Capítulo XI Fugindo

Bella olhou para o relógio que marcava quase oito e meia da noite. Arregalou os olhos levantando em um pulo da cama.
Alice e Charlie a mataria se chegasse atrasada para o jantar de degustação do tal buffet de seu aniversário.

Tomou um banho apressado, sem poder tirar direito o cheiro natural da pele de Edward de sua própria pele.

Apoiou as mãos na parede inclinando seu corpo para frente, deixando que a água quente escorresse pelos seus cabelos...

– Adoro suas reações...
Chupou o lábio inferior, sentindo a língua de Bella deslizar sensualmente pelos seus...
- Me delicio na sua voz, nos seus sussurros, nos seus gemidos ou quando franzi as sobrancelhas ansiando por mim...
Bella fez exatamente o que ele falava, quando observava a beleza máscula do homem.

– Assim, exatamente assim...
Ele sorriu e ela não pode evitar em fazer o mesmo.
... a segurou pelo quadril num aperto firme, porém carinhoso. Deitando-se novamente por cima dela. Espalmou suas mãos uma de cada lado da cabeça dela, e Bella imediatamente rodeou sua cintura com as pernas. Ele a encarava com aquele olhar...

– Seus olhos adquirem um brilho diferente de tudo o que já vi durante toda a eternidade da qual vivi...
A respiração dele se tornou ainda mais ofegante que a dela, a espera era agonizante...
– Gosto quando me aperta e pede por mais e mais e mais...

Abriu os olhos depressa em um estalo, respirando fundo sentindo que o ar tinha lhe faltado por vários segundos.

Tossiu se engasgando com a água que caia. Assustou-se por notar que tinha ficado, vários segundos quase que fora de sua consciência. Retirou os cabelos molhados dos olhos desligando o chuveiro, levou a mão sobre o peito sentindo seu coração agitado.

Enrolou-se na toalha saindo do banheiro, ao olhar relógio notou que estava bastante atrasada, se arrumaria em um minuto e no outro já estaria na casa de seu pai...

***

Edward entrou no pequeno apartamento ouvindo o apito irritante da secretária eletrônica.

Após fechar a porta retirou os sapatos se sentindo cansado.

 

Sentou-se no sofá vendo que os papéis com o nome e número de seus clientes ainda estavam por ali, as ligações ficariam para amanhã.

Deitou-se contra o respaldo do sofá fechando os olhos...

Precisava se desligar um pouco de tudo o que acontecia se não ficaria maluco.

Não sentiu vontade de escutar as mensagens, entrou direto no banheiro, rapidamente se despiu, ligou o chuveiro e logo depois de alguns minutos relaxando na água, decidiu que era o suficiente.

Já vestido com uma calça de moletom e sem camisa, parou diante do grande espelho do corredor.

Se virou de costas conseguindo ver as marcas que ela havia deixado nele, duas marcas fortes e avermelhadas.

Apertou os olhos saindo de frente do espelho, indo de volta ao sofá pegou o telefone pedindo seu jantar. Sentia-se faminto como se não comesse a mais de dois dias.

Precisava, necessitava, seriamente se distrair...

***

Bella deu um sorriso para Alice que toda afobada esperava pela chegada da irmã...

Alice – Pensei que não viria mais! Liguei para sua casa e para o hospital mas, ninguém atendeu!

Bella – Me desculpe Alice, acabei perdendo a noção das horas...

Abraçou a irmã a cumprimentando com um beijo na bochecha, logo mais a frente podia escutar a voz de Jasper e de seu pai.

Alice – Papai está super preocupado com você, não ligou ontem, sabe como ele ainda está neurótico com o que houve contigo, ainda mais quando fica sozinha naquele apartamento.

Bella – Eu não estava sozinha...

Sem notar o murmúrio saltou de sua boca.

Alice – O que? Não entendi.

Bella – Nada, não falei nada.

Alice franziu a testa em sinal de pura confusão, caminhando com a irmã até onde se encontrava Charlie e Jasper, foi recebida pelo cunhado com um forte abraço.

Jasper – Tudo sobre controle?

Bella – Sim, tudo em perfeito estado, até ganhei uma folga por bom comportamento!

Jasper sorriu se abraçando a Alice.

Jasper – Temos que ter uma conversinha dona Bella...

Bella sorriu.

Bella – Uma conversinha?

Jasper – Pois é, achei lá em casa um tal de vestido cubano que foi emprestado para a minha mulher...Tem que ver Charlie, é mais curto do que um calcinha.

