Skater Girl escrita por sisfics


Capítulo 19
Capítulo Dezoito: O que fomos, o que seremos.




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Edward pov

Não sei - de coração - o que me fez chegar a esse ponto, pois jamais pensei um dia ser forte o suficiente para suportar tal medo ao ver a vida nos olhos de quem mais amei em toda minha vida se esvair aos poucos até se extinguir completamente, estando eu lá com meus braços atados, engolindo a vontade de abraçá-la e tentar reanimá-la com minhas próprias mãos.

Não tinha como ampará-la naquele momento, e agora era eu que estava aqui sozinho nesse maldito corredor branco e silencioso, sendo esmagado por meus próprios pensamentos e fúria. Me culpava por não ter sido rápido o suficiente, pois talvez minha Isabella não estivesse assim se minha ação fosse mais rápida.

– Onde estava com a cabeça para se sacrificar desse jeito? - perguntei em voz alta mesmo sabendo que estava longe demais para descobrir a resposta, se é que um dia poderia me ouvir de novo.

Uma chama de esperança se acendeu quando vi aqueles pequenos olhos castanhos, se esgueirando entre a preocupação e o desespero, vindo na minha direção. Bella dissera tão claramente antes de soltar minha mão aquelas três palavras. Precisava conversar com ela antes de qualquer coisa, somente para contar que também a amava e que precisava do seu perdão por tudo que fiz, por isso precisava se recuperar, iria se recuperar. Precisava acreditar que voltaria para mim e sua filha que agora pulava nos meus braços com um grande aperto.

– Nessie, meu anjo. - ela se afastou as pressas, as lágrimas rolando descontroladamente pelo rosto.
– Cadê a Bella? Edward, cadê a minha irmã. A Bella morreu? - Emmett não disse nada atrás dela, mas parecia estar se sentindo mal.
– A Bella... - olhei nos olhos dele que também pareciam desesperados, mas um pouco mais mergulhados em remorso - Sua irmã está lá dentro.
– Lá dentro onde?
– Com os médicos. Ela está numa cirurgia e já vai sair de lá, entendeu?.

– Vai sair viva? - aquilo quebrou ainda mais meu coração.
– Quando foi a última vez que viu sua irmã?
– Quando saiu de casa.
– E se lembra do que disse para você nesse dia?
– Disse para eu confiar nela sempre. Não importa o que as pessoas falassem, mas que ela me amava e ia voltar.
– Então, ela vai voltar. - segurei seu rosto e beijei suas bochechas até fazer barulho e ela dar um meio sorriso ainda que triste.

Emmett esticou o braço como se fosse tocar nos cabelos da sobrinha, mas desistiu, então cobriu a boca com a mão e saiu andando como um desesperado até virar no próximo corredor. Nessie se aninhou mais no meu colo até que todas as suas lágrimas secaram e o vermelhidão de suas bochechas passou.

– Onde está seu pai? - perguntei.
– Ele não quis vir. - ela deu de ombros - Eu queria que ele estivesse aqui. Queria que mandasse a Bella ficar bem de novo.
– Posso fazer isso no lugar dele.
– Ela vai te obedecer? - perguntou séria.
– Duvido muito. - tentei sorrir, mas não saiu, então suas mãozinhas cobriram meu rosto, secando as lágrimas da minha pele.
– Edward? - a voz se aproximou, então Rose sentou ao meu lado com uma sacola grande e suas mãos que me tocavam até onde podia - Você está bem, meu Deus, amém.
– O que faz aqui? - antes de me responder ela abraçou Nessie que foi para o seu colo que era mais confortável.
– Papai e mamãe estão na delegacia. Alice está cuidando tudo em casa com Jasper.
– Que ótimo. Agora devo a eles. - rosnei.
– Somos uma família, Edward. Não haja como se não fosse verdade. - apoiou o queixo no alto da cabeça de Nessie e a abraçou mais forte.
– Desculpe?
– Como ela está?
– Nenhuma notícia. Faz horas que entraram na sala de cirurgia e até agora nada. Quero dizer, já estou aqui há quatro horas. Eu quero... desesperadamente...vê-la. - Rosalie assentiu, entendendo minha dor.
– Tem alguém para cuidar de Nessie? Eu quero conversar com você a sós.
– Acho que eu. - Emmett disse ainda pálido.

Tomando bastante cuidado para não desequilibrar, levantou-se e entregou a criança aos cuidados do irmão, deixando em seguida um beijo nos seus cachos. Me levantei antes que pedisse desnecessariamente e assim encarei Emmett alguns segundos. Parecia transtornado, se remoendo de remorso. Éramos dois.

Rose entrelaçou seus dedos aos meus, buscou a sacola sobre os bancos e me levou até um outro corredor à esquerda de onde estávamos. Assim que chegamos ao lugar onde não poderíamos ser ouvidos, seus braços envolveram meus ombros e senti algumas lágrimas molharem meu rosto colado ao seu. Era um abraço de consolo antecipado. Ela achava que Isabella morreria, mas eu não. Então a abracei também tentando afastar esse pensamento de nós e nunca me senti tão próximo da minha irmã quanto agora. Um tempo depois, se afastou com o rosto avermelhado e passou a mão pela minha camisa suja de sangue seco.

– Quando ligaram dizendo que um assalto tinha acontecido, que havia feridos-
– Estou bem.
– Me conte o que aconteceu. - não tive forças para desobedecê-la.
– Papai e a mamãe saíram com Alice, me deitei pra dormir um pouco e só acordei com um barulho. Fui até a escada e vi Marie caída no chão, então tomei uma coronhada na nuca e desmaiei. Quando acordei, estava na sala e o ex-namorado da Bella estava lá. Armado. Pensei que me mataria, mas ela chegou a tempo e ficou na frente da arma. Eu quis... impedí-lo, mas ele percebeu meu movimento, se virou para mim e, para me proteger, ela puxou seu braço para baixo. Só me lembro de vê-la caindo no chão depois disso.

