Tanya Denali escrita por AnnaJoyCMS


Capítulo 19
Capítulo 18. O Outro Cateto


Notas iniciais do capítulo

N/A: Oi fofinhas!!! =)

Novamente, voltamos à narrativa da Tanya, e seguimos em frente, após voltarmos um pouquinho para mostrar o POV do Lucca, no capítulo passado.

Lembrando, sempre que os personagens e o universo foram criados por Stephenie Meyers, eu sou somente a autora desta fanfic, e criei alguns personagens adicionais nela.

**bjokas e divirtam-se**



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18. O OUTRO CATETO

Eu não podia estar menos preocupada com os nômades que se aproximavam.

Todos dispararam para o chalé, Edward levando Nessie em suas costas. As mulheres queriam trocar aquelas malhas de patinação o quanto antes e vestir algo mais prático, no caso dos visitantes chegarem hostis. Bom, parece que chegariam mesmo com alguma hostilidade injustificada, talvez seja por isso que Alice ficou tão tensa com a visão.

Contudo, eu não consegui me preocupar com isso...

Eu acabara de me descobrir apaixonada...

Na verdade, ainda sentia queimar todos os pontos do meu corpo que foram tocados por Lucca.

Lucca e eu, então, tomamos nosso tempo trocando os patins e calçando nossos tênis em silêncio. Não conseguíamos desgrudar os olhos um do outro. Ele me sondava intenso, eu sorria feito uma idiota. Por fim, não suportando mais aquele silêncio estranho, e necessitando desesperadamente ouvir a voz dele, perguntei vagamente:

– Você não está com pressa? – com um toque de pretensa inocência.

– Sim.

– Bom, não parece. – eu ri, eu não fazia ideia do quão idiota estaria meu rosto. E ele continuava amarrando os tênis com uma lentidão incoerente com sua resposta.

Quando levantei uma sobrancelha desafiadora, tentando entender onde ele queria chegar com aquilo; Lucca levantou-se do banco onde estava sentado violentamente, derrubando-o para trás, e venceu a pequena distância entre nós envolvendo minha cintura com seu braço esquerdo, enquanto sua mão direita veio diretamente moldar-se em minha face. Foi um movimento ágil e másculo, e fez com que meu corpo estremecesse com seu calor. Nossas bocas estavam a centímetros de distância e ele disse:

– Tenho pressa pra isso... – senti seu hálito em minha face, seu gosto em minha língua. Sua mão direita fazia alguma pressão em minha cintura e a esquerda deslizou do meu rosto, para o pescoço, onde ele tocou minha clavícula. A eletricidade insana, que somente ele produzia em mim, explodiu pelo meu corpo e, pela primeira vez em dez séculos, minhas pernas ficaram bambas.

– Oh! – arquejei deixando minhas pálpebras caírem. Lucca não me beijou, só sussurrou meu nome baixo algumas vezes, como se me ajudasse a não esquecê-lo. Digo, meu nome...

Sua mão direita ainda passeando pelo meu colo ganhou algum vigor, fazendo pressão sobre a minha pele; como se ele estivesse perdendo o controle com a textura que experimentava ali. Minhas mãos descansavam moles em seu peito. Uma vez que o seu braço esquerdo ainda estava em minha cintura, seu aperto ali aumentou, aproximando mais ainda nossos corpos. Senti um volume evidente sob sua calça e achei que fosse perder os sentidos naquele instante.

Mas... O. Quê. Era. Aquilo? Seria algo relacionado com a espécie? Todo lobisomem é tão bem dotado daquele jeito? Eu nunca vi nada...

Tanya! – gritou Eleazar, a alguns metros do chalé, interrompendo minhas conjecturas. – Lucca! Por favor, não demorem. Alice fixou o timing. Eles chegam daqui a vinte minutos.

Lucca muito a contragosto suavizou seu aperto a minha cintura, mas demorou-se mais um pouco em minha pele do colo e pescoço. Seu polegar traçando pequenos círculos em minha incisura supra-esternal, na base do meu pescoço, e provocando com isso ondas de eletricidade que faziam minha cabeça girar em círculos também.

