O Pequeno Lord escrita por TassyRiddle


Capítulo 11
Capítulo 11




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Férias escolares, sem dúvida uma das melhores invenções já criada pelo homem. Tanto no mundo muggle, quanto no mundo mágico, esta deliciosa interrupção que marca o final de cada ano letivo é apreciada pela grande maioria dos estudantes. Sejam ingleses ou franceses, muggles ou magos, meninos ou meninas, a satisfação que se instala em seus corações diante da perspectiva de dois meses inteiros longe das salas de aula é a mesma.

Harry James Riddle, herdeiro do homem mais poderoso e temido do Mundo Mágico, aproveitou com alegria cada minuto desses dois meses, vivendo desde viagens com seu pai, até tardes inteiras divertindo-se com seus amigos. É claro que nem tudo são flores, principalmente quando se é o herdeiro de Voldemort, e pelo menos algumas horas no dia Harry precisou assistir uma ou outra aula com seus tutores – Lucius, Bella e Rodolphus – Mas isso não aplacou o ânimo do menino, pelo contrário, divertiu-se como nunca aprendendo coisas que seu inútil colégio jamais ensinaria. As aulas de Artes das Trevas com seu pai, é claro, eram as melhores.

Com a chegada do dia 31 de Julho, Harry tivera uma incrível surpresa ao descer para o café da manhã e encontrar seus amigos – Pansy, Blaise, Draco e Theo – tranquilamente acomodados e à sua espera. Aquele, com certeza, fora um aniversário memorável. Seu pai, junto com seu padrinho e Bella, levaram-nos ao maior Parque de Diversões Mágico do Mundo recém inaugurado na América, mais precisamente na grande comunidade mágica dos EUA.

Impossível esquecer o quanto se divertira nas vassouras bate-bate, na montanha-russa de hipogrifos, no tapete mágico que despencava de uma altura impressionante e em centenas de outros brinquedos que provavelmente precisaria de semanas inteiras para andar em cada um. O pequeno Lord também observou, com carinho e agradecimento, como seu pai passou o dia inteiro irritado e estressado devido à quantidade de crianças barulhentas que os rodeavam, mas ainda sim se segurou para Harry aproveitar aquele dia. É claro que Lord Voldemort poderia ter fechado o parque só para eles, mas preferiu dar ao filho uma experiência de "criança bruxa normal", o que deixou o menino ainda mais encantado. Sem dúvida, fora um dia perfeito. Entre presentes, guloseimas e diversão, Harry passou um dos melhores aniversários de sua vida e isso até o animou diante da perspectiva de que em breve precisaria voltar a Hogwarts.

Muito em breve...

O pequeno Lord, agora, encontrava-se no quarto do pai procurando sua capa preta com detalhes em fios de prata que sumira de suas coisas, enquanto Tom, Lucius, Narcisa e Draco o esperavam no Hall da mansão para seguirem ao Beco Diagonal, onde comprariam os livros necessários para o segundo ano.

- Onde ela está? – suspira irritado, vasculhando o imenso closet do Lord. Um lugar que contava com as melhores e mais caras vestes do mundo mágico e muggle e que, provavelmente, teria o tamanho de um quarto comum – Eu sei que a deixei por aqui...

Harry havia deixado os elfos domésticos loucos com o sumiço de sua capa e agora, enquanto os elfos procuravam-na por toda a casa, Harry buscava no quarto do pai, pois era o único que podia "vasculhar" aquela habitação sem receber uns pares de Cruciatus do Lord. Não era apenas um capricho, sua capa cairia como uma luva em conjunto com a calça preta e a bela camisa de seda azul-clara que usava, completando o look de pequeno – e irresistível – principezinho.

- Vamos lá, Harry, refaça seus passos – falava consigo mesmo – Ontem eu entrei no closet do papai para pegar aquele broche de serpente que eu adoro e acabei deixando minha capa por aqui... – olhava em volta com atenção – Será que joguei dentro dessa gaveta? Bom, não seria a primeira vez que isso acontece.

