Antes do Final Feliz escrita por Evvy, Lari-cullen, Yvve


Capítulo 14
XIII - Primeira Caçada




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O sabor era errado, mas o sangue era quente e molhado e acalmava

a sede louca que pinicava enquanto eu bebia apressada e

ansiosamente. A resistência do gato foi ficando mais e mais fraca, e

os seus gritos acabaram-se com um murmúrio. O calor do sangue

irradiou por todo o meu corpo, aquecendo até mesmo a ponta dos

meus dedos.

O leão havia se acabado antes de mim. A sede se alargou novamente

quando ele ficou seco, e eu afastei sua carcaça do meu corpo

enojada. Como eu ainda podia estar com sede depois de tudo isso?

Eu me pus ereta em um movimento rápido. De pé, eu percebi que eu

estava uma bagunça. Eu limpei meu rosto na parte de trás do meu

braço e tentei arrumar o vestido. As garras que haviam sido tão

ineficientes contra a minha pele haviam tido mais sucesso com o

cetim fino.

- Hmmm. - Edward disse. Eu ergui meus olhos para vê-lo encostado

casualmente no tronco de uma árvore, me observando com um olhar

pensativo em seu rosto.

- Eu acho que podia ter feito isso melhor. - eu estava coberta de

sujeira, meu cabelo cheio de nós, meu vestido manchado de sangue

e em fiapos. Edward não voltava para casa de viagens de caça deste

jeito.

- Você se saiu perfeitamente bem. - ele me assegurou - É só que...

foi muito mais difícil para mim observar do que deveria ter sido.

Eu ergui minhas sobrancelhas, confusa.

- Vai contra a minha natureza, - ele explicou - deixar você lutar com

leões. Eu estava tendo ataques de ansiedade o tempo todo.

- Bobagem.

- Eu sei. Velhos hábitos são difíceis de superar. Mas eu gosto das

melhorias no vestido.

Se eu pudesse corar, eu o teria feito. Eu mudei de assunto.

- Porque eu ainda estou com sede?

- Porque você é jovem.

Eu suspirei.

- E eu não acho que hajam outros leões da montanha por perto.

- Mas há muitos veados.

Eu fiz uma careta.

- O cheiro deles não é tão bom.

- Herbívoros. Os comedores de carne tem um cheiro mais parecido

com os humanos - ele explicou.

- Não tão parecido assim com os humanos. - eu discordei tentando

não lembrar.

- Nós podemos voltar. - ele disse solenemente, mas havia uma luz

de provocação no seu olhar - Quem quer que fosse por lá, se fossem

homens, eles provavelmente nem se importariam com a morte se

fosse você a entregá-la. - o olhar dele percorreu o meu vestido

rasgado novamente - De fato, eles iriam pensar que já deviam ter

morrido e ido para o céu no momento em que te visse.

Eu rolei os meus olhos e bufei.

- Vamos caçar alguns herbívoros fedidos.

Nós encontramos um grande bando de veados enquanto voltávamos

para casa. Ele caçou comigo desta vez, agora que eu havia pegado o

jeito da coisa. Eu derrubei um grande macho, fazendo uma bagunça

tão grande quanto a que eu havia feito com o leão. Ele havia

terminado com dois antes que eu terminasse o primeiro, nem um fio

de cabelo fora do lugar, nem uma mancha na sua camisa branca. Nós

perseguimos o bando amedrontado e horrorizado, mas em vez de me

alimentar, desta vez eu observei cuidadosamente para ver como ele

conseguia caçar de forma tão asseada.

Pensando em todas as vezes que eu desejei que Edward não tivesse

que me deixar para trás quando ele fosse caçar, me deixou

secretamente aliviada. Pois eu tinha certeza que ver isso seria

assustador. Amedrontador. Que vê-lo caçar iria fazer com que eu

finalmente o visse como um vampiro.

É claro que era muito diferente desta perspectiva, agora sendo uma

vampira eu mesma. Mas eu duvido que até mesmo os meus olhos

humanos tivessem perdido a beleza aqui.

Era uma experiência surpreendentemente sensual observar Edward

caçar. O seu disparo suave era como o bote sinuoso de uma cobra;

as suas mãos eram tão assertivas, tão fortes, tão completamente

inescapáveis, os seus lábios cheios eram perfeitos enquanto se

separavam sobre seus dentes brilhantes. Ele era glorioso. Eu senti

um choque repentino de orgulho e desejo. Ele era meu. Nada jamais

poderia separá-lo de mim agora. Eu era forte demais para ser

arrancada do lado dele.

Ele era muito rápido. Ele se virou para mim e me encarou curioso

com a minha expressão exultante.

- Não está mais com sede? - ele perguntou.

Eu dei de ombros.

- Você me distrai. Você é muito melhor nisso que eu.

- Séculos de prática. - ele sorriu. Os seus olhos eram

desconcertantemente adoráveis num tom de mel dourado agora.

- Apenas um. - eu o corrigi.

Ele riu.

- Você está satisfeita por hoje? Ou você quer continuar?

- Satisfeita, eu acho. - eu me sentia muito cheia, meio como se

estivesse com o estômago cheio d’água. Eu não tinha certeza quanto

mais líquido caberia dentro do meu corpo. Mas o fogo na minha

garganta estava apenas atenuado. Mas então, eu já sabia que essa

sede era apenas uma parte inescapável desta vida.

E valia a pena.

Eu me sentia no controle. Talvez o meu senso de segurança fosse

falso, mas eu estava bem convencida de que não iria matar ninguém

hoje.


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