Ficamos lá por um tempo, depois nos separamos e nos encaramos, assustados.

- Qual é o nosso problema? – Romeu perguntou, atordoado.

- E-Eu não sei. Só sei que eu estou muito confusa agora... – Falei.

- A gente tem que parar de fazer isso.

- Concordo... – Eu disse. – Eu acho que a gente devia voltar a se odiar para poder esquecermos isso tudo. Lembre de quando você me achava muito irritante.

- Ah, eu lembro. – Ele sorriu. – Bem melhor assim.

- Eu também lembro.

- Ah é? Você também lembra de como você era chata? Irritava, não é? – Ele brincou.

- Deixa de ser idiota, garoto. – Eu o empurrei de leve e ele riu.

Fomos para a sala para o jantar. E adivinha o que era? Pizza! Metade calabresa, metade frango com catupiry.

Comi bastante, mas no final eu olhei para aquela última fatia, ela olhou para mim e eu já estava puxando a caixa da pizza para mim, quando Romeu puxou para ele.

- Ei! Larga a minha pizza! – Gritei.

- É minha pizza!

- Minha pizza!

- Não, é minha!

- Minha!

Ficamos disputando aos olhares de todos até que Rafa pegou a fatia e meteu quase tudo dentro da boca.

- Pronto, agora é minha. – Ele falou, de boca cheia.

No dia seguinte, o professor anunciou uma competição de natação entre meninas e meninos porque para ele “é preconceito dividir meninos e meninas”. Para mim, isso era ótimo porque eu sempre quis competir com Romeu.

A competição era entre 6 meninas e 6 meninos, mas para mim só havia eu e Romeu ali e eu tinha que ganhar dele de qualquer jeito.

Os 5 melhores iriam competir entre si e depois os 3 melhores.

Enquanto eu me alongava, olhei para Romeu e lhe mandei um sorriso malicioso.

Nos preparamos e quando o professor disse “já”, eu nadei mais rápido do que já havia nadado antes. Quase não respirei para não perder tempo e só abri o olho quando senti a parede de ladrilhos. Subi minha cabeça e comemorei, percebendo que eu era a primeira. Vi Helena pular de alegria na arquibancada e Romeu, que chegou em segundo, a olhar de cara feia.

Saímos da piscina e Romeu veio falar comigo:

- Não se anima muito não porque ainda faltam duas competições.

Na segunda, eu continuei nadando muito rápido. Porém, me atrapalhei no final e, por isso, acabei chegando em segundo lugar.

A terceira era um desempate.

Eu precisava ganhar do Romeu, eu precisava.

Romeu PDV

Eu precisava ganhar da Julieta, eu precisava.

Me alonguei bastante e quando o professor falou já mais uma vez, nadei como nunca havia nadado na vida.

No meio do caminho, olhei para trás e vi Julieta atrás de mim, colocando toda sua força em seus braços.

De repente, a ouvi gritar muito alto. Ela parou e se contorceu.

Quando dei por mim, já havia deixado a competição para trás e nadava desesperadamente até ela.

Acabei chegando lá antes do professor e do médico da escola.

- Ei, o que foi? Você está bem? – Perguntei, preocupado.

- Eu acho que desloquei meu ombro. – Ela falou, morrendo de dor.

O médico chegou na hora que ela falou isso e eles a levaram para fora da piscina. Eu fui atrás, querendo saber se ela iria ficar bem.

- Julieta, a gente vai ter que colocar o seu ombro no lugar e isso vai doer um pouco, ok? – O médico falou.

Ela assentiu e antes deles colocarem seu ombro no lugar, ela estendeu seu braço bom para mim e eu segurei sua mão com força.

O médico mexeu em seu ombro e eu fechei os olhos, só ouvindo os gritos dela. Uma agonia surgiu dentro de mim e, quando os gritos pararam, eu abri os olhos e vi lágrimas escorrerem em seu rosto.

- Está melhor agora? – O médico perguntou e ela assentiu.

Eu soltei sua mão antes que aquilo ficasse constrangedor. Olhei em volta e percebi que a sala inteira rodeava a gente.

- Você vai ter que usar uma tipóia durante uma semana e não vai poder fazer esforço nenhum no braço, ok? – O médico falou.

Ela concordou e foi para a enfermaria.

- Bom, como houve um acidente, a competição foi cancelada. – O professor falou, causando um “aah” geral.

- Gostei da sua atitude, Romeu. – Helena falou de repente, me assustando.

- Ah, não foi nada. – Falei, sem graça.

- Foi sim. Você realmente se mostrou um amigo hoje. Estou orgulhosa de você. – Ela continuou e eu rolei os olhos.

Julieta PDV

“You said you’d never break up with me!”

“I never thought you’d make me feel like this”

Eu estava sozinha em casa vendo o episódio 9 da segunda temporada de Glee pela milésima vez. Eu chorava tanto que quando Romeu chegou, ficou preocupado comigo.

- O que foi? Ta doendo? Você precisa de alguma coisa? – Ele correu até mim.

Eu neguei enquanto soluçava e apontei para Rachel chorando.

- Eu... Não entendi. Você está chorando por causa de uma série?

- FINCHEL ACABOU! – Eu gritei e comecei a chorar mais ainda.

Eu o abracei e senti que ele estava desconfortável com isso, sem saber o que fazer. Por fim, ele acabou me dando tapinhas nas costas.

- Vai ficar tudo bem.

- Não, não vai. Um dos melhores casais de todos os tempos acabou e eu não posso fazer nada pra concertar isso. – Chorei mais ainda.

Ele me encarou por um momento e perguntou:

- TPM?

Eu assenti.

Ele levantou o indicador, pedindo para eu esperar e foi até a geladeira. Voltou de lá com uma barra de chocolate na mão.

- Era o último que eu tinha. – Ele me entregou.

Olhei para a barra e depois para ele e retornei a chorar.

- Você ta tão legal! Obrigada! – O abracei. – Como você sabia que eu precisava de chocolate?

- Eu sempre tenho um extra no caso da Helena vir com essas crises. – Ele falou e eu sorri.

- Ei, eu tenho... – Ele olhou o relógio. – Uma hora de tempo livre. Que tal você me contar mais sobre Glee enquanto isso?

Eu abri o maior sorriso e dei uns tapinhas no sofá para ele se sentar ali.

Ficamos conversando e vendo alguns episódios de Glee como bons amigos. Pena que isso não duraria por muito tempo.