Mas quando o menino tentou puxar a grande gaveta que ficava no final do closet, ela nem se mexeu. Estava trancada. Obviamente trancada com magia.

Seus olhos ganharam um intenso brilho.

O sangue de Godric Gryffindor que corria por suas veias bombeou com força seu coração e levou uma crescente curiosidade a cada uma de suas células. Por que aquela gaveta estava trancada? Perguntava-se, tirando a varinha do bolso e apontando para a fechadura sem pensar duas vezes.

"A curiosidade matou o gato", diziam os muggles. Mas Harry não era um gato, era uma serpente.

- Alohomora!

Com um travesso sorriso adornando seus lábios, Harry ouviu o som de uma fechadura sendo destrancada, então abriu a gaveta. Sua decepção foi enorme ao ver que não havia nada lá dentro. Nada, exceto um livro pequeno e fino que parecia zelosamente escondido no canto da gaveta. O menino estranhou, afinal, a capa preta e gasta mostrava o quão mal cuidado aquele livro estava para significar algo tão importante. Mesmo assim, pegou-o para analisar mais de perto. Harry viu num instante que era um diário, e o ano meio desbotado na capa lhe informou que tinha 50 anos de idade.

- Que diário é esse?- se pergunta em voz alta, virando-o para ver se havia algo escrito atrás – Tom Marvolo Riddle...

"Tom Marvolo Riddle". Estava gravado em uma desgastada letra prateada no rodapé da última capa. Harry arregalou os olhos, surpreso.

Aquele era o diário do seu pai!

Quando já se dispunha a abri-lo, porém, uma conhecida e impaciente voz ressoou dentro de sua cabeça:

- "Vai demorar muito, Harry? Não temos o dia todo".

- "Er...Não, papai, já estou descendo".

- "Ótimo".

Harry olhou mais uma vez para o diário. Será que seu pai ficaria muito bravo se ele desse uma inocente olhadinha?... O Lord nunca contara com detalhes sobre sua infância e adolescência, então o menino via naquele pequeno livro uma oportunidade maravilhosa de conhecer um pouco mais da vida de seu pai.

Com um sorriso entusiasmado no rosto, Harry fechou a gaveta e a trancou com o mesmo feitiço que a protegia antes. Seguiu para o seu próprio quarto e guardou cuidadosamente o diário em uma das malas que levaria para Hogwarts, encaminhando-se por fim, ao encontro dos outros. Sua bela capa com fios de prata há muito já havia sido esquecida.

- Finalmente! – o Lord suspira ao vê-lo descer as escadas.

- Hehe... Desculpe, papai, mas não consegui... – contudo, antes que Harry pudesse continuar, uma elfa apareceu com a capa.

- Amo Harry, amo Harry, aqui está – sorria contente e esbaforida.

- Obrigado, Lucy, mas onde ela estava?

- Na biblioteca, jovem amo.

- Hum... Imaginei mesmo que estivesse por lá – comenta, fazendo o Lord revirar os olhos, divertido, e os demais sorrirem.

Não demorou muito para Tom mandar sua Guarda de Comensais ao Beco Diagonal e abraçar o filho para aparatarem dali, sendo logo seguido pela família Malfoy.

-x-

O Beco Diagonal estava exatamente como Harry se lembrava de sua última visita no ano anterior. Pessoas andando, crianças correndo, túnicas coloridas por todos os lados e lojas e mais lojas abarrotadas de estudantes que, assim como ele, amanhã estariam embarcando para Hogwarts. É claro que aquele alegre clima de centro comercial se viu tetricamente silenciado com a aparição do Dark Lord, de seu herdeiro e de sua Guarda Pessoal – mais de dez homens de túnicas pretas e assustadoras máscaras de prata cobrindo seus rostos. Uma a uma, as pessoas iam fugindo discretamente, temendo pelas suas vidas e de seus familiares, com expressões de terror em seus rostos. Aquele homem vestido completamente de negro, com os olhos escarlates brilhando friamente, fazia o silencio e o medo imperarem diante de sua imponente presença.