– Meu Deus. - cobriu o rosto angustiada - Chegamos no apartamento e vimos o carpete manchado de sangue, ficamos loucos para encontrá-lo. Mas nem todos puderam vir comigo. Nossos pais tiveram que ir até a delegacia, os policiais quase os arrastaram, eles os estão enchendo de perguntas. Jasper e Alice resolveram cuidar de casa. Logo todos vão chegar.
– Não sei se quero isso.
– Por favor, Edward, não comece.

– Não comece? Parece que não o conhece. Está dizendo isso porque não é você que depois vai ter que ouvir o doutor Carlisle reclamando horas no seu ouvido, dizendo o quanto era previsível, o quanto coloquei todos em risco. Não vai ouví-lo falar da mulher que você ama como se não passasse de lixo, mesmo que ela esteja lá, trancada naquela sala de cirurgia por horas.
– Não.
– Nenhum deles jamais gostou dela, nem me apoiaram quando eu precisei. Agora também não quero essa ajuda de merda.
– Pare de dizer essas bobagens.
– Melhor se eu tivesse tomado esse tiro.

– Edward. - vociferou segurando meus ombros, só então percebi que a estava magoando.
– Eu-
– Sabe que nem tudo é verdade. Por favor, te imploro que esqueça isso pelas próximas horas. Preocupe-se somente com Bella que está precisando de você, sem rastros do que aconteceu no passado para atormentar, tudo bem? - algum tempo olhando nos seus olhos me convenceu de que era o certo, pelo menos por enquanto, então concordei - Que ótimo. Sei que está muito nervoso com a demora, mas vou precisar que faça algumas coisas para mim. É urgente.

– O que?
– Dois policiais me trouxeram até aqui. Um deles está me esperando no final do corred-
– Policiais? Por que policiais estão no hospital?
– Bem, nossa casa se tornou um cenário de crime. Três, na verdade. O assalto, o incidente com Bella e também com o assaltante. Ele está no hospital agora em estado grave pela pancada que recebeu na cabeça. A que você deu.
– Como assim?

– Vim buscar suas roupas. Elas são provas nos dois casos. - fechou os olhos angustiada - Já tivemos sorte do chefe de polícia no distrito me deixar conversar com você antes ao invés dos homens dele. Sei que é um absurdo, que não quer pensar nisso agora, mas logo terá que ir até a delegacia. Ainda hoje, de preferência. E precisa também tirar essas roupas e colocá-las aqui. - buscou dentro de sua bolsa uma sacola de papel pardo.
– Você só pode estar de brincadeira, não é?

Puxei o saco de sua mão quase o rasgando devido a força que usei. Fiz também com que Rose desse um passo para trás assustada com minha reação.

– Minha namorada corre sérios riscos de não sair daqui viva e estão se preocupando com o filho-da-puta desgraçado que a deixou daquele jeito? Não me arrependo de ter golpeado ele. Deveria ter dado um mais forte.
– Não diga isso.
– Melhor que morra agora ou vou até o inferno atrás dele.
– Pare. Pelo amor de Deus, pare. Pode ser indiciado por homicídio culposo caso aconteça. Mesmo que alegue auto-defesa ainda terá muita batalha e dores-de-cabeça. Então, não diga algo assim em voz alta com policiais preparados para algemar alguém pelos corredores.

– Foda-se. Não me importo.
– Mas eu me importo. Está com medo, por isso fica dizendo essas bobagens, mas não vou mais discutir. Fique revoltado, mas se não quer fazer pelos investigadores, então faça pela garotinha que estava no seu colo no outro corredor. Já não acha assustador demais esperar por notícias da irmã com cinco anos? Imagine com você ao lado todo ensangüentado desse jeito. Pense bem. Ajude a ela e a você. Vá até o banheiro e troque de roupas.

Ela era a única que refreava minha raiva agora. Suspirei pensando nos seus olhinhos apavorados quando me viram.

Concordei, mas só mesmo por causa de Rennesme. A menina já estava assustada o suficiente com a possibilidade de perder a irmã, eu precisava evitar com que se preocupasse com coisas desnecessárias, ainda era uma criança. Com certeza se Bella estivesse ali diria o mesmo. Aquele pensamento fez uma nova pontada surgir em meu peito.

Fui até o banheiro mais próximo, tirei toda a roupa e vesti a nova. Dobrei os panos, colocando no saco de papel que Rosalie me entregara, vendo o quanto pesavam. Senti a onda de medo voltar a me invadir. Havia tanto sangue, tanto tempo fora perdido, devia ter me antecipado àquele maldito plano que jamais poderia dar mesmo certo.

Me sentia quebrado desde a hora que a vi cair no chão era como se não me sentisse mais completo por não tê-la mantido em segurança. Um completo inútil. Bati minha cabeça algumas vezes na parede, tentando expulsar toda aquela tormenta, mas era impossível. Notei que o cheiro de sangue estava impregnado nas minhas mãos. As lavei com brutalidade, esfregando as unhas quase até me ferir. Lavei o rosto por causa das lágrimas secas, então resgatei meus fundos de coragem e saí do banheiro.

Emmett ainda estava sentado, com Nessie em seu colo e Rosalie, parada ao seu lado, apoiava uma mão em seu ombro e outra no rosto da criança.