O que estava acontecendo mesmo? Eleazar acabara de me chamar... Pra quê? Eu estava incoerente, ofegante e em chamas.

Por fim, ele me soltou de vez e eu precisei de um minuto para me recuperar.

– Vamos. Se eles não estão exagerando e há, de fato, algum risco; não quero você tão exposta e despreparada. – este gesto protetor chamou minha atenção por um minuto. Enquanto caminhávamos lado a lado até o chalé, tentei me lembrar de algum outro macho sendo tão protetor assim comigo e não consegui. É claro que irmãos e amigos como Eleazar e Carlisle sempre se preocupavam, mas nunca, nenhum deles demonstrou qualquer atitude com o selo da possessividade que Lucca acabara de demonstrar em uma única frase.

Não se tratava de uma possessividade negativa. Muito pelo contrário, tinha a ver com cuidado, proteção e certo territorialismo próprio de todo macho de qualquer espécie. Características que nunca tive em meus relacionamentos. Primeiro, porque a grande maioria deles era casual, apenas um encontro. Raros foram meus casos prolongados por algumas semanas, e mesmo assim, eu era a dominante, a ativa da relação. Era eu quem dava as cartas. Eu decidia quando e onde seriam os encontros, porque eu não podia arriscar de ser descoberta.

E agora, essa atitude protetora de Lucca me deixou sem chão. Um sentimento diferente se apoderou de mim e eu, de repente, senti vontade de dizer para ele: “Sou sua. Pertenço a você...” Eu queria ser cuidada. Nunca experimentara essa sensação antes. Pertencer a alguém. É parte da confiança, da entrega.

Olhei para Lucca e vi que ele me encarava, sempre com intensidade. Sempre como se eu fosse preciosa demais para que ele desgrudasse os olhos de mim por um segundo que seja. Senti-me desejada, importante, valiosa. Recordei das palavras de Bella e as compreendi plenamente, isso estava longe de ser submissão. Isso era libertador!...

Entramos pela porta da cozinha e eu ia me dirigindo diretamente para a escada. Notei que Lucca não me seguia e olhei para ele de forma indagadora, ele então me respondeu:

– Vou te esperar aqui na sala. – todos já estavam na sala paralisados com o estresse. Nessie parecia um pouco assustada.

– Não. Suba comigo. – ele arqueou uma sobrancelha e seus olhos dispararam para a sala, talvez tentando ler as reações da minha família. Somente Kate nos olhou séria, mas não disse nada. Ignorei. Lucca virou para mim novamente, hesitante e eu revirei os olhos. Ele sorriu e me seguiu escada acima.

Quando a porta do meu quarto fechou atrás de nós, Lucca imediatamente diminuiu a distância entre nossos corpos, me puxando pela cintura novamente. Minha mão voando inconsciente e involuntariamente para sua nuca, que era seu lugar.

– Tanya... – sussurrou e a forma como ele chamava meu nome assim tão baixo e desesperado roubava meus sentidos, provocava choques elétricos em pontos do meu corpo desconhecidos por mim há dez séculos.

Ele aproximou nossos lábios para selar todo aquele desespero com nosso primeiro beijo.

Seus lábios eram quentes, urgentes e deliciosos. Demorei um segundo a mais para fechar meus olhos e percebi que os olhos negros dele estavam escondidos sob pálpebras cerradas com força. Parecia que ele se esforçava para comunicar ao seu cérebro que estávamos nos beijando. Sua outra mão, de repente, me prendeu pela nuca e Lucca entregou-se mais ao beijo, tentando deslizar sua língua para dentro da minha boca. Neste momento, porém, eu o interrompi:

– Lucca...! – sussurrei sem fôlego, minha voz cheia de reprovação. – O que você está fazendo?! Posso matar você... Esquece que sou venenosa?!

– A ‘vampira dourada’ jamais me machucaria... – disse ele. Pálpebras entreabertas, respiração pesada e ofegante, mãos ousadas.

O quê? – sibilei incrédula. Então, era disso que se tratava este beijo? – Isso é um teste? – perguntei estranhamente magoada. Ele não permitiu que eu me movesse um milímetro sequer para me desvencilhar de seus braços.

