Tanya Denali escrita por AnnaJoyCMS


Capítulo 12
Capítulo 11. Esperança


Notas iniciais do capítulo

N/A: Bom, então, aqui chegamos onde tudo começou. Foi por causa deste capítulo que comecei a escrever esta fanfic! Acontece que este capítulo foi pensado como uma one-shot para participar de uma brincadeira em meu fansite da saga preferido. Elas apresentaram alguns temas, dentre os quais havia Denali, que é claro, foi o que eu escolhi! E nós deveríamos escrever fics one-shot de no máximo 30 linhas. A minha one-shot não ganhou o prêmio, mas eu fiquei tão feliz que ela tenha sido postada no site que voltei e comecei a escrever tudo, desde o início. Quer dizer, desde o final de Amanhecer. Assim, aqui teremos a versão estendida dela, neste capítulo, que acho que é o maior até agora!
Quem quiser conferir a shot de 30 linhas, o link dela no Foforks está no meu perfil!
Espero que gostem! Divirtam-se!



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11. ESPERANÇA

As semanas começaram a passar indistintamente e a luz que iluminava meus olhos desde quando cheguei de viagem foi aos poucos se apagando.

Kate tentou conversar. Saber como foi a viagem. Não consegui expor meus sentimentos mais íntimos para minha irmã, por eu sequer sabia o que estava sentindo. O vazio voltou com força total. Eu não tinha ânimo para fazer absolutamente nada. Caçar, conversar, planejar minha vingança, esculpir – coisa que há muito tempo eu não fazia mesmo.

A situação com os Volturi ficava cada vez mais tensa e eu me isolava na neve. Fitava o céu estrelado, a lua mudando fase após fase...

Sentia saudades... Mas de quê? Eu não tinha ideia.

Isso me fazia lembrar as palavras de Gianna, na carta. Sentir saudades de algo que sequer conheceu. Ao contrário de Gianna eu sabia exatamente o que faltava em minha eternidade...

Eu sabia o que me causava o vazio... Era possível que vampiros entrassem em depressão? Eu começava a acreditar que sim.

No entanto, o tempo passa... Sim, nós temos um pouco mais de noção da presença esmagadora do tempo do que os humanos. E a impressão que tenho é que acabo de fechar um ciclo. Saí em uma viagem pelo mundo acreditando que procurava um lobisomem, mas na verdade, aquela foi uma viagem de autodescoberta. Olhei para dentro e não gostei do que vi. Não gostei da superficialidade dos meus sentimentos, não gostei do que vinha fazendo da minha vida, se é que eu estou viva! Creio que não... 

Mas o tempo passa e logo essa data se aproximou... Um ano... Perto da eternidade parece tão pouco, tão efêmero. Sabia que eles estavam me escondendo algo e sabia que tinha a ver com o dia de hoje. Eu devia imaginar que Kate não iria me deixar prantear essa data sem nenhuma interferência externa... Eu devia imaginar que eles tentariam me tirar do meu isolamento...

Ouvi alguns murmúrios dela ao telefone fazendo planos com Carlisle, na semana passada. Não tive interesse suficiente para perguntar o que estava havendo. Apenas voltei para minha árvore na neve. Onde eu poderia ficar paralisada com meus pensamentos e minha beligerância.

Onde eu poderia ficar a sós com as lembranças da querida irmã que me foi tirada há um ano.  

Eu devia imaginar, porém, que hoje não seria tão fácil assim...

Senti o cheiro dele no momento que ouvi sua corrida pela neve. Depois percebi mais dois passos, também em alta velocidade. Reconheci seus cheiros, mas principalmente o palpitar acelerado de um pequeno coração. Os três se aproximavam rapidamente. Edward vinha na frente, rastreando e provavelmente já captando meus pensamentos. E Bella vinha um pouco mais distante com Nessie.

Um sentimento estranho me ocorreu. Senti-me traída por Kate e pelos outros. Por que, justamente, eles é que deveriam vir aqui me encontrar? Poderia ter sido Carlisle e Esme, ou Alice e Jasper... Mas por que justo eles?