– Aqui está. - lhe entreguei o pacote - Pode ir. - ela assentiu.
– Eu vou voltar.
– Não precisa.
– Assim que terminar o interrogatório na delegacia, eles virão para cá, papai e mamãe.
– Não, Rosalie.
– Edward, por favor, não vá num caminho errado. - abaixei a cabeça, tinha mais com o que me preocupar.
– Tanto faz. - falei antes de andar até o final do corredor.

Parei ao lado de uma enfermeira, perguntei se ela sabia de uma jovem que tinha dado entrada com ferimento à bala na barriga. Mas ela disse que não sabia de nada do tipo, então pedi que procurasse para mim. Ela notou o desespero em minha voz e pediu que aguardasse sentado e ela procuraria. Acho que esperei mais uma hora até que voltasse para dizer que não havia novidade nenhuma. Tentei parecer grato com seu esforço, mas o nó em minha garganta não me permitia.

Um tempo depois, Nessie sentou-se em minha perna e cochilou. Observei suas semelhanças com a mãe, mas fui interrompido por Emmett levantando-se.

– Será que eles-
– Sente-se. Não vai adiantar de muita coisa.
– Ficar aqui de braços cruzados também não. Parece que vou sufocar.
– Não é remorso?

Não medi as conseqüências. A verdade é que ele sempre a desprezara e tratara mal, segundo Bella, culpando pela morte da mãe dos dois. Essa preocupação para mim só tinha uma explicação. Agradeci pela criança ainda estar dormindo.

Não o encarei por falta de coragem, mas porque não queria mesmo ter que lidar com os problemas de mais uma pessoa nos meus ombros. Ele poderia me bater agora se quisesse ou dar as costas e não mais voltar. Pelo menos, havia dito o certo, aquilo que ninguém queria encarar. A menina se remexeu um pouco afundando o rosto em meu braço, mas ainda ressonava pesadamente.

– É isso que acha de mim, não é? Nem precisa responder. - acho que o ouvi rindo - Não poderia pensar outra coisa depois de tudo que já me viu fazer com Bella. Todas as vezes que errei com ela, a provoquei e magooei.
– Olha, não estou nem um pouco interessado em ouvir a sua versão dos fatos. Só esqueça o que eu disse.
– Não tem porque esquecer, você está certo. Infelizmente. Quando nos conhecemos até me viu reclamar por não tê-la atropelado direito. Quando entrei no hospital com minha irmãzinha no colo, também me perguntei porque estava sentindo esse aperto no peito. Só entendi a resposta quando te vi conversando com Nessie, quando a ouvi perguntar se Bella morreria.


– Emmett.
– Sei o quanto é injusto tudo que fiz, mas se entendesse como me sentia. Meu pai contou que sabe sobre toda a verdade. - verifiquei se a menina ainda dormia assim como ele - Os perdi tão rápido. Minha irmã caçula que vivia andando com o skate embaixo do braço não era mais uma garotinha que eu poderia proteger. Minha mãe não estava mais lá para segurar as pontas. Meu pai perdeu completamente o rumo. Eu quis ser forte, fingir que estava tudo bem e que agüentaria por todos, mas não consegui. Foi Bella quem tomou conta de tudo a partir do momento que voltou para casa. Uma parte de mim dizia para ajudá-la com o bebê, a casa, as responsabilidades na escola como qualquer adolescente. Mas ela se desdobrava, fazia tudo sozinha, ainda tinha tempo para se meter em besteiras. E eu esqueci que era seu irmão mais velho, nem mais me importava com o que estava aprontando. Só me conformei em sentir ódio por não ser forte como ela.

Aquele pedaço de mim que não queria se envolver morreu quando terminou seu discurso. O cara na minha frente não parecia nem um pouco com o estúpido que foi responsável por Bella sair de casa, nem com aquele que a xingava e atormentava. Apesar de não ter lógica, entendi o que estava sentindo.

– Parece loucura, eu sei. Admirar alguém e tentar derrubá-la. Só queria que fosse mais humana.
– Nunca conheci uma pessoa mais humana que a sua irmã até hoje. Talvez não a conhecesse direito, e então fez isso. Mas, sabe, ela foi a primeira a me mostrar que só precisamos estar perto dos que amamos para sermos felizes; a que me ensinou a ver o nascer do Sol; rir de mim mesmo; admitir que cometi erros. Muitas vezes se enganou escondendo seus sentimentos, mas sei que sempre foi pelo bem de todos. Não duvido que no fundo você ainda seja o irmão que ela tanto ama.
– Não sei se no lugar dela eu me perdoaria.
– Não está curioso em descobrir a resposta? - deu de ombros - Me prometa uma coisa, Emmett. - um pouco confuso assentiu e se aproximou - Quando Bella se recuperar, [i]porque eu sei que ela vai[/i], vocês vão conversar e tudo que me disse agora vai repetir para ela. Me promete?
– Prometo.
– Ótimo. - ele sorriu tristemente e caminhou até a outra parede para pensar.

Mas não ficamos muito tempo a sós. A primeira voz que ouvi foi a da minha mãe chamando meu nome com alívio no final do corredor. Levantei o rosto para ver toda a minha família vindo na nossa direção.

Imaginando o que aconteceria, Emm se antecipou para tirar a garotinha dos meus braços que logo receberam Esme chorando com medo.

– Meu filho, é tão bom vê-lo bem. Rezei para que nada tivesse acontecido à você. - não consegui corresponder, apenas encarei Rose atrás dela.
– Edward. - Carlisle pôs a mão pesada sobre meu ombro.

