Revista Nerd escrita por SumLee


Capítulo 2
Perdendo o senso pela Alice




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1. Perdendo o senso pela Alice


- Argh! Eu odeio tudo isso. – falei batendo a porta do meu armário.

- Você até parece uma revoltada desse jeito. – Alice soltou um risinho.

Pareço? Eu não sou uma revoltada. É só o meu jeito de... Extravasar? Talvez porque estamos no começo do segundo ano, e ainda falta mais um para acabar e eu me ver livre desse buraco chamado de cidade. E porque hoje minha mãe me irritou as sete da manhã, o que não ajuda no meu mau humor matinal.

- Claro, não é você que tem uma mãe chata e mandona.

Aquela manipuladora dos infernos.

- Sua mãe não é chata.

- Não? Tem certeza?

- Tenho.

- Ok, me diga uma vez que ela não foi chata? – pedi.

Me encostei no armário enquanto Alice parava de olhar no dela para me encarar.

- Tem aquela vez que nós... Não, ela não deixou. Mas tem aquela vez que... Não, também não.

- Viu? Ela nunca é legal.

- Bella, ela só quer te ver com um bom futuro.

- Claro, claro. Bom futuro. – revirei os olhos. – Ela quer é me vê enlouquecer antes dos dezoito.

É, eu tenho uma mãe louca. Renée é a pior mãe que alguém pode ter, ela é mandona, chata, mandona, louca, mandona, e só quer saber de que eu tenho que ser uma garota estudiosa. É, ela me trata como nerd. Tenho que usar roupas estranhas porque não posso mostrar o corpo para não chamar a atenção dos garotos. Sabe com quantos anos ela quer que eu de o meu primeiro beijo? Com DEZOITO! DE-ZOI-TO! Ainda bem que eu fui mais esperta e já dei meu primeiro beijo, segundo, terceiro... Mas mesmo assim. Eu acho que ela quer descontar o que meu avô fez com ela. A mesma coisa que ela faz comigo! Sim, para ele, ela ia dar o primeiro beijo com dezoito anos, só que minha mãezinha fez algo a mais com dezoito do que dar o primeiro beijo. Isso mesmo, ela me teve com dezoito anos. Agora ela fica ai me controlando achando que eu posso fazer a mesma burrada que ela. MAS eu sou mais inteligente que ela. Ah, com toda certeza.

- Você reclama demais. – resmungou.

- A questão não é reclamar, é ter que aturar ela.

- Se você conversasse com ela, quem sabe pudesse se vestir do jeito que quer.

- Duvido. A mulher é louca. – rodei o dedo do lado da cabeça. – Doidinha. Doidinha.

- E você esta seguindo o mesmo caminho que ela.

- Vira essa boca pra lá, oh. Estou longe de pirar que nem ela.

- Aham. – Alice balançou a cabeça. O sino tocou. – Vamos pra aula, garota revolts.

- Isso parece coisa de gay. – sussurrei e ela gargalhou.

- Tudo pra você parece coisa de gay.

- Não é.

- É sim, nada que não envolva rock, pra você parece coisa de gay.

- Mentira! – minha voz ficou fina e aumentou. – Sabe que não acho Robert Pattinson gay, e olha que ele não escuta rock.

- Aham.

- Eu odeio esse seu Aham falso.

- Claro, claro.

- Alice!

- Tudo bem, parei! – ela levantou as mãos. – Agora vamos para a aula.

Nós seguimos para nossa aula de Inglês, sentamos no nosso lugar, o ultimo no canto. Eu odiava vim para a escola, sabia mais que qualquer professor daqui já que Renée me fez estudar quase todos os livros. Era por isso que não prestava atenção em nenhuma aula, preferia ficar divagando nos meus pensamentos.

Alice, minha amiga esquisita e saltitante, é uma garota legal, e completamente o oposto de mim. Ela fazia parte do grupo das patricinhas, só que a louca quando me viu decidiu que sua meta era me arrumar porque ela gostou dos meus olhos e da cor da minha pele. Depois que ela começou a “andar” comigo percebeu o quanto suas amigas eram fúteis e chatas, e por isso agora ela fala que eu sou sua melhor amiga. Essa menina de estatura pequena é a garota mais inocente que eu já conheci, para ela o mundo sorri para todos, e se você fizer algo errado, nada pode acontecer. Isso às vezes me irrita, e muito. Porque o mundo não sorri para todos, ele não sorri para mim.

- Nossa! – Alice exclamou.

- O que? – perguntei.

- Olha como ela se veste mal.

