All I Want Is You escrita por Nunah, imagine


Capítulo 30
capítulo 28 - suddenly i see


Notas iniciais do capítulo

Desculpa se ficou grandinho gente :3 Não é que eu não dividi direito, é que tem coisas que tem de se colocar juntas.



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Ponto de vista: Athena

Fitei o teto. Eu tinha cedido, de novo. Flashes da noite anterior - e que noite! - inundavam a minha mente, voltavam com toda força, como se fossem uma tempestade furiosa. Aquelas lembranças pareciam ter vida própria, pareciam querer me provar algo. Era sinistro, porque eram apenas lembranças.

Respirei fundo duas vezes. Eu tinha que me segurar. Não podia deixar a situação sair de controle mais uma vez.

Virei lentamente a cabeça. Poseidon dormia calmamente, com um sorriso singelo nos lábios. O lençol cobria apenas até sua cintura, deixando à mostra o tanquinho e o tórax. Ah. Aquilo só podia ser uma prova, aonde testam sua capacidade de auto-controle.

Seus cabelos continuavam bagunçados e às vezes se balançavam levemente, por causa da brisa que insistia em entrar no quarto.

O sol estava fraco ainda, mas era o suficiente para me fazer querer desaparecer. Pelas minhas contas eram quase oito horas da manhã. Provavelmente os outros acordariam em pouco tempo, se já não estivessem acordados, e sentiriam a nossa falta.

Agora, depois de uma noite bem dormida - ou nem tanto assim, minha mente estava limpa e organizada. Eu me sentia renovada. Os acontecimentos estavam claros e eu conseguia pensar neles sem ter nenhuma sensação de angústia.

Suspirei.

Criando coragem para levantar, me sentei lentamente na cama, eu não sentia vontade de sair dali de jeito nenhum. Estava tão quentinho e confortável.

Olhei mais uma vez para Poseidon. Ele se remexeu, mas continuou dormindo.

Me levantei enrolada no lençol. Péssimo erro. Seu corpo ficou todo descoberto. Sem nem um único pedaço de tecido para contar a história.

Droga. Se controla, Athena, o que está acontecendo?

Fechei os olhos com força e me virei. Do que tinha adiantado eu me cobrir? Não tinha ninguém ali além de nós, ele estava dormindo, eu acabei fazendo com que ele ficasse sem nada e o banheiro estava a meros cinco passos de mim. 

O que esse homem está fazendo comigo? Eu não era tão distraída.

Deixei que o lençol caísse no chão, antes de eu entrar no banheiro e trancar a porta. Eu não precisava de mais surpresas como as que eu tive a infelicidade - ou o prazer - de me deparar no meio da madrugada. E se bem que eu conhecia aquele homem, se a porta estivesse aberta, vai saber o que ele poderia aprontar.

Ponto de vista: Poseidon

Acordei com o barulho de água. Me apoiei nos cotovelos e olhei todo o quarto.

Havia uma camisola caída no chão, perto das portas de vidro que davam para a sacada, minha calça estava na extremidade da cama, havia um lençol perto da porta do banheiro, e a mesma estava fechada. O barulho de água vinha do outro lado, o que me indicava que Athena estava tomando banho. 

A mera lembrança dela, nua embaixo d'água me fez sorrir. 

Realmente, eu sou uma causa perdida.

Me levantei, não ligando para o fato de não estar vestido, e caminhei até o banheiro. Bati na porta e tentei abri-la. Fechada. Ah, por que ela tinha que estragar a brincadeira?

- Athena! 

- Nem vem, eu não vou abrir - sua voz chegou abafada até meus ouvidos. Pude imaginar ela revirando os olhos.

- Por que não?

- Quando eu sair é melhor que você já tenha ido embora - ela disse, ignorando minha pergunta.

Revirei os olhos. Ela e suas manias. Será que seria tão chocante assim para alguém nos ver no mesmo quarto, mesmo eu tendo - supostamente - dormido em outro lugar?

- Nos vemos lá embaixo - falei, vestindo-me precariamente.

- Tchau.

- Sua educação me assusta - murmurei, abrindo a porta do quarto e olhando para os lados, para ver se alguém estaria por ali.

Tentando fazer o máximo se silêncio, como de madrugada, atravessei o corredor até o meu quarto. Eu ainda não tinha minhas respostas, mas bem que valera à pena ter tentado.

Abri a porta. Por que eu tinha a sensação de que aquele mesmo dia ainda estava guardando grandes acontecimentos?

[...]

Quando desci para tomar café, já estavam todos lá, menos Athena. Claro, porque a noiva não consegue se arrumar tão rápido.