Respirei fundo querendo ter calma e forças para suportar o disparar que viria agora e ainda assim não me alterar. Um escândalo era a última coisa que precisava ainda mais com Nessie por aqui. Me concentraria somente no bem de Bella. Não importasse o que meu pai dissesse, seria somente ela. Como me ensinou: o que pensavam não importa. E, lentamente, me desvencilhei de Esme que ficou um pouco chateada com isso e me virei para olhar em seus olhos. Esperei pelo 'onde está com a cabeça?', pelos insultos, pela raiva que de certa forma era muito bem correspondida, mas me surpreendi com feições cansadas e arrependidas.

Completamente diferente de todas que já vi.

Deu um meio-sorriso quando nos encaramos, me abraçou também como minha mãe fizera, logo se afastando, e disse algo que não pude entender. Novamente não retribuí, pois estava lembrando de todas as vezes que pré-julgou meu relacionamento, as intenções de Isabella e até à mim. Pude sentir a pressão dos pensamentos de Rosalie sobre nós dois forçando-me lembrar das vezes que advertiu não ser bem assim, que eu estava sendo hipócrita quando o criticava tanto. Mas não havia como me rebelar contra alguém que parecia tão fragilizado.

E me surpreendi mais quando falou pela primeira vez:

– Como Isabella está? Ficamos preocupados. Já teve notícias?

Acho que fiquei tempo demais tentando absorver a pergunta. Tanto que só acordei com o sacudir que minha irmã fez ao me abraçar minutos depois.

– Diga, Edward. O que aconteceu? O que os médicos lhe disseram? - insistiu.

Rose abandonou-me quase indelicadamente e empurrou meu braço para frente tentando me forçar falar, mas foi difícil.

Médicos? Você mais do que ninguém deveria saber que eles poucos se importam se estou aqui louco de preocupação atrás de notícias ou não. - alguém segurou minha mão, mas puxei de volta - Minha namorada pode estar morrendo em algum canto desse hospital, mas eles não se importam, você não se importa, quem se importa?

Filho.
– Eu não vou me desgastar mais tentando fazer você entender. Passei os últimos meses assim, mas cansei. Só quero paz, okay? A família dela está aqui, então saiam logo. - olhei por cima do ombro a menininha que começava a acordar - Todos vocês.
– Está entendendo errado. Queremos ajudá-lo.
Faz muito não fazendo nada.– rosnei, querendo voltar aos bancos poucos metros dali.

Contudo, mal dei dois passos e logo ele estava entrando no meu caminho, impossibilitando que continuasse.

– Acho que não fui tão claro. Sai da minha frente, por favor.

– Não posso. - bufei - Não posso até que entenda uma coisa: apesar dos conflitos, temos o mesmo sangue e estaremos uns para os outros sempre. Sei que há tempos somos como estranhos, mas ainda quero seu bem. Por isso, todas as vezes que tentava me convencer de que estava fazendo o certo, eu me intrometia e brigávamos. Acho que não me acostumei com a idéia de que já é um homem responsável por seus atos e também decisões. Fui preconceituoso, acabei te afastando mais e quase te perdi... Rose disse o que houve... E se aquela menina que tanto vi com maus olhos salvou mesmo a vida do meu filho e me mostrou o quanto eu estava errado, não posso deixá-la desamparada. Não é piedade, é sentimento de família. Nos perdoe e nos deixe ficar aqui, por favor?

Talvez ele tenha achado que um gesto só pudesse apagar todo o rancor dentro de mim. Todos hoje tiraram o dia para me surpreender.

Esme estava lá com a mesma expectativa quando Carlisle terminou o discurso. Pensei bastante nas suas palavras e acho que o que mais me ajudou a decidir o que faria agora foi o sentimento que sempre vi no fundo dos olhos de Bella quando falava de seu pai e irmão. Não queria me perder da maneira que a sempre vi perdida e havia sentido em tudo que ele dissera. Mas do outro lado da balança estava meu orgulho, tão firme.

Não pensava em ceder, mas esclarecer melhor todos os nossos desentedimentos. Não hoje, um dia.

Deixei bem claro em minha expressão que não estava o perdoando - ou seja lá o que quisesse de mim - quando fiz um sinal para que avançasse pelo corredor até o lugar onde poderia encontrar as enfermeiras. Estava apenas aceitando sua ajuda em nome de Bella. Ele entendeu que eu ignoraria todo o resto a partir de agora, mas que as coisas não estavam resolvidas afinal.

– Tem muitos colegas. Um deles deve trabalhar aqui. - assentiu - Faça o que tem que fazer.

Foi só o necessário para que fosse quase correndo pedir informações. Voltei a me sentar, trazendo o resto da minha família dessa vez o que não foi tão mal já que minha irmã ficou distraindo Rennesme e logo Carlisle estava de volta puxando a mim e a Emmett pelo braço para contar alguma coisa.

– Falei com a chefe das enfermeiras de plantão. Ela acaba de entrar para chamar o médico responsável pela emergência. Há quantas horas Bella está na sala de cirurgia? - olhei no relógio de parede do corredor.
– Quase seis.
– Ouviu alguma informação útil sobre o ferimento dela na ambulância?
– Não, mas teve uma parada cardíaca pouco antes de pararmos aqui na frente do hospital.
– Tudo bem. Emmett é seu nome, não é rapaz?
– Sim, senhor Cullen.
– Onde está seu pai?
– Em casa. E acho que de lá não sai nem tão cedo. - ele enrugou o cenho - Os dois tem uma relação difícil. Trouxe minha irmã até pra não deixá-la sozinha com ele pois estava bem irritado.
– Tudo bem. Fique tranquilo. Não precisa explicar os problemas da sua família para mim. É só que talvez o cirurgião que a acompanhou tenha que falar com o responsável por ela, mesmo que Isabella já tenha mais de dezoito anos.
– Ele pode conversar comigo. - me intrometi - Ou com você. Vamos tirar Charlie da questão.

