The Cullens escrita por Nina Guglielmelli, mulleriana


Capítulo 20
Mudanças


Notas iniciais do capítulo

MIIIIIIIIIIIIIL desculpas pelo atrazo em postar. Mais explicações no final. Espero que gostem do capítulo ^^



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POV - Edward

Minha pernas não conseguiam suportar todo o peso do meu corpo. A porta se fechou atrás dela, e eu fui ao chão.

Estava sozinho. Sozinho. Várias lágrimas ameaçaram escapar de meus olhos, mas não tive força nem mesmo para isso. A solidão me encontrou, mais uma vez, depois de tanto tempo. Sua ausência física não era o problema, porque eu sempre consegui senti-la perto de mim, onde quer que estivesse. E, naquele momento... Nada. Sozinho. Nossas mentes, nossas almas, antes tão conectadas, agora eram peças corrompidas.

Tombei a cabeça para trás, batendo o crânio no armário. Uma, duas, três vezes. Quando endireitei o rosto novamente, meus olhos encontraram a si mesmos no espelho do outro lado do quarto. Não reconheci o homem refletido ali. Eu já o vira diversas vezes, sim, mas era somente um conhecido. Seu cabelo estava sempre desgrenhado, o rosto doentio e os olhos cansados. Além disso, estava magro demais. Apático. A verdade era que mal conseguia comer. Encarava-me quase em uma súplica, e só aparecia quando não havia ninguém por perto. Poderia ser meu companheiro nos momentos mais solitários, não fosse sua mania incessante de me acusar.

 “Acha mesmo que isso vai mudar alguma coisa, idiota? Tantos remédios, tanta preocupação. Para nada.” Eu o mandava embora, mas nada acontecia. O Edward que costumava estar refletido ali desaparecia aos poucos, e este novo homem tomava conta de tudo. Ninguém sabia o que ele seria capaz de fazer. Nem mesmo eu. Deveria controlá-lo? Como, se nem mesmo era capaz de temê-lo?


(Haunted – Kelly Clarkson

http://www.youtube.com/watch?v=MmcdK9IKZsY&feature=related )


- Levante.

A voz veio do meu lado. Emmett estava ali, sério, estendendo a mão para mim. Para o velho Edward, aquele que lutava para continuar existindo.

Fiquei imóvel. As pernas dobradas, os cotovelos apoiados nos joelhos. As costas de maneira estranha no guarda-roupa. Meu irmão, parecendo cada vez maior, agachou. Eu percebi que encarava meu rosto, mas meus olhos ainda estavam presos aos do estranho homem no espelho. Ele sorriu para mim, irônico, e a imagem pareceu se desfazer quando Emmett novamente chamou.

- Levante. – Repetiu.

- Ela se foi. – Consegui colocar para fora, ignorando sua ordem.

Meu irmão permaneceu imóvel, apoiando os braços nos joelhos. Ele não parecia se desequilibrar naquela posição – pelo contrário, estava firme, tentando encontrar meu olhar.

- Você sabe o que vai acontecer agora? – Perguntou, ainda sério. - Eu virei devagar a cabeça, encarando Emmett sem expressão alguma no rosto. - Você não sabe? Eu vou lhe contar. Você vai se levantar, e vai enfrentar tudo, sem medo. E sabe quem vai estar lá com você? Nós vamos. Você vai lutar, vai fazer tudo o que é preciso para permanecer saudável, e nenhuma garota vai tirar isso de você. Você vai viver, e nós estaremos lá. Está me entendendo? Eu, Alice e nossos pais. Você não está sozinho. Nunca esteve. E se Bella não teve forças para continuar a lutar ao seu lado, nós ainda temos. Não é motivo para desistir.

Em 25 anos de convivência, aquela foi provavelmente a primeira vez em que vi os olhos de Emmett tão sérios nos meus. Em certo momento, ele se tornou uma estátua. Eu deveria estar em silêncio por mais tempo do que pensava. A maneira como ele citou Bella, dizendo que não teve “força”, me incomodou. Ambos havíamos desistido. Ela continuou ao meu lado por mais tempo do que precisava e, sem sua ajuda, eu provavelmente já estaria perdido há muito tempo.

