A Prisioneira - Heroes Series escrita por AliceCriis


Capítulo 3
2


Notas iniciais do capítulo

Espero sinceramente que eu receba alguns reviews bons... foi um meeeeega capt. u..u



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2 - FOTOGRAFIAS ANIMADAS SÃO CARAS

Sharon – de alguma forma – tinha conseguido uma bolsa de Ourinfos. Já tinha me vestido com os trajes que deveria, e caminhei para fora do quarto.

 - Todos prontos? – perguntei, colocando minha bolsa de moedas no ombro.

Sharon e Tyler resmungaram alguma coisa e saíram pela porta dos fundos, e assim os segui.

Peguei um Ourinfo de minha bolsa, coloquei-o no chão e pisando em cima falei: - Expresso-Olimpus!

Como eu esperava, uma porta de trem se abriu, e um sátiro estava á porta.

 - Bem vindos aos Expresso-Olimpus, peguem seus bilhetes – disse ele, entediado.

O Ourinfo, como eu já esperava, tinha se transformado em um bilhete á baixo de meu tênis. Sharon e Tyler repetiram meus movimentos e entregamos o bilhete ao sátiro.

 Entramos no trem. AH MEU DEUS! Se eu não houvesse visto este trem á alguns meses atrás, ficaria completamente apática, mas… não. Da ultima vez em que eu tinha entrado nesse lugar, ele estava vazio – e só carregava uma mulher velha com a tatuagem dos fiéis de Hades no braços. Mas agora, estava lotado. Alunos e Extradotados adultos estavam apinhando os bancos – do interminável trem.

 - Isso está um pouco lotado hoje. – resmungou Sharon, enquanto a ninfa de pele esverdeada e orelhas pontudas nos colocavam em uma cabine vazia.

 - Deve ser o começo do ano letivo, não é? – Tyler indagou.

Eu sacudi a cabeça confirmando, quando o trem dava uma guinada, fechava as portas e era arremessado enlouquecedoramente pelo ar. Nuvens e dragões eram vistos pelas janelas – o que me fez lembrar muito de meu Hyperiom, Ark, que eu havia ganhado de minha professora de Herbologia e Botânica – Sra. Twittie, que no caso, o elemento estava passando um tempo em seu “SPA” para Hyperions, sem nem mesmo me mandar notícias. Lição nº1 – Hyperions são cruéis.

Olhei para as nuvens e me lembrei que exatamente á um anos atrás, eu estaria me transformando em uma Bi-Dot, terminando com meu namorado – Tyler – e, indo para a APE – Academia Preparatória para
Extradotados – logo conhecendo o meu atual namorado e companheiro de quarto, Joseph Thompson – do qual eu não estava nenhum pouco certa sobre o que eu sentia por ele, sendo assim, a fantástica garota Bennett estava em um impasse. Yeah! Isso acontece com as melhores garotas!

As nuvens corriam pela janela até que o sátiro rabugento gritou alto: - Monte Olimpo e Vila Olímpia!

O trem se remexeu e pousou bruscamente, até que conseguia-se ver a paisagem pedregosa e seca pelas janelas.

 - Isso não é o monte Olimpo. – gemei Tyler descendo do trem.

Olhei para ele.

 - Como você pode ser tão tapado?! – esbravejei – Qualquer Lugro idiota que venha visitar o monte Rushmore poderia entrar no Olimpo, se as coisas estivessem todas aqui! Todos os Dots que querem visitar o Olimpo, tem de entrar naquela gruta, imbecil!

 Tyler me fitou irritado e depois para Sharon – Vai deixar ela falar assim comigo?!

 - Foi mau, mas essa, até eu sabia. – Sharon revirou os olhos, e comigo, começou a seguir um bando de Dot adultos e alunos entrando em uma caverna.

As vozes ecoavam fortes pela caverna e ribombavam contra as rochas – era um pouco calorento e tumultuado, mas ainda assim uma longa fila se seguia. Á minha frente estava uma velha com a aparência demente, carregando uma bengala, me perguntei o que aquela velha estava fazendo ali.

 - Vou comprar ovas de sapo em conserva, menina. – resmungou a velha olhando para trás e me deixando perplexamente assustada, e em seguida, deu alguns tapinhas na testa e se voltou para a fila. Sibilei: BIZARRO! Para Sharon, que assentiu e fez o sinal da cruz.

