Hidden escrita por jduarte


Capítulo 71
Inigualável


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas!!
Vamos às atividades do FDS :D
Seguinte:
1o - Assista à algum filme do gostoso do Hunter Parrish;
2o - Dê o pé na bunda daquela pessoa que vc tem um nojo absurdo;
3o - Coma mmtmtmtmtmttmtmt chocolate!
Beijos,
Ju!



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– Posso? – perguntou apontando para a saída.

Não havia outra opção. Ou eu descobria o que havia acontecido com meu irmão, ou... Nem queria pensar em outra opção. Ele ficaria bem. Seguro.

– Seu irmão vai sobreviver – ela disse, mas eu sentia que não era só isso que ela queria conversar comigo.

– Mas...?

– Mas ele está em estado de transformação. Uma das transformações mais espetaculares, devo acrescentar. Ele é uma das raças em extinção, garota, foi por isso que a transformação o atingiu cedo demais. Parte dos mutantes raros filipias,tende a se transformar cedo. E ele é assim.

Abracei meu próprio corpo, me lembrando que ainda carregava o casaco molhado nos ombros, e era um tanto desconfortável. Ouvi um grito agudo, e voei para dentro do quarto. Não era meu irmão, e isso me deixou aliviada em parte, mas a cena perturbadora foi ver uma mutante mais nova que meu irmão começar a gritar por algo.

Tentei procurar a causa de seus gritos agudos, mas não havia nada. Ela estava com as mãos e pés amarrados com tiras longas de algo prateado e brilhante.

– É uma fase terrível. – ouvi alguém murmurar, quase com medo.

Olhei de relance para meu irmão inconsciente, deitado na cama, com tubos e toalhas geladas por todo o corpo, numa tentativa desesperada de abaixar sua temperatura. Dois homens, - que reconheci como enfermeiros gigantes – a acalmaram com um simples toque e palavras murmuradas. Pude sentir o quarto ficar mais leve. Tão leve que eu parecia flutuar.

– Vai ficar tudo bem? – perguntou a mutante com os olhos cheios d’água.

Um dos enfermeiros sorriu amigavelmente.

– Confia em mim. – disse apertando sua mão levemente.

Uma onda de pânico me atingiu na cabeça quando vi que mais médicos haviam entrado no quarto, e seguiam para o leito de meu irmão. Mas somente metade deles se dirigiu até nós, e se posicionaram nos pés do leito de meu irmão. Um deles era grisalho e tinha a expressão de poucos amigos, o que não me agradou muito. Ele parecia confiável, mas não tanto a ponto de eu confiar a vida de meu irmão. Seu rosto era familiar ao extremo.

– Viemos para levá-los aos apartamentos. – disse ele.

Sua voz era cortante como vidro.

Tentei sorrir amigável, mas tudo que consegui foi um sorriso amarelo e nada brilhante.

– Meu irmão ficará bem? – perguntei cruzando os ombros.

Ele me olhou profundamente.

– Confia em mim. – disse o doutor que mais me parecia um cientista engomadinho.

Sua voz não passava confiança como a do outro enfermeiro, que falou no mesmo tom que o cientista.

– Aperte bem as tiras de feninas para que ele não possa usar sua força total. – disse ele para um enfermeiro de azul.

– Meu irmão vai dividir o quarto com alguém? – perguntei.

– Sim. – ele disse pegando algum arquivo, e escrevendo algo nele.

Vi que a garotinha que estava no leito ao lado de meu irmão, começou a ser amarrada do mesmo modo que Rubens. Ela estava sozinha, não tinha pais – pelo que pude ler na placa acima de sua cabeça –, e nem responsáveis. Aquilo me deu um aperto no coração, e uma coceira no fundo do nariz fez meus olhos lacrimejarem levemente.

– Rubens? – uma voz melodiosa e familiar desencadeou uma tremedeira nas pernas, que parecia ser a única coisa que me lembrava de que eu ainda podia senti-las.

– Camila, o que aconteceu aqui? – perguntou.

Corri em sua direção e me acabei de chorar em seus braços.

Mamãe ainda tinha o mesmo cheiro de cinco meses atrás. Rosas e alguma coisa mais. Tentei não pensar que havia passado meses sem nenhuma notícia de seu paradeiro, ou ao menos dizer se estavam vivos. Não conseguia pensar que talvez meu pai nem estivesse vivo, ou que tivessem arrumado filhos substitutos. E então, pela primeira vez em toda minha vida, tive desconfiança de minha mãe.

– Onde você estava? Porque você nos deixou? E porque voltou só agora? – perguntei.

Ela riu afagando meu braço, como quando eu era pequena.

– Calma, meu anjo, vou botar tudo em dia, contar as novidades, mas não aqui. – ela olhou de soslaio para o cientista.

Irônico ela me chamar de anjo quando eu tenho asas grudadas nas costas, não?

Seu semblante suave me dizia que papai não havia morrido. Ela não seria tão hipócrita à ponto de dizer: “Uhul!, seu pai morreu, vamos festejar com um churrasco!”Não. No mínimo ela estaria em depressão profunda. Ele era sua vida.

– Quais novidades? – perguntei.

Ela sorriu e mordeu o lábio inferior como se tivesse nervosa.

– Depois te conto, tudo bem?

– Vamos? – perguntou o cientista.

Assenti levemente, e puxei a maca de meu irmão tomando todo o cuidado para não o machucar, por conta de todos os tubos e as toalhas geladas pelo corpo. Isso me deixava com um bolo no estômago.

Meu celular vibrou no bolso da calça, mas a preguiça venceu e não o peguei. Talvez eu tivesse força de vontade para pegá-lo mais tarde.

Observei atentamente enquanto a maca da garotinha que estava ao lado de meu irmão, saiu pela porta, e cruzou mais algumas portas pelo corredor. O leito de Rubens foi empurrado por um enfermeiro, e seguiu o da garotinha.

Mamãe segurou meus ombros o tempo inteiro, e quando lancei um olhar pela porta da entrada, percebi que meu pai estava sentado desconfortavelmente em uma cadeira pequena demais para seu tamanho. Sorri instintivamente. Era bom tê-los de volta.

– Vamos querida? – perguntou mamãe apertando meus ombros gentilmente.

Engoli seco. Seu toque não era tão familiar, mas depois de cinco meses sem nenhum toque, quem iria se lembrar.

Entramos em um elevador grande, que fazia os dois leitos caberem dentro, mais onze pessoas. Fazendo algumas rápidas contas de cabeça, deduzi que o elevador agüentava bastante peso, já que cada leito deveria pesar uns duzentos quilos.


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Notas finais do capítulo

Continua??