Todos estes casais... Perfeitos! Eram extremamente irritantes para mim! Todos eles. Mas, neste momento, Edward e Bella iam além da irritação. Porque eles não eram somente um casal perfeito. Junto com Nessie, formavam uma família perfeita, e isto, ainda que algum dia eu viesse a encontrar o companheiro com o qual venho sonhando, eu jamais teria. Jamais.

No segundo seguinte ele já estava no galho ao meu lado.

– Tanya... – Edward falou suavemente.

– Por favor, Edward, eu só quero ficar sozinha. – será que ele percebeu toda a tristeza em minha voz? Tanto que perdi... Flashes de Irina e Sasha ilustraram este sentimento para Edward. Tanto que nunca tive... Não havia lembranças para ilustrar isso. Só o vazio...

Nunca senti tanta falta do amor verdadeiro de um companheiro antes, como tenho sentido ultimamente. Kate agora tem Garret, Carmen e Eleazar se completam e Irina... se foi.” Pensei. Edward apenas me olhou compreendendo.

Encarei seus lindos olhos dourados e enxerguei somente bondade e amizade. Ele assentiu.

Neste momento Bella e Nessie se aproximaram já nos procurando, olhando para o alto.

Vamos...” Disse em pensamento para Edward e saltei para o chão, pousando perto de Bella. Edward pousou logo em seguida ao nosso lado.

– Tanya... – Bella se aproximou com a mão estendida. – Sentimos tanto... Hoje faz um ano e...

– Eu sei Bella. – Interrompi. Piedade já era demais para mim, principalmente a dela que tinha todo o amor que eu necessitava e ansiava. Eu completei. – Tudo aquilo acabou mal para Irina, mas veja Nessie como está crescida!...

A pequena me abriu um lindo sorriso e por uma fração de segundo me lembrei de Edward há quase três anos, sentado na neve perto daqui me dizendo que “simplesmente ainda não havia encontrado o que estava procurando...” Ele olhou de Nessie para mim e sorriu torto lembrando também.

Bella levou seus braços, delicadamente, aos ombrinhos da filha – que agora já aparentava ter algo entre oito e dez anos de idade – e nos olhou interessada, deixando claro que o diálogo mental que acontecia aqui não passava despercebido.

“Olhe para elas, Edward! De fato, eu nunca poderia ter te dado algo tão precioso quanto a filha que Bella te deu...” Pensei amargamente. Ele revirou os olhos e apressou-se em dizer:

– Viemos para te trazer uma boa notícia, Tanya. – Nessie me ofereceu sua mãozinha e eu, automaticamente, me abaixei para que ela me mostrasse. Bella prendeu a respiração em antecipação.

Então, invadiu minha mente a imagem de Alice desenhando durante uma visão – eu conhecia bem aquele olhar vidrado. Ela estava me desenhando, aquela com certeza era eu. E eu estava... VESTIDA DE NOIVA!...

Senti meu corpo paralisar gélido com o choque da compreensão: Alice teve uma visão comigo pronta para me... Casar? Não pode ser!...