A fila andava rápido – mesmo que Éphira tenha me ensinado como entrar no Olimpo e onde ele ficava, ainda assim eu nunca havia entrado nele… ao menos dessa maneira.

Estava á passos de chegar á cabine no fim do túnel, quando minha visão escureceu-se e a clássica garota de cabelos louros e curtos, com o meu rosto apareceu em minha frente.

 - Vamos Gallatea! O tempo está acabando, abra a porta! ABRA A PORTA! – e tudo sumia novamente.

 - Mais uma visão? – quis saber Tyler.

 - Cala boca. – resmunguei e massageei minhas têmporas. Dei mais alguns passos á frente e entrei na cabine, seguida por Sharon e Tyler.

As portas se fecharam e uma voz chata ecoou pelos alto-falantes: - Sejam bem vindos, ao monte Rushmore, digam seus nomes e o objetivo da visita.

 - Tyler McField, Sharon Louis e Claire Gallatea Bennett. – falou Sharon.

 - Objetivo de ir á Vila Olímpia para compras escolares. – completei.

 - Obrigada por sua informação, retire os crachás e aperte o botão vermelho. Tenham uma boa visita, é o que oferece a Embaixada Ministerial Olimpiana!

Em um pequeno orifício, três crachás foram cuspidos e esperavam por seu dono pegá-lo, e mais ao lado, um botão vermelho e vibrante piscava.

Peguei meu crachá que estava escrito: Heroína Sênior – Claire Gallatea Bennett, compras escolares, Vila Olímpia.

 - Posso apertar o botão?

 - Vai fundo.

Espremi minha mão contra o botão vermelho. E tenho que lhe dizer, só havia sentido uma sensação tão… péssima, quando viajei no tempo com a Hope, para fugir de dentro do campus. Foi meio que… uma sensação de meu crânio sendo esmagado, seu corpo virando gelatina e um Troll, pisoteando-o delicadamente durante uma dança de Rumba.

Segundo depois, estávamos em uma explosão de cor. Tudo se movimentava, e o som de conversas paralelas era ecoante. Sharon estava de caída e Tyler por cima dela – tudo isto na porta da cabine de transportes, apenas eu estava em pé – como uma pessoa normal.

 - Qual é?! Não sabem nem mesmo se teletransportar sem serem idiotas?

Ambos se levantaram com a minha hábil – e ótima – ajuda. E com um pouco de consciência, comecei a fitar onde estávamos.

Uma rua estreita de pedras estava abarrotada de pessoas com capas e espadas embainhadas, lojas se prolongavam por todos os lugares, um homem segurava um dragão por uma corrente de aço, como se fosse um cãozinho, pessoas voavam de cá para lá, sem nem mesmo se importar se alguém as visse – DÃ! TODOS AQUI SÃO DOTS, IDIOTA! – filas de pessoas encapuzadas se reuniam aos cochichos, e outras entravam nas lojas com sacas enormes de moedas, mais á frente uma jovem com a camisa com inscrições: Embaixada Ministerial Olimpiana – monitor estudantil, acima de um tridente, uma caveira e um raio cruzados. A tal jovem guiava uma turma enorme de alunos que pareciam perdidos e zonzos com o que viam: CALOUROS!

 - Com licença – disse uma voz ás minhas costas – podem sair do caminho? Estão atrapalhando o movimento. – um homem alto e barbudo, muito velho, resmungava para nós.

 - Desculpe, senhor Miagui. – resmunguei, fazendo um muxoxo e saindo do caminho.

 - Não deveria falar com ele assim; - retorquiu Sharon, me olhando de esguelha.

 - Ele é só um velho… por acaso é o seu avô?

 - Não. – disse ela irritada – Como consegue chamar a gente de idiota, se não consegue reconhecer o próprio embaixador?!

Olhei para o velho caminhando entre a multidão e de repente sumindo. Olhando um pouco mais á cima, avistei um monte alto e com pilastras de gesso e estilo antigo e grego. Estátuas se distribuíam, na subida das longas escadarias que levavam até o ponto mais alto da montanha: o monte Olimpo.

