---------------------------- SAMANTHA.

O que? Bill desistiu de mim, assim tão rápido? Agora caiu a ficha de que realmente ele não insistiria a vida toda, e sim, as palavras dele me surpreenderam “Deixe de se sentir tão importante Samantha, eu disse que desistiria de você e desisti.”  É, talvez ele realmente teria desistido, caso contrário não diria aquelas palavras com tanta certeza, mas eu estava bem era apenas mais um motivo pra eu me esforçar mais em esquecê-lo.

Uns três meses se passaram e tudo continuava igual, nem eu e nem o Bill cedia. Quando ia buscar Josef, tudo o que ele me dizia era “Oi” e nem fazia questão de olhar nos meus olhos, aquilo me incomodava muito, admito que gostaria de saber se ele ainda tinha muito contato com Alice, claro que devia ter, afinal ele também tinha um filho com ela. É, acho que Bill realmente me esqueceu, eu devia odiá-lo, devia ter o esquecido há muito tempo, aliás eu nem devia ter ficado com ele. Eu tinha deixado aquele amor estúpido vencer a razão, a noção das coisas e eu me odiava por isso, eu nunca devia ter aceitado tudo o que aceitei por ele, nunca, mas... não adiantava se lamentar já que eu havia feito tudo isso por um idiota que nem se quer me amou de verdade, o que me restava era superar, e tentar conviver com isso todos os dias. Eu não me esforçava pra mudar essa situação de não conversar direito com Bill, se ele não se importava, por que eu deveria?

------------------------------------------ BILL.

Sitting in an empty room, trying to forget the past.  All I wanna  do Is trade this life for something new.

Sentando em um quarto vazio, tentando esquecer o passado.  Tudo que eu quero fazer é trocar essa vida por algo novo.

Eu sentia muito a falta da Sam, mas apesar disso, e apesar de sofrer muito eu não corria mais atrás dela, era algo inútil já que ela realmente tinha decidido me esquecer, o melhor que eu tinha fazer era tratá-la de igual pra igual. A maioria das vezes que eu ia buscar Josef nas sextas-feiras era Louise que estava lá, raramente via a Sam, e quando via NUNCA passava de um “Oi”. Com Alice era diferente, como nós tínhamos terminado como amigos eu conversava com ela normalmente, e era realmente mais fácil falar com ela do que falar com a Sam, por exemplo, mas acho que isso talvez por que eu não amasse Alice, e nem ela me amava tanto como ela mesma achava, talvez fosse mais complicado com a Sam pelo fato de que eu amava ela, e de que ela me amava também, querendo ou não, por causa de tudo o que houve isso dificultava as coisas. Nos últimos três meses eu recebi algumas propostas de emprego fora da Alemanha, mas não sabia se aceitaria pelo fato de mudar completamente minha vida em todos os sentidos, não aceitei de primeira porque realmente acreditei que esqueceria a Samantha e poderia viver normalmente como antes de conhecê-la, mas não foi bem assim, eu continuei sofrendo, continuei sentindo a falta dela continuei morto por dentro e obviamente eu não poderia ficar assim pelo resto dos meus dias, eu precisava aceitar que ela não me queria mais, precisava superar por mais que fosse difícil, a parte mais difícil do final, é recomeçar. Então eu aceitei uma proposta de emprego na Itália, eu iria primeiro e Tom depois, como sempre sobrava pra mim as coisas mais difíceis como encontrar um lugar pra morar, etc etc... O único problema de tudo isso eram meus filhos, eu realmente iria odiar ficar longe deles, mas era algo preciso. Eu ainda não havia contado nada a Samantha, havia falado só com a Alice e claro com ela foi mais fácil, eu não queria ver a Sam, não queria ter de dizer isso a ela, portanto, restava Louise. Em uma das sextas-feiras que fui buscar Josef chamei o Tom pra ir comigo, pra facilitar as coisas. Liguei pra Louise antes e avisei que precisava vê-la então ela aceitou e quando eu e Tom fomos buscar Josef pegamos ela também, fomos pra uma praça, daquelas em que há coisas pra crianças e tudo mais, claro que o Tom ficou de babá pro Josef enquanto eu falava com Louise, que por sinal não parava de comer meu irmão com os olhos. Sentamos em um banco meio isolado e ela me olhou com uma expressão de tédio, como se quisesse dizer com os olhos pra que eu falasse o que queria logo, mas eu continuei em silêncio.

