All I Want Is You escrita por Nunah, imagine


Capítulo 27
capítulo 25 - oh mother


Notas iniciais do capítulo

Sei que as pessoas estão me abandonando *todos choram* e que o capítulo talvez esteja corrido, como sempre, mas eu estou dando o melhor de mim. Esses dias não foram fáceis e eu não estou no meu melhor.



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Ponto de vista: Rachel

Depois que saímos da cozinha – o lugar mais calmo e deserto da casa – para um corredor escuro, o qual nos levava para diversos cômodos, entrei no meu quarto.

Não, não era o meu quarto de verdade, era só um lugar aonde tinha uma cama, um guarda-roupa e onde eu dormia, quando conseguia.

Me deitei no chão e enfiei a mão debaixo da cama. Quando peguei as duas pistolas que eu mantinha escondidas, me senti mais aliviada, o plano estava dando certo.

- Toma. Pegue isso. – falei, colocando uma pistola nas mãos de Annabeth, que começaram a tremer. – Ah, não... Não vai me dizer que nunca atirou?

- Bem, não. – seus olhos estavam cheios de culpa.

- Tudo bem, Annie. Não tem problema. Sei que você é boa de mira, então, é só mirar e atirar, mas tem que parar de tremer, ok? – falei, segurando sua mão.

- Ok, acho que posso fazer isso. – ela disse, tentando sorrir, incerta.

- Sei que pode.

Sorri e me dirigi para a porta. O corredor estava silencioso, escondendo todo o terror daquela casa.

- Ei, Annabeth. Vamos. – sussurrei.

Senti que ela me seguia de perto, um pouco assustada.

Caminhei mais um pouco, escondida pelas sombras, até chegar a um corredor ainda mais escuro, com uma porta maior no fim, que era ladeada por dois homens.

Argh.

- Annie – sussurrei. -, sabe o que fazer, não sabe?

- E se nos ouvirem? – ela perguntou, com a respiração acelerada pela adrenalina.

- Essa casa é grande o suficiente para abafar tiros, confie em mim, se agirmos rápido, ninguém vai perceber.

Ela assentiu e levantou a arma.

- Mirar e atirar.

Repeti seu movimento e ficamos nós duas preparadas. Eu só esperava ela ficar confiante.

- Agora? – perguntei.

Ela segurou a pistola com mais firmeza e travou o maxilar.

Naquela hora, eu sabia no que ela pensava. Ela estava se lembrando de Percy, da mãe, do avô, de tudo o que passara para chegar ali, estava pensando no que sua mãe poderia estar sofrendo com tudo aquilo.

E eu também me lembrava da minha, da época em que éramos uma família unida e feliz, antes de tudo.

She was so young with such innocent eyes

She always dreamt of a fairy tale life

And all the things that your money can’t buy

And she thought that he was a wonderful guy

Then suddenly, things seemed to change

De uma vez, as duas balas dispararam em direção aos dois homens distraídos, que quando se tocaram do que havia acontecido, já era tarde demais.

Engoli em seco e olhei para Annabeth.

Ela estava paralisada, a arma tinha escorregado de suas mãos e caído no chão.

- Annie – murmurei, abraçando-a brevemente. – Está tudo bem, ok?

- E-eu... Eu matei uma pessoa, Rachel – ela sussurrou, um pouco surpresa, algo que quase passou despercebido.

- Annabeth, me escute bem. Foi preciso, está bem? Nós não temos escolha. Temos que salvar os outros, mas para isso precisamos fazer sacrifícios. Não se culpe – falei. – Annie, olhe para mim... está bem? – repeti, olhando em seus olhos marejados.

- Está – ela disse, num fio de voz.

- Isso. Isso mesmo. Agora me ajude aqui.

Silenciosamente, arrastamos os corpos até um canto mais escuro, escondido pelas sombras.

Assim que voltamos, eu encarei a porta. Eu estava tão perto de fazer algo bom que chegava a ser... surreal?