– Mas é, será... – Edward simplesmente respondeu aos meus pensamentos e sorriu já percebendo minha esperança.

~~~~~~~~~~~~~~~

Os Cullen vieram para passar alguns dias conosco e eu me vi obrigada a sair de minha introspecção e me socializar. Afinal, era a primeira vez de Bella e Nessie junto de nós. Quando chegamos à casa todos estavam reunidos a nossa espera.

– Tanya, como você está?! – Carlisle foi o último a me cumprimentar sorrindo. – Desculpe pela invasão, mas não vamos permitir que você continue triste desse jeito! – eu sorri timidamente. – O que achou da notícia que Nessie fez questão de te levar?

– Eu não sei Carlisle. Até agora não entendi bem o que foi aquilo... – respondi olhando dele para Alice que sorria alegremente no canto da sala ao lado de Jasper.

– Não foi muito nítida... – disse ela. –... e na verdade, foram somente alguns flashes bem rápidos, mas como eu já estava trabalhando e desenhando algumas coisas para Nessie, acabei fazendo o desenho rapidamente, antes que eu a perdesse! – ela saltitou para o meu lado e me entregou a grande folha enrolada como um canudo.

Eu o abri e lá estava ele. O mesmo desenho que Nessie me mostrou, enquanto Alice ainda o fazia em velocidade inumana, só que agora estava totalmente acabado. O vestido era lindo! Mas... O que quer dizer isso? As visões de Alice não dependem de decisões?

– Exatamente. Significa que alguém tomou uma decisão que vai colocá-la nessa direção. – foi Edward que respondeu às minhas dúvidas mentais.

“Então, a pergunta é... Quem?” – eu o respondi mentalmente, olhando agora para ele com uma sobrancelha erguida, e continuei em voz alta. Aquilo ainda não fazia sentido para mim. – Como uma decisão alheia pode afetar tão diretamente a mim? Quer dizer, como a decisão de quem quer que seja pode apontar diretamente para este fim? Se eu mesma não decidi nada neste sentido? Jamais sequer cogitei... – eu relutava veemente.

– Foi mais ou menos como quando Alice viu que os Volturi viriam ano passado. Bastou que Irina tomasse a decisão de ir até eles para que a visão se firmasse; porque eles já aguardavam um motivo para vir até nós. – Edward me respondeu mais completamente. Mas, será? Será que eu agora estou pronta para amar verdadeiramente. O que quer dizer isto? Meu coração está aberto!?... Bastou que alguém tomasse alguma decisão e se colocasse em meu caminho para que o futuro ganhasse forma e sentido, ainda que por alguns segundos, o suficiente, no entanto para que Alice visse?!

Deixei-me levar por essas conjecturas e olhei para Edward, que assentiu concordando. Houve dois minutos de silêncio até Alice falou animada, quebrando aquele clima:

– Por que não vamos todos caçar? Nessie está ansiosa para conhecer a região!

– Oh, é mesmo Nessie! Tenho um monte de coisa bacana pra te mostrar! – disse Kate, tirando Nessie do colo de Carmem no sofá e levando-a para cima para trocar de roupa e se preparar para a caçada.

Saímos todos para caçar naquele mesmo dia. O Parque Nacional era muito extenso e a fauna selvagem muito abundante, mas como formávamos um grupo bem grande também, decidimos ir até Wilderness, para que todos ficassem satisfeitos.

O frio nas montanhas estava especialmente rigoroso neste ano. Mas, como isso não incomodava nenhum de nós, fomos bem em direção ao norte. Apostamos corrida sobre um grande lago a oeste do parque, que passa a maior parte do ano congelado, até mesmo Carlisle e Esme participaram, Edward teria chegado à frente se não estivesse levando a filha nas costas. Garret ganhou. Exploramos algumas cavernas atrás de ursos polares que costumam hibernar nesta região por estes meses, e nos divertimos com Emmett provocando e lutando com um enorme urso polar. Emmett na verdade provocou não só o urso, mas também uma avalanche de gelo sobre nossas cabeças, na saída da caverna, tentando assustar Nessie.

Graças a isso, encontrei um bom pedaço de cristal de gelo que resolvi trazer comigo para casa, pois me senti, de repente, muito inspirada para esculpir, após tantos meses sem nem sequer pisar em meu atelier.

Então, admitindo que a caçada em grupo tenha me feito muito bem, voltei com vontade de trabalhar um pouco!