Aquilo fez com que um novo pensamento me ocorresse. 

Ela está me evitando?! Eu não fiz nada para isso acontecer, não é? Por que será que ela não quer mais me ver? Ou falar comigo?

- Bom dia! - falei, sorrindo e abrindo os braços.

- Nossa, que animação. Algum motivo em especial? - perguntou Apolo, arqueando as sobrancelhas.

- Nós quase morremos, Apolo, temos de comemorar enquanto podemos, certo? - falei, me sentando.

- Ah, não. Eu acho que essa animação toda se chama Athena - disse Percy, levando um tapa na cabeça da própria Athena que acabava de chegar por ali.

- Perseu! - brigou Annabeth, dando-lhe uma cotovelada.

- O que é? Só estou citando os fatos!

- Fatos com os quais você não deveria brincar - disse Athena, sentando-se. Ela estava perfeita naquele vestido branco e curto. Novidade.

- Você está linda - sussurrei em seu ouvido, vendo-a se arrepiar.

- Para com isso - ela disse, baixo. Sorri. Passei os olhos pelas extremidades do local e me deparei com orbes cinzentas e experientes.

Métis nos encarava com os olhos semicerrados. Mais uma paranoica e misteriosa. Athena. Annabeth. E agora Métis. Eu mereço.

- Mas é verdade - insisti.

Ela me olhou e suspirou.

- Não precisa suspirar, eu sei que eu sou lindo.

Ao invés de brigar, ou começar um discurso, como pensei que faria, ela ficou lá, me olhando. Parecia reparar em cada detalhe, com medo de deixar passar algo.

Ela parecia estar tentando gravar minha imagem em sua mente.

- Athena? - chamou Apolo.

Nós nos viramos para ele.

Apolo estava com uma mão estendida para Athena, segurando um pequeno caderno de anotações.

- O diário! - exclamou Annabeth, mas depois que se calou, virou-se para Cronos, com medo.

- Não se preocupem, já aprendi a lição - ele disse, sorrindo. Sua expressão se suavizou.

Athena pegou o caderno com todo o cuidado que lhe parecia possível, como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.

- Obrigada, mas... - ela começou, franzindo o cenho.

- Estava no carro. Eu tinha levado junto comigo quando fui atrás de vocês.

- Aah. Certo. Obrigada por nos ajudar, Apolo.

Ele assentiu e sorriu, levantando-se.

- Preciso voltar para o hospital. Até mais tarde.

- O que tem mais tarde? - perguntou Percy, depois que Apolo já estava distante.

- A assembléia - ela disse, simplesmente.

Annabeth cuspiu todo o suco.

- A assembléia? Q-quer dizer. A assembléia mesmo? Aquela assembléia?

- Sim - Athena suspirou, parecendo cansada. - Aquela maldita assembléia, ah.

- Maldita? Maldita?! Como assim, você vai assumir tudo isso aqui! Como pode não estar animada? - perguntou Rachel, indignada.

- É só que... Não é tudo isso. Não é tão mágico como todos pensam... é... Um fardo. Que eu tenho de assumir.

- Ela está certa, Rachel - disse Métis. - É preciso coragem para se fazer isso de livre e espontânea vontade.

- Que seja, ainda acho o máximo - Rachel deu de ombros, sorrindo.

O café da manhã seguiu em silêncio. Rachel parecia hipnotizada pela grandeza que aquele salão ostentava, Cronos ficou encarando o prato com um pedaço de pão-de-queijo intocado, provavelmente ainda estava envergonhado pelo que causou. Percy e Annie sussurravam entre si coisas inaudíveis, enquanto eu provocava Athena discretamente, fazendo-a corar de vez em quando, com uma mão por debaixo da mesa ou uma frase nada inocente sussurrada no pé do ouvido que a fazia estremecer. E, claro, como uma mãe boa e dedicada - e como uma sogra que pega no pé - Métis nos encarava descaradamente, consciente do que acontecia ali.

[...]

- Bom. Annie, Rachel, mãe, vamos? - perguntou Athena, levantando-se depois de um tempo.

- Mas já? - perguntei. Ela corou. Sorri. - Aonde?

- Para o shopping - ela respondeu, revirando os olhos e pegando a bolsa.

- Sem beijo de despedida? - perguntei, sorrindo torto.

Ela se virou e se curvou. Por um segundo, pensei que ela fosse me beijar. Mas afinal, ela é Athena.

Ela colou uma mão em meu ombro, antes de sussurrar:

- Comporte-se e será recompensado.

Fiquei de boca aberta, e a situação só piorou quando ela parou na porta, antes de sair, e piscou, sorrindo.