- "Existem coisas que nunca mudam" – Harry revira os olhos com desdém, observando as faces aterradas.

Sem querer perder mais tempo, o pequeno Lord puxou seu pai em direção às lojas que precisavam ir. Suspirando mentalmente ao notar que a cada passo que davam o lugar ia se tornando mais e mais vazio. Os Malfoy, por sua vez, mostravam-se orgulhosos ao seguir o Lord de perto. E o patriarca desta nobre família não podia deixar de sorrir internamente ao notar como seu filho não desgrudava de seu afilhado.

- "Não dou mais de alguns meses para esses dois se acertarem" – pensou divertido ao ver como Draco abraçou protetoramente o amigo quando, em uma das lojas, um grupo de garotas havia sorrido para ele.

Assim, logo após renovarem seus conjuntos de penas e pergaminhos, suas túnicas e mais um ou outro material, Harry seguiu com Draco e Narcisa à livraria Floreios e Borrões, enquanto Tom e Lucius faziam uma rápida parada na Travessa do Tranco para que o Lord comprasse os ingredientes de algumas poções que haviam acabado em seu estoque.

- Parece que ainda há bastante gente aqui... – Harry comenta, vendo como um pequeno conglomerado de pessoas rodeava uma mesa. Sentado à mesa, cercado de grandes cartazes com o próprio rosto, todos piscando e exibindo os dentes, estava um homem usando vestes azuis-turquesa que combinavam com seus olhos e um chapéu cônico de bruxo que se encaixava sobre os cabelos ondulados.

Os cartazes anunciavam: Gilderoy Lockhart.

Um homenzinho irritado dançava à sua volta, tirando fotos com uma máquina enorme que soltava baforadas de fumaça púrpura a cada flash enceguecedor.

- Saía do caminho, você aí – rosnou ele para Draco, recuando para se posicionar em um ângulo melhor – Trabalho para o Profeta Diário.

- Grande coisa! – replicou um indignado Draco – Meu pai pode fechar essa espelunca quando quiser!

Gilderoy ouviu-o. Ergueu os olhos. Viu Draco – e em seguida viu Harry. Encarou-o. Então se levantou de um salto e decididamente gritou:

- Não pode ser Harry Potter!

O aludido arqueou uma sobrancelha. Que palhaçada era aquela? Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a multidão se dividiu, murmurando agitada; Lockhart adiantou-se, agarrou o braço de Harry e puxou-o para frente. A multidão prorrompeu em aplausos. A expressão de Harry era de pouquíssimos amigos quando sentiu o homem passar um braço pelos seus ombros e segurá-lo com firmeza:

- Dê um belo sorriso, Harry – disse Lockhart por entre os dentes brilhantes – Juntos, você e eu valemos uma primeira página.

Um flash que quase o deixou cego não demorou a vir, mas antes que Harry pudesse empurrar aquele demente que o abraçava e lançar-lhe uma chuva de Cruciatos, uma arrepiante e gélida voz fez a livraria emergir num silêncio profundo:

- O que você pensa que está fazendo com o meu filho?

Lockhart empalidecera na mesma hora.

À sua frente estava o mago mais temido do mundo com uma cara que faria o próprio Merlin estremecer. Instantaneamente Gilderoy soltou o ombro de Harry e se afastou, como se o menino queimasse, suas pernas tremiam e lágrimas de desespero não demorariam a sair.

- Patético... – Harry revirou os olhos indo se juntar ao pai. Quando o menino passou pelo apavorado fotografo, a câmera deste pegou fogo, obrigando-o a jogá-la no chão. Em poucos segundos eram apenas cinzas – Direito de imagem – sorriu com burla.

Quando Harry parou ao seu lado, Tom o abraçou protetoramente.

- Se eu souber que você tocou no meu filho de novo, Maldições Cruciatos serão apenas cócegas se comparado àquilo que você irá receber. Agora suma da minha frente, seu verme.

