Love Song escrita por Lonely Looney


Capítulo 12
Capítulo 12




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Capítulo 12 –

A capa do CD realmente era atraente. Ele não estava em destaque, mas era quem mais lhe chamava atenção. Só para ouvir a guitarra, ela compraria.

Quando estava na fila para pagar pelo álbum da Bad Luck, Kyo assustou Yumi empurrando um par de papéis na cara dela.

- O que é isso, Kyo? Os únicos ingressos que quero ver na sua mão agora são os do nosso show. E eu sei que o L’Arc não anda fazendo turnê.

- Melhor que isso, pelo menos pra você, benzinho. Largue esse CD aí. No aniversário dele, o Shuichi-san me deu três ingressos para a área VIP para o show da Bad Luck. Além disso, ainda temos passe livre para falar com os membros da banda! How cool is that?

- Você é incrível, Kyo. – ela disse, rindo e afastando o cabelo dos olhos.

-  Ei, você vai pagar ou não? Saia da fila! – disse um senhor careca, atrás de Yumi.

Kyo agitou os ingressos, sorrindo maniacamente para fazer graça.

Yumi riu e saiu da fila.

 ***

Yumi na verdade percebia a cada música que preferia se esfregar com abacaxi a estar lá, mas como sempre, tentava ver o lado bom das coisas. Quando eles cantaram “Spicy Marmalade” ela se perguntou se era sério. Mas pela cara de Shuichi, isso provavelmente era obra dele. Bem, a música não era de todo ruim. Em “Glaring Dream” eles haviam se superado. Foi um show divertido, Yumi precisava aliviar a tensão. Fazia tempo que não ia a um concerto. E hoje o dia de trabalho na NG-Records fora mais exaustivo do que ela pensava. Compor músicas, trabalhar os arranjos, tratar do contrato com o empresário, divulgação da banda... Sorte que ela teve a manhã livre, mas em vez de dormir, foi à loja de CDs. Seu lugar favorito, junto com uma livraria e o McDonald’s. 

Yumi entrava nos bastidores para falar com a banda, incerta. Estava, na verdade, com vontade de sair correndo. Mas precisava se desculpar com Hiro. Havia se comportado como uma maluca da última vez.

Mas e se... a namorada dele estivesse lá? O que ela diria? Como ela falaria com ele?

- Yumi, você está bem? – disse Rui. – Você parece pálida.

- Ela vai ficar bem em alguns segundos, não é, benzinho? – disse Kyo, apertando sua mão e dando uma piscadinha.

Yumi não achou a insinuação engraçada.

O camarim era grande e bem guarnecido. A Bad Luck estava sendo bem cuidada. Havia até comida para eles. Penteadeiras com espelhos enormes, mesas com os instrumentos musicais... Shuichi estava sentado tomando água. Hiro limpava a guitarra apoiando numa das mesas e Fujisaki estava apenas encostado na parede de olhos fechados. Os membros da staff eram todo atenção.

- Uau! Então é isso o que nos espera! – disse Rui.

- Oooh, então vocês vieram nos ver! – disse Shuichi, largando a garrafa d’água em cima da mesa. – Bem-vindos! O que acharam do show?

Os olhares de Yumi e Hiro se cruzaram por um breve instante, mas ele desviou e voltou a atenção para sua guitarra.

- Eu achei incrível, vocês têm muita energia – disse Kyo. – Muito obrigado pelo convite, Shuichi-kun. Nos divertimos muito. E posso falar por todos. Não é?

- Ah sim, claro! Não poderia ter falado melhor! – disse Rui. – Só acho que faltou um baterista.

- Nós temos um sintetizador, não precisamos de baterista – disse Fujisaki, sem abrir os olhos, ainda encostado na parede.

- Se realmente precisarmos de um baterista, não hesitaremos em chamá-lo, Rui-san. Sabemos o quão hábil você é – disse Hiro, falando pela primeira vez e deixando Yumi se sentindo menos desconfortável com a distância criada entre eles. Era a sua chance de aproveitar aquela brecha.

- Ah, mas não, nossa banda também precisa de uma baterista. Vocês não precisavam de uma baixista? Eu estou disposta a reconsiderar a oferta.

- E o que eu devo fazer? – perguntou Kyo, fingindo indignação. – Trabalhar sozinho com uma guitarra? E nosso contrato com a Grasper?

Shuichi engasgou com a água.

- Contrato com a Grasper? Sério? Quando foi isso?

- Foi recente. – respondeu Yumi.- Um puro golpe de sorte. Ryuichi Sakuma nos viu tocando no Kinky’s, gostou, comentou com Seguchi-san, ele foi nos ouvir, aparentemente também gostou e nos contratou. E tudo isso começou por causa do...