- O que deu nela? - sussurrei.

- Se liga, pai. O jogo é em dois, e ela também faz parte - disse Percy, antes de se levantar e ir atrás de alguém para começar a ajudar nos preparativos da assembléia.

Continuei calado, surpreso demais para contestar.

- É, meu amigo, é assim que as coisas são - disse Cronos, levantando-se e dando tapinhas nas minhas costas.

- Até você?

Ele apenas sorriu e seguiu para o mesmo lugar que Percy.

[...]

Olhei meu reflexo no espelho. Fazia um bom tempo que eu não colocava um smoking. Pelo menos, não para um evento tão importante.

Eu tinha de estar, no mínimo, apresentável. Queria passar a Athena uma boa impressão, e fazer com que ela entendesse que eu não era só um cara que trabalhava para o pai dela, safado e mulherengo, que não liga para o que faz. Essa era a noite dela. A noite que ela mostraria seu potencial, o quanto ela deve ser valorizada.

Afrouxando um pouco mais o nó da gravata - afinal eu não queria morrer sufocado - e não ligando para o fato de que meu cabelo estava bagunçado, saí do quarto, tranquei a porta, entrei no elevador e comecei a me preparar para o quão tediosa essa noite iria ser - tirando o fato de que Athena provavelmente iria estar deslumbrante, com todas aquelas pessoas puxando o seu saco.

Ponto de vista: Athena

Olhei o prédio imponente do outro lado da rua. Ele estava todo iluminado e dava para ouvir o barulho de diversas pessoas conversando. Os que passavam na calçada o olhava com curiosidade.

Eram quase sete horas da noite. Hefesto disse que começariam a falação às sete e quinze. Eu não sabia como ia acontecer, não sabia quem iria discursar ou o quê discursariam. Só sabia que eu deveria estar lá dentro às sete e quinze da noite.

Respirei fundo.

Pensei em como eu estava diferente. Eu não era acostumada com eventos sociais importantíssimos, nem com roupas de grife ou a passar a tarde em shopping e salão de beleza. Mas Annie, Rachel e minha mãe - além de Afrodite e Silena, amigas nossas, que acabamos encontrando à tarde e fizeram questão de ajudar - me forçaram a usar algo diferente.

Como elas mesmas diziam, aquela era a minha noite.

- Deus, eu não vou casar - falei, quando percebi Afrodite tentando arrumar minha maquiagem mais uma vez.

- Você tem que estar impecável - ela disse, com aquele sotaque italiano que faziam os homens se derreterem.

Revirei os olhos. 

- Tudo bem, já chega.

Ela me fez vestir um Victoria Beckman collection preto, acima do meio das coxas de mangas três quartos, com os ombros estruturados e o forro de algodão puro, sobreposto por uma saia de seda preta. O sapato era um scarpin Jimmy Choo de camurça, com salto vertiginoso cravejado de diamantes. As únicas jóias - que eu fiz questão de escolher - era um conjunto de brincos e um anel by Juh Chic A, de diamantes e ônix. Acompanhados de uma bolsa carteira Gucci, em couro italiano e acabamento em ouro, que Afrodite teimou em levar.*

- Podemos ir? - perguntei, olhando no relógio. - Já são quase sete e dez.

- Acalme-se, querida, parece que vai receber o Oscar - disse minha mãe, rindo.

- Pensando logicamente, é quase isso - disse Rachel, dando de ombros.

- Você está linda, Athena - disse Silena, sorrindo simpática, como sempre.

- Ok. Acho que já chegou a hora - falei, respirando fundo novamente.

- Athena, você mesma disse que não vai se casar, pelo amor de Deus, acalme-se! - disse Afrodite.

- Não consigo, tá legal?! Vou sair.

Abri a porta do carro. Eu realmente não entendia como tinha dado todas nós ali dentro, mas tinha.

Algumas pessoas pararam ao me ver, e eu não entendi muito bem o porquê.

Segurei a bolsa e engoli em seco. Eu não estava incomodada, mas aquele bando de olhares me deixou desconfortável. Eu não era acostumada à situação.

Atravessei a rua, tomando cuidado para não cair. Não é que eu não conseguia ou não estava acostumada com salto - pois eu trabalhava de salto todos os dias - mas sim por pura insegurança. Minhas pernas estavam bambas e eu não sentia meus pés, além de minha boca estar seca. O que era aquilo? Medo? Apreensão?

Assim que coloquei o pé dentro da recepção, alguns olhares se voltaram para mim, assim como na rua. Laís - a garota oferecida que se entendia por recepcionista - abriu a boca e deixou a caneta cair de seus dedos paralisados. 