Não foi preciso que o Lord falasse duas vezes, pois na mesma hora um histérico Lockhart saíra correndo dali como se sua vida dependesse disso.

- Isso vale para todos! – continuou o Lord.

Em menos de dois segundos Harry tinha a livraria inteirinha para ele. O que era bem melhor. E agora, enquanto o casal Malfoy conversava com o Lord, Harry e Draco mandavam o trêmulo atendente buscar os livros que precisavam.

- Gilderoy Lockhart... – Harry observava seus novos livros de DCAO – Quem é esse idiota?

- Nosso próximo professor de Defesa Contra Artes Obscuras – uma conhecida voz surgiu descendo as escadas.

Draco imediatamente fechou a cara.

- Theo! – Harry sorri indo abraçar o amigo.

- Olá Harry – corresponde ao sorrio, abraçando-o com força -... E Malfoy.

- Nott.

- Mas como você sabe que ele será nosso professor? – o moreninho pergunta com curiosidade.

- Meu pai me contou.

- Nossa, aquela escola está indo para a ruína.

- Ele também falou isso – comenta divertido, sem soltar o amigo, o que já começava a deixar certo loiro com a face vermelha de raiva.

- É uma pena que o Quirrell tenha sido despedido, ele era um idiota, mas suas aulas até que eram interessantes.

- Parece que o Dumbledore desconfiou que ele trabalhasse para o Lord...

- Aposto que foi o Snape que contou. Ele não me engana!

O jovem Nott balançou a cabeça, divertido, e juntou carinhosamente suas testas, encarando-o:

- Você não confia mesmo nele, não é?

- Ora, é claro que...

Mas antes que Harry pudesse terminar a frase, um forte puxão separou-o de Theodore.

- Hey! – protestaram Theo e Harry ao mesmo tempo. Um por ver-se afastado do pequeno Lord e o outro por ter seu braço quase arrancado no trajeto.

- Vamos, o Lord deve estar com pressa.

- O que?... Draco! O que você está fazendo?

- O que eu já devia ter feito há muito tempo – o abraça com firmeza – Estou te afastando desse idiota.

Antes que um indignado Theodore ou um desconcertado Harry pudesse protestar, este já era firmemente puxado para perto do Lord, que já acertara seus livros e queria, de fato, voltar logo à mansão.

Eles aparataram tão rápido que Harry sequer teve tempo de acenar para Theo. Ao chegar à mansão, o pequeno Lord se despediu de seu padrinho e de Narcisa, avisando ao pai que estaria no quarto caso precisasse dele. Subiu as escadas sem olhar para o herdeiro dos Malfoy, irritadíssimo com a atitude déspota e abrupta do amigo. Este, ao receber o olhar desaprovador do pai e o balançar de cabeça da mãe, sentiu o coração apertar ao ver que sua impulsividade e seu ciúme o deixaram em maus lençóis com Harry. Naquela tarde, Draco voltou para a mansão Malfoy sem ver o amigo novamente.

O pequeno Lord, por sua vez, ficara o resto do dia com Nagini em seu quarto – Morgana havia saído para caçar pelas redondezas – conversando com uma divertidíssima serpente sobre a estranha atitude de seu melhor amigo mais cedo. Ela apenas fazia comentários enigmáticos e parecia estar achando a situação hilária. No final da tarde, quando Nagini finalmente o deixara sozinho, Harry lembrou-se do diário. Na mesma hora Draco e Theodore desapareceram de sua mente. Apenas aquele pequeno livro captava seus pensamentos. A possibilidade de conhecer os detalhes da adolescência e da infância de seu pai, a pessoa que mais amava e admirava no mundo, era só o que importava agora.

Folheou as páginas, recostado confortavelmente em sua cama. Estranho... Não havia nada escrito. Nem uma linha sequer. As páginas amareladas estavam completamente vazias.

- Harry – a voz de seu pai retumbou do lado de fora da porta, fazendo o menino se levantar de um salto e colocar o diário de volta na mala -... Venha pequeno, vamos jantar.

- Já estou indo, papai.

