A Bibliotecária escrita por Shiroyuki


Capítulo 10
Capítulo 10 - Separados


Notas iniciais do capítulo

Capítulo Final!


Espero que todos tenham gostado da história, por que eu realmente amei escrevê-la!Obrigada a todos pela atenção e pelos reviews,especialmente Nanaho, Gre hinata, Raqueel17 e Death Killer, que comentaram e me encorajaram bastante e também àqueles que não comentaram, fico muito feliz em saber que leram o que eu escrevi e de alguma forma sentiram algo do que eu quis transmitir!


Obrigada!



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— M-mas... eu não quero ir para a América. – Hinata disse, com lágrimas nos olhos.

— Sra. Hyuuga, eu... – ele tentou argumentar novamente, mas foi severamente interrompido.

— Desculpe garoto. Eu sei que você ajudou bastante a minha filha, mas não importa o que você diga, ela vai ir embora comigo.

— Naruto – Kushina passou a mão no braço do filho tentando acalmá-lo. Não podia culpá-lo por estar praticamente soltando fogo pelas ventas, já que ela mesmo estava se segurando para não levantar e dizer umas verdades na cara daquela mulher. Como ela podia chegar depois de duas semanas inteiras e ainda exigir algum direito?

— Vamos! – Naruto segurou Hinata pelo braço e a arrastou porta afora. Ainda ouviu alguma exclamação por parte da mãe dela, mas Kushina daria algum jeito nisso de todo modo.

— P-para onde? – ela perguntou, engasgando nas próprias lágrimas, enquanto era arrastada porta afora.

Naruto parecia sem palavras, o que era uma rara ocasião, que parecia ser sempre causada pela pequena Hyuuga. Andaram apressados até o outro lado da rua, onde havia uma praça não muito grande, com algumas árvores e arbustos baixos. Pararam exatamente embaixo da árvore que mais se destacava. Parecia centenária, e estendia seus ramos até a metade da rua. Naruto continuava de costas, sem exibir reação.

— N-naruto-kun – Hinata pediu, com a voz soprada, apertando a mão de Naruto entre as suas – você sabe que eu tenho que ir. É a minha mãe, a minha única família...

Naruto virou-se de frente,  mordendo os lábios trêmulos com força, prestes a deixar as lágrimas que segurava caírem. Levantou a mão, lentamente, até tocar a ponta dos cabelos negros que caiam em cascatas até o meio das costas de Hinata. Acariciou toda a extensão, até tocar o rosto branco e macio. Hinata fechou os olhos, sentindo seu coração palpitando sonoramente e seu rosto formigando. Jamais esqueceria todos esses sentimentos que Naruto a fez descobrir, e que tinha certeza que jamais iria sentir novamente.

Sentiu-o segurando atrás da sua cabeça, inclinando-a delicadamente, à medida que se aproximava cada vez mais. Hinata já não conseguia mais sentir o cheiro de flores, os raios de sol que tocavam seu rosto através da copa das árvores ou ouvir o canto dos pássaros. A presença de Naruto a impregnava por inteiro, e ela se esforçava para gravar cada detalhe na memória. Seu cheiro, seu toque, seu sorriso iluminado e a maneira com que ele a fazia sentir-se. Não poderia se permitir perder uma única lembrança do tempo que passou.

                Naruto tocou os lábios de Hinata, tão cuidadoso quanto pudera, sentindo o perfume dela se espalhando por seus sentidos. Ela era tão frágil delicada, ele não conseguiria sequer pensar na possibilidade de machucá-la ou assustá-la. Ao senti-la circundando os braços fracamente ao redor de seu pescoço, na ponta dos pés, aprofundou o beijo, desejando nunca mais ter que se separar. Por fim, a necessidade de respirar venceu, e eles se afastaram minimamente, olhando nos olhos um do outro.

Não tardou para as lágrimas aparecerem novamente nos olhos perolados. Hinata afundou a cabeça no peito de Naruto, abraçando-o com força, e  deixando as lágrimas caírem livremente. Essa seria a última vez que choraria dessa forma, parecendo tão fraca, prometeu a si mesma.

—Eu te amo, Hinata. Vou esperar bem aqui, por você – Naruto disse, com a voz baixa e rouca.

— Por quanto tempo? – Hinata perguntou, levantando a cabeça suplicante.

— Para sempre, se for preciso – Naruto disse, com um sorriso brilhante e confiante. Não se importaria de esperar o tempo que fosse para ter a pequena bibliotecária de volta nos seus braços.

— Eu amo você – ela murmurou baixinho, enterrando a cabeça no abraço de Naruto de novo, com o rosto escarlate.