- Rach – disse Annabeth, apertando meu braço de leve. – Não temos tempo.

- Sim, sim, desculpe.

Empurrei a porta com as duas mãos, temendo que ela fizesse aquele barulhinho irritante de coisa enferrujada. E ela fez.

- Droga de casa velha.

Dei um passo e quase desabei.

Aonde é que tá a porra do chão?

Sim, porque não tinha chão!

Annabeth, com todo aquele dom dela, me segurou e acabou me poupando de uma boa queda.

- Nunca veio aqui antes, não é? – ela perguntou.

Gemi de frustração.

Merda.

- Infelizmente...

- Percebi. E isso quase custou as suas pernas – ela me repreendeu.

Annabeth podia tentar até me bater por eu seu tão distraída, mas eu sabia que estava tão preocupada que nem se daria ao trabalho de brigar.

Já disse que odeio quando ela dá uma de protetora? Saco.

- Caso não tenha percebido, é uma escada – ela revirou os olhos. – Graças a Deus não é um precipício, sua tonta.

- Ok, ok, será que você pode deixar a lição de moral pra depois e continuar? Que coisa, parece a sua mãe.

- Por que será, não é, Rachel?!

- Tá, já entendi.

Como ela continuou parada no lugar feito um poste de iluminação, eu dei um passo novamente, dessa vez tomando o devido cuidado para não tropeçar e sair rolando escada abaixo.

Fui me apoiando nas paredes laterais e acabei percebendo que era um corredor subterrâneo, com uma direção só. Se alguém nos encurralasse ali, não daria para fugir tão fácil, apenas se arriscássemos descer aquela escada assassina com mais pressa ainda, com o risco de quebrar as pernas, os braços e o pescoço, é.

- Você tá aí? – sussurrei, temendo que Annabeth tivesse ficado lá em cima, congelada.

- Estou.

- Hm. Annabeth?

- Sim?

- Me perdoa? Sabe, por roubar seu namorado?

Ouvi um suspiro pesado.

- Claro. Afinal, se morrermos hoje, não estaremos brigadas, pelo menos.

- Obrigada, Annie. Isso estava me perturbando há tempos.

- Sem problemas.

Depois do que pensei ser uns cinco degraus, chegamos a um lugar enorme. Ok, não era enorme, era grande. Tanto faz, o que importa é que estava cheio de caixotes empoeirados que me dão alergia.

- Argh, quando foi a última vez que limparam isso? – Annabeth perguntou, andando até o centro do cômodo, olhando para os lados.

- E eu é que sei?

- O que viemos fazer aqui? Pegar explosivos?

- Acabei de lembrar... de outra coisa – murmurei, indo até uma prateleira. Havia uma caixa relativamente menor e coberta por um pedaço de lona.

Fiz sinal para que ela se aproximasse.

Dentro da caixa tinha uma quantidade enorme de baterias dessas que se usam em relógios. Bem, era o que parecia, porque eu sabia que não eram, de fato, meras bateriazinhas.

- Pra que isso? – Annabeth perguntou, se agachando ao meu lado.

- Lembra da bomba que explodiu o cassino? – perguntei, sorrindo.

- Isso não é...

- Sim, é. Só temos de ativá-las.

Hoje é meu dia de sorte.

- Tá brincando? Elas explodem dentro do quê? Cinco ou dez minutos? É muito pouco tempo para tirar todos daqui – ela disse, me olhando como se eu fosse louca.

- Acha que em dez minutos nós não conseguimos nos livrar dos idiotas, avisar aos outros e fugir? Annabeth, é nossa única chance. Sabe o que estamos salvando? Pare e pense. Você vai negar fazer a única coisa que pode salvar a todos só porque não tem certeza se vai dar certo? Tudo tem seus riscos.

Ela suspirou, olhou a caixa, olhou em volta e me encarou.

- Como se ativa?

.

.

.

- Ótimo, temos entre cinco e dez minutos.

