indolores em meu peito. – Pára com esse sorrisinho! Você é tão insuportável!
Num movimento rápido, ela abriu minha calça e, ainda xingando, desenroscou sua blusa. Ficou em pé sem se dar ao trabalho de fechar meu zíper. Eu mesmo me encarreguei disso, levantando e começando a me afastar sem esperá-la.
- Aonde você vai, idiota? – Ouvi sua voz vindo por trás de mim, e parei. Espero que ela não tenha notado meu sorriso. Se garotas realmente fingiam odiar o que amavam, eu estava com muita sorte. – Acha mesmo que eu vou continuar com essa palhaçada sozinha?
- Por que está tão brava de repente? – Virei, andando até Bella com as mãos nos bolsos. – Foi por causa do que falei? – Ri. – Sobre você estar louca para tirar minhas roupas?
Uma espécie de rosnado saiu de sua boca, e ela me empurrou para o lado, avançando no corredor. Segurei seu pulso, impedindo-a. Ela olhou para nossas mãos juntas e então para meu rosto, esquivando-se de meu toque com violência. Suspirei, ignorando o abismo que se formava no meu peito e desaparecia em questão de segundos.
- Vou chamar Emmett. – Avisei, pegando o rádio em meu bolso. Ela parou ao meu lado e cruzou os braços, esperando enquanto eu apertava o botão na lateral e aproximava o aparelho da boca. – Ahn... Emm? – Afastei o dedo do botão, ainda segurando o walk talk próximo ao rosto. Olhei para Bella, ambos em silêncio. Nada. Chamei-o novamente. - Emmett, está aí?
Muitos segundos depois, muito mais do que o necessário, o aparelho em minha mão apitou e houve um chiado.
- Oi, mano! – Ele respondeu cansado, como se tivesse corrido para alcançar o rádio. – Como estão as coisas? Câmbio.
- Onde você está? Já encontrou a menina? – Perguntei com pressa.
Esperamos por quase um minuto, e ele não respondeu.
- Emmett? – Franzi a testa, chamando meu irmão com cautela.
- Ah, desculpe. – O rádio chiou em resposta. – Você não disse câmbio. Câmbio.
Eu e Swan respiramos fundo. Meu dedo deslizou até o botão para lhe falar mais uma vez.
- Você achou a menina? – Minha voz saiu baixa e lenta. – Câmbio.
- Tivemos um imprevisto. Mas já estamos indo. Câmbio.
- Imprevisto? – Ergui as sobrancelhas. – Onde vocês estão? – Eu desliguei, e Bella fez um gesto apressado. Suspirei, falando rapidamente o final da frase inacabada. – Câmbio...
- Nós estávamos procurando ela. Estávamos mesmo! Mas aí, sabe como é... Rose se animou. – Bella colocou uma mão no rosto, enquanto eu ainda tentava entender. – Estamos no armário da limpeza. Mas já estamos saindo, ok? Mais 10 minutos e nós vamos encontrar Elena. Câmbio.
Fiquei parado com a testa franzida, o rádio próximo aos lábios, e Bella me olhando divertida. Ofeguei, apertando o botão para responder.
- Você abandonou todo o... Plano... Para... Ah, Emmett, me poupe! Sabe quanto tempo faz que estamos aqui? Já passa das duas da manhã, quase fomos pegos várias vezes, e você me diz que estava transando com a sua namorada ao invés de fazer o seu trabalho? CÂMBIO!
- Relaxa, cara! Olha, já estamos no corredor. O plano só atrasou um pouquinho. Vamos achar a Elena e te chamo. Câmbio, desligo.


Emmett’s POV.

Eu sabia que tirar as crianças de seus quartos e levá-las para a recreação não seria fácil. Mas, pelo menos, esperava que elas não estivessem tão animadas! Era de madrugada. Não deveriam estar com sono? Éramos quatro tentando fazer com que ficassem quietas mas, quanto mais avisávamos para fazerem silêncio, mais elas começavam a pular e correr a nossa volta.