Não! – respondeu ele apavorado, sua voz subindo uma oitava. – Não preciso testar. Eu apenas sei.

– Mas... Quem você está beijando? Tanya Denali ou a vampira da lenda etrusca? – será que ele podia ouvir toda a mágoa e a insegurança em minha voz?... Insegura?Eu?...

– Eu vou beijar a fêmea que eu amo. – afirmou aos sussurros, mas resoluto. Disse que me ama... Perdi o foco, esqueci meu nome. E antes de puxar minha boca para a sua novamente, ele completou em tom tranquilizador, seus olhos nos meus. – Você não vai me machucar...

E me beijou. Foi o beijo mais ardente e delicioso de toda minha existência. Sem margem de comparação. Sem dúvida.

Em nenhum dos humanos com quem me relacionei em todo este tempo, eu pude dar um beijo assim, justamente pelo risco de matá-los, não que isso fosse um problema, quando ainda nos alimentávamos deles, mas depois, não. Eu era cuidadosa... Com vampiros... Bom, não havia cuidado com vampiros, mas era frio, não havia sentimento também.

Mas este beijo... Havia calor. Havia o sabor incomparável da boca dele, sua língua macia que explorou cada canto da minha boca, por um segundo, tive medo que a frieza da minha própria língua lhe causasse repulsa, mas não foi isso que aconteceu. Lucca arfava e gemia me apertando contra ele. Minhas mãos deslizavam pela sua nuca e ombros. Sua mão que estava em minha cintura, me apertava com força, mas não incomodava, só aumentava a eletricidade que subia e descia pelo meu corpo.

Senti gosto leve de sangue na boca, mas não encontrei coragem para me afastar dele, tampouco ele permitiu. Isso também não fez minha garganta queimar. Pareceu-me que na mesma hora que meus dentes o cortavam, ele imediatamente, cicatrizava. Então, não deve ter sido nada muito profundo. Meu veneno não o feria. E o sangue dele só tornava o beijo ainda mais saboroso pra mim.

Quando, finalmente, nos afastamos e recuperamos o fôlego olhando nos olhos do outro, até que eu lentamente me desvencilhei de seu abraço e cambaleei confusa até meu closet para tirar aquela malha de patinação.

Enquanto me trocava e colocava minha mente em ordem novamente, pensando no beijo que tinha acabado de acontecer, fiquei intrigada e curiosa a respeito disso. Athenodora fora tão clara em seu relato: Caius matou Tirreo mordendo-o. Lobisomens, tanto os transmorfos quileutes, quanto os Filhos da Lua, como Lucca e Tirreo são mortalmente sensíveis ao nosso veneno. Então, como nós pudemos nos beijar de forma tão intensa, sem eu lhe causasse qualquer dano? Eu o feri! De leve, mas senti seu gosto, literalmente, em minha boca... Logo cicatrizou, mas ele teve contato com o meu veneno e não houve nada...! Ele está bem!

Arquivei esta questão para conversarmos mais tarde e saí do closet vestindo uma calça jeans justa e preta e uma blusa de algodão básica, em gola V e também preta. Lucca olhava a frente do chalé pela minha janela, de pé e parecia uma pintura de tão lindo. Senti vontade de voltar a trabalhar na sua escultura. Ele me olhou, sorriu afetuosamente, e disse:

– Vamos descer? Começo a sentir um cheiro forte e desagradável que se aproxima bem distante. – parei e respirei profundamente. De fato, já era possível sentir o cheiro dos nômades que chegariam em breve, mas resolvi brincar com ele:

– Só sinto seu cheiro... – Bom, talvez isso tenha saído mais intenso e malicioso do que eu planejava, afinal!... Culpa do sotaque!... De qualquer forma, Lucca abriu outro sorriso deslumbrante, daqueles que até seus olhos sorriam e me acompanhou em direção à porta.

Quando chegamos à sala, finalmente, perguntei, a minha família:

– Qual é o problema com estes nômades afinal? – somente Carlisle e Edward me olharam, mas não disseram nada, os outros pareciam tensos demais. – Alice? – indaguei diretamente a ela que parecia uma escultura encolhida em um canto.