-

Naruto caminhava pela calçada despreocupadamente, sem se importar com o fato de ser um adolescente de 16 anos chegando em casa no final da tarde da sexta feira sem plano algum para o fim de semana.Seus dias livres há muito tempo haviam deixado de ser como os dos outros garotos da sua idade. Há três anos, mais precisamente.

Com seus fones de ouvido no volume mais alto, ele seguia com a mente vazia, observando tudo ao seu redor com os olhos azuis atentos. Observar a paisagem havia se tornado um hábito inconsciente, adquirido graças à influência dela.

Deu mais uma olhada ao redor, até notar uma pequena figura, que caminhava lentamente logo a sua frente. Os cabelos longos e azulados esvoaçavam delicadamente, acompanhando seu andar, iluminados pela luz alaranjada do poente.

— Hinata... – sussurrou.

Seu coração deu um baque doloroso no fundo do peito. Ele sentiu a respiração falhar, enquanto se aproximava apressado, retirando os fones do ouvido. Pousou a mão no ombro da garota, sentindo-a arfar de susto. Olhos castanhos o encaram, assustados.

— D-desculpe, eu me enganei... – ele disse, surpreso – pensei que fosse outra pessoa – acrescentou, em tom decepcionado.

É claro que havia sido um engano, afinal, o que ela estaria fazendo aqui, no Japão? Ela havia se mudado há três anos atrás, com sua mãe, para alguma cidade no Canadá, e depois de apenas duas semanas, eles perderam totalmente o contato um com o outro. Nenhum e-mail, carta, ligação, nada.

Seu coração voltou a bater no ritmo calmo de sempre, quando ele retomou seu caminho. Batia devagar, e cada batida latejava mais forte, constatando o que ele já havia pensado desde o inicio. Ela simplesmente perdera o interesse.

Em um país distante, com pessoas diferentes e interessantes, o que uma pessoa como ela ainda ia querer com um cara como ele, que só vê graça em programas de TV, em mangás e em jogos, e que não tem aspiração alguma para o futuro. Certamente existiriam centenas de canadenses muito mais inteligentes e bem-sucedidos que ficariam melhor com ela.

Entrou em casa, sem conseguir conter o suspiro de frustração. Não era a primeira vez que ele atacava pessoas na rua por engano. Em alguma dessas vezes ainda acabaria preso.

— Mãe, tem suco na geladeira? – gritou para a entrada vazia, dirigindo-se para a cozinha enquanto largava a mochila no sofá e afrouxava o nó da gravata vermelha do uniforme.

Abriu a geladeira, examinando seu conteúdo enquanto filosofava sobre a vida. Acabou pegando apenas água. Fechou-a, olhando ao redor.

Seu coração parou de bater, repentinamente. Ali a sua frente, sorrindo de maneira culpada, e mais vermelha do que nunca, a pequena e recorrente aparição dos seus sonhos o fitava, apreensiva. Naruto deixou a garrafa de água cair no chão, fazendo um estardalhaço, com os olhos arregalados e a boca aberta.

— B-boa tarde N-n-naruto-k-kun – ela sussurrou, com sua voz de soprando. Estava mais alta e mais desenvolvida, com curvas aparentes nos lugares certos, encoberta por um tipo de uniforme escolar estrangeiro, com os cabelos negros cortados na altura da nuca, apontado para todos os lados, e a franja reta cortando sua testa. Os olhos perolados percorriam toda a extensão do rosto de Naruto, avaliando sua reação.

O loiro avançou alguns passos, temeroso, com a cabeça inclinada em confusão. Aquela era uma ilusão muito real. Ele estava dormindo na aula do Kakashi de novo?

— N-naruto-kun, me desculpe! – ela começou a falar de olhos fechados, se curvando, com a voz aumentando algumas oitavas – Me desculpe por não ter mantido contato como eu prometi. A cidade para onde me mudei ficava na divisa com o Alaska, era realmente muito pequena, e fria! Lá não havia sinal de telefone, nem internet, e correio não tinha nenhuma conexão para o Japão. Eu sinto muito por não ter me esforçado devidamente, eu... eu...

Naurto gargalhou, sonoramente. Aquilo era com toda a certeza uma ilusão. Hinata jamais falaria tanto assim, ininterruptamente. Depois parou subitamente, avaliando a situação em que se encontrava, com o olhar vacilante. A Hinata que invadia seus sonhos em geral permanecia com 13 anos, vestia o uniforme de marinheira, e não costumava fazer mudanças estéticas.

— Hina-chan, você está aqui mesmo? – perguntou baixinho para a ilusão. Hinata pareceu um pouco surpresa, corando, mas logo sorriu gentilmente, com os olhos brilhando.