Revirei os olhos.

Mas os piores foram aqueles executivos corruptos que se diziam amigos do meu pai. Provavelmente eles não sabiam quem eu era, ao certo. Achavam que eu era apenas o quê, uma simples mulher que trabalhava ali, como vários outros indivíduos.

Os queixos foram até o chão. Eles pareciam lutar para não parecerem surpresos e bobos, mas era inevitável.

Hefesto chegou, sorrindo, e me deu um breve abraço.

- Até que enfim, estava quase te ligando. Está vendo aqueles palhaços bobocas que não param de te secar? - ele soltou tudo de uma vez, fazendo um pequeno movimento com a cabeça. Não sei como não atropelou as palavras.

Não pude deixar de rir.

Assenti.

- É melhor ir cumprimentá-los. Eles estão se achando os chefes desde que souberam do seu pai.

Meu sorriso instantaneamente se desfez.

- Tudo bem.

Caminhei sorrindo até eles. Pareciam cópias mal-feitas do meu pai. Cabelos grisalhos, olhos maliciosos e expressões debochadas.

- Senhores - falei, sorrindo de lado.

- É um prazer conhecê-la - disse um, pegando minha mão e beijando-a de um jeito que me fazia ter nojo. - Realmente, um prazer.

Quem eles pensavam que eram? Idiotas que se achavam no direito de saírem com mulheres com idade para serem suas filhas, ah.

- A senhorita é a...

- Athena. Palas Athena - continuei sorrindo.

Ele piscou. Olhei para os outros dois.

Acenei com a cabeça e me virei, andando para o grande salão aonde se concentrava o maior número de pessoas.

Eu estava ciente dos olhares deles em minhas costas. Ou melhor, um pouco mais abaixo.

- Esses caras estão adorando essa visão privilegiada que você está dando - disse Hefesto, se aproximando novamente.

- Eles são desprezíveis.

- Concordo plenamente.

- Poseidon e os outros estão aqui? - perguntei.

Ele assentiu.

- Está te procurando.

- Quem? Poseidon?

Ele sorriu daquele jeito que dizia 'eu sei o que você fez no verão passado' - ou no caso, na noite passada - e eu revirei os olhos.

- Para com isso, somos só colegas de trabalho, ok?

- Ah, claro. Colegas de trabalho que dormem juntos e fazem sexo selvagem em plena madrugada - ele disse, sorrindo ironicamente.

- Saia daqui antes que eu perca a paciência.

- Você é quem manda, chefinha. Só me responde, quem é aquela ali? - Hefesto perguntou, indicando Afrodite.

- Uma velha amiga que eu não via há muito tempo. Afrodite. Ela é italiana, cuidado para não fazê-la perder a cabeça.

- Ah, eu vou fazê-la perder a cabeça, só que de um outro jeito.

Ele se afastou, indo até Afrodite, antes que eu revidasse com poucas e boas. Aquele ali era um conquistador barato, mas eu tinha de admirar o jeito carinhoso com o qual ele tratava as mulheres com que saía, antes de descartá-las.

- Você está tentadoramente gostosa - uma voz sussurrou no meu ouvido, enquanto duas mãos grandes seguravam minha cintura.

Estremeci. E a minha prova de auto-controle começa.

- Falei para se comportar.

- Vai me dizer que não gosta?

- Não me provoque, Poseidon - eu disse, olhando-o de canto.

- Ok, me desculpe. É que eu realmente não consigo me segurar com você vestida desse jeito - ele mordiscou minha orelha.

Minha respiração começou a acelerar.

- Ontem eu não estava assim e você viu no que deu. Pare com isso, estamos no meio de um monte de gente.

- Dane-se, você está sexy e eu não consigo suportar esses idiotas te encarando. Eu quero provar para eles que você é minha, e só minha.

- Isso está indo longe demais, Poseidon - eu disse, sentindo suas mãos escorregando para baixo. - O que os outros vão pensar?

- Eu não estou preocupado com o que eles pensam ou deixam de pensar, você sabe - ele insistiu, mordendo meu pescoço na mesma hora em que um grupo de homens se viravam para nós, entre eles os três que eu acabara de cumprimentar.

- Poseidon, eu vou ser a dona disso tudo em minutos, vou mandar em todos. O que eles vão achar quando descobrirem que eu tenho um caso com um dos meus homens?

- Aha. Então quer dizer que eu sou seu homem? - ele riu.

- Você me entendeu, não posso dar motivos para que suspeitem de mim.