- Se não se comportar, não vai ter história. – Bella disse calmamente, puxando uma criança que saíra da fila que montamos. Ela tinha uma habilidade inexplicável com os pirralhos; eles sempre gostavam dela. – Já estamos chegando, não é? – Perguntou para mim.
- Só mais um pouco! – Respondi, animado, virando para trás. Estava indo na frente de todos com Edward, e as 20 crianças entre ele e Bella não diminuíam o clima ruim.
Minha ex – e, do jeito que as coisas iam, improvável futura – cunhada assentiu, olhando para baixo quando Elena começou a dizer algo. Não prestei atenção, já que Rosalie se aproximou no mesmo segundo e pegou minha mão.
- Eles não são adoráveis? – Minha ursinha sorriu, agarrando meu braço e apoiando o rosto em meu ombro enquanto andávamos.
- Você gosta de crianças? – Edward tirou as palavras da minha boca, franzindo o cenho.
Rosalie ergueu a cabeça, fuzilando-o com os olhos.
- É claro que gosto delas. São criaturas lindas, puras, e eu sonho com o dia em que terei as minhas. – Ela rebateu, voltando a olhar para frente.
Lembrei no mesmo segundo do anel perdido... Em algum lugar. Engoli seco; não havia como responder aquela indireta sem dar a entender que eu realmente planejava lhe dar o que queria. Abracei mais forte sua cintura, torcendo para que meu silêncio não a magoasse. Até a pivetada pareceu perceber o clima ruim, porque só algumas sussurravam atrás de nós. Avancei vários metros com os olhos no chão. Quando resolvi erguer a cabeça e virá-la, vi Edward parar próximo a parede e fechar os olhos, levando uma mão a testa. Bella foi mais rápida que eu, apesar de estar longe. Em poucos segundos ela já estava com ele, segurando-o pelos cotovelos para ajudá-lo a se livrar da vertigem.
- Cara, você tomou seus remédios direito hoje? – Perguntei, me livrando de Rosalie com delicadeza para ir até ele e colocar seu braço em volta de meus ombros. Me esqueci de tudo; do hospital, das crianças, de que estávamos escondidos, e do mais importante...
- Remédios? – Minha namorada perguntou, franzindo a testa. Eu e Bella erguemos a cabeça, nos entreolhando antes que respondêssemos a ela.
- Edward sofre de labirintite. – Bella se apressou.
- O que? – Ela franziu a testa, cruzando os braços com um ar de preocupação.
- Labirintite. Ocorre quando os labirintos, que ficam dentro do sistema vestibular do ouvido, estão inflamados, comprometendo o equilíbrio do corpo.
Meu irmão e sua ex-namorada viraram o rosto devagar para mim, franzindo a testa. Dei os ombros, ainda sustentando o corpo de Edward.
- Consegue cuidar dele? – Perguntei a Bella. – Eu e Rosalie vamos levar as crianças.
Ela assentiu, e eu soltei Edward devagar, mesmo ele já estando melhor. Minha ursinha foi atrás da fila, certificando-se de que nenhum pirralho ia fugir. Eu fui na frente, andando mais rápido do que estávamos indo antes. Era só o que me faltava, ser pegos a essa altura do plano!
- É aqui. – Abri só um dos lados da porta dupla. Rosalie fez um sinal de silêncio com o dedo indicador, e então acenou para que as crianças entrassem na recreação.
O que vimos a seguir, de certa forma, nos surpreendeu. Alice e Jasper estavam sentados no chão, abraçados, cada um com um copo de plástico nas mãos. Estavam mastigando alguma coisa. Atrás deles, a gigantesca máquina de doces estava vazia. Eu faria o mesmo, ah, se faria!
- Vocês demoraram! – Minha irmã gritou, mas não estava reclamando. – Não perderam nenhum pelo caminho, não é? Não é melhor conferir? Quantas crianças estão aqui? Querem que eu conte?
Rosalie fechou a porta; todas as crianças já estavam acomodadas em cadeiras, almofadas, e até mesmo no chão, formando um meio-círculo. Eu peguei uma cadeira bem menor do que o meu traseiro, me acomodando no meio delas.
- O que aconteceu? – Perguntei a Jasper, já sabendo a resposta.
