Para sempre Comigo. escrita por Bommie


Capítulo 1
O início do fim.




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Sam sentou-se no piso florido do banheiro e encostou a bochecha suada na parede gélida. Seus olhos estavam entreabertos e sua respiração irregular. Sentiu o gosto metálico invadir novamente sua garganta e apoiou-se no sanitário. Depois passou a costa da mão na boca e jogou-se no chão novamente, deixando que as lágrimas escorressem livremente pelo seu rosto suado. Tirou alguns fios grudados no rosto e pensou nele. Era sempre ele, qualquer momento do dia. Ele que agora estava pensando em outra.

Sam sempre conseguia se safar, sempre ocultava seus sentimentos do mundo. Ela sempre fora fria e sem coração. Correto?

Não.

Sam era forte. Sim, forte desde pequena. Com uma personalidade marcante. Mas quando chegava em casa era somente uma menininha indefesa querendo um abraço. Querendo ser amada.

A loira agarrou os joelhos e gemeu. Seu coração estava sendo esmagado, aquela dor era horrível. Só por causa de um telefonema. Como alguém tem tudo sob controle e em um minuto desaba, perde o chão? Isso era tão injusto. Ela construíra esse muro por anos e ele desabara em questão de segundos. Todo seu esforço completamente ignorado.

Levantou-se com dificuldade, apoiando-se na pia. Abriu a gaveta e puxou uma caixa de calmante. Talvez isso resolvesse a dor.
Caminhou até a cozinha, arrastando-se pelas paredes e encheu um copo de água. Abriu a caixa e observou os comprimidos. Dois segundos depois todos eles já estavam encostando-se a sua língua e sendo jogados para dentro de sua garganta pela força da água. Mais de dez comprimidos. Sam estremeceu e um pequeno sorriso formou-se em seus lábios, tamanha era sua admiração pela própria ousadia.


Voltou para o banheiro, ainda sorrindo e olhou-se no espelho. Lavou o rosto e respirou fundo, analisando suas idéias. O que ela faria agora? Começou a sentir-se tonta e sentou no sanitário com as pálpebras pesadas. Não podia dormir. Ela tinha uma decisão a tomar.

Uma hora e meia atrás.


Sam entrou em casa e jogou a chave em cima do sofá. Sua mãe não estava, provavelmente saíra com o novo namorado. Foi para o segundo andar e deitou-se na cama, finalmente relaxando do dia cansativo. Aquilo a estava fazendo tão mal!

Lembrou-se de uma semana atrás, quando Carly foi até a padaria do outro lado da rua. Freddie colocou a televisão no mudo – estava passando seu programa favorito – e perguntou à Carly se estava levando o casaco. Depois falou para ela tomar cuidado e não demorar.
No dia seguinte, Sam tentou o mesmo. Estava se sentindo tão boba por causa disso... Mas mesmo assim o fez. Segurou a maçaneta e anunciou sua ida a padaria. Carly olhou e lançou-lhe um sorriso. Freddie continuou na mesma posição, atento ao programa.

Sam falou mais uma vez e então Freddie a olhou. Seus olhos tinham um brilho diferente e por um segundo ela pensou que ele fosse lhe dizer para levar o casaco. Mas ele apenas perguntou se ela podia trazer rosquinhas. Sam saiu do apartamento e só retornou três dias depois. Sem as rosquinhas.

Na realidade, Sam nunca encarou Carly como um obstáculo. Afinal, sua melhor amiga nunca olhara para Freddie com os mesmos olhos que Sam olhava. Ela só o considerava um bom amigo, produtor técnico do iCarly. Portanto, Sam nunca se preocupara com isso. Carly nunca amaria Freddie.

Engano seu.

Nos últimos dias, sua amiga de madeixas castanhas estava estranha. Seu olhar era perdido e ela suspirava mais do que o normal. E o jeito com falava o nome de Freddie podia matar uma pessoa diabética. Isso revirava o estômago de Sam. O que tinha na cabeça de Carly, afinal?

Sam suspirou e levantou-se da cama, indo em direção ao armário. Abriu-o, revelando o seu próprio “Santuário Benson”. Fotos, cartas nunca entregues, desenhos, CDs, objetos roubados do garoto sem o conhecimento dele... Será que Sam era uma psicopata? Será que Freddie a acharia estranha se soubesse disso?

Escutou seu telefone tocar e apressou-se para atender. Era uma chamada de Carly.

“Sam? SAAAAAAM!”

“Carly, não estoure os meus tímpanos. O que houve, garota?”