Seus olhos ganharam foco novamente e ela me olhou, pensativa, como se medisse as palavras antes de me contar sua visão. Ou como se tentasse ver os desdobramentos do futuro, a partir do momento que eu soubesse de sua visão. Aguardei paralisada em súbito estresse.

– Hum... Tanya... – balbuciou ela – Digamos que os vampiros que estão chegando não vão compreender bem a presença de um lobisomem Filho da Lua aqui... – completou baixo e rápido.

Senti como se um jato de gelo tivesse sido injetado em meus ossos. Lucca corria perigo... E eu aqui tão tranquila...

Na medida em que assimilei totalmente as palavras de Alice, um rosnado alto e feroz explodiu em meu peito. Todos abandonaram o modo estátua e me olharam assustados. Não pude me controlar. Meus olhos aos poucos começaram a tingirem-se de vermelho e eu marchei em direção à porta decidida. Lucca tentou colocar a mão em meu ombro a fim de me acalmar, mas eu não permiti. Apenas me virei para ele, que ficou surpreso e um pouco assustado com minha reação, e disse entredentes:

– Espere aqui. – abri a porta para ir ao encontro dos nômades e gritei. – Eleazar e Kate, vocês vêm comigo.

Carlisle esvoaçou até nós, tentando me acalmar:

– Tanya, o que você vai...

– Não se preocupe, Carlisle. – eu o interrompi. – Não vamos lutar com eles. Sei que eles serão aliados importantes contra os Volturi. Vou apenas deixar claro que esta é a minha casa. Vou esclarecer quem são meus convidados e quem veio por conta própria, para pedir ajuda... – Minha voz fria e mortal.

E saí em disparada na neve.

Notei que Garret também nos acompanhou. É óbvio. E cheguei a ouvir Edward e Carlisle argumentando com Lucca para que ele ficasse. Eu devia imaginar que ele tentaria vir comigo...

Rastreamos os dois com facilidade e percebemos o ponto em que eles também sentiram nossa aproximação, pois houve uma redução na velocidade de sua corrida, provavelmente, por terem se colocado em posição de alerta.

Alguns segundos depois, nos encontrávamos no campo nevado que ladeava a estrada de acesso direto ao chalé. Os dois vampiros tinham os olhos cintilando em rubi, o que indicava que eles andaram caçando antes de vir para cá. O que me irritou, pois eu não os conhecia. Como poderia saber se eles foram realmente cuidadosos caçando antes de vir diretamente para minha casa?

Pareciam estranhar o fato de termos ido recebê-los no meio do caminho. Um deles, mais alto e louro, foi quem nos cumprimentou:

– Ora, ora! Vocês não precisavam vir até aqui para nos receber... Viemos à Denali em paz. Procuramos pelos Cullen. Meu nome é Karl e este é meu amigo Eike. – disse ele pausadamente, e em tom amigável. Como não dissemos nada, o outro vampiro, Eike, continuou um pouco nervoso.

– Passamos por Forks, mas o líder das matilhas de lobos não permitiu que nos demorássemos por lá. Depois seguimos para o norte, procurando por caça, quando perto daqui, nos lembramos de vocês e que talvez pudessem nos ajudar com notícias dos Cullen.

Eu assenti séria e disse:

– Nós já sabemos que vocês estiveram lá. Os quileutes fizeram contato. – eles se entreolharam surpresos por uma fração de segundo. Eu continuei. – Os Cullen estão aqui. São nossos convidados por alguns dias. O que vocês querem exatamente? – perguntei.

– Gostaríamos de conversar com vocês. – respondeu o primeiro, Karl. – Queremos propor uma aliança. Soubemos que os Volturi começaram a caçar todos nós que servimos de testemunhas no julgamento dos Cullen, no ano passado. Demetri, Alec e Félix têm saído e rastreado sistematicamente nos últimos meses. E vários de nós já desapareceram.

