Com mais alguns dias se passando Allan já foi apresentando melhora enquanto cuidava de ajudar Heisuke no design de um novo celular.

Acho isso um saco, mas para Hana é como um grande presente.

Por isso ainda não tinha mandado garganta abaixo aquele projeto afinal estava meio que em falta com ela.

Fora isso me dava bem com boa parte dos alunos do colégio, apesar de ter que aturar a companhia de Hajime quando me juntava com meus amigos ou na enfermaria onde mais estavam.

O único que nunca vi foi Rui. Afinal, ele brigava como qualquer outro garoto daqui, dou uma ressalva de que nunca o vi brigar, mas acredito que ele seja como Izuro Nara. Já que agora sabia que metade dos que paravam na enfermaria era por sua culpa dele a outra metade parava no hospital.

Saio de meus devaneios notando a movimentação no corredor no andar de baixo.

Alguns alunos passam por mim, só que seguro um deles.

-O que está acontecendo? – pergunto.

-Hiromi e Izuro-senpai – ele responde já se afastando.

Pisco surpresa.

A irmã da Naomi contra aquele demônio?
É melhor impedir isso.

Rumo para o andar de baixo como boa parte dos alunos. Passo por entre alguns até poder vê-los.

Hiromi não se parecia em nada com a irmã.

O cabelo era longo, liso, preso com uma presilha, os olhos negros sérios na pele parda do corpo mediano com algumas curvas.

-Hiromi-sama! – alguém grita fazendo-a virar o rosto de lado olhando para trás – Ainda pode desistir.

-Desistir? – ela dá um sorriso de escárnio – Não fale estupidez, Shiroya.

Ela vira-se completamente para Izuro que estava sentado encostado na parede chupando despreocupadamente seu pirulito.

-O que ainda faz sentado? – ela pergunta ríspida – Isso é uma ofensa pra mim.

Dou um passo na direção deles, mas alguém agarra meu braço me fazendo virar para ver quem é.

-Rui – digo meio surpresa.

-Não se envolva, Katherine - ele diz suave quase que tendo cuidado com as palavras.

Olho seu rosto sereno que me fitava.

Limito-me a assentir com a cabeça e volto-me para observar a briga que se iniciara entre Izuro Nara e Hiromi Suzuhara.

Engulo em seco quando Izuro levanta-se.

-Tire seu pirulito da boca – Hiromi ordena – Como pode ser tão desleixado numa situação dessas?

Ele apenas a olha de lado.

Parecia bastante despreocupado para alguém que ia brigar com uma mulher que deveria ser assustadora também.

-Izuro – ela berra antes de ir pra cima dele.

Fecho meus olhos não querendo ver o primeiro golpe que pudessem dar. Ouço o clamor de todos que me faz abri-los por curiosidade, apenas um pouco.

Izuro aplicava uma gravata em Hiromi que tentava se soltar, mas não conseguia.

Fico um pouco tensa, temendo com o que possa lhe acontecer nas mãos daquele cavalo.

Ela acerta seu cotovelo no estomago dele que se afasta recebendo um chute logo em seguida que o faz cair.

Vibro um pouco. Ao que parece Hiromi poderia dar conta daquele demônio.

-Não se anime ainda –Rui me avisa sutil – Olhe e verá.

O olho por mais alguns segundos antes de me voltar para a dupla que trocava uma série de socos que fez meu coração ficar na garganta.

Izuro acerta um chute fazendo Hiromi bater suas costas na parede, deslizando depois. Ele ofega antes de se aproximar dela colocando seu rosto entre suas mãos.

Gelo no mesmo segundo.

Ele... Ele não faria isso.

O primeiro chute acerta em cheio o rosto de Hiromi, fazendo-me abafar meu grito de choque.

-Aniki! – Naomi grita ao segundo que Izuro está prestes a dar outro chute.

Ele volta-se para ela que deixava a agonia transparecer nos seus olhos.

-Aniki – ela retorna a repetir – Não faça isso.

-Quem pediu que se intrometesse? – Hiromi pergunta ríspida a olhando.

-Nee-chan – Naomi diz como se desculpasse.

Reviro meus olhos antes de me aproximar de Hiromi que me olha com uma sobrancelha arqueada.

-Precisa de cuidados – explico solene – Vem, vou te levar a enfermaria.

-Suma da minha frente – ela diz já se erguendo.

Olho-a surpresa vendo-a limpar seu rosto antes de me encarar.

-Você é bastante impertinente para ainda estar aqui – ela continua seca – Por que ainda não desapareceu?

-Desculpe-me – digo me afastando.

-Hei – ouço Izuro me chamar.

Volto-me para ele sentindo meu corpo enrijecido sob seu olhar.

-Você é a garota de antes – ele diz me encarando – A que se intrometeu na minha briga com Allan.

-Pensa que é alguma heroína? – Hiromi indaga ríspida limpando o filete de sangue da sua boca depois – Que piada.

-Retira o que disse – Hana passa por mim como um furacão – Quem pensa que é pra falar assim?
Pisco surpresa com aquele ataque dela, mas movo meu corpo a tempo de impedir que a mão de Hiromi atingisse o rosto de Hana.

-Nee-chan! – Naomi exclama.

Encaro Hiromi que me olhava como se quisesse voar para cima de mim.

-Desculpe nossos modos – digo soltando sua mão – Isso não se repetirá.

-Takada – Hana diz num tom sério.

Lanço-lhe um olhar gélido.

Tudo tem limite.

-Que seja – ela dá de ombros – Ás vezes realmente penso que você é defensora dos desamparados.

Dou-lhe um sorriso sem humor e logo depois ela se afasta deixando-me para cuidar daquela dupla de grosseiros que deveriam receber aulas de boa educação.

-Takada... – Izuro diz reflexivo e logo seus olhos recaem sobre mim – Takada Katherine?

-Katherine? – Hiromi sibila me olhando de cima abaixo – A famosa irmã do Allan-kun?

Engulo em seco enquanto Izuro se aproxima de nós.

-Isso explica muita coisa – ele diz me encarando – Agora vamos tratar de assuntos pendentes.

-Nara – Hiromi o chama – Quero-a primeiro.

Fico apreensiva e então sinto alguém me puxando para trás deixando-os surpresos.

-Podem parar com isso? – Rui indaga gentil – Vão assustá-la.

Olho para seu rosto que exibia um sorriso do tipo “Façam o que peço e ficarão bem”.

-Rui-sama – Hiromi diz acariciando o nome.

-Suzuhara – ele diz ainda gentil – Pode não se envolver com ela?
Hiromi assenti na mesma hora enquanto Izuro me olha antes de se afastar. Então sinto que até agora estava prendendo minha respiração, puxo o ar para meus pulmões.

-Estamos conversados então – Rui diz – Vamos, Katherine.

Ele me puxa pelo pulso ao tempo que todos abriam espaço para passarmos. Olho suas costas que pareciam relaxadas apenas pareciam já que do jeito como apertava meu pulso deixava claro sua tensão.