- Doces! – Ele sorriu, sentando com Alice perto das crianças.
- Muitos doces, vários doces, todos os doces! – Ela completou. - Você queria algum? Não sobrou nada. Desculpe, Emmett. Desculpe! Mas estava bom. Vocês não queriam nada, queriam? Queriam? Acho que deve ter mais na cozinha, quer que eu peça? Ah, não! Não podem nos ver, não é? Droga, eu queria mais doce! E agora, e agora, e agora? Vamos ter que esperar até depois, não é?
Um pequeno barulho na porta chamou a atenção de todos e, após um pequeno sobressalto, vimos que era somente Bella trazendo Edward, ainda meio pálido demais. Eles se acomodaram no chão entre as crianças, assim como Rosalie e o casal hiperativo.
- Muito bem. – Comecei após um pigarro. – Todos sabem a razão de estarmos aqui esta noite.
Olhei no rosto de cada um, esperando o silêncio absoluto. Uma garota ao lado de Elena ergueu a mão.
- Hm... Oi. – Franzi o cenho.
- Quero que a história tenha princesas. – Ela ordenou.
- Eca! – Um menino do outro lado da roda exclamou. A menina olhou para seu rosto, e o garoto continuou. – Por que você sempre pede essas histórias de menina?
- Porque eu sou uma menina! – Ela rebateu, cruzando os braços junto ao peito.
- Tá! – Eu cortei antes que a discussão ficasse pior. – Se tiver uma princesa, vai ter um cavaleiro... E um dragão. – Dei os ombros.
O garoto se animou, ficando em silêncio outra vez.
- Era uma vez... – Eu comecei, sem ter noção do que estava fazendo. Edward sorriu perto de Bella, divertindo-se ao ver que eu estava atrapalhado. – Uma princesa. – É, acho que aquele era um bom jeito de começar. – E ela vivia...
- Na Fantástica Fábrica de Chocolate. – Uma menina sugeriu. Alice e Jasper concordaram freneticamente com a cabeça.
- Certo. Era uma vez uma princesa chamada... Princesa. – Bella revirou os olhos. – E ela vivia em uma fábrica de chocolate. Ela não conseguia dormir direito, porque o quarto dela ficava bem em cima do... Triturador de Cacau. É! – Sorri com a minha própria imaginação. Eu era bom! – A princesa era bonita. Cabelo escuro, pele clara. Meio acima do peso, mas era pegável. Ela tinha só um defeito: Era muito desastrada. - Vi pelo canto dos olhos Edward prender o riso, e Bella dar um tapa em sua nuca. – Um dia, andando pela fábrica, ela tropeçou em um Oompa-Loompa e, quando caiu, desativou vários botões que faziam o chocolate ir de uma sala a outra. O Willy Wonka teve um prejuízo enorme. Então ele... Ele..
- Ele obrigou ela a comer 1.000 kilos de chocolate! – Um menino ergueu as mãos.
- Isso aí. – Apontei pra ele.
- Não, um milhão! – Ele quase ficou em pé.
- Certo, um milhão. Ele prendeu a princesa em seu quarto com muitas barras de chocolate.
- Ela achou o Bilhete Dourado em alguma? – Elena perguntou.
- Acho que ela não precisa de um. Ela já mora na fábrica. – Rosalie respondeu.
- E cadê o dragão? – O menino de antes perguntou quase falando por cima dela.
- Ele... Vai aparecer agora! Princesa estava comendo, e comendo, e comendo, quase passando mal... Quando o dragão arromba a porta. “Eu vou te tirar daqui, princesa Princesa!” Ele disse, pegando ela no colo.
- Pára! – Outro menino interrompeu. – Ele não deveria voar?
- Ele perdeu a licença de vôo. – Respondi. – Levou muitos pontos na carteira.
Um longo “ah” coletivo de compreensão ecoou entre as crianças, e eu dei os ombros.
- Ele saiu correndo pela fábrica com a princesa no colo. Ele levou ela para o aeroporto, colocou um disfarce de turista, com uma bermuda florida, um binóculo pendurado no pescoço e óculos escuros. Então, ambos compraram passagens para Forks.