 - O embaixador está indo para o Olimpo. – disse Tyler, olhando para o velho subindo debilmente a escadaria.

 - Gallatea? – clamou uma voz estridentemente irritante. Olhei para o lado e vi uma garotinha de mais ou menos sete anos, juntamente com uma velha gorda e de olhos estreitos.

 - É o meu nome… - conclui estreitando os olhos.

 - Eu sou sua maior admiradora! – exasperou – É verdade, não é mamãe?

A mulher gorda sorriu – como um porco – e assentiu. – Ela não fala de outra coisa. Tem até um pôster seu.

Wait.

POSTÊR?!

 - Um pôster dela? PFFTT! – Sharon ironizou.

 - Ah, a filha dos consortes. Também estava lá, quando a liberdade Dot foi assinada, não foi? – replicou  a mulher gorda.

 - É. E eu também. – gemeu Tyler sendo, mais uma vez, um retardado.

 - Podem me dar autógrafos? – perguntou a menina extasiada. – Eu quero ser como você quando crescer, Gallatea!

 Bem, companheiros, quando você escuta que uma menina de sete anos tem um pôster seu, no próprio quarto – antes mesmo que você saiba que existem pôsteres seus – e em seguida, ela diz que quer ser como você quando crescer, você, meu caro, é com toda a certeza uma Heroína.

 - Ah… bem… é claro. – acenei, e peguei o caderno e a caneta que ela me oferecia, e rabisquei “Gallatea Bennett, arrasa!” no canto da folha. Em seguida Sharon e Tyler fizeram o mesmo.

 - Isso é muito gentil de sua parte, menina da profecia. – e assim, a mulher-gorda-de-olhos-suinos, virou-se e foi-se embora juntamente com sua filha.

 - Como vai pop star? – uma voz que eu conhecia… e me deixava especialmente nervosa, soou nas minhas costas – Muito trabalho com autógrafos e fãs?

 - Cedric! – gritei, abraçando-o.

Espera.

Espera.

 - Heeey, bela recepção. – gargalhou ele. E acredite, ou não, eu corei. E muito.

 - Desculpe. – disse ainda um pouco confusa – Estava me perguntando por onde você estava.

Sharon limpou a garganta – Estamos bem, obrigada por perguntar. E… temos que comprar nossas coisas, se a grande pop star não se importa. – e ambos marcharam para longe de mim.

 - Tudo bem, encontro vocês mais tarde! – gritei para eles que se misturavam á multidão.

 - Quer tomar um gim? – ofereceu-se ele, sorrindo como sempre… só… sem óculos.

 - Claro. – acenei – O que houve com seus óculos?

Ele gargalhou e embaraçou os cabelos pretos – e já – desgrenhados, e respondeu, enquanto empurrava meus ombros no meio da multidão.

 - Eu não sou estrábico á ponto de precisar usar óculos á todo momento.

Esbarrei com mais alguns grupos de velhas encapuzadas que sussurravam coisas como: “Aquela é a Gallatea? Parece mais alta na TV…”

 - Para onde estamos indo? – perguntei, enquanto quase derrubava minha saca de Ourinfos e Herófilos.

 - Para o Cálice Prateado, melhor bebidas da Vila Olímpia, muitos filhos de Dionísio cuidam no lugar. Ótimos gim e vinhos maravilhosos… - recitou Cedric, ainda me empurrando através das pessoas.

Muitos apontavam para mim e acenavam, outros pediam autógrafos – que eu, como uma ótima garota Bennett, fui altamente gentil em ceder.

 - Chegamos! – disse ele, enquanto chegamos á frente de um estabelecimento precário e torto, com parreiras em suas paredes, e um constante som de sininho, enquanto as pessoas circulavam para dentro e para fora do recinto. – Eis o Cálice Prateado. Entre logo, ou vai querer acampar aqui?

Apressei meus passos e entrei no lugar. Uma explosão de cheiros de uva e framboesa estourava no lugar, e as mesas estavam – quase – todas cheias.

 - Ali. É a minha mesa clássica. – puxou-me Cedric, para uma mesa com três cadeiras perto de uma harpa que se dedilhava sozinha. – Deve saber algo sobre harpas não é?