— É claro que estou, Naruto-kun. Minha mãe foi transferida novamente, e eu pretendo fazer minha faculdade aqui no Japão. Não vou embora, nunca mais, eu prometo. Senti tanto a sua falta – acrescentou por fim, num tom de voz sussurrado.

Naruto avançou, com os braços estendidos, envolvendo Hinata num abraço acolhedor e esperado. Ela pousou a cabeça em seu peito, sentindo o cheiro dele, como costumava fazer há muito tempo. Naruto escondeu a cabeça na curva de seu pescoço, deixando as lágrimas acumuladas ao longo dos anos esvaírem-se. Passou a mão nos cabelos curtos, certificando-se mais uma vez. Hinata afastou-se minimamente, secando as lágrimas que caiam abundantes pelas bochechas riscadas. Naruto sorriu, o sorriso brilhante que pertencia somente a ela, colocando uma mecha do cabelo, mais comprida, atrás da orelha. Hinata tremeu levemente com o toque, fechando os olhos, esperando poder gravar também esse momento em suas memórias.

Naruto tocou nas faces coradas, sentindo sua textura e calor, e as lágrimas que escapavam pelos olhos fechados. Aproximou-se mais, ainda temendo internamente que tudo se esvaísse em fumaça e ele acordasse na classe, com Kakashi batendo em sua cabeça com o livro. Segurou o corpo trêmulo de Hinata com a outra mão, pela cintura, como se quisesse impedi-la de fugir. Inclinou a cabeça, de olhos fechados, sentindo a respiração arquejante dela bater no seu rosto, causando-lhe arrepios na base das costas.

Tocou nos lábios de cereja, como havia feito há tanto tempo atrás, sentindo-se tão inseguro e atento como nunca. Percebeu o pequeno movimento de Hinata, abrindo lentamente os lábios, incerta, e aprofundou o beijo. Estreitou ainda mais o espaço entre eles, apertando o abraço.

Sentiu seu corpo todo vacilar, enquanto seu coração preenchia-se por completo. Afastou-se, fitando Hinata com cuidado. Ela estava certamente mais adulta, mas ainda conservava os traços gentis, delicados e até mesmo infantis.

— O que aconteceu com você, Hina-chan, e nunca vi você falar tanto! – ele disse sorrindo, em tom de deboche, sem soltá-la de seu abraço.

Hinata o fitou, com as sobrancelhas franzidas e um biquinho único.

— Provavelmente foi a sua influência. Eu fiz amigas bem rápido lá no Canadá, sempre lembrando os seus conselhos. – ela disse, puxando-o para sentarem-se na sala – por falar nisso, tenho que ligar para as garotas do clube sinto tanta falta delas!

— Sim, sim, mais tarde – ele disse, fazendo carinho em sua cabeça, enquanto sorria.

— Ah! Quase ia me esquecendo! Lembra que eu sempre dizia que tinha muita vontade de escrever um livro? Então, eu comecei a escrevê-lo, e consegui mostrar a uma editora, que se interessou muito.

— Mesmo?

— Sim, eu trouxe o manuscrito, está lá em cima com as malas. Sua mãe me convidou para ficar aqui, sabia?

— Aqui... – Naruto corou imperceptivelmente, com os pensamentos que a informação o sugeriu, mas soube disfarçar bem – ah! O manuscrito, eu posso ver?

— Aanh... – ela encolheu-se no colo de Naruto, escondendo a face rubra – e-eu acho melhor não.

— Porque? Sobre o que fala? – indagou, sem entender.

— Você... – murmurou apenas, desejando poder encobrir melhor o rosto escarlate. Naruto sorriu largamente, começando a se levantar. Agora precisava ler esse livro mais do que ninguém. Certamente correria escada acima, e leria todo o manuscrito antes que Hinata pudesse sequer piscar.

— N-não! – ela o impediu, chorosa - e-eu pego!

Naruto observou o rosto delicado e vermelho, de que tanto sentiu falta. Parecia surreal tê-la novamente ao alcance de suas mãos. Estreitou os olhos, pensando profundamente.

— Mas não agora – Naruto a puxou urgentemente para seus braços, no sofá, impedindo-a de se mover – você vai ficar aqui comigo! Não vai a lugar algum!

— Eu não vou a lugar nenhum – repetiu, sorrindo para si mesma, apoiando a cabeça no peito dele – Nunca mais.

Esse é o final feliz da Bibliotecária?

Não. É apenas o começo da sua história.

O que aconteceu antes era apenas um prólogo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada novamente à todos que leram, espero que deixem reviews!!

Kisu♥

Shiroyuki