Elizabeth desceu da carruagem, com Ruby em seu colo, segurando-a fortemente, como se alguma coisa fosse ataca-las a qualquer momento. Podia parecer bobagem, mas Lizzy sentia como se alguém, algo maligno, as observasse de longe, pronto para atacar. Um arrepio percorreu sua espinha, fazendo com que seu corpo tremesse todo.

– Vamos para dentro, minha senhora – falou um dos empregados de seu pai – está frio, não quero que nenhuma das duas pegue um resfriado.

Lizzy não mexeu um musculo. Seus olhos estavam presos na grande mansão que era a casa dos Salvatore. Toda feita de madeira, com pilares estilo greco-romano sustentando o telhado, revestida de grande janelões e um jardim impressionante, sempre fascinou a garota.

Já fazia quase um ano que Elizabeth não vinha visitar sua família, estava tão ocupada cuidando dos negócios de Augusto, como ele estava na guerra só sobrava ela para fazer tudo e cuidando principalmente de Ruby. Não queria que sua filha fosse criada do jeito que ela foi, sentindo-se o tempo toda obrigada a honrar a família a todo segundo, Ruby poderia ser do jeito que queria.

– Senhora La Fonte? - chamou o empregado de novo, colocando a mão levemente no ombro da garota.

– Sim, vamos – respondeu já subindo a varanda – a família Salvatore nos espera.

***

16 de janeiro de 1506

Querida Anna,

Nunca me senti tão feliz e assustada ao mesmo tempo. Estou feliz por rever meus irmãos e ver que nada mudou entre nós, pelo contrário, só melhorou, agora que não tenho que fingir que não estou toda machucada. Estou feliz porque papai sorriu quando me viu entrando na sala de jantar, seu primeiro sorriso verdadeiro dirigido a mim, apesar de eu ainda não o desculpar por tudo que ele fez. Porém estou assustada, e a razão disso são os Pierce.

Eles não me trataram mal ou fizeram alguma coisa contra mim, porém há uma coisa neles que faz com que meu corpo fique todo arrepiado de medo, faz com que eu sinta uma enorme vontade de fugir. E não que isso importe muito, eles também eram muito bonitos.

Não. Eles não eram bonitos, as pinturas das igrejas, dos anjos pintados por aquele cara que eu quase nunca consigo lembrar o nome, alguma coisa com B... Não importa. As pinturas dele eram bonitinhas perto daqueles dois. Até mesmo Katherine, com usa pele anormalmente branca, por causa de sua doença, motivo de ter vindo da fria Inglaterra para cá.

Além de pele pálida, Katherine tem cabelos platinados, quase brancos, lizo que iam até a cintura e sempre prendia sua franja dos lados do cabelo, com as deusas gregas. Já Mason era o oposto, com cabelos cor de cobre, puxados para o loiro, meio compridos, pele morena, um corpo bem definido, um verdadeiro herói das histórias.

Tenho que admitir que senti uma enorme atração por ele, apesar de ser errado, afinal perdi meu marido a tão pouco tempo, mas simplesmente aconteceu. Ele é tão lindo, com um sorriso tão caloroso...

Olha o que estou falando Anna! Não posso começar a gostar dele, estou me transformando em uma vadia, três homens em menos de três anos!

Que vergonha!

***

No dia seguinte, Elizabeth acordou com a voz infantil de Ruby, que implorava para que ela acordasse logo, para que as duas pudessem descer.

– Vamos mamãe – dizia ela – quero descer para brincar com o tio Damon.

– Acho que seu tio Damon ainda está todo dolorido da ultima vez, querida. Você o fez andar a cavalo com você o dia inteiro – disse ela tentando ficar séria, mas rindo no final. A cena de Damon não conseguindo andar era engraçada demais, tento de dormir na sala de estar, por não conseguir subir as escadas.

Stefan e Lizzy não pararam de rir dele por um segundo, parecendo que eles eram as verdadeiras crianças da casa. Mas pagaram por seu pequeno momento de divertimento quando a pequena anunciou que queria andar mais.

– Por favor – pediu Ruby, fazendo um biquinho, o mesmo que Alec sempre fazia quando queria convencê-la de alguma coisa. Uma tristeza se apossou de Elizabeth ao se lembrar de Alec, fazia tanto tempo que não pensava neles.

No tempo que passavam juntos, nas trocas de juras de amor, nas escapadas do meio da noite... Lizzy sentia tanta falta dele que, às vezes, mal conseguia aguentar. Porém, era só olhar para Ruby que toda sua tristeza se escondia em um lugar distante. Escondia-se, nunca desaparecia.

– Tudo bem, tudo bem – disse ela desistindo – pode ir descendo, estou logo atrás de você.

– Porque você não vem comigo?

– Porque eu, ao contrário da senhorita, tenho que passar pelo momento tortura de colocar o espartilho. Falando nisso, chame Emily para mim, sim?

Ruby assentiu e saiu correndo pela porta, gritando pela casa:

– Emily, mamãe está te chamando! E a propósito, o que é um espartilho?

Lizzy riu mais uma vez antes de sair da cama e ir se aprontar.

***

Depois de estar devidamente arrumada, Elizabeth desceu para tomar café. Todos estavam reunidos em volta da mesa, Ruby obviamente no colo de Damon e com um Stefan sorridente ao lado. Todos, menos uma pessoa.

– Onde está a senhorita Pierce? – perguntou Elizabeth se sentando no outro lado de Damon.

– Minha irmã não está se sentindo bem no momento,mas tenho certeza que até a hora do jantar ela está bem - disse Mason com um forte sotaque, só deixando sua voz mais sexy.

Pare de pensar nisso Elizabeth! Que coisa feia.

– O que ela tem? - perguntou Ruby curiosa.

Pela primeira vez em toda sua vida, Elizabeth ficou feliz por sua filha ser tão curiosa. Ela mesma queria saber qual era a doença de Katherine, mas nunca se atreveu a perguntar.

– Ela está doente querida Ruby, muito doente - disse simplesmente.

– E ela vai ficar bem?

Mason assentiu, mostrando que não iria falar mais nada, e mesmo que fosse, Ruby não iria prestar atenção, sua curiosidade já havia sido saciada..Lizzy bufou irritada, revirando os olhos. Ia ser mais dificil do que ela pensava.