Ela ia dizer “Anjo”, mas Kyo olhou para ela antes que ela desse com a língua nos dentes. Ninguém entenderia, nem deveria saber sobre algo tão pessoal. Mas quase saiu sem querer.

- Por causa do nosso talento, eu acho. Se bem que nem sabia que realmente éramos tão bons. Até pouco tempo atrás eu nunca tocaria uma composição minha. Achava que eram todas um lixo. Achava que minha voz também não era boa o suficiente.

- Eu sei como você se sentia, Yumi-san... - disse Shuichi, um pouco solene demais, como se realmente soubesse. – Eu tive períodos muito ruins da minha vida e carreira em que duvidei de mim mesmo e do meu talento. Quase desisti de tudo. Mas agora estamos quase lançando o segundo álbum. Se eu cheguei até aqui, é porque há algo de bom em mim.

- Shuichi-san... – disse Yumi – Sabe o que eu vi lá em cima, no palco? Mesmo que sua música não agrade a todos, você tem carisma. E se algo como “talento” realmente existe, então você foi abençoado com ele. Você nasceu para isso. Eu não me divertia assim há meses.

- Yumi-san... –disse Shuichi, com os olhos brilhando cheios de lágrimas.

- Claro, se não chorar, não vai ser o Shuichi. – disse Hiro, sorrindo. E ele estava sorrindo para ela. O coração de Yumi quase parou.

- Eu estou atrasado para um encontro – disse Kyo, olhando para o relógio. – Preciso ir.

- Ah, eu também vou, sem querer ser mal-educado, estou muito cansado – disse Rui. – Vou aproveitar a carona.

- É, te dou uma carona de trem. Você vai amar. Yumi, benzinho, você vem?

Antes que ela pudesse responder, a voz esganiçada de Shuichi a interrompeu:

- Não, nós vamos comemorar o lançamento do nosso DVD! E vocês estão nele, têm que ir junto! Pelo menos um de vocês!

Era irônico demais, mas só Yumi iria poder ir. E não teria como recusar.

***

Não houve nada de especial durante a comemoração no restaurante escolhido por Shuichi. Eles conversaram sobre assuntos corriqueiros, trocaram telefones e promessas de que manteriam contato. Até mesmo Fujisaki havia sido simpático. O extraordinário, pelo menos para Yumi, aconteceu na hora de ir embora, em que Hiro lhe ofereceu uma carona em sua moto.

- Erm, não, isso não é necessário. Eu sempre pego o trem e me deixa na esquina.

- Não, é muito tarde, não acho uma boa ideia uma garota andar sozinha a essa hora da noite.

Ele só podia estar brincando. Até Yumi que quase não lia jornal sabia que a taxa de criminalidade no Japão era praticamente nula.

Mas com o coração quase explodindo sua caixa torácica, de tão forte que batia, Yumi subiu na moto. Colocar o capacete que a namorada dele usava a enchia de repulsa... E na hora em que ele acelerou, ela não teve escolha a não ser segurar nele. Como ele era quentinho. Ela teve vontade de abraçá-lo. O vento, o barulho do motor, tudo isso impedia que ele ouvisse as batidas de seu coração. Sorte dela, ou com certeza haveria perguntas que ela não saberia responder.

- É aqui? – perguntou Hiro, parando a moto.

O pequeno apartamento não era muito charmoso e isso a fez sentir ainda mais constrangida.

- Sim – ela disse, descendo da moto e devolvendo a ele o capacete. – Obrigada. Boa noite, Nakano-kun.

- Espere. – ele segurou o braço dela, como fez na primeira vez em que eles se encontraram.

- O que foi? – ela perguntou, sua voz vacilando.

- Yumi, o que há de errado? Por que agora você não me chama mais pelo primeiro nome? O que houve aquele dia da revista?

- Se você prefere, eu posso chamá-lo pelo primeiro nome. Mas não me faça essas perguntas... Hiro. Eu não posso respondê-las. Eu sei que lhe devo desculpas por ter agido como uma maníaca. Isso não voltará a acontecer.

- Yumi-chan... O que você não está dizendo?

- Ótimo. Então você quer uma confissão. Onde está sua namorada princesinha?

- Ayaka..? Está em Kyoto.

- A princesinha nem sequer veio ver um dos shows mais importantes da carreira do namorado. Ponto pra ela. Eu fui. E se quer saber, detesto aquelas músicas. Aí está sua confissão. Maldito seja. Faça o que quiser disso. Não devemos mais nos ver, eu não mereço ser torturada assim, eu não mereço passar por isso, eu—

E Yumi não sabia o que mais não merecia, pois Hiro cobriu seus lábios com os dele num beijo que a fez levitar.


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