Margaret Através do Espelho escrita por Alice Moor Schiller


Capítulo 8
Capítulo 8




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No capítulo anterior...

- Desculpe. Eu... – Ele disse, desviando o olhar do meu rosto avermelhado.

-Shh... – Eu fiz, colocando o indicador em frente aos meus lábios. – Não precisa se desculpar. – “Eu gostei. Por mim podíamos continuar”, pensei, esquecendo que ele ouviria.

Diego levantou e pegou sua capa no chão. Quando saiu do quarto, ele ainda gargalhava.

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  Só quando Diego saiu que eu fui reparar na decoração do meu novo quarto. Eu imaginava que seria algo bem antiquado, de acordo com o toque medieval, bela época, ou sei lá o quê da idade da pedra que tinha na casa. Não que eu não gostasse da decoração da casa, eu realmente gostava. Mas fiquei muito feliz quando vi que o meu quarto tinha um lindo armário branco de quatro portas com enfeites lindos de borboletas bem discretos e delicados, uma bancada, também branca, com um relógio cor de rosa em forma de porquinho, alguns papéis em branco e um porta caneta com enfeites de borboleta parecidos com os do armário. A cadeira da bancada tinha um acolchoado rosa-pele e a cama em que eu estava sentada era daquelas super macias que possuem um amontoado de colchões.

  Isso me fez pensar... Eu nunca fui até a cidade por aqui. Eu passei quatro anos vivendo pela floresta com um lêmure, brincando, procurando frutas para comer, tentando acreditar que era só um sonho. Perdi muito tempo. Sei lá... Talvez eu só estivesse perdida pelo jardim daquela família e encontrasse a casa se fosse em direção a cidade... Ah, droga. Certo, tudo vai ficar bem, Diego prometeu.

Eu levantei da cama, me forçando a abandonar aqueles pensamentos. Apaguei a luz, olhando primeiro o caminho que eu faria para retornar a cama. Eu estava cansada, era melhor dormir. Deitei e fechei os olhos, mas um som estranho alcançou meu ouvido. Abri os olhos para ver de onde vinha aquele barulho. Um chiado. Não sei.

- AAAAAAAAAAA! – Eu gritei, apavorada, quando vi aqueles dentes enormes sorrindo em minha frente.

Logo depois um gato listrado de rosa e roxo foi ganhado forma em meio a fumaça com seu sorriso que ia quase que de um olho ao outro. Ele sumiu de novo, então eu voltei a fechar os olhos, achando que devia estar mesmo ficando louca. Mas ouvi o som estranho outra vez. Ele tinha um miado esquisito e extremamente irritante. Dessa vez estava deitado próximo aos meus pés, com o rosto sorridente apoiado em suas patas da frente, que estavam cruzadas. Seu rabo peludo e listrado movia-se de um lado para o outro continuamente.

- Você não seria Alice, seria? – Agora essa. Os gatos também falam. Não duvido mais de nada.

- Margaret, prazer. – Me apresentei, sentando na cama de frente para o gato.

- Que faz no País das Maravilhas?

- Só estou procurando o caminho de casa, na verdade.

O gato sumiu outra vez e reapareceu mais perto de mim.

- Interessante. – Ele disse pausadamente.

- E o senhor, quem é? – Perguntei.

- Só um gato. – Ele alargou ainda mais seu sorriso, como se fosse possível.

- Que faz aqui, Gato?

- Vivo.

- Quero dizer aqui, no meu quarto, há essa hora! – As respostas dele eram tão irritantes quando seu miado estranho.

- Belo quarto. – O Gato ria. – Ah, é hora do chá. O Chapeleiro está me esperando, é o meu desaniversário. – Ele falou e foi girando no ar, virando fumaça até sumir. Seu sorriso foi o último a desaparecer no ar, junto ao som da sua risada esquisita.

- País das Maravilhas, Alice, Chapeleiro... Meu pai lia essa história para eu dormir. Se eu me lembrasse de como Alice voltava para casa... – Murmurei para mim mesma, caindo no sono.

  Lá estava a garotinha loira de vestidinho azul. Ela abriu os olhos, estava encostada numa árvore alta, repleta de flores amarelas.  Não muito longe, estava a pequena casa do sítio em que morava com seus pais e sua irmã mais velha. Na grama, ao lado da garota estava um livro antigo. Alice coçou os olhos para ter certeza de que havia mesmo voltado para casa. Ah, então toda aquela coisa de Rainha Vermelha e País das Maravilhas tinha sido apenas um sonho...

  - Margaret! Acorde! Estão todos te esperando para o café-da-manhã. Estou com fome! Vamos! – Ouvi o meu lêmure chamar.

Abri os olhos e lá estava eu, no meu novo quarto, que por sinal era lindo. Simon não parava de tagarelar, perto do meu rosto, em cima da cama.

- Ah, finalmente você acordou! – Ele gritou. Sempre fica irritado quando está com fome, e quase sempre está com fome...

- Simon... – Eu comecei a falar, sentando na cama. – Sabe aquela história de Alice no País das Maravilhas?

- Claro! Todos conhecem!

- Então, ontem eu falei com o gato. Era o gato da Alice, tenho certeza. Com aquele sorriso gigante, listras rosas e roxas, virando fumaça...

- O gato esteve aqui?! – Ele pareceu espantado.

- É. Eu sei lá o que ele queria... Ele perguntou se eu não era Alice. Então me apresentei para ele. Eu tentei perguntar o que ele queria aqui, mas ele não respondeu. Saiu dizendo que o Chapeleiro estava esperando. Ontem foi o desaniversário do Gato...

- Talvez ele tenha ficado decepcionado por Alice não ter aparecido para o desaniversário dele e a estivesse procurando, não?

- Sei lá. – Dei de ombros.

- Vamos logo comer! Eu estou ficando louco de tanta fome! – Simon disse, deixando de lado o assunto Gato.

- Sim, vamos. - Eu devia estar horrível, com um vestido preto básico que já estava aos trapos e o cabelo loiro desgrenhado, do jeito que acordei, mas enfim.

                      

By: Alice M. Schiller


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Notas finais do capítulo

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