A conversa terminou com o som abafado de uma porta ao nosso lado. Logo a mulher que Carlisle acabara de falar parou perto de nós e disse o nome completo de Isabella diretamente à ele.

– Sim. Essa mesmo.

– Bem, consegui falar diretamente com o cirurgião responsável pelo caso da sua nora. - ele havia dito que era seu sogro? - O Dr. Greive acaba de finalizar a cirurgia e já vem conversar com a família. Questão de minutos.
– Mas ela está bem?
Estabilizada. Mas é ele quem deve dar todas as informações. Com licença?
– Toda, enfermeira. Muito obrigada.
– Estabilizada. Isso é bom, não é?
– A ouviu, não foi? Questão de minutos e o médico estará aqui para explicar quais procedimentos tomaram e como Bella poderá se recuperar. Se acalme. Mas, agora, me diga uma coisa: onde era o ferimento?
– No abdômen. Lado direito. - abaixou a cabeça passando a mão pelos cabelos - Por que a preocupação? Acha que pode ter atingido algum órgão importante?
– Vamos rezar para que não. Vou falar com sua mã-
– Sobre o que? - ela apareceu ao seu lado.
– O cirurgião já vem nos contar sobre o estado dela.
– Graças a Deus.

Passou a mão pelo meu rosto que devia estar contorcido numa máscara de angústia, mas não podia evitar sabendo que estava tão perto de finalmente ter notícias suas. Havia um peso a menos no meu peito por descobrir que estava viva, mas o modo como Carlisle reagiu quando expliquei onde era o ferimento estava ocupando-o de volta. Logo, o médico saiu acompanhado de uma mulher que nos sinalizou. Meu coração estava disparado.

– Vocês são familiares de... Isabella. - repetiu após olhar uma folha.
– Como ela está? O que aconteceu? Podemos vê-la? - disparei num rompante.
– Uma coisa de cada vez, rapaz. Você é?
– Edward, namorado.
– O senhor deve ser Carlisle, o médico que pediu que me procurassem.
– Sim, sou o pai dele. Então, em que estado ela se encontra?
– Grave. Extremamente grave. O projétil atingiu o fígado da paciente, calculamos que cerca de vinte e cinco por cento dele tenha sido lacerado. Como é um órgão muito irrigado houve grande perda de sangue que foi controlada e tudo está certo agora. Ele se regenerará com sucesso.

– Espere. Como assim o estado dela é grave se acaba de dizer que as coisas deram certo lá dentro?
– Estamos falando de uma grande quantidade de sangue perdida, rapaz. Com dificuldade a estabilizamos, mas sua pressão está muito baixa. O único modo de recuperá-la seria por uma transfusão. Imediata. Precisamos de doadores compatíveis o mais depressa possível antes que-
– Qual o tipo sangüíneo? - Carlisle perguntou.
– O mesmo que o meu: 'B' positivo. Sou irmão dela, posso ser doador. - a idéia de todos se iluminou.
– Ainda precisamos fazer alguns exames antes, mas é provável que você possa mesmo. Ainda assim, seria pouco. Precisamos de mais um familiar direto com o mesmo tipo sangüíneo como, por exemplo, sua mãe.
– Não temos mãe. Mas meu pai-
– O que? - o interrompi.

Emmett abaixou a cabeça, sugando o ar com velocidade pela boca, eu sabia o que ele estava imaginando. Charlie dissera para Bella que não era mais seu pai quando ela decidiu sair de casa e manter o contrato da Spitfire, ele sequer tinha vindo para o hospital saber se estava viva.

E se ele não quisesse mesmo que ela vivesse? Será que tinha tanto rancor assim que seria capaz de jogar sua própria filha a mercê da sorte? Se pudesse, tiraria aquela responsabilidade de suas mãos e então o obrigaria a doar o sangue.

– Precisam entrar em contato com ele o mais depressa possível. Sinto muito não podermos fazer mais nada. O estado dela é mais delicado do que podem imaginar. - aquela frase me fez tomar a decisão - Pedirei que um médico venha aqui agora mesmo para conversar com você sobre a doação. - se dirigiu à Emmett.
– Eu posso vê-la? Mesmo que por um vidro, mesmo que por um segundo... - Rose encostou a testa no meu ombro.

Sempre fomos muito ligados, ela compartilhava toda a minha angústia e sentia pena de minha irmã por isso e culpa por tê-la tratado de maneira rude mais cedo. Todos os olhares estavam em mim quando o doutor negou com a cabeça e começou a se justificar.

– Não importa. - o interrompi - Preciso ir a um lugar. - tentei me afastar, mas meu pai segurou meu braço.
– Onde vai?
– Ao Brooklyn.
– Nem pense. Meu pai te mata se fizer isso, Edward. Você fica e eu vou conversar com ele. Sei exatamente o que devo dizer.
– Você deve ficar aqui e fazer a doação para Bella. Não temos tempo sobrando. Eu vou e converso com Charlie. Também sei exatamente o que devo dizer.
– Edward, ouça o rapaz. É melhor que ele converse com o pai. - Carlisle tentou, mas consegui me soltar.

– Não posso. - murmurei antes de enfiar a mão na bolsa de Rosalie e puxar sua carteira.

Ela não se assustou, na verdade facilitou o trabalho a soltando do braço para que eu pegasse dinheiro ainda andando. Joguei tudo no chão e corri até o elevador mais próximo.