Ainda decepcionado com as páginas em branco, Harry guardou o diário sob um feitiço protetor pensando que talvez em Hogwarts pudesse descobrir o segredo que ele guardava. Hogwarts... Seu estômago revirava de ansiedade ao pensar que na manhã seguinte embarcaria para a escola, mas seu coração apertava com o pensamento de estaria longos dias longe de seu pai.

Hogwarts.

Em breve estaria de volta.

-x-x-x-

A escola de magia e bruxaria mais famosa da Grã-Bretanha dava as boas-vindas aos seus alunos para mais um ano letivo. O grande Salão Principal, após a seleção dos novos alunos, era palco do discurso do diretor. Este dava o mesmo sermão dos anos anteriores, mas não se atrevia a olhar para a mesa Slytherin, provavelmente o aspecto moribundo que tentava esconder com a túnica púrpura e um falso sorriso ainda o lembravam que não deveria subestimas aquelas pequenas serpentes, em especial uma delas, que o encarava com um brilho de malícia em seus belos olhos verdes.

Por fim, o banquete fora iniciado e enquanto o grupo do pequeno Lord se deliciava com as especiarias de Hogwarts, aproveitavam para se divertir comentando sobre a debilidade do diretor. Harry já havia desculpado o melhor amigo, quando no Expresso Hogwarts este quase se ajoelhara e prometera – ainda que contrariado – não interferir mais em suas amizades. Agora, sentado entre Blaise e Draco, de frente para Pansy e Theo, Harry sorria divertido com cada comentário maldoso sobre o diretor. E outro que era vítima da venenosa língua das pequenas serpentes era o novo professor de DCAO que parecia não ter recuperado ainda a cor natural de seu rosto e também não se atrevia a pousar os olhos no herdeiro do Lord.

- Com certeza as aulas de Defesa serão bem divertidas esse ano – Blaise sorria – Aposto que você o fará chorar na primeira semana, Harry.

- Não duvido, esse imbecil é um perfeito covarde. Saiu correndo feito uma donzela assustada da livraria.

As risadas não demoraram a surgir. Os Slytherins recém-selecionados encaravam o filho do Lord com temor e admiração, e os alunos mais velhos o encaravam com... Temor e admiração. Mas Harry não dava importância, correspondia aos cumprimentos de seus colegas de casa amavelmente, como um menino qualquer, fazendo-os admirá-lo ainda mais.

Contudo, uma recém-selecionada Slytherin estava deixando o pequeno Lord estranhamente irritado. Essa menina não parava de olhar para Draco. Uma tal Alice Rosier, se a memória de Harry não falhava, baxinha – ok, era quase da sua altura – com cabelos castanhos encaracolados que emolduravam sua face de boneca, os olhos cor de mel brilhando ao encarar o herdeiro dos Malfoy, e um sorriso bobo que não abandonava seus rosados lábios.

Quem aquela fedelha pensava que era?

Mas foi quando a menina piscou um olho para um desconcertado Draco que Harry se levantou abruptamente.

- Estou cansando, acho que já vou para a cama – sorriu aos amigos – Você vem, Draco?

- Já?... Mas você nem acabou seu sorvete.

- Não estou com fome. Você vem ou não?

- Claro... – assente confuso. Primeiro aquela garota estranha piscava para ele e agora seu melhor amigo estalava em mal humor. Vai entender...

Harry abandonava o Salão Principal a passos decididos, com um confuso Draco logo atrás dele. Mas ele também se encontrava confuso. Nunca sentira isso antes. É claro que não gostava quando outra pessoa queria a atenção de seu melhor amigo, mas nunca se vira com vontade de usar todas as torturas que Bella lhe ensinara por causa disso.

Observando seus amigos saírem pelas grandes portas de madeira, Pansy Parkinson sorria enigmaticamente.