 - Apollo tentou me ensinar… mas eu acho o som meio… entediante. – conclui – Meu pai é meio sistemático demais… queria que eu criasse duas vacas do sol, e ainda por cima que eu abandonasse Otróplia – olhei para minha espada em forma de anel – para usar o arco e a flecha.

Cedric sorriu e assentiu. – Agradeça por seus pais não a obrigarem á usar isto. – tirou seu pé de debaixo da mesa e me mostrou o tênis com asas agitadas aos seus lados – É horrível quando se está aprendendo. E eu já estou com isso á três anos… e não aprendi.

Era bom, companheiro, saber que existia alguém como você. Entende?

Não, você não entende. Porque… tem mais de um zilhão de Lugros no mundo, e você não se assemelha nada com qualquer outro – á não ser que ele seja seu irmão ou coisa parecida.

Vamos clarear as coisas: Eu sou uma deusa mortal. Confere? Cedric também? Confere. Ambos temos problemas em nos manter ocultos: CONFERE!

E então, é legal conversar com alguém que passe as mesmas coisas que você… - é a mesma coisa pra você, companheiro, quando se encontra com seu grupo nerd de amigos, entende?

 - O que vão querer? – uma garçonete, com aparelho nos dentes e cabelo espigado nos olhou – Espera… você é a Bennett?! Cedric, como não me contou que conhece a Bennett?!

 - Ah, algo como… você nunca me perguntou, Gabriele! – retrucou – Dois cálices de gim e duas porções de cogumelos açucarados.

 - Cedric seu idiota, como não me apresentou á ela! – gemeu a garota que me olhou – Há quanto tempo conhece o Cedric?

Estreitei os olhos – Há uns seis meses… sei lá! – resmunguei.

 - Seis meses e não me apresentou a garota da profecia! Você é mesmo um babaca! – gemeu ela, anotou os pedidos e se foi de volta ao balcão.

 Olhei para ele. E ele me olhou.

 - O que, por Hades, foi aquilo?! – indaguei rindo.

 - Gabriele é um tanto… dramática.

 - Ela estuda com você?

 - Yeah, ela é uma das filhas de Dionísio. Ela jogou uma bomba de tinta Tartariana no meu dormitório. Aquilo jamais saiu… - ele coçou a testa lembrando. – E então? Já aceitou o meu convite?

Mordi o lábio – Bem, eu não tive muito tempo para pensar… entende?

 - Puuuuuuuuuuuuuuuuxa… - exasperou ele, torcendo a sobrancelha – Achei que quando você não precisasse mais salvar o mundo, poderia pensar melhor.

 - Ah. – funguei – Quando sua mãe aparece com uma droga de coletânea de livros sobre coisas bizarras em grego, seus pais convidam sua quase-não-inimiga para passar as férias na sua casa, juntamente com seu ex-namorado, as coisas continuam tumultuadas. Entende? Claire Bennett nunca consegue tempo para pensar.

Ele fitou a mesa, e em seguida a tal Gabriele serviu nossas bebidas e os cogumelos açucarados e voltou para o balcão.

 - Então seu ex-namorado Joseph está na sua casa. – concluiu ele – Achei que tinham se desentendido antes da revolução Lugra.

Bebi meu gim e comi alguns cogumelos e logo respondi. – Está parcialmente certo. Mas Joe não está na minha casa… e nem é meu ex-namorado. – disse por fim.

Eu – a Claire G. Bennett – não era a verdadeira garota Bennett quando estava com Cedric. Era meio estranho como eu não conseguia pensar com clareza ou sequer entender o que quer que estivesse prestes á ser falado. Eu não ficava assim perto de ninguém – além dele. Pode parecer bizarro – por que realmente é – mas eu não consigo entender o que quer que eu tenho com o Cedric – se é o cabelo desarrumado, o aparelho nos dentes ou o sorriso debochado. Concluindo: CLAIRE BENNETT ESTÁ ENLOUQUECENDO.

 - Então… você e seu não-ex-namorado, não estavam namorando? – ele coçou a testa, confuso – Você pode esclarecer isso? Estou ficando tonto. Sério.

Engoli em seco e respondi.