Mas não importava mais. E minha família estar lá também não teria importância. Tudo estava desabando.

POV - Bella

(...)

Uma grossa camada de neve se formava por toda a calçada, e eu sabia que o inverno ficaria conosco por um bom tempo. A sala de Charlie, felizmente, era quente. E a presença de Jacob ali só ajudava.

- Você precisa comer. - Ele disse, sentando na mesinha de centro com uma caneca de chocolate quente e um pote de biscoitos. Seus olhos estavam sérios, mas sua voz era infinitamente carinhosa. Eu balançei a cabeça, negando, e ele suspirou.

Abracei melhor minhas pernas, sentada no sofá com um imenso cobertor a minha volta. Jacob levantou, andou preguiçosamente até mim e, sem soltar a comida que trouxera, ajeitou seu corpo ao meu lado. Eu o ajudei, colocando parte do cobertor em seu colo para que ficasse aquecido, também. Ele sorriu, e eu tentei imitá-lo, mexendo minimamente o canto dos lábios. Meus movimentos eram robóticos.

- Vamos lá, Bells. Só um pouco. - Ele insistiu.

Eu fechei os olhos, deitando a cabeça em seu ombro sem responder. Senti-o esticar o corpo para frente e, quando voltou a ficar reto, não tinha mais nada nas mãos que usou para me abraçar.

Já fazia uma semana. Uma semana desde que eu encontrara a caixa de sapato no armário de Edward, e nós terminamos. Uma semana desde que Jacob vinha tentando me forçar a comer, ou simplesmente sair de casa. Uma semana em que eu fui trabalhar todos os dias, e Edward não esteve lá em nenhum deles. Uma semana desde que meu mundo perdera o sentido.

Eu procurara explicações durante esse tempo. Alguma razão sensata para tudo o que estava acontecendo conosco. Tudo parecia tão óbvio e, ao mesmo tempo, tão absurdo! As coisas não deveriam acontecer daquela maneira. Eu estava lá, estava lutando por Edward, e sua mente estava em outro lugar. Nem mesmo ele se importava com sua própria saúde. Estava sendo egoísta? Minha decisão de desistir estava correta, ou eu deveria permanecer ao seu lado e lutar por algo que nem mesmo ele se importava? E, além disso, havia Tanya. Edward tinha outra garota, alguém que o compreendia realmente. E eu tinha Jacob, aquele que sempre estava ao meu lado, mesmo que eu não correspondesse seu amor da maneira que ele queria. Tudo seria perfeito, exatamente assim. Por que, então, meu coração insistia em querer o que não fazia sentido?

- Eu sei que isso dói. - Jacob sussurrou com a voz rouca, e eu senti um arrepio desconfortável. - Você sabe que eu nunca a faria sofrer desta maneira, não sabe?

Abri os olhos devagar, sem me importar em girar o rosto para ele. Somente ergui a cabeça, apoiando o rosto na curva de seu pescoço. Podia sentir sua respiração eriçando os pelos da minha nuca, enquanto seus dedos se ocupavam em acariciar as costas da minha mão.

- Você se importa tanto com ele... – Continuou, abaixando ainda mais a voz. – E ele mal retribui. Você merece mais do que isso, Bella. Muito mais.

Fechei os olhos com força, lutando contra as lágrimas que começavam a cair. Algumas delas molharam a camiseta de Jacob, mas ele não se importou. Puxou-me mais para perto, acariciando meu cabelo enquanto eu soluçava contra seu ombro.

- Bella... – Ele se deliciou com cada letra, pronunciando meu nome da maneira mais amorosa possível. Nossos olhos se encontraram, e eu vi ali o sentimento que, até aquele dia, só vira no rosto de Edward.

