Espirito Ardente escrita por gwenhwyfar


Capítulo 1
Oneshot


Notas iniciais do capítulo

Musica: Cath... - Death Cab for Cutie

1) sugiro que vocês escutem a musica, e por via das duvidas, vou colocar o link pra ela no youtube http://www.youtube.com/watch?v=2yFtWJhsT3k copiem, o video carrega rápido ^^



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Espírito Ardente

O que diabos eu estou fazendo aqui? Perguntava-se Draco mais uma vez, olhando para as pessoas à sua volta com exasperação. A decoração era simplória, a organização péssima e os convidados agiam como se estivessem em uma colônia de hippies. Pelo amor de Deus, só faltavam fazer trancinhas uns nos outros.

Ele encolheu-se no banco quando a velha mulher gorda inclinou-se para fazer algum comentário com a amiga no banco da frente. Ela tentara conversar por três vezes com ele, o que o deixou horrorizado. No entanto, sua mãe sempre lhe ensinara a ser um cavalheiro com as mulheres, por mais repugnantes que elas lhe parecessem.

Ele observou o mar de ruivos à frente, rindo e conversando em voz alta, totalmente desprovidos de dignidade ou decência. E ele observou com espanto que o local não ficou lotado: Draco esperava metade das cadeiras só de ruivos, mas aparentemente os Weasley tinham sete filhos, e não vinte como ele pensava. E então, de repente, a banda começou a tocar a marcha nupcial, e Draco olhou para a porta, e por um momento esqueceu-se da decoração horrenda, das pessoas sem dignidade, e de se perguntar o porquê continuava ali para simplesmente apreciar a visão mais bela que ele já vira na vida, e sentir em seu peito explodir a raiva.

Ginny… She stands

Ela está
With a well intentioned man

Com um homem bem-intencionado

Ele imediatamente se arrependeu de escolher o ultimo banco, na esperança de ser o primeiro a sair dali, porque agora ele foi a primeira pessoa que a viu. E ela estava lá, muito mais bonita do que jamais estivera. Ela instintivamente virou os lindos olhos castanhos em sua direção, sabendo quem encontraria ali, e por um momento seus olhos ficaram um no outro, e Draco sentiu uma dor aguda ao perceber que ela estava feliz.

But she can't relax

Mas ela não pode relaxar
With his hands on the small of her back

Com as mãos dele nas costas dela

No segundo em que eles se encararam, Draco percebeu que não havia nada ali para ele. Ela era uma noiva tranqüila, tranqüila demais até, mas ele sempre soube que ela não era dessas mulheres histéricas. E ali estava o fogo ardente, a coragem Grifinória dela, e ela nunca precisaria de atitudes para provar o quanto estava sentindo, pois seu rosto transmitia todo o sentimento ardente que sempre a possuiu.

As the flash bulbs burst

E enquanto os flashes das cameras disparam
She holds a smile

Ela segura um sorriso
Someone will hold the crying child

Como alguém que segura uma criança chorando

Ela estava sorrindo agora, e como sempre acontecia, o sorriso dela transformou seu rosto, iluminou-o com uma luz que Draco já havia visto uma vez. Aquela expressão que já fora dirigida para ele agora se abria para o futuro marido ali. Ele também estava tranqüilo, e sorria calmamente para ela.

Ela alcançou o altar numa velocidade impressionante para Draco. Agora que saíra do seu entorpecimento, ele podia contemplar a imagem que ela fazia, ignorando o noivo ao lado que agora segurava as mãos dela. O vestido de Ginevra era simples e de segunda mão, mas com um corte bonito. Ele pensou com desprezo que Potter não foi capaz de pagar um vestido decente para sua própria noiva. Porque se ela tivesse casado com ele...

And everybody asks what became of you

E todos vão perguntar o que aconteceu com você
Your heart was dying fast

Seu coração estava morrendo rápido
And you didn't know what to do

E você não sabia o que fazer

Eu nunca prometi nada a você Ele dissera a ela, e observou seus olhos se estreitarem, numa demonstração clara do quanto estava irritada. Mas Draco não se intimidou – ele lembava – pois ele conhecia demais o temperamento de Ginevra. Ela começou:

- Mas você deixou implícito que...