Ela apontou para uma nerd autentica que tinha entrado na sala. A garota se vestia mal com toda certeza. Saia de lã rosa escura, um suéter verde musgo, sandálias preta com meia branca. E caramba, a armação dos óculos dela não era nada legal. Eu também usava óculos já que via as coisas embaçadas, mas a minha armação é legal, mesmo eu preferindo lentes. Renée fala que óculo me deixa com cara de intelectual. Pra que eu vou querer ter cara de intelectual?! Meu deus, pra que?

- Ela precisa de uma revista de moda. – murmurei. – Não, ela precisa das suas revistas de moda.

Alice tem tanta revista de moda que precisa de uma estante para colocar todas, principalmente da Seventeen, ela ama essa revista, é uma assinante. Eu não ligava muito para isso, afinal, não podia seguir nada daquilo, e mesmo se pudesse não seguiria. Gosto de estilo mais punk, não Barbie.

- Sim, ela precisa. – Alice murmurou.

Olhei para ela, que olhava para algum canto não especifico. O-ou, odiava esse olhar. Sim, eu odiava muito. Porque coisa boa não vinha, nunca vinha. Não para mim. Me afastei um pouco, peguei meu iPod no bolso falso, aumentei no volume máximo e me desliguei de tudo.

As outras aulas foram à mesma coisa entediante, o sino para o almoço tocou, eu guardei minhas coisas e segui para o refeitório.

Como todo ano, ele continuava do mesmo jeito. Dividido por “raças”. Bem, não são raças, mas foi assim que Alice, Nessie e eu os apelidamos, já que essas pessoas idiotas e hipócritas gostavam de se dividir. No lado norte, no canto esquerdo, ficava os nerds com seus livros de álgebra, calculo, ou literatura. Eles ficavam no silêncio ou numa conversa baixa sobre matérias, escola, convenções de aliens, jogos e essas coisas. Eu não tinha nada contra, mas eles eram estranhos, muito estranhos. No lado direito ficava os populares, aqueles bonitos e inteligentes, com as patricinhas e suas frescuras. Todos ali são arrogantes também. Aqui tem os grupos que se odeiam, como os nerd odeiam os populares e os populares odeiam os nerds, apesar de pegar cola de vez em quando com eles.

No lado sul do refeitório fica os esportistas do lado direito e os briguentos do lado esquerdo. Os esportistas são aqueles garotos do futebol americano ou do basquete, e tem as lideres de torcida. Esse grupo tem tipo uma amizade com os populares, mas nada que envolva uma roda a outra. Os briguentos são aqueles que usam jaquetas de couro e fumam escondidos. Eles não têm linha de amizade com ninguém, odeiam os esportistas. Odeia tanto que se verem sozinhos em um lugar é briga na certa.

E tem o meio, onde ficam os normais. E eu sou uma normal. Não, eu não sento com os nerd, só sou inteligente. Tenho até uma camiseta preta com estampa em vermelho bem grande “SI INTELIGENTE, NO NERD!”. Comprei uma soda e uma maçã, não estava com fome, na verdade, nunca estava. Ok, mentira, eu era uma comilona, mas hoje por causa da discussão com Renée eu perdi o apetite. Fui para a minha mesa, onde só Nessie já estava.

- Ola novamente, garota revolts. – me cumprimentou com um sorriso.

- Até você? – arregalei os olhos e ela gargalhou.

- Meninas! Meninas! – Alice se sentou no seu lugar de frente para nós duas.

- O que foi? – Nessie perguntou.

Renesmee ou Nessie, como ela prefere ser chamada, se veste igual a mim, mas não por causa da mãe. Não, passa longe disso. Ela veio para esse buraco esse ano fugindo de um garoto. Sim, fugindo de um garoto. Na outra escola, ela era a garota mais popular, uma verdadeira patricinha. Tinha um Jacob Black sei lá das quantas que era seu namorado, mas o garoto ficou possessivo, e Nessie, bobinha e menina como é, correu. Ah, se fosse eu. Ela veio para cá, no outro dia o garoto apareceu para visita, ela se escondeu com medo. Então pediu para eu ajudada-lá com um disfarce, que era de nerd, uma coisa que ela nunca conseguiria ser. Eu até tentei fazê-la como a garota do rock, mas a bichinha não quis. Aff, povo sem cultura. Bom... O tal garoto lá, veio atrás dela novamente, e perguntou para nós se sabíamos da “monstrinha” dele sendo que ela estava do nosso lado, o que significa que deu certo ou ele não gosta realmente dela.

