Amante Conquistado escrita por leel


Capítulo 7
Capítulo 7




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CAPÍTULO SETE

Todos fizeram o restante do caminho pelo túnel em silêncio. Butch suspeitava que Vishous iria fazer alguma coisa para intimidar Alysia e foi por isso que pediu a Fritz que o deixasse montar a cama no Buraco, e pediu a ajuda de Phury para carregar tudo para lá.

Fizera certo. Sabe Deus o que V. poderia ter feito com a mulher naquele corredor. Seu melhor amigo passava por um período muito complicado, e a policial era apenas mais uma gota que faria transbordar toda a fúria que o vampiro tentava conter.

Agora, caminhando pelo túnel, a tensão era palpável. Alysia era uma mulher de fibra. Qualquer outra teria desatado a chorar ou saído em disparada, mas ela estava ali, raivosa, mas persistente.

Passaram pela entrada do túnel e entraram na sala de estar do Buraco. Butch e Phury puseram as coisas no chão e enquanto Phury voltava para buscar um colchão e V. entrava em seu quarto para montar a cama, Butch colocou a mão no ombro de Alysia, que mal conseguia levantar a cabeça, de tão contrariada.

“Vai ficar tudo bem. Quem sabe você e Vishous acabem se entendendo”.

“Sem chance. Seu amigo é um animal perigoso”. Alysia respondeu.

Butch não evitou um sorriso.

“Você também não é fácil, Alysia”.

Ela olhou de soslaio para o tira. Depois suspirou.

“Deus, isso tudo é uma loucura, não é?” – disse.

“Algumas coisas escapam à nossa compreensão e desafiam a lógica”.Butch respondeu, com um sorriso. “Mas me diga, como você vai fazer com seu trabalho no Departamento?”.

“Estou de férias, Butch. E é por sua causa. Acharam que continuar procurando-o atrapalhava o meu serviço”.

O ex-policial balançou a cabeça. Conhecia tão bem aquele tipo de coisa.

“Ah, a polícia... Lamento que essa confusão toda tenha começado por minha causa. Escute, Alysia, vamos todos dormir agora. Marissa está esperando por mim. Tenho certeza de que vamos resolver tudo logo e você voltará para casa”.

Alysia não tinha tanta certeza assim.

“Como farei com minhas roupas? Tenho apenas a que está no meu corpo”.

“Cuido disso para você. Não se preocupe. Boa noite”.

“Boa noite”.

A detetive teve vontade de pedir que Butch não a deixasse ali sozinha à mercê daquele maluco, mas não podia pedir isso a um homem casado. Esperava que o amigo nervosinho do tira não lhe fizesse nada, já que estavam todos juntos naquela que parecia ser uma casa menor.

O cara com aquela cabeleira inacreditavelmente linda saiu do quarto.

“Sua cama está pronta, Alysia. Pode ir dormir”.

Que os céus a ajudassem. Ela não queria ir.

“Obrigada”.

Respondeu ao boa-noite que o homem lhe dirigiu e ficou olhando para o quarto. Estava nervosa. Em outra situação, jamais dormiria com um estranho que a tinha tratado daquela maneira.

O problema é que nada naquela situação era normal.

Ficou hesitando por vários segundos, até que o cão de guarda apareceu na porta.

“Vai entrar no quarto sozinha ou precisarei carregá-la de novo?”.

Ah, lá vamos nós outra vez.

Alysia foi andando vagarosamente e passou pela soleira da porta, onde Vishous se apoiava. Olhava feio para ele.

 O vampiro não tirou o olhar dela enquanto passava por ele.

Alysia segurou a respiração por um segundo.

Minha nossa.

Livros. Tantos livros que quase não havia espaço para mais nada. Na estante, pelo chão. Pelo quarto todo.

Ora, ora, então o brutamontes era culto. Ou aquilo tudo era pose?

Vishous continuava à porta, de braços cruzados.

“Pode tomar um banho, se quiser”.

“Quanta bondade da sua parte. Mas não tenho roupa nenhuma”.

Isso não seria um problema para mim, Vishous pensou.

“Buscarei suas roupas”.

“Butch fará isso por mim”.

Vishous apertou os olhos, por um segundo não gostando muito daquilo. Foi até o guardarroupas, abriu a porta e tirou de lá uma camiseta preta. Jogou a peça de roupa para Alysia.

“Pode vestir isso para dormir”.

A camiseta parecia uma camisola para ela, de tão grande. Bem, um banho não seria má idéia. Entrou no banheiro e viu que a decoração era masculina, mas muito bonita. Já dentro do boxe, abriu o registro e quase entrou em clímax com o jato quente e forte que saía do chuveiro. Ficou lá por vários minutos, usou um sabonete de cheiro igualmente masculino, mas delicioso; lavou os cabelos e quando finalmente saiu estava com a pele toda vermelha da temperatura da água. Enquanto penteava o cabelo pensava que talvez houvesse uma chance mínima de o tal do Vishous não ser tão mau assim, afinal.