– Muito bem. – respondi em sua pausa. – Vocês são bem vindos. Mas, lembre-se que temos algumas regras aqui. Não vamos tolerar caçadas neste estado. Quando quiserem caçar tomem o cuidado de ir a uma distância segura, em outro estado. E... O mais importante. Além dos Cullen, temos outro convidado especial aqui. – nova troca de olhares cheia de expectativa. Eu continuei, sem informar sobre meus planos de vingança. Será como se entrássemos no jogo agora, a partir da chegada e das informações deles. – Ele não é exatamente da nossa espécie, mas também não é humano e tem relação com nosso mundo. Não vamos tolerar qualquer hostilidade a ele.  

Eles assentiram em concordância e todos nós corremos para o chalé.

Ambos tinham um forte sotaque europeu. Karl era mais alto e forte, e aparentava ter em torno de vinte e cinco anos quando foi transformado. Já Eike, era um vampiro um pouco mais jovem, tinha os cabelos castanho-claros e estatura mediana, talvez mais baixo que eu.

Quando chegamos ao chalé, Carlisle esperava na varanda com Edward, Jasper e Emmett. Após os cumprimentos, Karl falou dirigindo-se a Carlisle:

– Foram Charles e Makenna que nos procuraram. Eles têm tentando encontrar todas as testemunhas para que possamos nos proteger. Tudo ficou muito claro naquele dia. Perdemos a confiança nos Volturi...

– Charles e Makenna estão sugerindo que venham a nossa procura? – perguntou Carlisle. Eu tentava olhar lá dentro e ter algum sinal de Lucca. Karl respondeu surpreso:

– Não! Foi ideia nossa. Eike e eu nos conhecemos justamente naquele dia e temos viajado juntos por segurança desde então, porque notamos que algo ficou mal resolvido lá e fugimos antes de sabermos quem poderia vir atrás de nós depois. Sabíamos que os Volturi tinham condições de nos encontrar. Só não sabíamos qual deles. Foram Charles e Makenna que nos explicaram os poderes de Demetri. – ele fez uma pausa nervosa. – Não sabemos de outro clã que possa com os poderes dos Volturi. Pensamos que seria melhor nos unirmos logo a vocês, antes que eles consigam nos pegar todos separados.

– Talvez vocês tenham razão... – refletiu Carlisle. – Talvez já esteja na hora de começarmos a contactar alguns amigos...

– Creio que desta vez possamos fazer isso por telefone ou internet... – conjecturou Edward. – Todos já conhecem Nessie, não há necessidade de prepará-los antes.

Ao entrarmos na casa, Carlisle tornou a preparar os dois nômades recém-chegados para o que encontrariam:

– Se Tanya já falou de nosso outro visitante... Peço calma a vocês.

Isso aumentou o interesse deles. Na sala nos deparamos com um Lucca totalmente diferente. Seu rosto sereno e doce fora trocado por uma carranca furiosa. Ele rosnava baixo, com os olhos grudados nos dois vampiros. Os dois instintivamente colocaram-se agachados, em posição de ataque. Fui imediatamente para junto dele e, praticamente, o arrastei para fora pela porta dos fundos, para que ele se acalmasse.

Podíamos ouvir Carlisle explicando para Karl e Eike, o que e quem era Lucca, pois eles, assim como os Cullen e mesmo a minha família, sequer conheciam o seu cheiro.

Quando estávamos perto de sua barraca virei para olhá-lo e ele parecia mais calmo. Lucca, então, me fitou sério e um pouco constrangido e disse:

– Desculpe por isso...  – pediu. Vi a sinceridade em seu rosto maravilhoso e balancei a cabeça, mostrando compreensão. Ele prosseguiu. – Sei que eles podem ser úteis, mas ainda preciso me acostumar com a ideia de que vou me unir a sanguessugas como eles, que não têm o estilo de vida de vocês.

– Tudo bem. – respondi baixo para tranquiliza-lo. – Só procure se acalmar, pois precisamos voltar lá dentro e resolver ainda vários detalhes. Parece que os clãs vão se reunir novamente.

Ele assentiu. Depois segurou meu rosto em suas mãos e tocou meus lábios com os seus muito suavemente. Trocamos um sorriso e voltamos para a sala, mas senti que Lucca ainda estava incomodado.