- Você escolheu ler algo implícito na minha frase. – Ele cortou, observando os olhos dela tornarem-se muito brilhantes. Ele estava começando a se arrepender de ter falado daquele jeito com ela. Ele odiava vê-la chorando.

- Você é um bastardo, Malfoy. – ela dissera depois de um tempo, sua voz queimando como gelo seco. Quando é que ela aprendera a falar daquela maneira? Mas então,  é claro, ela aprendera com ele. – Um hipócrita nojento, arrogante assim como o seu pai.

Ginny, it seems

Parece Ginny
That you live in someone else's dream

Que você vive os sonhos de outra pessoa
In a hand-me-down wedding dress

Em um vestido de segunda mão
On the arm of a man you detest

Nos braços de um homem que você detesta

Ginevra sempre o lembrara de fogo. Talvez fosse os cabelos flamejantes, o espírito ardente, ou o uniforme de quadribol que ela usava. Ou talvez fosse porque a lareira estava acesa quando eles tiveram seu primeiro beijo.

E agora ele podia enxergar esse fogo ardendo por trás dos seus olhos, quando ela olhou para cima, para o marido, e ele corou como uma garotinho. Draco não o culpava: era impossível estar perto do fogo sem se sentir quente.

But you said your vows

Mas você fez seus votos
And you closed the door

E fechou a porta
On so many men

Para muitos homens
Who would have loved you more

Que te amariam mais

E então as alianças: Ele observou, os lábios comprimidos, Potter pegar sua mãozinha e colocar um anel dourado e sentiu uma inveja corrosiva do Cicatriz quando Ginevra repetiu o gesto, dando-lhe um sorriso tímido.

Nesse momento Draco percebeu que aquele não era o seu lugar. Que ali, no meio de tanta luz e calor, ele não era mais que uma lembrança de tudo de ruim que foi combatido. Ele não tinha mais nada com aquelas pessoas.

Mas então algo aconteceu. Draco piscou, desorientado, e como estava olhando para baixo não havia percebido que o tempo havia parado à sua volta. Ainda surpreso, seus olhos se voltaram para o altar e ali estava a cena congelada: Potter, meio inclinado como estava em direção a Ginevra e Ginevra... Ginevra olhava diretamente para ele, a varinha na mão direita, seu olhar de fogo ardente pousados nele.

Draco sentiu um arrepio percorrer sua coluna, mas ele era feito de material mais resistente, e precisava de mais para enferrujar aquele coração. Ele sentiu o fogo o chamando, e ela parecia de repente tão perdida no meio daquela gente, tão pequena e vulnerável. Mas espere, ela estava se mexendo... ela não estava congelada também?


So everybody asks what became of you

Então todos perguntam o que aconteceu com você
Your heart was dying fast

Seu coração estava morrendo rápido
And you didn't know what to do

E você não sabia o que fazer

Então, de repente, Draco percebeu, e correu para frente, correu para o altar, para onde ela estava. Ele estava indo brincar com o fogo, ele queria o fogo. E ela estava esperando por ele, como na verdade sempre esteve. Ela sempre esteve lá, o fogo ardente dentro do espírito livre, quente e cheio de paixão.


E ele a abraçou como se o mundo fosse acabar naquele momento e a beijou desesperadamente, e Ginny o prendeu fortemente sob seus braços, beijando-o com igual ferocidade. Eles eram assim, sua paixão violenta, cheia de desejos e luxúria, tão forte quanto o fogo que arde na pele, o gelo que queima com igual força...

Certa vez ela dissera que o coração dele era uma geleira... Mas ela conseguira derreter aquela água, só para descobrir a armadura de aço que o revestia... E então ela se bateu o pé, teimosa como era, e se frustrou, porque o seu fogo não era suficiente para quebrar aquilo também, mas Ginevra era paciente quando queria, e ela certa vez sussurrou para ele, com sua voz vibrante: Eu amo e espero.