Nós andávamos a passos rápidos pelos corredores, desviando de todos que encontrávamos no caminho sem que percebessem e voltando para a sala.

- Precis...

Parei de falar assim que eu vi aquela cena no meio do corredor.

Minha mãe, sangrando, se arrastava, segurando uma faca. Ela parecia fraca, mas mesmo assim, decidida.

He took his anger out on her face

She kept all of her pain locked away

Oh mother, we’re stronger from all of the tears you have shed

Oh mother, don’t look back

‘Cause he’ll never hurt us again

Largando a arma no chão, num movimento súbito, fui até ela e tirei-lhe a faca, dando para Annabeth, e olhando-a.

Eu não sabia o que estava sentindo, nem o que deveria saber.

Eu olhava para minha mãe, mas não sentia pena, compaixão, mas também não sentia que era certo o que estava acontecendo.

Ela estava machucada, seus cabelos escuros estavam banhados de sangue e os olhos marejados, e cheios de ódio.

Quando me viu, ela suspirou, ou tentou.

Lágrimas escorreram silenciosamente por suas bochechas e sua mão apertou a minha. Estava gelada.

- Minha querida – ela sussurrou, engolindo em seco.

Eu prendi a respiração, só então percebendo que também chorava.

Então, veio como um balde de água fria.

Minha mãe estava morrendo.

- Mãe, não fale desse jeito, vai dar tudo certo – falei, mas eu sabia que eram apenas promessas vazias. Não ia dar tudo certo.

Ela balançou a cabeça, chorando mais.

- Não tenho mais do que alguns minutos, Rachel. Ouça-me. Você tem que fazer isso. Salve o seu pai, mas faça-o pagar por cada vida que ele tirou. Prometa que vai fazer isso – ela apertou minha mão mais forte e, enjoada, eu me afastei.

So many voices up inside of her head saying over and over and over

“You deserve much more than this”

She was so sick of believing the lies and trying to hide

Covering the cuts and bruises

So tired for defending her life she could have died

Engoli em seco e me encostei na parede.

- Não vai ajudar a própria mãe? – ela perguntou, os olhos se escurecendo de novo, a voz ficando mais medonha.

- Você não é a minha mãe. – falei, firme. Ao contrário do que pensei inicialmente, eu não estava triste, nem feliz, eu não estava... sentindo.

- Rachel...

Annabeth me olhou incerta e eu assenti.

Com um pouco de medo, Annie a arrastou de volta para aquele cômodo pequeno do qual provavelmente tinha saído.

- Você tem certeza? – ela perguntou.

- Minha mãe morreu há muito tempo, Annabeth. E não vai ser agora que as coisas vão mudar.

Dei uma última olhada para ela.

- Ele me matou – ela sussurrou, apontando uma mancha vermelha na parede. Ela não parecia mais a mesma, estava fora do normal. Seus olhos ficaram opacos enquanto ela soltava uma gargalhada cheia de... loucura?

Eu nunca pensei que aquilo poderia acontecer... Era algo tão distante, presente apenas nos filmes e nos livros...

- Não pode ser – sussurrei.

- O que? Rach, temos pouco tempo, se não quer salvar sua mãe, eu entendo, ou melhor, eu não entendo, mas precisamos ir! – disse Annabeth, estalando os dedos na minha frente.

- Annie... você acha que ela ficou louca? Sabe, com tudo o que vem acontecendo...?

- Como é?

- Nada não.

- Bem... As coisas não estão... um tanto... calmas demais? – ela murmurou.

- Pouco tempo, lembra? Bomba, minutos, explosão, morte?

- Vamos – ela disse, me puxando.

All of your life you have spent burying hurt and regret

But mama he’ll never touch us again

For every time he tried to break you down

Just remember who’s still around

It’s over and we’re stronger and we’ll never have to go back again

E lá fomos nós.

Annabeth parou bruscamente, tensa.

Comecei a perguntar o que tinha acontecido quando ela mandou eu ficar quieta e olhar.

E desse vez, quem congelou fui eu.


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