Bella gargalhou com Alice pelo exagero, abraçando seu pai e lhe dando um selinho rápido, se sentando no colo dele.

Charlie – Fiquei sabendo dessa história de boate cubana. -abriu um sorriso

– Estava esperando que se recuperasse para puxar suas orelhas, mocinha.

Bella sorriu negando com a cabeça.

Charlie – Como você está meu anjo?

Bella – Estou ótima, e você papai? Trabalhando muito como sempre. Posso sentir que essa gravata está apertada demais.

Bella afrouxou a gravata de Charlie que suspirou aliviado.

Charlie – Eu sou o pai aqui, eu deveria cuidar de ti não você de mim.

Alice – Sim, sim Bella, papai já é um velhinho, dê a ele a ilusão de pensar que é uma garotinha que necessita de cuidados constantes.

Sorriram todos e Charlie puxou Alice para lhe beijar a bochecha.

Bella tomou depois de mais de um mês uma pequena taça de vinho enquanto os pratos do cardápio eram servidos para degustação.

Charlie mais participativo dava suas opiniões e como sempre Alice sentia-se nas nuvens...

Alice – Gostei dessa sobremesa, simples e leve.

Charlie – Eu também apreciei, aliás, acho que queremos essa, tenho certeza que também gostou né filha?

Charlie chamou por Bella mais umas três vezes, e quando ela escutou os três na mesa já chamavam por seu nome.

Jasper - No mundo da lua Bella?

Ela sorriu sem graça, com suas bochechas corando na hora.

Bella – Eu, eu estava apenas distraída, sobre o que falavam?

Charlie – Da sobremesa. Está tudo bem querida?

Bella – Sim está tudo bem papai... – abriu um sorriso

– E essa sobremesa está ótima para mim.

Charlie - Suas bochechas estão coradas...

Charlie observou levando a mão sobre a testa da filha, preocupado.

Charlie – Será que está com febre?

Bella – É o vinho papai, não se preocupe!

Alice – Tem certeza que está bem?

Bella fez uma careta dizendo que não gostaria de mais perguntas. Estava bem, sentia-se bem,

estava apenas um pouco distraída...

Comeu mais um pedaço da sobremesa se dando por satisfeita.

Escolheram os pratos, conversaram com o responsável pelo Buffet, mais uma coisa rapidamente acertada voltaram todos para a sala de estar.

Bella se sentou ao lado de Alice. Charlie e Jasper aproveitando que tudo estava calmo e resolvido se reuniram no escritório para conversarem sobre um importante contrato que estava para ser fechado no dia seguinte pela manhã.

Sozinha com a irmã na sala, Bella bebeu outra pequena taça de vinho, sentindo-se mais aquecida e mais relaxada observou os olhos de sua irmã sobre si.

Bella - O que foi?

Alice - Está zangada conosco?

Bella – Não, não estou.

Alice – Está sim, te conheço Bella, mais não fique, papai e eu só estamos preocupados, foi um susto e tanto que você nos pregou...

Bella – Se digo que estou bem é porque estou bem. Não posso nem ao menos ir ao banheiro sem que me perguntem por que vou e quando vou voltar! Fiquem calmos, ok? Me sinto ótima, minha cabeça não dói, ótima ok ? Sinto-me Perfeita!

Alice assentiu.

Alice – Bom então, vamos mudar de assunto? Sua amiga Rosálie MacCarty ligou agradecendo pelo convite.

Bella – Ah sério? Que bom... Faz tantos anos que não nos vemos!

Alice - Sim, ela me disse. Passei seu telefone para ela, pelo visto não entraram em contato quando mudou de número, acho que ela te liga pela semana ainda.

Bella – Oh que bom! Espero realmente que ela venha, é casada e tem uma filhinha.

Alice – Me recordo de ter dito, quem mais convidou de seus amigos? Papai chamou alguns senhores do golfe, sinto que ele está mais empolgado e participativo!

Bella – Sim eu também senti! Vai ser uma linda festa Alice... Chamei só o pessoal do hospital, os mais amigos, sabe?

Alice assentiu bebendo um gole de seu vinho.

Alice – Está distraída, está acontecendo alguma coisa? Ficou distraída durante todo ojantar.

Bella – Não é nada. Apenas coisas normais da rotina de uma médica, me conhece Alice.

