Capítulo 5 –

Yumi nunca pensou que pudesse finalmente comer comida de verdade. Parecia um sonho. O restaurante era aconchegante. Eles não pretendiam gastar muito, mas um pouco de comida de verdade não faria mal depois de tanto tempo.

Kyo e Rui comiam como porcos. Mesmo após o longo tempo de jejum, Yumi ainda preferia estar no McDonalds, só não teve coragem de confessar isso a seus amigos.

- Você é Yumi-chan, não é?

Era aquele garoto de cabelos castanho-avermelhados, surgindo novamente em sua vida. Ela não pensou que fosse vê-lo de novo. Que estranha coincidência.

- E você é Hiro. Pelo menos era assim que seus amigos o chamavam. Como devo chamá-lo?

- De Hiro.  – ele riu, e como ficava bonito quando o fazia. Seus olhos acinzentados brilhavam. – Você parece muito bem, melhor do que a última vez em que nos vimos.

Yumi se constrangeu com a calça listrada e a camiseta larga que estava usando. Não estava feminina e desejável e sabia disso. Se soubesse que ele estaria lá...

- Yumi-chan, quem é esse? – perguntou Rui, com a boca cheia de comida, segurando os hashi.

- É Hiro, da Bad Luck... E aproveitando, gostaria de me desculpar por ter sido tão rude com você e seus amigos na última vez em que nos encontramos. Afinal, você quis me ajudar e foi gentil...

- Não se preocupe com isso. – disse Hiro. – O que você anda fazendo?

- Bad Luck?- Perguntaram Kyo e Rui juntos. – Somos músicos também, eu toco guitarra e Rui toca bateria. Temos uma banda, a Garage Sale. Estamos trabalhando duro para lançar um álbum de uma gravadora no nosso próprio selo. Sabe, nossas demos não foram bem aceitas, então desanimamos.

- Isso é que é coragem, uma gravadora independente... – disse Hiro. – Eu e meus amigos tivemos sorte. Mas sem um produtor e um bom empresário como Mr. K não teríamos conseguido.

- Por favor, sente-se conosco – disse Yumi. – Podemos conversar melhor. Você deve estar esperando seus amigos, e eles também podem se sentar com a gente. A mesa é grande o suficiente. Assim eu compenso pelo meu mau comportamento da última vez.

Hiro sorriu.

- Obrigado pelo convite, mas na verdade estou esperando minha namorada. Ela disse que iria demorar um pouco, mas já deve estar chegando. Sempre nos sentamos à mesma mesa, ela sabe o quanto esse lugar significa para mim. Foi aqui que a trouxe pela primeira vez quando a conheci. – Ele disse, sonhador.

Yumi sentiu como se uma faca transpassasse seu coração. “É claro que um homem como ele teria uma namorada, e ela deve ser bem especial... Por que eu achei que ele estaria sozinho?”

Yumi se repreendeu em silêncio por esses pensamentos fora do comum. O que estava acontecendo com ela? Ela não era assim. Mas estava se sentindo mais triste do que nunca. E nem seu rolinho primavera parecia mais tão apetitoso.

- Aí vem ela! Eu vou deixar meu telefone com vocês. Assim, se precisarem de alguma coisa, de um artista para o outro, eu terei prazer em ajudá-los com conexões – disse Hiro, entregando um cartão a Rui.

- Nós nos apresentamos quase toda noite no Kinky’s – disse Yumi, sem conseguir se conter. – Se puder, venha nos ver.

- Sim, claro. Até mais, foi um prazer.

E como a namorada dele era bonita e feminina, pensava Yumi. Também tinha cabelos longos, mas eram castanhos. Se carregava como uma princesa. O vestido florido que ela usava a tornava ainda mais encantadora. Yumi sabia que não podia ganhar essa competição.

“Não”, Yumi pensou, “Eu posso mudar isso. Se ele aparecer no bar para me ver cantar... Nenhuma princesinha vai me desbancar!”

- Yumi, você está bem? – perguntou Kyo, pois ela estava apertando o rolinho primavera.

- Nunca estive melhor. É hora de uma mudança drástica. Terminem de comer logo. Vamos fazer algumas compras.