Ele olhou ao seu redor, no Salão Principal. Agora estava tudo mais calmo. Logo ingressariam no Expresso de Hogwarts, em férias de verão tranqüilas depois da morte de Voldemort e prisão dos comensais. Pelo menos era isso que ele esperava. O salão estava meio destruído, resultado de tantos feitiços lançados durante a batalha final. Rony se postou ao seu lado, a mochila aos seus pés.

         - Acabou, não é. – disse olhando para o salão também. Então se virou para Harry e este o olhava, e no olhar trazia a tristeza de todos.

         - É o que parece, né. Acabou. – Seus olhos estavam meio vermelhos e parecia que ia chorar. Mas ele já chorara bastante pelas baixas que tiveram em seu “exército”.

         - Tá na hora, cara, melhor a gente ir. O pessoal já ta no trem. – Harry pegou sua mochila, que tinha as poucas coisas que lhe restavam. Quando se preparava para sair, ouviu um forte clique e Monstro apareceu em sua frente. Curvou-se numa reverência até tocar o nariz no chão.

         - Monstro gostaria de saber de seu amo Harry Potter, para onde Monstro deve ir ou se deve ficar na grande escola de Hogwarts, meu amo – Harry pensou um pouco. Não sabia se deixava Monstro na escola, mandava ele para A toca ou para o Largo Grimauld. Achou melhor decidir depois.

         - Fique aqui por enquanto Monstro. Qualquer coisa eu te chamo.

         - Sim, meu amo. – e com um estalo ele sumiu. Harry seguiu Rony e juntos eles embarcaram no Expresso de Hogwarts. Procuraram a cabine onde estavam Gina e Hermione e entraram. As duas se encontravam em silêncio, ambas com olhares tristes. Rony sentou-se ao lado de Hermione e a abraçou. Harry hesitou um instante e sentou-se ao lado de Gina. Não sabia como ficariam depois de tudo. Claro que não haveria nenhuma comemoração na qual ele a beijasse. Afinal, os Weasley estavam muito tristes para comemorar a vitória sobre Voldemort. No outro banco, Mione colocou a cabeça no ombro de Rony e passou a encarar Harry e Gina com uma expressão surpresa. Harry sabia o que ela estava pensando. Porque os dois também não estavam abraçados.

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         O trem ia avançando. Parecia que as horas não passavam. O silêncio continuava absoluto e tão denso que Harry teve impressão que poderia cortá-lo com uma faca. Olhava as árvores passando pela janela, quando Gina finalmente o quebrou

         - Vocês vão, afinal, contar o que fizeram esse tempo todo? – ela disse fingindo desinteresse, sua voz quebrando pela falta de uso.

         Harry olhou para Rony e Mione. Não sabia se contava ou não. Decidiu que Gina devia saber. Era uma prova de confiança. Harry narrou os acontecimentos da aventura dos três, tomando o devido cuidado para omitir que Rony tinha ficado um tempo longe deles, por ciúmes infundados. Contou de Godric’s Hollow, do poço que Rony o resgatou, de Gringotes, da sacada genial de Rony sobre as presas de basilisco, e percebeu que Gina sentiu um leve tremor nessa parte, além de todos os fatos.

         - Deixa eu ver se entendi. Você – sabe – Quem dividiu a alma dele em 7 partes, as colocou em objetos e vocês foram atrás dessas... coisas!! – Gina arregalou os olhos ao dizer isso e Harry completou

         - Na verdade eu descobri que eu meio que era uma horcrux também – Gina arregalou os olhos mas não disse nada. Harry sentiu o olhar dos amigos em cima dele também. – eu me entreguei a Voldemort e ele me matou... mas eu ... não... morri. – e deu um sorrisinho amarelo em resposta ao olhares repousados nele.

         - Acho melhor parar de falar nisso, não é – disse Hermione em resposta ao novo silêncio que se instalara. Todos se endireitaram nos bancos. A viagem continuou e assuntos menos densos surgiram na cabine. Falaram sobre o tempo, o que acontecera enquanto estiveram fora. Mas na realidade não havia muito que falar quando tudo que ocorrera era guerra.

         - E você, Gina, não está namorando? – Harry olhou para Hermione e percebeu que ela não estava preocupada com a resposta da pergunta que fizera, pois sabia que o interessado era ele. Gina baixou os olhos, mas antes de responder deu uma rápida olhada para Harry.

         - Claro que não. Como se eu tivesse tempo e vontade de namorar, com tudo que esteve acontecendo. – e depois o silêncio caiu na cabine mais uma vez.

         Não demoraram a chegar na estação King Cross. O Sr. e a Sra. Weasley estavam esperando por eles. Molly Weasley o abraçou como se nunca mais fosse vê-lo, assim como aos demais. Havia um carro do ministério que levaria todos para casa, afinal podiam haver Comensais foragidos ainda. Arthur e Molly se acomodaram no banco da frente e Harry, Rony, Hermione e Gina no banco de trás, aumentado com magia.        

         Chegaram na Toca e se acomodaram, tomaram banho para jantar. Hermione ficaria uns dias antes de tomar as devidas providências, como alterar novamente a memória de seus pais. Jantaram e se juntaram na sala, todos em silêncio. Aos poucos, cada um foi dormir, até que sobraram somente os quatro. Nenhum deles sentia o mínimo sono. Aquela seria uma noite muito longa.