Peguei um táxi que me levou até o antigo apartamento de Bella e pedi que ficasse me esperando na portaria. O motorista quis discutir dizendo que não era um lugar muito seguro, mas dei mais dinheiro e ele aceitou. Subi as escadas, pensando nas mil maneiras de dizer o que queria para Charlie, procurando palavras e tentando me acalmar para não estragar toda a abordagem.

Não passava pela minha cabeça o estado em que se encontraria, talvez nervoso, ansioso, ou despreocupado. Não conhecia o pai de Bella a esse ponto, mas rezei que ele ao menos me escutasse. Ao parar em sua porta, me pendurei num fio de esperança ao lembrar do meu pai. Carlisle quando conversou comigo sobre Bella depois que soube do nosso namoro foi completamente arrogante e sequer pensou no que eu queria. Mas quando precisei, minha família inteira estendeu a mão, até quem menos esperava. E ainda que ignorando por enquanto, eu havia gostado desse gesto.

Toquei a campainha e aguardei. Desejei desesperadamente que o laço de sangue fosse mais forte que qualquer coisa no momento. Charlie abriu a porta e me olhou assustado. Engoliu em seco, se agarrou a parede e respirou fundo.

– O que faz aqui? Cadê o Emmett? O que aconteceu com ela? - parecia prestes a desmoronar - O que aconteceu com minha filha?
– Eu... posso entrar? - saiu da frente me dando passagem.
– Onde está o meu filho? - perguntou fechando a porta.
– Emmett precisou ficar no hospital.
– E o que aconteceu com ela?
– Ela... - abaixei a cabeça e tentei resgatar forças para explicar.
– Isabella morreu? Foi isso, não foi? Meu Deus, eu sou o culpado. - levou uma mão até a cabeça.

Por um segundo senti algo perto de felicidade por ver como ele estava. Minha Isabella teria a ajuda que prometi.

– Não é isso, ela está viva. - deixou uma lágrima escapar - Mas não está nem um pouco bem.
– O que aconteceu?
– Não importa agora dizer o que aconteceu. Só vim para pedir sua ajuda, Charlie. Ela precisa de transfusão urgentemente ou pode não resistir e só você e Emmett podem doar.

– Doar? - assenti, ele pensou alguns segundos - Agora?
– Ou ela morre
– Tudo bem. - foi para dentro do apartamento e menos de um minuto depois estava de volta com uma camisa mais quente.

Nós saímos, notei que Charlie ainda parecia não acreditar em mim como se a qualquer momento fosse descobrir que era tudo brincadeira. Nós entramos no táxi e pedi que voltasse ao hospital.

Algum tempo depois, o pai de Bella encostou a cabeça na janela e fez um som como se estivesse com falta de ar.

– Você está bem?
– Me explique uma coisa: porque o tiro? Meus amigos policiais disseram que houve uma briga e ela caiu, mas não me disseram mais nada porque não posso entrar no caso já que é minha filha. Só me explica porque você foi brigar com um homem armado. Não imaginou que o tiro pudesse acertar em alguém?
– Acho que não te explicaram mesmo nada da história.
– Do que está falando?
– Não fui eu quem brigou pela arma.
– Não?

– Bella entrou no meu apartamento, se pôs na frente do assaltante na hora que ia atirar em mim. O homem hesitou, aproveitei a distração para tentar ajudá-la e quando ele percebeu o que eu ia fazer ela lutou pela arma com ele. Foi quando levou o tiro. No meu lugar. Sua filha me salvou pela milésima vez. - ele estava completamente chocado com tudo que contei e ficou em silêncio até chegarmos ao hospital.

Ao entrarmos no elevador, Charlie segurou meu braço e assim como no táxi me olhou da mesma maneira apavorada.

– Preciso de um favor.
– Qual?
– Quando Bella ficar bem, não diga que doei meu sangue, não permita que ninguém diga. Não diga que eu vim para o hospital. Não quero que ela me agradeça, não quero que pense em voltar a falar comigo, pois vou deixá-la seguir a vida dela com Nessie.
– O que está dizendo?
– Da última vez que vi minha filha, desejei que ela morresse, Edward. Fui capaz mesmo de sentir isso e nem se perdesse minha vida agora para salvá-la me sentiria menos culpado. Bella não precisa conviver comigo outra vez.

Chegamos ao andar, eu o levei até o lugar onde minha família esperava e agora até Alice e Jasper estavam lá com algumas novidades. Um médico diferente do de antes levou Charlie para fazer a doação assim como fez com Emmett.

Meu pai me contou que o irmão dela já estava lá dentro desde a hora que saí, que os médicos tinham assim esperança de tirá-la de risco e que eu poderia vê-la em breve pelo vidro. Alice e Jasper contaram que o apartamento já estava liberado como cena de crime. Rose me disse que policiais viriam em breve para me levar até a delegacia e pedir meu depoimento, mas falei que não sairia de lá até ver Bella.

Depois de quase uma hora, meu pai convenceu minha mãe e minhas irmãs a irem para um hotel e dormirem um pouco, afinal todos passaram a noite em claro. Ele ficou comigo e Nessie que dormia calmamente nos meus braços até que Charlie e Emmett apareceram.

Meu pai perguntou como tinha sido, se estavam se sentindo bem ou precisavam de alguma ajuda. Eles disseram que só precisavam se sentar um pouco e esperamos todos os testes que os médicos precisavam fazer.