-x-

No dia seguinte, os Slytherins do segundo ano tiveram a "sorte" de compartilhar com os Gryffindors DCAO no primeiro horário. Agora, sentado na primeira carteira ao lado de Draco, com Pansy e Blaise na carteira de trás e Theo com Goyle na do lado, Harry esperava por uma aula que certamente seria tão inútil como o professor que a lecionava. Sentada ao lado de um sonolento Weasley, logo atrás de Theodore, a sangue-ruim com mania de sabe-tudo, porém, parecia animadíssima e olhava com adoração para os quadros de Lockhart que se espalhavam pela sala de aula.

Finalmente o professor entrou na sala com um reluzente sorriso no rosto e suas vestes lilás esvoaçando exageradamente.

- Bom dia, classe.

- Bom dia, professor – responderam alguns. Harry apenas revirou os olhos com um conhecido sinal de desdém.

- Eu – disse apontando um quadro em que aparecia ele pintando a si próprio – Gilderoy Lockhart, Ordem de Merlin, Terceira Classe, Membro Honorário da Liga de Defesa contra as Forças do Mal e vencedor do Prêmio Sorriso mais Atraente da revista "Semanário dos Bruxos" cinco vezes seguidas, mas não falo disso. Não me livrei do espírito agourento de Bandon sorrindo para ela.

Algumas meninas suspiraram sonhadoramente. Harry e Draco trocaram um olhar incrédulo. Aquele homem conseguia ser mais patético do que esperavam.

- Muito bem, agora ao trabalho – virou-se para a mesa e depositou nela uma grande gaiola coberta – Fiquem prevenidos! É meu dever ensiná-los a se defender contra a pior criatura que se conhece no mundo da magia!

Um tenso silêncio se apoderou da sala.

- Peço que não gritem – recomendou Lockhart em voz baixa – Pode provocá-los.

A maioria dos alunos prendeu a respiração. Até Harry arqueou uma sobrancelha, interessado. Lockhart então puxou a cobertura com um gesto largo.

- Sim, senhores – disse teatralmente – Diabretes da Cornualha recém-capiturados.

Blaise não conseguiu se controlar. Deixou escapar uma risada pelo nariz que nem mesmo Lockhart poderia confundir com um grito de terror.

- O que foi? – ele sorriu para Blaise.

- Bem, eles não são muito... Perigosos, são? – perguntou com certa ironia.

- Não tenha tanta certeza assim! – replicou o professor, aborrecido – Esses bandidinhos podem ser diabolicamente astutos!

Os Diabretes eram azul-elétrico e tinham uns vinte centímetros de altura, os rostos finos e as vozes tão agudas que pareciam um bando de periquitos fazendo algazarra. No instante em que a cobertura foi retirada, eles começaram a falar e a voar de maneira rápida e excitada, a sacudir as grades e a fazer caras esquisitas para as pessoas mais próximas.

- Certo, então – disse Lockhart em voz alta – Vamos ver o que vocês acham deles! – e abriu a gaiola.

Foi um pandemônio. Os Diabretes disparavam em todas as direções como foguetes. Dois deles agarraram Neville Longbottom pelas orelhas e o ergueram no ar. Vários outros voaram direto pelas janelas fazendo cair uma chuva de estilhaços de vidro por todo o lugar. Harry e seus amigos permaneciam impassíveis em seus lugares, contemplando todo o alvoroço. O pequeno Lord havia convocado um simples escudo protetor para e ele e seus amigos, mantendo aquelas criaturinhas facilmente afastadas.

- Isso é ridículo – Harry comenta com Draco, observando como os Diabretes se colocavam a destruir a sala enquanto Gilderoy tentava pará-los, isso até perder a varinha para um deles.

Os alunos corriam de lado para o outro, desesperados, tentando fugir das criaturinhas. Blaise e Draco davam boas gargalhadas, Pansy lixava as unhas, desinteressada, Theo lia seu novo exemplar sobre Maldições Obscuras com tranqüilidade e Harry pensava em como seu novo professor se superava em matéria de inutilidade.

O pequeno Slytherin de olhos verdes, no entanto, já estava ficando com dor de cabeça devido a tanta gritaria e sob o olhar expectante de Lockhart, que estava escondido embaixo de uma mesa, levantou-se:

- Immobilus! – murmurou simplesmente, apontando a varinha para cima. Na mesma hora os Diabretes se viram flutuando no ar, impossibilitados de se mover. A classe rompeu em aplausos e assobios, até alguns Gryffindor não puderam se conter diante de tamanho alívio.

- Muito bem, Harry, muito bem... – o professor sorria com nervosismo, batendo a poeira da túnica ao sair debaixo da mesa, mas antes que pudesse continuar, um entediado Harry já lançava outro feitiço:

- Incendio!

E os Diabretes agora caiam como meros carvõezinhos no chão da sala, sob o olhar assustado dos Gryffindors, divertido dos Slytherins e incrédulo do professor.

- Er... Dez...Dez ponto para Slytherin – engasgou Lockhart, observando Harry abandonar a sala tranquilamente, seguido de seus amigos, sob o som da sineta que encerrava a aula.

-x-

Horas mais tarde, Harry e os demais se encontravam desfrutando do delicioso jantar no Salão Principal, e o moreninho contava com a parabenização de seus colegas Slytherins e com o olhar apreensivo dos estudantes das outras casas, devido ao sutil episódio vivido na aula de DCAO. Harry, até então, conversava com Pansy tranquilamente, de ótimo humor, até aquela atrevida garota vir se sentar ao lado do loiro. Imediatamente fechou a cara. Afinal, como Draco dar corda àquela estúpida menina? Será que não reparava em como ela era oferecida?

- Formam um ótimo casal, não acha? – Pansy perguntou com um sorriso malicioso, indicando o "casal" que era alvo dos olhares furiosos de Harry.

- Hum? Quem?... – tentou dissimular.

- O Draquinho e a pequena Rosier.

- Oh... Na verdade, acho que ela é muito pouca coisa para ele.

- É mesmo? Pois estão comentando que ela entrou em Hogwarts decidida a se casar com ele.

- O QUE? – todos os olhares se voltaram para Harry, que rapidamente baixou o tom de voz – Digo, é muita pretensão da parte dela.

- Mas ela parece decidida...

Harry estreitou os olhos vendo como seu melhor amigo escutava interessado o que a irritante menina falava, e não pensou duas vezes antes de voltar-se a Theodore Nott com um lindo sorriso e começar a debater com interesse sobre o último livro que o moreno de olhos azuis havia lido. À sua frente, o herdeiro dos Malfoy apertava os punhos, concordando com a menina ao seu lado – que ele sequer lembrava o nome – enquanto esta falava que Nott parecia mais um Revenclaw que um Slytherin. Aquela garota tinha ganhado sua simpatia apenas pelas "verdades" que comentava sobre o seu rival.

O jantar seguiu sem mais delongas e agora, enquanto todos estavam em suas camas, mergulhados no mundo de Morpheu, Harry se encontrava no silêncioso Salão Comunal Slytherin com um pequeno livro de capa preta nas mãos. Todo o resto havia desaparecido de sua mente, só a curiosidade em saber mais sobre o passado de seu pai captava suas atenções naquele momento.

Sentado à grande mesa de estudos do salão, Harry folheou as páginas em branco, nenhuma das quais tinha sequer vestígio de tinta. Então pegou o tinteiro que estava à sua frente e molhou uma pena. Deixou cair um pingo na primeira página do diário, rogando a Merlin que não o estragasse ou ficaria de castigo até completar seus estudos.

A tinta, no entanto, brilhou intensamente no papel durante um segundo e, em seguida, como se estivesse sendo chupada pela página, desapareceu. Excitado, Harry tornou a molhar a pena uma segunda vez e escreveu:

"Meu nome é Harry James Riddle".

As palavras brilharam momentaneamente na página e também desapareceram sem deixar vestígios. Então, finalmente, aconteceu uma coisa.

Filtrando-se de volta à página, com a própria tinta de Harry, surgiu uma elegante e conhecida caligrafia:

"Riddle?... Isso é alguma brincadeira?".

Continua...


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