Quando foi olhar suas roupas, fez uma careta. Seu casaco de lã, um dos seus favoritos, estava todo manchado. Mas que droga, pensou.

Ao sair do banheiro, estava meio inibida. A camiseta lhe cobria quase todo o corpo, mas ainda assim, estava com um desconhecido. E embora não fosse dormir na mesma cama que ele, estava desconfortável. Tinha sua roupa suja embolada nas mãos.

Ao erguer os olhos, viu que as coisas seriam mais difíceis do que imaginava.

Vishous fumava um cigarro enrolado enquanto andava pelo quarto, vestindo uma camiseta regata e shorts. Folheava um livro enquanto ia para a cama.

Olhando assim, ele era atraente. Muito atraente.

Merda, ela pensava, tentando espantar essa idéia da cabeça.

V. ergueu os olhos do livro e tirou o cigarro da boca.

“Vai ficar aí parada?”.

Alysia não sabia o que dizer.

“Eu, er… minha roupa. Não sei onde deixá-la”.

Vishous deixou o livro sobre a cama e pegou a roupa das mãos da mulher.

“Dou um jeito nisso para você”.

Pegou o telefone do quarto, discou um número e falou.

“Fritz? Poderia vir aqui um instante, por favor? Preciso que resolva algo para mim. Ah, sim, traga também alguma coisa para comer. Sim, para dois. Isso. Sanduíches estão de bom tamanho. Obrigado”.

Pôs o telefone no gancho, pegou o livro e deitou-se na cama, esperando.

Com um suspiro, ela foi até sua cama, deitou-se e virou de lado. O silêncio era constrangedor, e ela ficou encolhida, rezando para cair no sono logo. Estava extenuada. Mas duvidava que dormisse logo. Sua mente voava a toda velocidade sem destino certo.

Que inferno.

Logo ouviu batidas na porta, e pode perceber que o homem deixava o quarto. Algumas vozes. Passos voltando. Ruído de alguma coisa metálica sendo colocada em algum lugar.

Espero que ele coma e me deixe em paz, pensava Alysia, esforçando-se para parecer adormecida. O esforço mostrou-se inútil, porém. Uma voz bem acima dela, severa e decidida, pronunciou-se.

“Levante-se. Venha comer”.

Alysia remexeu-se na cama, fingindo estar sonolenta.

“Não estou com fome”.

Ele sorriu sem mostrar os dentes.

“Mentirosa. Posso sentir sua fome”.

Ele não iria dar folga, iria? Alysia sentou-se na cama.

O homem pegava um prato da bandeja, que tinha comida para um batalhão, e trouxe até ela.

“Tome”, ele disse. “Estou sendo gentil. Mas não se acostume”.

A detetive pegou o prato das mãos de Vishous. Mas continuava desconfiada. E faminta. Queria não comer, rebelar-se. Olhava para o prato, indecisa.

“Recusar comida oferecida das mãos de alguém é uma ofensa entre meu povo. E você está com fome. Não seja tola”.

V. voltou até a bandeja e serviu dois copos. Entregou um para Alysia e levou outro prato consigo até sua cama. Mas não comeu. Ficou olhando para ela.

“Não comerei até que esteja satisfeita. Então, comece logo”.

Não precisava dizer duas vezes. Alysia comeu com vontade. E teria comido ainda mais, pois estava tudo uma delícia.

Vishous olhava para ela tentando disfarçar sua admiração. Ela comia com delicadeza, apesar da fome. Partia os pedaços do sanduíche e os colocava na boca. Como era possível alguém ser ao mesmo tempo tão valente e delicada? Era tão irônico que aquela mulher que carregara no colo e o enchera de paz sem saber era a mesma que o enfrentara diante de toda a Irmandade. E agora estava ali, comendo como uma princesa.

Quando ela finalmente terminou, ele levantou-se, levando uma maçã e mais um sanduíche.

“Ainda não se saciou. Coma”.

Alysia olhou com estranhamento. Esse homem que até há poucos minutos queria trucidá-la estava entupindo-a de comida?

Estendeu a mão para pegar o que ele lhe oferecia e ficaram segurando o prato, as mãos no ar por alguns segundos. O olhar do homem que a alimentava era tão penetrante que ela sentia como se ele a despisse. Naquele momento, passada toda a confusão inicial, Alysia se perguntou se já não tinha estado com ele antes daquele pandemônio.

O que, evidentemente, era impossível. Comeu mais e, depois disso, o homem pareceu convencido. Sentou-se na cama e fez sua refeição. Ela procurava não encará-lo, mas tentava observá-lo. Era uma dicotomia ambulante. Tão perverso e tão atencioso ao mesmo tempo. A detetive não sabia o que pensar.

Vishous terminou o jantar, colocou tudo no balcão e deitou-se. Alysia fez o mesmo. Não disseram mais nada.

Ela nem percebeu que as luzes foram apagadas sem que o vampiro as tocasse.


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