“Você não vai acreditar!”

“Conta.” – Pediu Sam, mesmo sem ter a mínima vontade de saber. Pura obrigação de amiga.

“Estou namorando!”

“Carly Shay! Você está... Namorando? Quem?” – “dessa vez” Sam completou mentalmente, sorrindo. Mas não se passava por sua cabeça que era...

“Freddie!”

O coração de Sam parou. Seu sorriso lentamente desapareceu de seu rosto e a voz de Carly sumiu. Ela estava paralisada. Sem chão. Faltava-lhe ar.

“...e então, ele envolveu minha cintura, NOSSA AMIGA, ele anda malhando! E ele foi se aproximando de mim lentamente, como nos filmes... E quando eu dei conta, ele já estava me beijando. E ELE BEIJA MUITO BEM! Como eu não aproveitei isso antes? Tipo, ele sempre me amou. Ah, eu já o beijei mas foi por obrigação.. Heroísmo. Agora é por amor... Sam?!”

“Carly... Estou passando mal. Tchau.”

“Mas S...”

Sam desligou o telefone e correu imediatamente para o banheiro. E era onde se encontrava agora, planejando os últimos minutos de sua vida. Resolveu que deveria deixar tudo bem claro para todos. Foi para o quarto, ainda sonolenta, e arrancou uma folha do caderno da escola que nunca usara. Testou umas duas canetas que falharam até encontrar uma boa. E começou seu adeus.

Depois de terminada a carta, Sam a dobrou várias vezes e saiu de casa, em direção ao Bushwell. Nunca esteve tão certa do que fazer.

Ignorou Lewbert quando este reclamou do horário. Estava cochilando e acordou assustado com o grito da Sam. Ela não podia deixar de fazer isso. Não quando nunca mais poderia fazer.

Esperou o elevador chegar ao último andar e de lá subiu de escada. Seu destino: saída de incêndio. Aquele lugar significava tanto para ela... Depois de ter tido o primeiro, último e único beijo de sua vida com quem amava nesse lugar, sempre que se sentia sozinha vinha para cá. Sentava-se na escada e enfiava os fones de ouvido, mergulhando na melancolia da música que basicamente descrevia o que sentia. A trilha sonora de seu beijo com Freddie.

Aquele lugar enchia-lhe o coração de uma maneira quase doentia. Ela podia sentir o cheiro e a presença de Freddie. Deixou a carta presa em cima do celular, no muro. Depois se afastou um pouco e subiu no mesmo, com muita facilidade. Lá de cima ela podia ver as luzes da cidade e o ar gelado batia contra seu rosto, era uma sensação muito gostosa.
Sam arriscou uma olhada lá embaixo, a distância era enorme. Os carros pareciam de brinquedo. Mas ela não se importou com isso: aliviaria sua dor, certo?

Então... Ela se jogou.

“Freddie... Eu te amo”

Sam pensou antes de fechar os olhos e entregar-se a queda. Sentia-se livre. Livre de tudo: das dores, das angústias, do medo, da tristeza. Livre de tudo, finalmente. E aquilo acabou antes que ela pudesse se arrepender.

xx

As luzes do carro da polícia iluminavam o local, deixando a paisagem assustadora. O corpo da loira estava coberto por um plástico preto, mas isso não impedia a terrível visão de uma poça de sangue que se espalhava por toda a calçada, descendo o meio-fio. Dois policias faziam anotações e o território estava cercado por uma fita amarela, impedindo que a multidão curiosa se aproximasse. Uma ambulância chegou, fazendo grande estardalhaço. Do outro lado da rua, Carly descia abraçada com Spencer, os olhos inchados e o rosto vermelho. Suas mãos tremiam. Logo atrás, Freddie vinha acompanhado da Sra. Benson. Estava pálido e ainda não havia entendido muito bem tudo o que estava acontecendo.

- O senhor é o responsável pela garota? – O policial mais alto com um grosso bigode perguntou a Spencer.

- Não, mas sou irmão da melhor amiga dela. – Spencer tinha dificuldades para falar. Afinal, ele amava muito Sam. Ela era como alguém de sua família.

- O senhor pode prestar depoimento?

- Sim, senhor.

Freddie parou de prestar atenção na conversa quando levou um susto com o grito agudo de Carly. A morena estava jogada no chão de pijamas, chorando pela amiga que não estava mais com ela. Ela socava o cimento e seu cabelo misturava-se com as lágrimas. As pessoas ao redor colocavam a mão no peito e sussurravam, com pena de Carly. Era uma cena deprimente.