- Ai meu Deus! Forks! É aqui! – Alice exclamou, chacoalhando seu namorado.
- Eles na verdade pousaram em Seattle, porque o aeroporto daqui é horrível. E então, foi no caminho pra cá que o destino deles mudou para sempre...
Todos prenderam a respiração, menos Edward e Jasper, que estavam quase dormindo sentados.
- Como não tinham dinheiro para um táxi, vieram a pé. Não é muito perto, e bem, Princesa não consegue andar direito sem cair. Ela caiu, e ralou o joelho.
- Só? – Rosalie franziu a testa.
- Não. – Respondi. - Ela também rachou o crânio. Enfim. O dragão ficou preocupado, e correu com ela pro hospital de Forks.
- Sabemos que é aqui, Alice. – Edward disse antes que nossa irmã se exaltasse mais uma vez.
- Quando chegaram na porta... – Falei devagar, olhando nos olhos de todos. – Willy Wonka estava aqui com um exército de Oompa-Loompas, pronto para capturar a princesa outra vez!
- Oh! – Várias crianças exclamaram juntas. Uma delas perguntou: – E o dragão? Ele ajudou ela?
Suspirei, balançando a cabeça numa negação. Após uma pausa dramática, lhes dei a terrível noticia.
- Ele foi morto.
- NÃO! – Alice gritou, aos prantos.
- Ele tentou protegê-la, mas foi impossível! O exército era forte demais! Wonka observou tudo com a princesa presa em seus braços, rindo maleficamente. – Fiz uma pausa, e então imitei a risada, jogando a cabeça para trás. Bella passou uma das mãos pelo rosto e respirou fundo. Continuei, cerrando os olhos para aumentar o suspense. – Dizem que, quando todos do hospital vão dormir, o espírito do dragão vaga pelos corredores em busca de sua amada. Às vezes ele se confunde, e captura meninas parecidas com ela...
Algumas garotas de cabelo castanho se entreolharam, assustadas.
- Mas não pensem os outros que estão a salvo! – Completei.
- Ótimo. Agora eles não vão dormir. – Edward suspirou.
- Tem um espírito de dragão aqui! Legal! – Um menino ficou em pé. – Podemos procurar ele?
- Que tal outro dia? – Jasper sorriu um pouco, mais acordado agora que a historia acabara.
Eu fiquei em pé, tentando soltar a cadeira da minha bunda. Todas as crianças começaram a se levantar, a maioria bocejando. Algumas já dormiam no chão. Elena veio correndo até mim, e aliança perdida veio a minha mente em questão de segundos. É claro! Era isso que eu precisava! Tanta gente assim seria mais do que suficiente para encontrar o que quisesse em casa. Será que elas sairiam do hospital logo? Agachei, esperando Rosalie se afastar para pedir um favor a garota. Ela sorriu, e eu aproximei nossos rostos, sussurrando.
- O que acha de me ajudarem em outra missão?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oie pessoas lindas, eu sei, eu sei...vocês devem estar querendo matar eu e a Carol né? Mil desculpas pela ENORME demora em postar esse capítulo mas vocês não tem idéia de como está uma loucura pra mim esse final de semestre, mil coisas pra fazer da faculdade e ainda tendo que lidar com as provas finais...uffa, eu canso só de lembrar. E assim como eu a Carol também estava sem tempo, mas como sempre...nem que seja meio esprimido arranjamos um tempinho pra fic, não vamos abandona-la, prometemos ^^Mais um capítulo e eu sei que não é tão empolgante quanto os outros mas não deixa de ser importante pro desenrrolar da história, fora que eu achei esse capítulo muito cute *-*, o amor que o Emmett tem por essas crianças...realmente comovente. Ah sim...e pra quem não sabe as balinhas Neds são essas aqui ( http://garotasnerds.com/wp-content/uploads/2010/03/nerdsvarietymf7.jpg ) e são muito boas por sinal, muito boas mesmo *-*Enfim, por hoje é só, eu fico devendo responder os comentários antigos e os novos ok? Beijos a todos e realmente espero que gostem do capítulo ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Cullens" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.