Alice – Sim... Te conheço e é por isso que vou perguntar mais uma vez, desembuche de uma vez Bella , não sabe mentir, teus olhos te denunciam! É o Jacob, ele vem te atormentando?

Bella – Não, Jacob desapareceu do mapa.

Alice – Nem tanto assim, papai ainda fala muito com ele, pediu transferência definitiva para Londres.

Bella – Tomara que seja feliz, ele gosta de lá, é um bom empresário, terá grandes coisas na vida.

Alice – Sabe Bella, respeitamos sua decisão e jamais perguntamos o porquê. Mas ok, confesso que estou curiosa. Porque rompeu com Jacob logo depois que ele lhe pediu em casamento depois eu chegou de Londres? Pensei que estava apaixonada e...

Bella – Não estava apaixonada, estava acomodada, acostumada... Não sei Alice, as coisas aconteceram depressa, percebi que cometeria um erro se me casasse com Jacob e também tinha...

Se calou perdendo-se em suas próprias palavras, sua cabeça um branco total, perdendo o fio da meada...

Alice – E também tinha?

Bella - Não havia mais amor, isso...
Acho que no fundo eu já não o amava mais, na verdade, acho que não foi realmente nunca foi amor, sabe?
Teríamos um bom casamento, mais não o que procuro.

Alice assentiu.

Bella – E você e Jasper como estão?

Alice – Estamos bem. Ah você sabe, Jasper está viajando demais estou com saudades de nós dois...

Bella entendia perfeitamente a irmã, tinha passado por isso uma dezena de vezes com Jacob, tempo... Nunca havia tempo para coisa alguma...

Alice – Mas, o amo e ele me ama, isso é o importante... É o mais importante afinal.

Bella assentiu com um sorriso vendo a irmã se levantar para encher mais uma vez sua taça.

Alice – Já iria me esquecer de te avisar...

Bella - Sobre o que?

Tirou a franja de cima dos olhos vendo as horas em seu relógio, logo precisava ir embora, acordaria cedo pela manhã.

Alice – Convidei uma nova amiga minha.

Bella - Nova amiga?

Alice – Sim, a conheci no hospital, estava ao lado do seu quarto com o marido acidentado, seu nome é Tânia, chegou a conhecer?

Bella permaneceu calada com os olhos fixos na taça de sua irmã.

Alice - É um amor de mulher, trocamos nossos telefones e ela me ligou marcando um almoço no dia seguinte. O marido dela ficou mais de um mês internado, seu nome é...

Alice tentou se lembrar do nome.

Bella – Edward Masen.

Alice – Oh isso aí, exatamente!

Abriu um sorriso voltando a se sentar.

Alice – Você conhece ele?

Bella deixou sua taça em cima da mesa de centro olhando para irmã.

Bella – Realmente?

Engoliu a saliva com o gosto dos lábios dele automaticamente lhe vindo a boca.


Bella – Eu não sei...

(...)

Logo após chegar em casa no sábado da semana seguinte, Bella segurava uma pasta repleta de papéis e contratos da festa de aniversário.

Havia se envolvido muito mais no processo da organização da festa, e seus intermináveis plantões mantinham sua cabeça não tão ocupada quanto gostaria.

Se não fosse sua preocupação com seus próprios sentimentos durante todos os últimos dias, diria que sua vida caminhava justamente da maneira que havia planejado após acordar de um sério pesadelo.

Como automático deixou tudo em cima da bancada correndo para o banheiro para aliviar a bexiga.

O telefone tocou.

Decidiu não sair correndo para atender, se fosse importante ligariam de novo. Seu bip estava em silêncio o que significava que com seus pacientes não tinha acontecido nada.

Descendo as escadas sorriu mais uma vez ao notar a simples e alegre decoração que estava fazendo em sua casa, substituindo as cores sérias e neutras por cores vivas e radiantes.

Gostava de chegar em casa mesmo sem ter ninguém para esperar por ela.

Caminhando até a cozinha já descalça após ligar o som em um volume bem baixinho retirou da geladeira uma garrafa de vinho e logo pegou uma taça no armário.

Serviu-se de uma quantia generosa para logo depois prender os cabelos em um coque mal feito, abriu um sorriso ao sentir-se relaxada.

Sentando em seu sofá com os pés apoiados na mesinha de centro abriu a pasta dos preparativos para a festa.

Estava tudo mais do que organizado e o próximo sábado logo chegaria. Estava animada.

As pessoas eram realmente carinhosas, ligavam confirmando a presença, perguntando sobre o estado de saúde de Bella.