Uma hora que Carlisle foi buscar um café, Charlie fez para Emmett o mesmo pedido que me fizera no elevador. O irmão de Bella disse que não faria isso jamais, mas depois que seu pai insistiu, ele cedeu ainda aborrecido. Passei algum tempo tentando entender os sentimentos de Charlie, então pensei no quanto Bella sofreu ao sair de casa, não só por deixar a filha, mas também por se separar dele. Por mais que a tenha feito sofrer, ainda era seu pai, a ele muito devia e o amava. Quebraria a promessa de Charlie.

– Com licença. - o médico chamou minha atenção.
– Doutor. - Charlie se levantou - O que aconteceu?
– Gostaria muito de conversar em particular com o senhor é sobre o estado dela.
– Piorou? - perguntei.
– Não, pode ficar calmo, rapaz. Assim que acabarmos poderão vê-la. Ela está no UTI. - Charlie o acompanhou, conversaram por algum tempo e depois ele voltou dizendo que eu poderia ver Bella primeiro.

Emmett me ajudou pegando Nessie do meu colo e o médico me levou até uma enfermeira que foi mostrando o caminho. Não consegui prestar atenção nas coisas que dizia, só pensava em ver o rosto dela e finalmente me livrar da sensação de que a estava perdendo. Minha ansiedade aumentou quando chegamos perto.

À primeira vista, não parecia a mesma garota valente de sempre, a que me enfrentava e respondia. Encostei minha cabeça no vidro e deixei algumas lágrimas cair. O rosto de Bella estava tão pálido, como se nunca mais o rosa que eu tanto amava pudesse voltar as suas maçãs do rosto.

Seus olhos estavam pregados e não enxergavam a quantidade de aparelhos que com dificuldade a mantinham viva. Havia muitos tubos e fios, medidores de tudo quanto é coisa, mas me prendi aos seus batimentos cardíacos muito fracos.

Queria poder tocar sua pele alva, sentir o perfume dos seus cabelos e sussurrar no seu ouvido que tudo ficaria bem.

– Tudo vai ficar bem. - falei para mim mesmo.

O pai de Bella entrou em seguida com a mesma enfermeira. Ele olhou somente uma vez para a filha e depois ficou de cabeça baixa sem dizer uma só palavra. Vários minutos depois, ele saiu e Emmett veio em seu lugar sem a sobrinha. Ele se aproximou colocando a mão no meu ombro.

– Nessie? - murmurei.
– Ainda dormindo. Ela vai ficar bem se só dissermos que Bella está melhor.

Em alguns minutos, disse que não queria mais ver aquilo e saiu. Eu fiquei até o último segundo que pude, até a enfermeira vir me buscar. A mulher explicou que Bella sairia agora e que eu precisava ficar com o resto da família.

– Posso só me despedir? Por favor? - ela permitiu nos deixando a sós.

Dei uma última olhada em Bella, sabia que não a veria de novo nem tão cedo, por isso tentei me convencer de que estaria bem melhor quando voltasse.

– Até daqui a pouco, meu amor.

[...]

– Então você não tinha conhecimento do sequestro da irmã dela? - o policial perguntou de novo.
– Já disse que não.
– Certo. Deixe-me ver: vocês dois não estavam mais num relacionamento e mesmo assim ela foi até sua casa. Como me explica isso?
– Ela é humana. - debochei.
– Isabella não foi a escola e tinha uma prova importante a ser realizada. Ela também não compareceu ao treino de skate pela primeira vez em meses. Passou o dia todo se escondendo de todos e foi reaparecer coincidentemente no seu apartamento na hora do assalto. Como explica isso, senhor Cullen?

O advogado me aconselhou a não dizer mais nada. O desgraçado estava tentando insinuar que eu tinha forjado um assalto na minha própria casa com a ajuda da namorada que meus pais me proibiam de ter. Eu estava tanto tempo sentado naquela maldita sala, sem notícias de Bella que receberia a transfusão, sem poder falar com meus pais e ainda por cima tendo que aguentar aquele homemzinho me pressionando para saber a história toda e finalmente ir para casa.

Respirei fundo para não dizer besteiras, também me acomodei melhor na cadeira. O policial se mexeu assim como eu, esperando ansioso por uma resposta.

– O homem que eu acertei. - sussurrei, ele se debruçou na mesa interessado e o amigo de meu pai me olhou com uma sobrancelha erguida - Bella e ele tiveram um relacionamento no passado, não durou muito e terminou antes mesmo de conhecê-la.
– Ah, então quando o senhor precisou pressionar seus pais, a sua amiga pediu a ajuda do ex-namorado. Vocês sairiam como os heróis para os seus pais, Edward? O que deu errado?

– Não responda, Edward. - sussurrou de novo.
– Nada deu errado. - rosnei - Só o fato desse desgraçado nunca ter deixado Bella em paz. Ele a procurava e até ameaçou a mim e a Rennesme só para pressioná-la. Ao contrário do que pensa, não temos nada com esse assalto. Ele também deve ter levado a menina e a escondido de Charlie.
– E como explica Bella na sua casa?

– Você é surdo? Acabei de dizer que ele fazia tortura emocional. Deve ter contado só para deixá-la culpada e Bella foi atrás de mim. Já contei tudo que aconteceu. A outra ponta da história você só terá quando ela acordar.
– Se acordar. - o entendi dizer.

O advogado me ajudou a segurar minha vontade de responder. O policial se levantou e disse que eu estaria liberado assim que ele verificasse algo na outra sala, então nos deixou a sós.

– Eu...
– Nós conversamos lá fora. Já sairemos daqui, Edward.
– Tem notícias de Bella? - ele tinha chegado depois de mim para o depoimento.
– Não, mas seu pai está te esperando lá fora. Ele deve saber se houver alguma novidade.
– Obrigado.
– Bem, acho que não temos mais perguntas. - o homem sequer entrou na sala, ficou parado na porta com ela aberta e um sorriso debochado.