Jacob me amava. E eu... Poderia amá-lo. Poderia aprender a amá-lo, e ele ficaria feliz, e tudo se encaixaria.
Ele aproximou nossos rostos. Desta vez, permaneci imóvel. Fechamos os olhos ao mesmo tempo, e não demorou nada para sentir seus lábios macios nos meus. Não, não, não! Ele subiu uma mão até minha nuca, aprofundando o beijo numa urgência desnecessária. Sim. Não era esse o certo? Jacob e eu, Edward e Tanya? Não era ela a única que o entendia?

“Sei o que eu vejo nos olhos de todos.” Ele dissera. “E não é muito diferente da maneira com que você me olha! Eu preciso de alguém que me faça sentir eu mesmo novamente, e não que me lembre a todo segundo como sou frágil!”

Joguei meus braços ao redor do pescoço de Jacob, e suas mãos deslizaram por minhas costas, embaixo da blusa.

“Você é tão hipócrita! Você não compreende como eu preciso de você! E tudo o que faz é agir como se eu fosse de vidro, e depois praticamente exigir que eu retribua o que faz por mim.”

Os lábios de Jacob deixaram os meus, descendo para meu pescoço. Eu me agarrei a ele, deixando minhas mente ser inundada enquanto lágrimas silenciosas molhavam meu rosto. “Duas pontas de uma mesma fita. Se um soltar, o outro despenca.”

Eu não tinha mais onde me segurar.

(...)

Rolei na cama, mudando de posição pela quinta vez na última meia hora. Odiava essas malditas manhãs em que meus olhos resolviam abrir sozinhos e, mesmo com sono, era impossível voltar a dormir. Estiquei a mão para a mesa de cabeceira, procurando meu celular com o rosto enfiado no travesseiro. Apertei o botão do meio do teclado e virei a cabeça, sonolenta. 6:15. Gemi, puxando o cobertor até que me cobrisse completamente. Os roncos de Charlie eram altos no quarto ao lado. Eu me perguntava constantemente como conseguia dormir, e a única resposta era que o trabalho no restaurante me cansava mais do que o esperado.

Ultimamente, estava ainda pior.

Resolvi levantar, consciente de que aquele seria um dia ruim como qualquer outro. Ele não estaria lá quando chegasse, e esse era um motivo mais do que suficiente para desejar cair na cama e nunca mais sair dali. Praticamente me arrastei pelo corredor, tropeçando na barra do meu pijama quando cheguei perto da porta do banheiro. Apoiei as mãos na pia e encarei meu reflexo, soltando um grande e demorado bocejo. O trabalho que eu normalmente teria para me arrumar já não importava. Eu nunca fora o tipo de garota vaidosa, mas os últimos meses com Edward fizeram com que eu, estranhamente, me preocupasse com minha aparência. Isso acabara junto com nosso relacionamento.

Por volta das 7 horas, já estava pronta. Não estava muito diferente de quando acordei, a não ser pela roupa de inverno e o hálito de menta. As olheiras, aprofundadas por conta das lágrimas, continuavam aparecendo. Se ele estivesse ali, riria de mim e diria que eu era o panda mais lindo que ele já vira.

Suspirei, entrando em minha picape e fechando a porta. Por que eu continuava a pensar nele? Por que não conseguia focalizar minha mente em outra coisa que não fosse sua ausência? Eu devia ser masoquista: essa era uma explicação sensata. Uma lágrima solitária desceu por minha bochecha enquanto eu ligava o carro, dirigindo devagar por conta da neve.

- Bella! – Uma voz conhecida chamou por mim quando estacionei na frente do The Cullen’s. A alegria de Alice normalmente seria contagiante, mas naquele momento começou a me irritar. Desci do carro e abri um sorriso desengonçado para ela, que parou abruptamente. – Esteve chorando? – Perguntou.

Neguei rapidamente com a cabeça, pegando minha bolsa de dentro da picape sem olhar diretamente para a garota. Alice suspirou, ficando na ponta dos pés para colocar seu braço em volta de meus ombros.

- Se eu dissesse que você é tola por ficar mal, estaria mentindo. Ele é outro que não está nada bem.