- Ok. Você venceu a batalha, mas não a guerra, te vejo mais tarde? - ele se afastou, piscando, no mesmo momento em que Hefesto pegava o microfone e subia em cima de um pequeno palco. 

Poseidon e suas piadas internas.

Eu sabia o que aquilo significava, ou nós nos agarrávamos pelos corredores ou ele escaparia silenciosamente para a minha cama de novo.

Enfim, eu pude respirar aliviada.

Não hesitei em aceitar a taça de vinho que o garçon estendia, eu estava mesmo precisando.

Do outro lado do salão, pude ver aquele mesmo homem erguendo a própria taça, num brinde silencioso. Seus olhos repletos de um brilho estranho que beirava a loucura.

- Bom - começou Hefesto, forçando um sorriso. - Todos sabem porque estamos aqui, mas mesmo assim eu vou dizer. Como reza a tradição, quando o nosso presidente não está mais em condições de continuar no comando, temos de nomear outra pessoa para assumir o cargo. E, como a Buddies é uma organização de família, logicamente a responsabilidade de comandar a empresa deve ser passada para o parente mais próximo. Como todos vieram a saber, Zeus, nosso antigo presidente, veio à falecer recentemente e deixou instruções em vida para serem cumpridas caso isso acontecesse. Seu irmão e sua esposa estão aqui, mas ele especificou uma única pessoa. E essa pessoa deveria assumir a presidência no lugar dele, sob qualquer circunstância - pausa. 

Os membros do conselho - vulgo aqueles homens horríveis, nojentos e corruptos - sorriram, esperando que um deles fosse chamado até o palco para assumir a liderança.

- Mas, o que quase ninguém sabe - ele continuou. - é que a filha mais velha de Zeus também faz parte da organização - os sorrisos presunçosos vacilaram. - e está aqui, hoje, a pedido de seu pai, para ficar à frente de todos nós - seus olhos pousaram em mim, divertidos. - Athena, por favor.

Sorri. Seguindo o olhar dele, todos acabaram se virando para mim. Um frio na barriga fez meu estômago embrulhar. Eu comecei a me perguntar se estava pronta para aquilo, mas o problema é que, pronta ou não, eu teria de continuar.

Conforme eu passava, alguns me cumprimentavam - falsa ou verdadeiramente - e outros me lançavam sorriso forçados. Avistei minha mãe, de mãos dadas com Annabeth, com lágrimas banhando seus olhos cinzentos.

O conselho me mandava olhares raivosos e indignados. Alguns surpresos.

Assim que subia os poucos degraus, não pude evitar de reparar nos olhares que minhas pernas atraíam. Ah. Por que era sempre assim?

Abracei Hefesto sorrindo.

- É sua hora. Brilhe - ele sussurrou.

Peguei o microfone e mordi o lábio inferior. 

Do meio da multidão pude ver os lábios de Poseidon formando a palavra 'perfeita'. Era tão bom, ver que alguém achava minha imperfeição perfeita. Sim, porque ninguém é perfeito. 

- Er... - antes que eu começasse a falar, aquele mesmo homem se manifestou.

- Ela é uma vadia que fica se oferecendo para o primeiro que passa, não pode nos representar!

- Aah, é mesmo? Não era eu que estava olhando para a bunda do meu futuro chefe, certo? - eu falei, cinicamente.

Seus olhos se semicerraram perigosamente.

- Você se acha a maioral só porque seu pai era quem mandava nisso tudo.

- Não. Eu sou a maioral a partir de hoje e vou continuar o seu legado com orgulho. E se você não se calar e me deixar continuar e agradecer aos que realmente se importam, vou começar a demitir funcionários ainda hoje, hm.

Ele fechou os punhos e olhou à sua volta. O silêncio foi seguido de breves risinhos abafados.

- Muito bem. Meu pai dedicou a vida dele à essa empresa e eu pretendo honrar sua memória fazendo a mesma coisa. Não acho que vou conseguir me igualar à ele, que sempre zelou e cuidou, mas vou fazer o que estiver ao meu alcance para que tudo dê certo. Bem, obrigada pela atenção.

Sorri e desci as escadas, entregando o microfone a Hefesto.

Caminhei sem rumo por entre as pessoas e peguei mais uma taça de vinho.

Estava olhando o jardim de inverno, longe, todo iluminado de azul - meu pai dissera que foi um presente dele para minha mãe, quando ouço vozes atrás de mim.

________

*Ela me fez vestir um Victoria Beckman collection preto [...] que Afrodite teimou em levar: trecho que teve uma super ajuda da Alice, porque sozinha eu não ia conseguir escrever sobre moda. Thanks Lice!


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