Spencer levantou a irmã com dificuldade, pois a garota teimava em ficar perto do corpo de Sam. Um dos policiais ajudou Spencer e gritou para que a multidão se afastasse.

Freddie estava preso em seu pior pesadelo.

Três meses depois.


Foram os meses mais longos da vida de Freddie e Carly. Era tão difícil para eles aceitar a morte de Sam... Pior ainda era viver todos os dias sem o sorriso da loira. Freddie sentia falta de seus tapas, dos seus apelidos e principalmente de sua presença. Sam era única, insubstituível. Ela iluminava a todos com sua aura perfeita. Sam era toda perfeita. No primeiro mês, Freddie não saía do estúdio. Ali, ele agarrava-se com o controle da Sam e ficava murmurando consigo, chamando por ela. Todo o dia, essa rotina desgastante. Como ele a deixara escapar?

Carly não era mais a mesma garota. Um dia ela fora feliz, um dia ela fora de bem com a vida... Essa Carly não existia mais. Estava escondida dentro de um baú, bem lá no fundo. Carly não comia, não dormia e não sorria. E isso também afetava Spencer.
Dois dias depois do suicídio, os três encontraram a carta de Sam. Foi preciso muita coragem para ler. Depois disso, o clima ficou pesado entre eles.

Tudo... Tudo aquilo podia ter sido evitado.

Hoje fazia três meses que Sam havia partido. Carly estava doente e não podia ir ao cemitério visitá-la. Spencer ficaria para cuidar da irmã e Freddie foi sozinho. O céu era de um azul bonito, o mesmo tom dos olhos de Sam.
Freddie chegou até seu túmulo e leu mais uma vez os dizeres.

“Melhor amiga. Espetacular apresentadora do iCarly. Eterna em nossos corações”



Lágrimas quentes escorreram por sua face e ele logo tratara de secá-las. Nunca choraria na frente da Puckett.

- Sam... Eu sinto tanto sua falta. Por que você teve que me deixar? Por que não esperou? Era só uma questão de tempo... Eu tinha todas as explicações. Por que fora tão precipitada, meu amor? Por quê?

Sua cabeça girava.

- Sam... Esteja onde estiver, só me escute. Aquilo tudo... Sam, eu nunca namorei Carly. Eu sempre amei você, Sam. Sempre foi você! Eu simplesmente demorei a perceber isso. Fui burro e incapaz. Tudo isso é culpa minha! Você está... você está aí agora por minha causa! Aquele telefonema... Era tudo combinado, Sam! – a voz de Freddie falhava a cada palavra, as lágrimas não permitiam que ele falasse direito. – Sam, o tempo todo eu queria lhe causar ciúmes. Era só isso... Era uma brincadeira. Uma brincadeira de mal gosto que resultou nisso. Eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo...

Freddie caiu de joelhos e cobriu o rosto com as duas mãos. Aquele arrependimento o estava matando lentamente.

“Freddie... Eu te amo.”

O sussuro fez com que Freddie se levantasse e olhasse para trás, assustado. Estaria ele ficando louco? Sentiu um toque em sua bochecha e seu coração disparou. Era o toque dela. Ele sabia disso, ele sentia isso. O aroma único de Sam invadia suas narinas. Ela estava ali. Só podia ser ela.

- Sam...? – ele perguntou para o nada, sentindo-se bobo.

Sentiu o carinho em seu cabelo e um leve toque em seus lábios.

“Eu estou aqui, Freddie... Eu sempre estarei ao seu lado. Eu te amo.”

Freddie fechou os olhos.

Sam não o abandonara.

- Eu te amo... Minha eterna princesa Puckett.

xx

Os anos se passaram e com eles a dor.

Carly tornou-se uma moça bem sucedida. Ainda morava com Spencer, que se casara com uma bela moça e tivera uma filha.

Freddie tornou-se um homem bonito e feliz. Por muito tempo ele ficou afastado de todos. Mas suas feridas cicatrizaram-se e Freddie superou a terrível perda. É claro que teve um apoio. O mais perfeito apoio do mundo.

Pois Sam cumprira sua promessa e jamais o abandonara.


FIM



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Notas finais do capítulo

Olá! Meu nome é Jéssica e essa é a primeira história que posto no fanfiction.nyah. Não tinha muita certeza de como escrever as coisas, então tudo ficou meio vago. Com o tempo me acostumo :)

Bem, espero que vocês gostem da minha história! Sou uma Seddiana FANÁTICA! haha :D

Peace and Love, nerds.