Alice olhou de mim para Nessie, ela parecia decidir algo. Arrumou sua postura e ficou seria.

- Bella, você está andando pela rua, e para nunca banca de jornal porque algo lhe chamou a atenção.

- O que nunca banca de jornal iria me chamar à atenção? – perguntei.

- Calma, deixa eu terminar. – pediu. – Você vê uma coisa que você mais quer.

- Uma noticia com a morte da Britney Spears? – um sorriso brotou no meu rosto.

- Não. Algo melhor, que ira te ajudar.

- Descobriram um jeito de fazer lavagem cerebral na mãe e deixá-la estilo punk?

- NÃO! – a louca gritou. – Para de tentar adivinhar?

- Ouch, então nada vai me ajudar. – murmurei.

- O que você vê é uma revista...

- Alice, se você quer que eu lhe acompanhe até a banca de jornal, eu acompanho, ok?

- DA PRA VOCÊ PARAR DE TENTAR ADIVINHAR?! – berrou.

- Mas eu não tentei adivinhar

- Verdade. – Nessie concordou.

- Ah meu santo deus da modinha. – a louca levantou as mãos para cima.

- Ela pirou total. – Nessie sussurrou para mim e eu assenti. – toma, come uma barra de chocolate. – entregou uma para Alice.

A baixinha abriu e deu uma mordida, sorrindo logo em seguida.

– Bella – começou mais calma. -, não é uma revista qualquer. Não! Espera. Não é mesmo uma revista, é um jornal. E não só um jornal, é o jornal “Revista Nerd”.

- Jornal Revista Nerd? – Nessie perguntou.

- Sim, é um jornal, mas ele se chama Revista Nerd.

- Pra que é isso? – perguntei. – Você é louca!

Ela é louca, porque quem vai ler uma revista com coisas nerds? Os nerds? É mais fácil ele usarem o jornal ou revista, sei lá que porra é para fazer bolinha de papel. E olha que eles não fazem isso.

- Ué, como pra que? Rock Girl, vai ser um jornal, só que como uma revista, com dicas de moda, noticias sobre musicas, convenções, jogos, sobre o mundo, fofoca, coluna com hist...

- Alguém aqui falou revista e fofoca na mesma frase? – Emmett apareceu atrás de mim e da Nessie.

- Foi eu. – Alice disse. – Por quê?

- Por quê? – ele me empurrou para o lado e sentou no meu lugar. – Ué, eu... Do que vocês estavam falando?

- Alice quer fazer um jornal ou uma revista, sei lá. – Nessie deu de ombros. Ela pegou a maçã na minha bandeja e deu uma mordida. – E vai ter fofoca e essas coisas.

- Opa, eu quero fazer parte! – ele falou convicto.

- O QUE?! – nós três berramos.

- Isso mesmo.

O Emmett é o irmão gêmeo da Alice, apesar de não parecer em nada. Sério, o garoto tem quase dois metros e ela não tem nem um e sessenta. Eu só aceitei isso depois que vi a certidão de nascimento, senão... Bom, o Emmett é o garoto mais fofoquei desse colégio, sabe mais que Jessica Stanley, a garota fofoca pura. Ele sabe de coisas que ninguém sabe, e não tem nenhuma noção na cabeça, porque saí espalhando pra todo mundo. O garoto é um poço de segredos, e um fofoqueiro de plantão. Mas apesar disso, é gente boa, de um coração enorme.

- Tenho que reconhecer que ele seria bom na coluna de fofocas. – falei. –, Ele é o mais fofoqueiro dessa budega. Sem ofensas Emmett.

- Tudo bem.

- Verdade. – Nessie concordou.

- Mas ele é o idiota do meu irmão. – Alice sussurrou o idiota.

- Mas sabe sobre todo mundo.

- Aham. – Nessie assentiu. – E se não for ele, vai ser quem? A Jessica Stanley?

- A Bella.

- Eu?! Você pirou mesmo, não é? Eu não sei nem sobre minha vida imagina sobre a dos outros.

Alice olhou para o Emmett, que fez uma carinha de carente misturada com inocência e com um biquinho nem um pouco fofo.

- Ok, ok, você está no nosso jornal. – ela disse por fim.

- YEAH! – o louco gritou.

- Vocês perceberam que estamos chamando a atenção demais para essa mesa? – perguntei olhando para os lados e vendo algumas pessoas nos encarando.

- Pronto. – Alice sorriu. – Temos a estilista para a coluna de moda, o fofoqueiro, a garotas das noticias e a design.

- Quem é a design? – perguntei.

- Ué, você.

