Continuando... Samantha narrando.

- Ei, vai ficar todo dolorido se dormir nesse sofá, e Josef não pode dormir à tarde, se não, ele não dorme a noite. – sussurrei.

Bill levantou com cuidado, e deixou Josef dormindo no sofá.

- Pode acordá-lo, não vai querer passar a noite montando quebra-cabeça com ele. – sussurrei.

- Vou acordá-lo assim que nós dois conversarmos Samantha.

- Então diga sobre o que quer falar?

-  Sobre você, ou melhor sobre nós. Você ficou estranha desde o café, não sei se fiz algo errado, então gostaria de saber... É ciúmes da Alice e do Raymond?

- Não tem nada haver com Raymond, e sim com Alice, Bill...

Antes que eu pudesse falar tudo o que desejava dizer, lembrei das palavras de Louise “sem o pressionar, apenas diga o que pensa, e aos poucos cobre uma decisão dele.”  Então me controlei.

- Às vezes acho que você não me ama de verdade Bill, isso dói, parece que eu sou “a outra” e que nunca vou passar disso, imagina se descobrem? Imagina se Alice conhece alguém do prédio? Essas pessoas sempre vêem você aqui, ai será pior, será um escândalo, você é um arquiteto famoso e por causa do seu sogro, pode ter problemas maiores na carreira do que se contar a verdade.

- Eu te amo de verdade Samantha, você sabe disso desde a primeira vez que nos encontramos, sabe que não amo Alice, parece que não confia em mim.

- Diz não amar Alice, mas está lá, morando com ela... Dormindo com ela! – aumentei a voz.

- Esse ciúme dela de novo Samantha? Está me sufocando, exatamente como ela faz!  - ele usou o mesmo tom de voz que o meu.

- É assim que você gosta não é Bill? Se odiasse tanto não estaria com ela! – gritei.

Notamos que Josef acabou acordando e estava nos olhando meio assustado, Bill apenas saiu e bateu a porta da sala. Sentei do lado de Josef no sofá e o abracei.

- Mamãe, papai já foi embora? Ele vai voltar? Vocês brigaram de novo?

- Ele vai voltar meu Amor, não foi nada ok? Agora vai fazer sua lição de casa que amanhã tem aula.

- Vou poder comer mais sobremesa depois?

- Sim! – forcei um sorriso.

Josef tinha apenas 4 anos, mas ia a escola e fazia o maternal, geralmente as lições eram apenas pintar alguns desenhos, e na verdade, lições raramente vinham. Enquanto Josef se divertia pintando desenhos na mesa, meu pensamento estava em Bill, e se ele voltaria hoje... apesar de tudo, não penso que exagerei.

---------------  Bill.

Fui até o café onde eu e Samantha nos conhecemos, o lugar que eu sentia paz, que eu sentia que era livre, livre de tudo. Apesar da briga com Samantha eu sabia que ela não estava totalmente errada, aquela situação realmente a incomodava, e ela já aturava aquilo há 6 anos, acho que ela realmente me ama, do  mesmo jeito como amo ela. Não sinto nada por Alice, apesar de fazermos “amor” e vivermos juntos, é uma relação meio “automática” que não me agrada, mas deixar Alice, filha do meu chefe e melhor amigo do meu pai, para ficar com Samantha e ainda já tendo um filho com ela, poderia criar problemas na minha carreira, como era o pai de Alice que conseguia bons projetos pra mim, eu meio que dependia dele. Não sei se estou suficientemente independente de meu sogro para deixar Alice e seguir minha carreira sem a ajuda dele, o conhecendo como eu conheço eu sei, que ele levaria pro lado pessoal. Decidi voltar e tentar fazer as pazes com Samantha, eu queria passar a semana toda com ela e Josef. Abri a porta e Josef estava jantando sozinho na mesa, me disse que Samantha estava no banho, então fui até o quarto, e ela estava de roupão, secando o cabelo.

- Samantha? – Entrei e fechei a porta.

- Bill...

- É, seus olhos... Estão meio... Meio...  Vermelhos, estava chorando?

- Não é nada. – ela desligou o secador e sentou na cama.

- Me desculpe, eu sei que as vezes passo uma imagem errada dos meus sentimentos por você, mas acredite, eu te amo.  – sentei ao lado dela, e pude notar que ela estava se esforçando pra não chorar. Fale algo.

- Estou bem Bill, não preciso dizer nada.

- Eu não posso deixar Alice, não até conseguir me estabilizar no escritório sem depender do pai dela, ele consegue bons projetos pra mim, e não sei se já consigo esses projetos sem ele.

- Já entendi Bill, primeiro sua carreira, depois Alice e o pai, depois eu.

- Samantha... Por favor, eu te peço mais alguns meses e eu juro que eu serei só seu, é horrível estar com alguém que você não ama, quando eu estou com ela, estou pensando em você, acredita em mim. Morar com ela não me faz feliz, tocá-la e dormir com ela muito menos, mas... Enfim, apenas te peço mais alguns meses.

- Bill, eu já esperei tanto tempo por você... E você continua com ela.

- Alguns meses Samantha, por favor.

- Tudo bem, mas prometa, alguns meses apenas.

- Eu prometo. Eu te amo. – Eu a abracei e nós nos beijamos, mas Josef abriu a porta do quarto.