- Bill, quer me matar? Diga o que quer logo.

- Preciso de um favor.

- Ah, devia ter adivinhado, se quer que eu diga a Sam pra te perdoar, desista isso é algo que cabe a ela, e eu já tentei dizer pra ela ao menos te escutar, mas você conhece a Samantha.

- Não é isso, eu já entendi que ela realmente quer me esquecer, ou já esqueceu... sei lá.

- Não, ela não te esqueceu, ela só quer acreditar que sim, mas ela sabe que não...

- Ah, claro. Como sabe?

- Bill, quando você parou de insistir nela notou como ficou incomodada? Se não gostasse mais de você iria dar graças a Deus, e não lamentar.

- Talvez, mas de qualquer forma ela não me quer mais, pode até me amar mas não me quer mais e é isso que faz TODA a diferença. Então... eu preciso fazer o mesmo esquecer a Samantha, começar de novo e eu só vou conseguir isso longe, bem longe dela...

- Aonde quer chegar Bill?

- Vou me mudar Louise, pra Itália.

- Itália? Por quê? Meu Deus, e seus filhos?

- Eu virei vê-los de vez em quando, e eles não dependem tanto de mim... eles tem mães perfeitas, por sorte, e isso me deixa mais tranqüilo.

- E a outra lá, a tal da Alice, sabe disso?

- Sabe.

- Contou a ela?

- Claro.

- Então por que não conta a Sam?

- Vou contar, eu acho.

- Então por que estou aqui?

- Pra que você conte, caso eu não tenha coragem.

- E por que não teria?

- Por que eu olharia nos olhos dela de novo, veria aquele brilho intenso e desistiria de tudo pra insistir nela de novo e eu não quero mais Louise, não tenho mais condições de sofrer por isso.

- Bill, não vou fazer isso, quem tem que dizer é você! Imagina se ela resolve voltar contigo por isso, o medo de perder é capaz de fazer com que as pessoas voltem atrás.

- Agora é tarde pra isso, já estamos separados há meses.

- E daí? Por causa desses meses seu amor por ela diminuiu?

- Não, nem um pouco. – Eu podia sentir algo apertar meu coração ao dizer aquilo.

- Então acredite que ela também não deixou de te amar, eu sei que machuca Bill, mas você tem que tentar de novo.

- Mais uma vez? Pra ela jogar todas minhas esperanças no chão e pisar nelas como sempre faz?

- Não se faça de vitima por que você não é! Pare de sentir pena de si mesmo e tente outra vez.

- Eu já disse que não quero mais sofrer, realmente Louise, acho que desisti.

- Não vê o que está fazendo? Está sofrendo ainda mais se obrigando a desistir dela Bill, acorda!

- Eu realmente não sei, vou pensar sobre isso...

- Ok, mas vai quando pra lá, se realmente for?

- Daqui a umas duas semanas.

- Já?

- Sim.

- Fale com a Sam no ultimo dia, e me avise antes de ir pra casa dela.

- Porque?

- Sei o que eu faço, confie em mim.

- Tudo bem, era só isso... vou te deixar livre agora.

- Seu irmão é...

- Bonito? – Eu ri.

- Muito.

- Somos gêmeos, sou bonito então...

- Ele é diferente – ela riu – você parece mais bobo, inocente.

- É, ele realmente não tem nada de bobo e inocente, posso te passar o numero dele.

- Quem disse que eu quero?

- Se ficar de frescuras eu não passo.

- Tudo bem, eu quero o número dele.  Aliás, de onde ele conhece o Josef?

- Ele é tio dele (?)

- Sim, mas você nunca falava sobre ele.

- Prefiro manter Tom longe dos meus assuntos, se erro algo ele sempre faz questão de esfregar na minha cara.

- Mas então, como ele conheceu Josef?

- Faz alguns meses, desde que eu e Samantha estamos separados...

- Ele gosta de crianças?

- Sim, desde que não sejam dele.

- Ah...

- Bom, quer ir embora? Posso pedir pra ele te levar.

- Adoraria. – ela riu.