- EU?! EU NADA! Não concordei com nada que você disse, não falei que estava participando nem nada disso.

- Não precisa falar tanto nada.

- Eu falo quantos nada quiser, Alice!

- Ah Bella. – ela fez biquinho. – Você pode falar vários nadas, mas participa?

- Não! Não quero participar dessa loucura! – peguei minha bandeja e me preparei para sair, só que Nessie me segurou pelo braço.

- Bella, você é ótima no que faz, sabe mexer com essas coisas e não custa nada ajudar as amigas. – ela falou.

- Olha...

- Bells, por nós. – apontou para si e para Alice, que fazia cara de pidona.

As meninas eram minhas únicas amigas, eu não era a pessoa mais social do mundo, talvez fosse à pior. Não fui eu quem puxou amizade, foi a Alice, e a Nessie, porque se fosse por mim agora eu estaria em algum canto do jardim do colégio com meus fones de ouvido e lendo algum livro. Mas por elas eu tenho amigas. E amigas de verdade. E acho que não iria dar essa mancada com elas.

Agora, aceitar ou não aceitar?

- Isso é jogo sujo. – falei me sentando novamente,

- Ahh, eu te amo, Bellinha. – Nessie me deu um beijo estalado na bochecha.

- Menos monstrinha, muito menos. – pedi.

- Ouch. – fez aborrecida.

- Olha, agora que vocês se “entenderam” e sabemos o que cada um vai fazer. E eu sei que só sou o colunista de fofoca, mas não deveríamos ter um editor? – Emmett perguntou uma coisa inteligente.

- Ele tem razão. – falei.

Nós quatro nos encaramos. Eu não conhecia nenhum editor aqui, porque não conhecia ninguém, claro. O único que eu sabia era o editor do jornal que já tínhamos, então...

- Já sei! – Emmett gritou. – Esperem ai meninas que eu já volto.

- O que ele vai fazer? – Alice perguntou preocupada.

- Acho que achar um editor para o nosso jornal. – Nessie murmurou.

Olhei para trás vendo-o ir até a mesa dos populares, ele cumprimentou todo mundo, até o irmão. É, eles tinham mais um irmão. Só que esse não era gêmeo, Edward era o mais novo, da minha idade, na verdade. A Alice era um ano mais velha que eu e Nessie. A aula que tínhamos juntas eram porque eu sou avançada naquela matéria, só por isso. Emmett parou em um garoto loiro, chamou para o canto e conversou com ele, então os dois vieram na nossa direção.

- Quem é ele? – Nessie perguntou.

- Não faço a menor idéia. – murmurei.

Viramos novamente para frente, Alice ainda continuava encarando o garoto, como se o avaliasse. Essa garota é difícil de agradar. Senti o Emmett parar com o garoto atrás de nós.

- Meninas, esse é Jasper Withlock, primo da minha namorada. – apresentou. – E Jasper essas são Isa...

- Emmett. – grunhi cortando ele.

- Bella, Nessie e a Alice, minha irmã. – ele se sentou e puxou Jasper junto. – Meninas, Jasper quer fazer faculdade de jornalismo, então esse jornal vai ajudar no currículo dele.

Alice encarou o garoto por mais alguns segundos.

- Ela é meio louca, mas você já ta dentro. – Nessie sussurrou para ele ao se esticar para pegar minha soda.

Garotinha folgada, a bandeja dela ta cheia e ela já pegou tudo que tinha na minha. Sorte dela que hoje estava num bom humor... Olhei para Alice, que continuava em silêncio.

- PORRA ALICE, DA PRA VOCÊ FALAR ISSO LOGO?! JÁ VAI TOCAR O SINO E VOCÊ FICA AI MOSCANDO! – berrei. Qual é, fica enrolando. – E ai, já se resolveu?

- Já... – disse num fio de voz. – Olá editor da Revista Nerd. – ela sorriu para ele, que retribuiu.

O garoto era bonito, sério, tinha cabelos cor de mel, olhos de um dourado profundo que até pareciam lentes de contato. Sua pele tinha um leve bronzeado. Claro, ele tinha que ser bonito, era primo da Rosalie Hale, namorada do Emmett. Rosalie é a garota mais bonita do colégio, um das lideres de torcida, a capitã. Ela tem cara de arrogante, mas nas poucas vezes que fui à Alice e ela estava lá, parecia ser uma pessoa legal.

Bom... Parece que o batalhão ta formado. Ops... Quero dizer, grupo de trabalho. Revirei os olhos.


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Notas finais do capítulo

Bom... Ai está o primeiro capitulo. Espero que gostem