Gostava disso!

Gostava de certa forma sentir-se amada.

Apagou o sorriso quando se lembrou da ligação de Jacob.

Não tinham se tratado nem como amigos... Mas também não havia tido a alegria de conversar, como com seus amigos quando ligavam sempre que podiam. Tentou esquecer sobre isso.


Deixando que seus olhos passassem rapidamente nos últimos nomes da lista...

“Tânia e Edward Masen"...

http://www.youtube.com/watch?v=hUqbdx6SQGc

Imbranato – Tiziano Ferro


Não sabia se fazia uma careta de desgosto ou se abria um sorriso rindo da situação na qual se encontrava. Optou por beber mais um grande gole de vinho.


Edward e ela haviam se falado uma única vez em meio de tantos dias seguidos do acontecido em seu apartamento.

Ele tinha diversas coisas para fazer, recuperar o tempo perdido em seu trabalho, conversar e visitar clientes, repousar...

Ela...

Bom, ela tinha sua profissão e a maneira mais sutil e medíocre de distração...

Fugir dele.

O telefone voltou a tocar e Bella com a mente distraída demais para atender deixou que tocasse até que caísse na secretária eletrônica:

Ok, Eu confesso! Desisto de encontrar você em casa.

Estou ligando para dizer que fui informado hoje sobre um aniversário que infelizmente não fui convidado...

Hey, moça do amasso, esperava mais de você!

Estou indo para Londres, tenho negócios e assuntos pessoais para resolver, voltarei provavelmente na sexta feira.

Queria tanto te encontrar...

Seu esquema de fugir e se manter afastada não vai mais adiantar.

Tem se lembrado de algo Bella?

É que ultimamente minha mente deu uma pausa em qualquer tipo de lembrança que eu poderia ter.

Por onde tem estado moça?

Droga! Faz mais de uma semana que não nos vemos. O que está tentando fazer?

Saiba que não sou do tipo de homem que se impressiona com garotas que não costumam ligar no dia seguinte... (risos)

Ok, realmente você não está em casa...

Bella – Oi Killer.

Edward fechou os olhos deixando um sorriso escapar de seus lábios. Se sentou na cama deixando a mala que arrumava em um canto afastado agora completamente esquecida.

Bella – Precisa de ter um bom motivo para ligar para a casa de uma médica que trabalha a semana inteira nesse horário.

Ed – É sábado moça! Para quem vai a boates cubanas na sexta, pensei que seus sábados eram mais ativos e animados!

Ela ficou em silêncio e Edward mordeu os lábios contando um ponto positivo ao seu favor.

Ed – Andou fugindo de mim?

Bella sorriu da pergunta presunçosa dele, bebendo mais um gole de vinho.

Bella – Sim, andei fugindo de nós!

Voltou a abrir os olhos, podia sentir a respiração dele em seu ouvido...

Bella – Estive assustada, conferi essa semana o extrato do meu cartão de crédito... Comprei diversas roupas, ternos, sapatos, uma coleção de gravatas... O engraçado é que não sei para quem.

Ed – Pode ser que havia um homem em sua vida...

Bella – Sim Edward, havia um homem em minha vida.

– Silêncio –

Ed – Quer parar por aqui Bella? Acho que é o melhor...

Bella – Não, não quero parar por aqui... Só queria apenas entender como foi e porque você entrou dessa maneira em minha vida... – sorriu.

- Sou uma bundona... Estou com medo do que eu possa vir a descobrir.

Ed - Tem se lembrado de algo?

Bella – Sim... De nós dois na cama.
Talvez seja essa a lembrança mais forte que eu tenha de nós dois...

Ed – Acredite Bella, há bem mais do que isso!

Edward se levantou, caminhando em direção a janela, enfiou a mão no bolso da calça observando o balançar suave das folhas pelo vento...

Ed – Ou talvez isso seja o nosso ponto de partida.

Bella – O que quer dizer com isso?

Ed – Eu não me lembro de ter sentido o que senti com você com nenhuma outra mulher.

Bella apertou os olhos abrindo um sorriso emocionado.

Ed – Não pode mais me chamar de desconhecido, por isso pare de fugir de mim. Sabe meu nome, onde moro, o que faço, para onde vou. Não sou um serial Killer Bella... Por mais que eu goste quando você me chama de Killer.
Sou um homem com regras e metas abaladas por um passado desconhecido, me abala e me surpreende a paciência e a calma que estou tento para lidar com o que está acontecendo. Há algo diferente em mim.
E eu espero realmente que haja algo diferente em você também.