Quando chegamos, já era noite. Assim, enquanto todos se acomodavam de volta no chalé, eu segui direto para meu atelier. Lá eu teria as ferramentas necessárias para lapidar aquela pedra de gelo.

Temi encontrar muita poeira e até teias de aranhas, mas na verdade, estava tudo muito limpo e organizado e eu sabia que deveria agradecer a Carmem depois por isso. As peças inacabadas estavam todas cobertas com lençóis brancos. Não tinha muitas peças inacabadas lá, quase todas em mármore, com exceção de uma, em madeira. Não andei muito inspirada para trabalhar nelas desde que Irina resolveu partir, magoada por termos ido prestigiar o casamento de Edward e Bella.

Comecei preparando a peça de gelo sem pressa. Não seria uma escultura de grande porte, o cristal deveria ter mais ou menos meio metro de comprimento, mas era espesso como o tronco de uma árvore de médio porte. Primeiro, com um golpe certeiro, preparei a base da escultura e quando tinha a peça de pé sobre a bancada, senti passos de alguém que se aproximava do atelier.

O coração palpitante e o cheiro de morango do xampu deixaram claro quem era. Com a batida fraca na grande porta de madeira rústica, eu respondi:

 – Entre Nessie... – ela abriu só um pouquinho a porta, e inclinando-se de forma que eu visse somente sua cabeça, perguntou com sua voz linda e incomum. – Posso vê-la trabalhar?

– Mas é claro, pode entrar! – eu sorri.

Comecei a lapidar a peça por cima e flocos de gelo voaram por todos os lados.

Deixava-me levar pelo instinto, permiti que minhas emoções mais escondidas saíssem e extravasassem para aquele pedaço de gelo. Não tinha ideia do que faria ainda. Era instinto e emoção somente. Minhas mãos voavam em velocidade absurda dando alguma forma à parte de cima do bloco de gelo. Nessie agora sentada em outra bancada balançava as perninhas e me observava em silêncio.

Minhas mãos hábeis passaram para o corpo da peça, e eu o afinava, ainda sem entender por que.

– Você também pinta? – ela, de repente, perguntou. A voz impassível, cheia de curiosidade.

Eu interrompi o que fazia, endireitei meu corpo ficando ereta e respondi olhando para ela e sorrindo:

– Já trabalhei muito com pintura, mas desde o século passado tenho me dedicado somente à escultura. – ela sorriu e continuou balançando as perninhas.

Voltei-me para a peça e continuei a fazer voar flocos de gelo. Queria descobrir o que sairia dali.

Dentro da casa era possível ouvir o murmúrio das conversas, jogos e brincadeiras de todos. A voz de Emmett era a mais forte e insistente.

– Eu prefiro literatura. – disse ela, novamente sem que eu esperasse. Eu me interrompi, olhei para ela sorrindo e perguntei.

– É mesmo?! E do que... – neste instante Bella veio em meu socorro. Uma rajada de vento lá fora e ela estava na porta do atelier.

– Renesmee! Venha querida! – Abriu a velha porta de madeira com cuidado e falando diretamente para a filha, continuou. – Você está atrapalhando, meu bem. Tanya não quer conversar agora...

– Entre também, Bella. – eu a interrompi sorrindo. – Vocês não me atrapalham de forma alguma. – seus lábios moveram-se unidos em um sorrido tímido, e ela entrou. Parecia tão curiosa quanto a filha.

Voltei para a peça de gelo e recomecei a lapidação inicial, a chuva de flocos de gelo mais intensa. Fez-se silêncio por alguns minutos até que o celular de Nessie tocou. Ela olhou no visor e sorriu, falando com sua mãe enquanto pulava da bancada para atender lá fora:

– É o Jakey! – e saiu já atendendo. – Oi Jakey! Você não vai acreditar... – sua vozinha continuava animada contando para Jacob sobre a caçada, enquanto ela andava lentamente na direção do chalé.

Não interrompi o que estava fazendo, Bella então disse:

– Edward comentou comigo que você cursou Belas Artes...

– Sim. Duas vezes na verdade. Uma na Itália, no auge da Renascença e, a outra, séculos depois na França, alguns anos após a Revolução Francesa. – ela fez uma pausa, provavelmente processando o significado de tantos séculos. Eu mesma às vezes não acreditava que já havia passado por tanta coisa. Então continuei. – Comecei por diversão servindo de modelo vivo aos artistas, até que comecei a me envolver com eles; quero dizer intimamente. Mas houve um especial, um jovem pintor italiano muito charmoso. Vivemos um affaire por algumas semanas e isso me despertou a vontade pintar também. – Bella abaixou a cabeça constrangida. Lembrei de suas muitas coradas em seu casamento. Se ainda fosse humana, ela certamente teria corado com meu comentário indiscreto.