Ergui as sobrancelhas, olhando atenta para seu rosto. - Ele... Não está? Ah, Alice, ele... Ele está se cuidando, não está? Onde ele esteve esse tempo todo?

Ela ameaçou responder, mas parou assim que a porta do restaurante abriu. Senti seu braço deslizar para longe de mim, e Alice voltou a ser pequena como desde o dia em que nos conhecemos. - Nos falamos depois. Preciso ir pra aula. – Disse, beijando minha bochecha antes de deslizar em direção a seu carro.

Permaneci no meu lugar, mantendo os olhos na porta semi-aberta. Alguém deixara somente a mão para fora, terminando algo do lado de dentro antes de sair. Eu reconheci rapidamente aqueles dedos longos. Edward segurou a maçaneta, abrindo com tudo um lado da porta dupla. Nossos olhos se encontraram, mas ele não se abalou. Precisei de algum tempo para assimilar tudo o que vi. Meus olhos foram, primeiramente, para seu cabelo - muito mais desgrenhado do que o normal. Seus olhos não tinham o mesmo brilho; a cor era um verde apagado, quase como se uma nuvem acinzentada tivesse coberto sua íris. Sua pele estava pálida demais - até mesmo para um morador de Forks – e as roupas que usava pareciam muito maiores do que deveriam, como se tivesse perdido muitos quilos. Apesar de todos os problemas em sua aparência, apesar de haver vários motivos para eu saber que ele estava se deteriorando, só consegui prestar atenção no cigarro já quase acabado preso entre seus dedos.

- Por que chegou tão cedo? – Perguntou, entediado. Eu conhecia seus tons de voz o suficiente para saber que ele não se importava com o motivo.

- Caí da cama.

Edward andou até mim, parando a poucos metros de distância. Suspirou, tragou e jogou a bituca no chão, sem nunca tirar os olhos dos meus. - Tire seu carro daí. Está ocupando a vaga dos clientes.

- Quando voltou a fumar? – A pergunta saiu automaticamente.

Ele cerrou os olhos, cruzando os braços junto ao peito. - O que você tem a ver com isso? – Rebateu.

- O que...? – Ofeguei no meio da frase, quase cambaleando para frente. – O que eu tenho a ver? Que tipo de pergunta é essa? Como se eu fosse ficar parada vendo você fazer isso consigo mesmo, e não...

- Eu precisei da sua ajuda antes, e você não esteve lá. O que eu faço ou deixo de fazer agora não é problema de ninguém. Coloca essa lata velha em outro lugar antes que eu mesmo o faça.

Seu pé direito esmagou o cigarro no chão, mas ele não pareceu perceber enquanto dava meia-volta e passava pela entrada do The Cullen’s. Segurei minha bolsa mais próxima ao meu corpo, respirando fundo para conter as lágrimas que queriam vir. As últimas, prometi a mim mesma. Ele não queria minha ajuda. Ele não queria que eu me importasse.

- Idiota. – Sussurrei, e não sabia exatamente a quem de nós dois estava me referindo.

O Edward descuidado e grosseiro que me recebera naquele dia não era nenhuma novidade. Esse mesmo homem falara comigo há meses atrás, quando pisei no The Cullen’s pela primeira vez. A mesma arrogância, as mesmas brigas, o mesmo ódio. Tudo estava mudando. De volta à estaca zero.
 



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Notas finais do capítulo

Oie, então...deixa eu explicar. O que aconteceu é que eu e a Carol ficamos ocupadas de tal maneira que só conseguimos planejar mais um capítulo agora, não estamos querendo matar vocês, calma...também amamos essa fic tanto quanto vocês.Espero que tenham gostado desse capítulo também e mil desculpas por não responder os comentários anteriores mas é que....sei lá, o clima de responde-los acabou passando entendem? Mas eu amei todos eles *-*, obrigada mesmo. Os próximos eu vou responder sem falta. Amo vocês gente. Beijos e prometo que o próximo não demorará tanto ;)

OBS: O LINK DA MÚSICA ESTAVA ERRADO! JA EDITEI. SORRY '-'