 - Estou novamente com o Joseph. Foi idiota, o motivo da briga, valeu à pena reatar. – ele olhou para a caneca de gim e a bebeu e falou:

 - E isso não é ótimo? – disse ele, quase sarcástico.

Eu não respondi, só continuei a comer os cogumelos caramelados.

 - Já visitou Vila Olímpia alguma outra vez?

 - Na verdade não. Só visitei o Olimpo uma vez, e meus pais apareciam lá… sem nem passar por aqui.

 - Seria legal, virmos aqui mais vezes. – disse ele – Eu conheço tudo por aqui. – apontou para sua camisa com escritas Embaixada Ministerial Olimpiana – monitor estudantil, acima de um tridente, uma caveira e um raio cruzados.

 - Nossa, monitor… eu não imaginava. – ri – há alguma coisa que não faça pelo Olimpo?

 Ele coçou o queixo, e seus olhos castanhos perderam o foco.

 - Ainda não fiz uma missão oficial. – ele gemeu insatisfeito.

 - Mas a ultima missão que tivemos, não foi oficial? Digo… levar metade dos alunos para a segurança, não  foi uma missão oficial?!

 - Na verdade, enquanto não estamos no segundo ano nada que fazemos é oficial. – riu.

 - O mundo é uma droga.

 - Um brinde ao mundo que é uma droga. – ele levantou seu cálice e eu fiz o mesmo.

 - E que tudo se dane, por que afinal… tudo é um grande cocô voador. – e bebi meu gim.

Ele bebeu o gim e resmungamos o quando vermes-austrálicos era nojentos – assim que um homem passou carregando um, como um bebê – EEEEEEW! E de repente seu celular tocou.

 - …ah claro, tudo bem. Estou no Cálice Prateado com… a Claire, sabe? Ah tudo bem. Sem problemas. Okay. – e desligou.

Eu posso ser descolada, mas não sou bisbilhoteira – como… uma tal Melanie que eu conheço;

 - Tome – ele me deu uma lista enorme – Aqui tem o resto da lista de materiais que vai precisar. Os nomes das lojas estão todos aí.

Abri o papel e li. A lista era cheia e tinha um mapa com marcas em todas as lojas que eu precisaria visitar mais tarde.

 - Valeu, cara. – sorri.

Naquele momento a porta tintilou, o sino da porta do Cálice Prateado tocou e a porta se abriu. Não liguei para aquilo de início, mas não fazia idéia de como aquela simples e breve ação iriam me perturbar noite e noite á fio.

 - Ced! – gritou alguém – Por onde andou?!

Cedric se levantou com o rosto um pouco rubro e limpou a garganta.

 - Oi Danielle. – uma garota alta e com cabelos ruivos até os joelhos abraçou-o e beijou-o brevemente, o que deixou Cedric temporariamente perturbado – Danielle, esta é a Claire Bennett, Claire, essa é Danielle LaBelle… minha namorada.

Não consegui processar a informação. Me mantive sentada por mais alguns segundos, até que a ficha caísse realmente.

 - É um prazer conhecê-la, Ced sempre fala muito de você. – disse Danielle estendendo a mão, sorridente para mim.

 - Tenho certeza que sim. – devolvi seu aperto de mão, com a expressão endurecida como concreto, tentei sorrir, mas foi uma tentativa dramaticamente errática. PS: quando você descobrir o que é errática, companheiro me avise, o dicionário segundo Claire Bennett, ainda precisa de palavras novas.

 - Ah, sente-se Danielle – disse Cedric um pouco tonto – estávamos falando sobre vermes-austrálicos, quer participar?

A garota fez careta. – Minha mãe me deu um perfume com o muco desse bicho… o cheio é maravilhoso, mas a consistência é perigosamente pegajosa.

 - A mãe dela, Bennett, é Afrodite. – completou Cedric.

Bem, mais um motivo para odiá-la.

Não sei exatamente por que, ou como aconteceu… mas eu me sentia como se estivesse fervendo dentro de uma panela gigante de lava, e minha garganta arranhava á cada segundo como se as palavras estivessem agindo contra a direção de minha boca. Eu estava querendo estrangular Cedric… e a garota. Motivos? Nenhum aparentemente – fora que a garota seja filha da líder de torcida ladra de Jimmy Choo’s.