– Você já era vegetariana nessa época, então? – perguntou ela, visivelmente mais curiosa do que tímida.

– Sim. Já são quase oito séculos caçando somente animais. – eu continuava trabalhando, enquanto conversávamos. Porém, de repente, percebi que Bella hesitava em me perguntar algo. Parei e a fitei amigavelmente. – Pode perguntar Bella! Você não está me incomodando...!

– Er... Sobre a visão da Alice... Você...

– Não faço ideia, Bella. – a interrompi, compreendendo. – Não imagino quem seja. Mas estou tentando não pensar nisso. Você sabe, as decisões mudam... – Ela ia dizer algo, mas ouvimos Nessie se despedir de Jacob ao telefone, voltando para cá. Então, ela se calou.

Quando os passos de Nessie aproximavam-se do atelier, Edward a chamou da varanda para jantar, dizendo que depois haveria um desafio de xadrez para ela. Ela voltou de onde estava correndo. Percebi, satisfeita, que esta seria uma longa conversa.

– Mas pelo que entendi a decisão tomada por quem quer que seja, mostrou este futuro por alguma razão que está em você...  – sua frase ficou entre a interrogação e a constatação.

– É, parece que sim... Embora eu mesma não tenha total clareza do que seja. Pensei que talvez eu possa estar, finalmente, abrindo meu coração para o amor. Não o amor físico, pois este eu desenvolvi pelos meus parceiros aos poucos e há muito tempo, tanto que graças a ele é que passei a poupar-lhes a vida. Mas, eu me refiro a um amor que jamais conheci, Bella. Nunca estive verdadeiramente apaixonada. E isso tem me atormentado há alguns meses. Bom, na verdade, tem me atormentado desde que... Você sabe... Há um ano, desde que perdemos Irina para sempre. – voltei a mexer na peça de gelo, sem pressa, enquanto continuava a abrir meu coração sem medo para Bella. – A perda da minha irmã colocou tudo em perspectiva para mim, sabe. Primeiro, tentei negar e atribui sua morte a este sentimento que nos tira a razão. Nós três já fugíamos disso desde o que aconteceu com Sasha. – Bella, neste momento, arfou e me olhou em choque. Fiz uma pausa e percebemos que as conversas dentro da casa pararam de súbito. Bella levantou uma sobrancelha, sorrindo de lábios colados para mim e eu continuei. – Eu, de repente, enxerguei o vazio dentro de mim e isso me assustou. Tentei canalizar este sentimento de vazio total para a vingança contra Caius, mas nem isso pôde preencher o nada que tem sido minha existência.

– Mas... – ela pausou novamente constrangida. Na verdade, mais envergonhada do que estava antes; considerando se devia ou não tocar em algum assunto. – Er... E... Edward? – ela perguntou rápido, algo mais do um sibilo, mas eu entendi bem o que ela quis dizer, embora ela própria não estivesse acreditando que tenha me perguntado isso. Bella abaixou a cabeça e arregalou os olhos dourados, muito envergonhada. Eu rapidamente tratei de sorrir, surpresa, pois eu não sabia que ela sabia de meu interesse por Edward no passado. Ela ficou paralisada como uma estátua enquanto eu fiz uma pausa mais longa.

– Edward? O que tem ele? – resolvi me fingir de inocente e saber, exatamente, até onde ela sabia.

– Bom... Eu achei que...  – sussurrou de cabeça baixa.

– Bella. – mudei de ideia e a interrompi para não constrangê-la mais. – Eu estive interessada, sim, por ele. Mas Edward jamais me quis... Eu sempre preferi minhas conquistas humanas, porém naquela época em que Carlisle mudou-se pra cá; na primeira vez – quando Alice e Jasper ainda nem faziam parte da família –, andei cogitando a possibilidade de encontrar um companheiro. Um vampiro ao qual eu pudesse me unir. Então, de repente, aparecem aqueles dois casais por aqui, com um vampiro tão bonito e talentoso solitário. Uma família tão unida e querida. Eu confesso que quis ser uma Cullen, eu queria fazer parte daquela união, daquele comprometimento. Além disso, Edward é... Bom, você melhor do que ninguém...