Lá dentro o clima já era agitado e prático. Carlisle, Esme, Emmett e Rose já estavam fazendo contato com alguns amigos, no escritório. Ninguém precisava vir correndo para cá, mas era importante que todos estivessem se preparando para uma nova reunião iminente.

Alice sentada no sofá tinha o olhar perdido, buscando brechas nas decisões dos Volturi, apesar do bebê híbrido de Gianna, que possivelmente, era o que a atrapalhava. Jasper, ao seu lado, sondava os recém-chegados com cuidado. Garret, Eleazar e Carmem especulavam sobre os possíveis planos Volturi.

Eike, o mais jovem não tirava os olhos de Edward, Bella e Nessie; que discutiam sobre a possibilidade de chamar as matilhas de lobos de Forks em breve. Bella gostava da ideia de tirar o confronto de perto de seu pai e amigos humanos, mas relutava quanto ao envolvimento dos quileutes.

Karl virou para nos analisar, Lucca e eu.

Na verdade, ele me olhava com um interesse suspeito demais e que eu reconhecia muito bem. Kate também pareceu perceber isso.

Lucca, sem notar este detalhe foi sentar-se perto de Nessie para se acalmar. O que foi uma boa ideia, pois ela levou a mãozinha até seu rosto e começou a se comunicar com ele, ao seu modo.

Karl aproveitou para se aproximar de mim.

– Eu mal posso acreditar que estamos aqui, na casa das famosas irmãs Denali... – disse ele gentil e sorrindo. Não pude deixar de sorrir também. Ele continuou; agora constrangido. – Vi o que fizeram com a outra... Bom... Ano passado. E eu... Sinto muito...

– Tudo bem. – Respondi séria. – Não tem sido fácil, mas estamos tentando superar.

– Vocês têm um estilo de vida interessante aqui...

– Sim. Nossa dieta permite laços de afeto mais estreitos e exige uma fachada humana... – respondi vaga, mais por hábito.

– Isso é interessante. – disse ele encarando o chão. – É algo que eu poderia cogitar... Estreitar laços... Eu mudaria meu estilo de vida para estreitar certos laços aqui.

Neste exato momento, três movimentos aconteceram. Três trocas de olhares, ao mesmo tempo. Meus olhos lampejaram para Lucca que parecia distraído demais com Nessie e não ouviu o que Karl acabara de insinuar para mim. Ao mesmo tempo, os olhos vermelhos de Karl faiscaram para o meu rosto, na tentativa de ler minha reação com sua insinuação.

O que me chamou a atenção, porém, foi um terceiro par de olhos dourados que virou, de repente, interessado em todo este diálogo: Kate.

Ela estava sentada todo o tempo ao lado de Garret, mas prestava atenção em minha conversa com Karl. Então, ela me encarou e arqueou uma sobrancelha de modo muito peculiar e malicioso, e eu a conhecia o suficiente para ver exatamente a satisfação em seu rosto. Karl não percebeu isso.

O clima de tensão foi aos poucos se diluindo. Bella e Edward levaram Nessie para a cozinha, para preparar o almoço dela. Lucca os acompanhou, parece que Nessie estava lhe passando um relatório mental completo sobre os lobisomens transmorfos de La Push. O grupo do escritório e o da sala conversavam agora sobre temas mais amenos. Os nômades enturmaram-se entre eles sem dificuldade.

Eu saí para a varanda. A menção de Karl à Irina, não me fez bem. De repente, me vi ansiosa para confrontar Caius logo. Até os nômades que estavam lá, no ano passado, servindo de testemunhas viram a injustiça no que fizeram com a minha irmã...

Kate veio atrás de mim. Parou de pé ao meu lado, no alto da escada. Braços cruzados no peito. Nós duas olhávamos o horizonte de neve à nossa frente. Ela, então, disse irônica:

– É!... Eis que surge um novo cateto para disputar esta hipotenusa!...


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Notas finais do capítulo

N/A: Obrigada por ler! Não deixem de comentar, por favor... Fico tão insegura... :(
bjokas*.* Até o próximo!