-E também sou encarregado de recolher sua alma.

     Mari mal respirava, sentia o coração espancando seu peito. Não conseguia tirar os olhos de Hiro, que prosseguiu:

     -Você devia ter morrido no dia que sofreu o acidente. Eu estava dirigindo e te atropelei com força suficiente. Mas quando fui pegar sua alma, mais precisamente sua morte, eu ouvi você gritar. Era seu espírito pedindo uma nova chance, implorando para viver.

     Hiro olhou para Kyo, que não parecia tão surpreso com tudo aquilo.

     -Vocês tinham brigado não é? Foi por isso que sua alma se recusou a ir. – ele voltou a se dirigir à Mari. – Não queria partir estando brava com Kyo. Do resto você já sabe: nos conhecemos no hospital e todos me chamavam de “salvador” – Hiroshi gesticulou as aspas. -, quando na verdade eu quis te matar.

     O susto era tanto que Mari tremia, e mesmo assim conseguiu forças para perguntar:

     -E o Kyo? O que tem a ver com isso?

     Dessa vez foi Yachi quem falou:

     -Ele não é só um mero amigo para você Mari.

     Mas antes que pudesse prosseguir, foi interrompido por um grito do rapaz:

     -Você não tem nenhum direito de contar!

     Ignorando-o, Yachi continuou:

     -Assim que o vi ontem, quando te deixei no café, eu soube quem ele era.

     -Cala a boca! Você não pode contar!

     -Contar o quê – Mari estava ainda mais tensa por causa dos gritos de Kyo.

     -Hizoka Kyo é seu anjo da guarda. – Yachi finalizou.

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