– Sim... – ela me interrompeu sorrindo. – Eu entendo. Não a culpo. – nós rimos juntas e eu percebi que algo interessante iniciava ali. Era fácil conversar com ela. Simples.

– Mas, como eu disse, ele nunca teve interesse por mim. Sempre fui uma amiga, a prima do Alasca. No início tive raiva; bom você sabe, tantos séculos sem jamais ter sido rejeitada... Nem por mortais, nem por imortais. Ainda sem conseguir superar isso, comecei a me divertir sendo maliciosa com ele, em meus pensamentos. Isso o atormentava, o constrangia... Fui infantil, eu sei. E só serviu para afastá-lo ainda mais... Mas, amor? Não. Eu nunca estive realmente apaixonada por Edward, e nem por mais ninguém. – Bella suspirou e fez-se silêncio por alguns minutos.

Voltei a trabalhar em minha escultura com a rapidez do início e logo a parte de cima ganhava forma. Uma forma que eu reconheci prontamente. Bella se aproximou para examinar melhor o que eu fazia e sorriu.

– É uma flor? – ela indagou, por fim.

– Bom, eu não planejei isso, mas parece que é o que está saindo de tudo isso afinal. – não entrei em detalhes. Eu continuava a trabalhar e Bella disse, sem que eu me interrompesse nos arremates finais:

– Eu tenho certeza que você vai encontrar, Tanya. – concluiu ela intensa. Tão intensa que eu interrompi meu trabalho, novamente, para encará-la. Ela prosseguiu. – Você há de se apaixonar por alguém, um dia, a ponto de entregar sua vida por esta criatura... Não importa o que ele seja... Humano ou vampiro, isso não vai fazer diferença... E vocês vão se comunicar e se entender só com o olhar... Vocês vão acreditar que conhecem cada detalhe da alma do outro... É algo inexplicável, não há barreira intransponível que impeça, não há espaço para medo ou culpa; só há lealdade, proteção e afeto... Você não encontra sentido na sua vida, sem esta pessoa e sabe que ele também não encontraria razão para viver sem você. Eu tenho certeza disso! E cada parte desse vazio que te atormenta será preenchida por paz e liberdade. Porque, ao contrário do que muitos pensam, estar apaixonada não é uma prisão. Não é submissão. É libertação...

Quando Bella acabou de discursar, nós estávamos frente a frente nos olhando. Eu havia abandonado de vez a escultura quase pronta e ela ofegava com o rosto iluminado.

Eu lhe dei as costas lentamente, olhando para o gelo que ganhara forma e nós duas arfamos. Ela porque desconhecia a perfeição e a beleza da verdadeira inspiração para aquela flor, e eu porque não havia planejado aquilo, deixei-me levar pelo momento, que se tornou o início de uma amizade, e acabei tentando reproduzir um obsidinium.

– Tanya... – sussurrou ela. – De onde você tirou essa flor tão... Linda!

Olhei para Bella, tentando dizer que sequer fazia justiça à verdadeira, mas apenas respondi:

– Do vazio, Bella. Do vazio...

Ouvimos o som dela esvoaçando lá fora e sentimos seu perfume:

– Sim Alice. – respondemos em uníssono.

Alice abriu a porta e seu rosto estava sério, parecia aborrecida. Que estranho!...

– Eleazar e Carlisle estão chamando para resolvermos o que faremos a respeito dos Volturi. – disse ela e saiu voando, voltando ao chalé.

Bella e eu nos entreolhamos confusas, mas fomos de volta a casa.

Na varanda, de pé perto da porta de entrada, havia outra figura de braços cruzados e com o rosto sério e ressentido: Kate. Embora, em Alice eu não tenha reconhecido esta expressão muito peculiar, conhecia muito bem minha irmã para identificar exatamente o ciúme, provavelmente, porque eu não quis me abrir com ela, mas expus todos meus sentimentos para Bella, e a mágoa, por eu ter tocado no nome de Sasha, o que tem sido um tabu nesta casa.

No entanto, era chegada a hora de finalmente nós duas mexermos nessa ferida que jamais cicatrizou...


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Notas finais do capítulo

N/A: E então? Gostaram?Bom, vcs devem ter notado que a imagem que está na capa da fic é justamente o desenho da Alice! Foi feita por um amigo meu!...Eu sei, eu sei... Este capítulo deixa uma pergunta que não quer calar...! ahsuahsuahsuahs Mas... Com quem a Tanya vai casar???Bom, o que posso dizer...?! Continuem acompanhando que logo logo respondo isso!!!Bjokas! posto o próximo - "Sasha" - amanhã!