Mas era tarde demais para qualquer um dos dois, o conto de fadas acabara e Guinevere tinha de se casar com Rei Artur, o salvador da Inglaterra, e não com o seu amor, o cavaleiro, o coadjuvante, Sir Lancelot. Não havia final feliz para eles, não havia como fugir e eles tiveram que aceitar, baixar as armas, porque fogo e gelo não podem ficar juntos. Porque o fogo vai acabar derretendo o gelo e o gelo por sua vez vira água, e então a água vai destruir o fogo e evaporar, até que não sobre nenhum dos dois e ambos estejam apenas quebrados e cansados.

And whispers that it won't last

E os sussurros de que não vai durar
Were running down the pews

Correm pelos bancos da Igreja

Ele a apertou contra si e levantou seu olhar para ele. “Vamos sair daqui” sussurrou ele, vã esperança. Ginevra sorriu tristemente e traçou com o dedo a linha desde seus olhos, têmporas, passando pela mandíbula até o queixo. “É tarde demais para isso” Ela disse no mesmo tom, e Draco reconheceu a perda, apesar de não diminuir o sofrimento. “E o que vai ser de mim agora Ginevra? Como vou viver agora?” Era a pergunta desesperada do seu coração, e nesse momento ele não falava mais para ela, mas pedia ajuda ao espírito ardente dentro dela, um pouco do fogo quente para si.

Ginny se desfez do abraço tranquilamente e afagou seus cabelos, um toque sem qualquer luxúria. Ela agora sorriu para ele, um sorriso calmo, de quem aceitava estar ali e encarava tudo de frente. Ela era corajosa, mas Draco não era um Griffindor, por isso esperou, seu olhar perdido implorando por um caminho no rosto dela.

“Ora Draco. Vá ser livre. Vá viver. Isso não é o fim do mundo, não é como se nós não esperássemos. Você tem uma vida inteira pela frente, ainda é cedo. Mas agora você pode escolher, Draco.”

Ela ergueu a varinha e Draco, pressentindo o que estava pra acontecer, afastou-se em passos trôpegos, encarando o rosto dela ferozmente, com o peito subindo e descendo como se tivesse corrido muito até ali. De repente tudo voltou e as pessoas se levantaram, aplaudindo e assoviando, porque Harry Potter acabava de beijar sua mulher, Ginevra Weasley Potter.

Because my heart was dying that fast

Porque meu coração estava morrendo tão rápido que
I would have done the same as you

Eu teria feito o mesmo que você

Draco deu as costas para aquela imagem e saiu desorientado. Ninguém prestava atenção nele mesmo, porque todos queriam ver o famoso Harry Potter, o salvador do mundo, com sua bela esposa em seu encantador casamento.

Ele desceu a escadaria vagamente ciente de que estava numa rua bruxa movimentada. Uma parte sua morria ali, e talvez uma nova estava para nascer. Ele não sabia, mas tinha medo do que viria a seguir. Ele nunca precisara encarar a perspectiva de uma nova vida para si e aquilo positivamente o assustava mais do que qualquer outra coisa. Ele não era Griffindor, ele não era Ginny, ele não tinha o fogo ardendo dentro de si – Draco tinha medo de falhar, de não conseguir...

BAM.

De repente um corpo se chocou com o seu, um corpo menor e mais macio que o seu. Draco cambaleou, pronto para pedir desculpas, e a mulher que havia caído segurava a perna com uma expressão dolorida.

“Me desculpe” Ele disse aproximando-se dela “Se machucou?”

“Acho que torci meu tornozelo” Resmungou ela, aceitando um braço que ele oferecia e se levantando precariamente. Ela empurrou os cabelos escuros para longe do rosto com mau humor e olhou para ele curiosamente:

“Você é Draco, não é? Draco Malfoy.”

“Vou te levar pro St. Mungos, não sou muito bom com feitiços de cura.” Disse ele, franzindo a testa para ela. “Eu te conheço?” Sem duvida aquele rosto não era estranho para ele, embora não pudesse se lembrar exatamente de onde a tinha visto.

“Não, mas você conhece minha irmã, Daphne Greengrass? Suponho que tenha estudado com ela em Hogwarts”

“É, suponho que sim” Disse ele ajudando-a a andar, distraído momentaneamente de seus pensamentos tortuosos “E qual o seu nome?”

“Sou Astoria” disse ela sorrindo.


I would have done the same as you

Eu teria feito o mesmo que você


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