Mas no instante seguinte, a porta tintilou de novo e eu fiz uma oração secreta aos meus pais para que aquele tintilo fosse favorável á mim.

 - Heeey Claire! – gritou a voz de uma feiticeira conhecida. – Achamos você!

E um cheio gostoso de sabonete de erva doce e condicionador de babosa se aproximaram de mim e olhei para trás

 - Finalmente nos encontramos, nanica. – disse Joe ao lado de Malice. – Acho que está em reunião com “os importantes”, não é?

Não deixei ele ou Malice acrescentarem mais uma palavra. Apenas me levantei e passei os braços pelo pescoço dele e sorri maldosamente – queria castigar, esfiapar, degradar, enlamear e escalpelar aquelas pessoas. Um ódio que eu não reconhecia crescia em mim como se a vingança fosse a bebida mais deliciosamente maravilhosa que existia.

 - Esta aqui, é a minha amiga Malice Howe, esteve comigo quando derrubamos o presidente. E esse aqui… é o meu maravilhoso namorado, Joseph Thompson, que sempre esteve ao meu lado quando eu precisei, entende?! – sorri e beijei Joe.

Eu pude ver de esguelha que Cedric não olhava. TOMA, CAVALO!

 - É um prazer conhecer vocês, sou Danielle, a namorada do Ced, aqui. – saudou a menina.

 - Bem, acho que vamos indo, não é, Claire? – sugeriu Malice.

 - Tenho uma idéia melhor. – exclamou Cedric levantando-se e fitando pela janela do lugar. – Vamos tirar uma fotografia animada.

 - Fotografia animada? – retorquiu Joe.

 - É. Vamos. – Cedric arrastou a garota ruiva Danielle atrás de si e apenas os seguimos.

Joguei um maço de moedas na mesa e saímos do recinto. Joe segurava minha mão, e me senti incrivelmente… fodástica por isso.

 - AQUI! – chamou Danielle, enquanto nos desvencilhávamos de um homem que arrastava uma caixa de ovos de dragão.

Lá estavam eles na frente de um homem com uma máquina fotográfica.

 - Vamos, Claire e Joe no meio. – mandou Cedric, aparentemente lunático – Eu bem aqui… - se postou ao meu lado e Danielle de seu outro lado, enquanto uma desconcertada Malice se colocava no canto de nós.

 - Vão querer quantas? – pediu o homem com a máquina.

 - Duas. – respondeu Cedric sorrindo mecanicamente. – Sorriam, podemos morrer esse ano, então… quero ter recordações.

E com essa ótima lembrança, sorrimos o mais estranhamente possível, e o homem bateu a foto e uma névoa escorregou ao nosso redor e depois voltou para a máquina. O homem sacudiu dois quadradinhos cristalizados e entregou á Cedric.

 - São trinta Ourinfos cada uma.

 - Eu quero uma. – avisei, retirando trinta moedas de ouro de dentro da minha saca, e entregando ao homem enquanto ele me dava o cristalzinho quadrado com a figura de cinco jovens sorrindo estranhamente.

 - É um prazer negociar com vocês, até a próxima vez. – e o homem se misturou com a multidão e desapareceu.

 - Claire, posso falar com você um minuto? – perguntou Cedric, olhando de Joe para Danielle.

 - Um segundo. – recitei, olhando para Joe piscando com um só olho. Que me retribuiu um sorriso de tirar o fôlego.

Cedric caminhou para o lado de uma carrocinha de abóboras.

 - O que você quer? – perguntei um tanto carrancuda. Mexeu com a garota errada, mané!

 - Quero que reconsidere a minha proposta. – remoeu ele, enquanto fazia de seu cabelo uma escultura.

 - Não disse que tinha namorada. – retruquei, como se fizesse sentido.

Um sorriso cheio de intenções não descobertas surgiu em seus dentes metálicos e aparelhádicos. – E o que faz diferença?! – ele pegou a minha foto e uma caneta do bolso, que provavelmente usava para autógrafos e escreveu “Para se lembrar de um grande amigo. Cedric.”

 - Só tenho uma coisa á dizer: Fotografias animadas, são escrotamente caras!- peguei a foto e a guardei no bolso da saia e caminhei para perto de Joe.


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