Bella sorriu perguntando-se ele estava brincando.

Por Deus!!!

Estava tudo diferente nela!

Olhou o relógio que ainda carregava em seu pulso...

Bella – Que horas é o seu vôo?

(...)

Bella sentou-se em um das mesas afastadas de um café do centro. Ficava aberto durante vinte e quatro horas.

Olhou no relógio vendo que já era quase uma da manhã.

O friozinho da madrugada começava a se instalar no ambiente com cheiro de café, chocolate quente e pão de queijo.

O garçom lhe serviu uma xícara de capuccino, agradeceu com um sorriso olhando novamente o relógio.

Ergueu os olhos apreciando o gosto do capuccino.


Se em Londres o chocolate quente era gostoso, naquele lugarzinho escondido do México não era muito diferente.

Apertou os olhos sentindo a presença de Edward tão perto como se ele estivesse atrás de si.

Seu coração deu um pulo começando a bater com mais força alterando o ritmo visivelmente...
Sua pele se arrepiou e seus lábios queimaram de forma vergonhosa.

Olhou todos os cantinhos do pequeno lugar... Ele não tinha chegado ainda!

Abaixou os olhos tomando outro gole de sua bebida quente então a porta se abriu...

Bella subiu mais uma vez os olhos e lá estava ele.

Se é que podia dizer, sua aparência estava ainda melhor, os cabelos estavam mais curtos, não muito, mas aquela bagunça desalinhada ainda estava lá...

A barba bem feita e o rosto limpo de qualquer outra coisa sem ser charme, beleza e masculinidade.
Ela admirou seu gosto por se vestir, por se perfumar, por...

Ed – Bom dia moça.

Bella abriu um sorriso.

Bella – Bom dia Killer.

Ele lhe cumprimentou com um beijo na bochecha, tirando o grosso casaco que vestia, sentou-se de frente para ela.

O garçom logo chegou e ele pediu um café, bem quente quase sem açúcar.

Ed – Realmente faz tempo que não moro no México... Nunca em vida imaginei que existia um café assim tão parecido como o que fomos em Londres.

Bella – Eu também não. Minha irmã me trouxe aqui logo depois que saímos do hospital, achei familiar e decidi vir mais vezes.

Ele a encarou e assentiu com um leve sorriso.

Bella – Tive uma idéia... Fiz uma espécie de cadernos de lembranças.

Ele franziu a testa.

Bella – Precisamos lembrar de outra coisa sem ser sussurros e gemidos, Edward.

Ele ergueu a sobrancelha e pela primeira vez ela viu as bochechas dele corarem. Abriu um sorriso escondido vendo ele desviar seus olhos para algum ponto da mesa.

Bella – Colocarei o que lembro tirando , bom...Você sabe... E você também colocará o que lembra tirando, bom...

Ed – Sim eu sei. Gosto da idéia!

Bella assentiu tirando um papel e uma caneta de sua pasta inseparável ultimamente, logo depois de sua carteira tirou o extrato bancário.

Bella - Aqui, sobre o que te falei...

Edward pegou o papel amarelado.

Bella – Consegue ver? Lojas e mais lojas Masculinas... Cabeleireiro, Fast-Food... Foi nesse dia que pintei o cabelo... Consegue se lembrar de algo?

Edward apertou os olhos com força negando com a cabeça.

Bella – Ok, qual é a última coisa que se lembra antes de sofrer o acidente?

Ed – Lembro-me de nós dois no café, depois de você caminhando para dentro do hotel, e depois das luzes do carro e... – abriu os olhos.

– Não me lembro de mais nada.

Bella – Sim e depois que acordou?

Ed – Realmente quer que eu diga?

Ela negou com a cabeça.

Bella – O estranho é que não poderia ter estado comigo se tivesse sofrido esse acidente Edward. Não tem lógica!

Ed – A menos que eu não tenha sofrido esse acidente em Londres.

Bella – Como?

Ed – Lembro das pessoas gritando e me socorrendo, mais elas falavam em espanhol. Não em inglês...

Bella franziu as sobrancelhas.

Bella – Você tem certeza?

Edward apertou os olhos se lembrando das vozes que gritavam em sua volta pedindo por socorro.

Ed - Sim eu tenho certeza.

Bella – Mesmo assim ainda falta algo... Você lembra de música cubana. Eu me lembro de estar dançando tão colada com alguém que provavelmente é você... Então porque minha irmã não se lembra de você? Ela estava comigo.