Saímos, fomos até a recepção onde meu pai esperava e ele me abraçou assim que parei ao seu lado. Perguntei sobre Bella, mas não quis dizer nada até estarmos no carro e arrancarmos.

– O quão encrencado ele está, Aro? Seja sincero. - Carlisle já sabia de toda a história, inclusive sobre Nessie.

Uma parte de mim dizia que a trai, mas só contei tudo na ida para a delegacia, pois meu pai precisava saber da verdade para nos ajudar. E para minha surpresa, não se importou, disse apenas que continuaria ali do meu lado para o que precisasse.

– Tudo aquilo era verdade, Edward? - Aro perguntou e eu assenti - Então devemos esperar a garota acordar. Ela poderá confirmar tudo. Precisamos esperar e torcer para que ela e o assaltante fiquem bem. - bufei - Você não quer ser indiciado por homicídio, quer?
– Aquele policial estava tentando me jogar a culpa toda do assalto. - meu pai revirou os olhos - Será que são idiotas ou coisa parecida?
– Acalme-se, rapaz. Você não terá problema algum. Pode confiar em mim. Preocupe-se agora só em ajudar a sua namorada. - meu pai deu carona para seu amigo até o escritório dele e depois voltamos para o hospital.


Uma semana depois

A dor era uma companhia constante e obstinada. Bella recebera as tranfusões e três dias depois Carlisle me convencera a voltar para a escola e tentar seguir a vida. Ele via em meus olhos que eu estava definhando ali parado sem nada para ocupar minha mente, somente esperando uma única resposta positiva das máquinas em volta de Bella. As respostas que nunca vinham.

Nós brigamos quando ele me pediu para que saísse um pouco daquele hospital, sair do lado dela parecia uma ofensa, mas então me persuadiu ao dizer que eu precisava ficar forte para mim, para ela e para sua filha que estava cada vez mais próxima e espelhava meus sentimentos. Me resumir em acordar, ir para o hospital e voltar para casa não faria diferença nenhuma, até porque eu só podia vê-la por um vidro.

No primeiro dia que voltei a escola, me senti entrando num mundo completamente diferente. Eu não era mais o fantasma que me tornara depois que Tanya havia espalhado mentiras de todo o tipo sobre mim, muito menos era o Edward popular de antes. Eu era o mártir e o nome de Bella estava na maldita boca de cada um daquela escola. Primeiro pensei que Alice ou Jasper tivessem contado para alguém, mas depois que notei o quanto os dois me defendiam de toda a confusão, tive certeza de que tinha sido outra pessoa.

Na verdade, um garoto da minha turma morava no meu prédio, mais tarde descobrimos que fora ele. Descobrimos também que Tanya tentara espalhar uma fofoca de que eu e minha namorada tínhamos armado o tal assalto, assim como os policiais desconfiavam, mas a mentira não propagou e logo ela era o novo fantasma.

Todo e qualquer lugar que eu passava, os olhares me seguiam, os burburinhos aumentavam e a tensão também. Alguns caras-de-pau tinham a coragem de se aproximar e perguntar alguma coisa, mas logo Alice e Jasper estavam lá dispostos a tirá-los do meu caminho.

No horário de almoço, perguntei a minha irmã porque estava sendo tão benevolente comigo e, principalmente, com Bella, pois já não dizia nada e parecia estar tentando se redimir das ofensas que fez a ela muito tempo atrás enquanto a velou no hospital comigo na última noite. Allie disse que não era porque não simpatizava com Bella que desejava seu mal, muito menos deixaria de apoiar seu único irmão na hora que mais precisava. Ela disse que jamais deixaria de torcer por alguém que quase deu a vida por mim.

Eu e Jasper também fizemos as pazes nesse mesmo dia e até voltei ao hospital aquela noite com um pouco mais de paz de espírito, tentando transmitir a Bella o quanto todos queriam que ela ficasse bem.

Na manhã seguinte, cinco dias após a tranfusão, logo pela manhã recebi a notícia de que o desgraçado que a colocou naquela situação estava fora de perigo e tinha acordado. Minha família ficou mais aliviada por mim, mas Rose sabia que meu desejo era sair de casa naquela hora, ir até o hospital que ele estava e aproveitar seus braços presos por algemas na maca para então bater nele até que morresse. Estaria tão indefeso quanto Bella esteve quando levou o tiro. Seria uma vingança à altura e eu não sentia remorso algum por desejar aquilo.

Mas ignorei meus pensamentos, ignorei Jacob com o único objetivo de melhorar minha situação tensa com a polícia e assim deixar meu pai menos preocupado. Aro estava cuidando de tudo com dedicação, assim como Carlisle fazia toda vez que ia ao hospital de Bella, ou ligava para lá, por isso ele foi o primeiro a saber que no quinto dia após a transfusão, no dia que Jacob acordou, a pressão de Bella começou a cair.

Dois dias depois, e nesse exato momento eu estava com Charlie observando minha skatista pelo vidro. Por um segundo, desprendi meus olhos dela e o encarei curioso.

– Se tivesse a certeza de que Bella o perdoaria, teria coragem de tentar se reaproximar de sua filha? - ele suspirou.
– Porque está perguntando?
– Curiosidade, eu acho.

– Essa é uma resposta, Edward, que prefiro não pensar para não ficar tentado. - respirou fundo e continuou - A pressão subiu um pouco e estabilizou essa manhã enquanto estava na escola. É um grande sinal. - assenti, então uma enfermeira veio nos buscar dizendo que não podíamos ficar mais lá.

Eu odiava o pouco tempo que nos davam. