Talvez seja estranho eu não ter percebido, de fato quando foi que isso começou. Sempre fui muito observador, sabendo tudo que se passava com os outros. Mas quando se tratava de mim, me sentia perdido no escuro. Talvez porque todos eles serem destinados ao Honey-kun. Era fácil entende-lo. Doces. Carinho. Diversão. Eram as palavras as quais não poderiam faltar na vida dele. Isso era fácil.

Mas entender o que estava se passando com ela, era difícil. Sempre tentava esconder tudo com um sorriso gentil. Não se deixava levar pelas conquistas de Tamaki-kun. Mesmo em um ambiente diferente ao qual estava habituada, não se deixava perder em devaneios, deixava intacta sua dignidade, seus princípios. A razão pela qual ela tentava gritar, era para mostrar as injustiças. Sua compreensão, essa é maior do que eu poderia cogitar rotular. Nunca mostrava-nos seu lado frágil. Guardava tudo para si. Não como uma barreira, apenas como uma defesa.

Considerada no sexo frágil, nunca deixou-se abater. Cabelos curtos, uniforme masculino, e ainda assim, a aura que emanava dela, era angelical.. Delicada e determinada. Seu sorriso estava sempre em uma feição serena, observadora. Sempre pronta para concertar alguma das burrices feitas por Hikaru ou Kaoru. Diferente da maioria, ninguém a ganha com suas cantadas prontas, com um buque de rosas, ou com um romance perfeito. Ela prefere as coisas não convencionais. Ela prefere uma declaração inesperada, apenas uma rosa vermelha, uma briga na chuva, um reconcilio sobre o luar. Coisas inesperadas, emoções fortes.

Seus olhos abrem uma porta de emoções inesperadas, um novo mundo. Como se nele habitassem os piores demônios, misteriosos, envolventes e sedutores. É possível encontrar neles, um crepúsculo, congelado e emoldurado. Ela não precisa de atributos artificiais para chamar atenção. Sua pele, macia como seda, parece brilhar no sol. Seus cabelos representam sua alma, totalmente livre, sem nada prendendo-os. Seus lábios, eram cheios e vermelhos. Pareciam terem sido desenhados, em cada detalhe. Mas mesmo que eu pudesse observar ele por inteiro e descrever cada característica visível nela, eu ainda não a conhecia em nada. Uma infinita série de contradições. Uma barreira impenetrável dos mais fascinantes sentimentos.

- Mori-senpai?

Pisquei algumas vezes e senti o calor aquecer minhas bochechas. Estava pensando nela todo esse tempo sem perceber que ainda estava no Clube dos Anfitriões. Parada a minha frente, estava Haruhi-san, com aquele sorriso discreto, e os olhos que pareciam esconder um mundo inabitado de descobertas.

- Ah?
- Honey-senpai está te procurando.
- Ah. Obrigado.

Assim que me levantei, ela deu um de seus calorosos sorrisos. Uma mescla de sentimentos confusos, incompreendidos tomavam conta de mim. Arrepios que subiam por toda a minha espinha.

- MORI-KUN!

A fina voz de Honey me invadiu em um grito desesperado. Apertei o passo correndo pelo grande salão, sem olhar para trás. No fim, eu sabia o porque de não me declarar, de não deixar tais confusos sentimentos transparecerem e tomarem conta de mim. Porque já havia alguém que ocupava meu coração. Honey sempre havia sido a minha prioridade. Sem dizer uma palavra, eu sempre havia estado ao seu lado e sempre estarei. Ele pode sempre me dizer tudo que se passa com ele, porque eu estarei aqui para ouvir.