Ed – O taxista lembra-se de mim.

Bella – Que taxista?

Ed – Eu não sei quem é. Peguei o carro dele por acaso quando fui para sua casa. Ele perguntou sobre você, eu não entendi direito em todo caso.

Bella – Espere... – fechou os olhos.

– Não fui de carro para a boate Cubana e Alice também não estava de carro, não dirigimos quando saímos para beber, sendo assim...

Ed – Voltaram de Táxi.

Bella – Sim... Voltamos de táxi.

Ed - Você viveu aquela semana... Lembra-se do que aconteceu? As pessoas se lembram de você?

Bella – Mas de você não. - franziu a testa

– E eu de certa forma também não, posso ter a certeza que esteve comigo, mais não me lembro...

Ed – Não consigo entender...

Bella – É como se estivesse sido apagado das nossas memórias.

Levantou a cabeça olhando os olhos de Edward, tão confusos como os seus.

Ed – Então porque você não esqueceu de mim? É loucura Bella, as peças não se encaixam.

Bella – Eu não me lembro de você.

Bella cobriu a mão dele com a sua.

Bella – Eu sinto você...

Edward se calou desviando o olhar, não conseguia, não conseguia entender o que diabos tinha acontecido.

Bella – Como veio parar no México? Como nos encontramos e onde nos encontramos? Porque as pessoas não se lembram de você? É tudo tão confuso.

Ed – Olhe, eu não consigo imaginar outra resposta sem ser a que estamos enlouquecendo... É impossível que tenhamos vivido algo às escondidas. Você mesmo disse que saiu com sua irmã, também houve jantares na casa do seu pai e...

Bella – O que disse?

Ed – Que não consigo imaginar...

Bella – Não! Você disse que houve jantares na casa do meu pai. Eu jamais lhe disse que tinha tido jantares na casa do meu pai.

Ed – Impossível, porque eu me lembro de...

Franziu a sobrancelha tentando acompanhar sua mente atrapalhada.

Ed – Eu me lembro de estar lá e...

Edward sentiu sua respiração começar a se tornar ofegante, apertou os olhos sentindo uma forte pontada em sua cabeça.

“Imagine milênios, multiplicados por eras e ciclos infinitos.
É o tempo que existo. Mais você provocou meu interesse recentemente, chame de tédio se quiser... Eu, o elemento mais antigo e essencial da existência teve curiosidade de vir te ver... “

Bella – Continue.

Ed – Eu não me lembro eu...

Abriu os olhos se levantando rapidamente, pegando seu casaco com pressa, Bella levantou-se também.

Ed – Eu preciso ir Bella.

Bella – Não, espere eu...

Ed – NÃÃÃÃOOOO!!!!!!!!!!

Ele negou com a cabeça.

Ed – Eu preciso, eu preciso ir...

Bella pode ver seu olhar atormentado, ele parecia que estava tendo algum tipo de alucinação.

Tentou tocá-lo, mais ele se afastou com a respiração tão anormal que alguns casais se sentiram bastantes intrigados com a cena.

Ed – Eu sinto muito...

Bella – Não me deixe aqui.

Edward não esperou nem mais um segundo. Tirou sua carteira do bolso tirando duas notas.

Olhou para Bella novamente tão assustada e em pânico como ele.


Dando dois passos para trás Edward acabou esbarrando em uma mesa atrás de si.

“Me mostre o mundo, o que fazem o e o que sentem, temos tempo Bella, apenas faça o que todos fariam de soubessem que partiria.Viva! “

Bella – Edward?

Ele não respondeu.

Virou-se tão rápido, que quase levou algumas mesas junto... Saiu correndo pelo pequeno café.

Bella voltou a sentar tão assustada e com as batidas do coração tão alteradas que se viu trêmula e pálida.

O que tinha acontecido?

O garçom lhe perguntou se estava tudo bem e ela respondeu que sim.

Seus olhos arderam por derramar algumas lágrimas a sensação de ver Edward saindo pela porta tinha sido mais forte do que o normal.

Se levantou recolhendo suas coisas.

Queria ir para casa, entrar debaixo de seu chuveiro e esquecer de qualquer vestígio ou lembrança que poderia ter de Edward...

"Mentirosa"

Ouviu a própria voz dele dizendo no íntimo de sua alma.

Era impossível que pudesse apagar algo relacionado a Edward de seu interior.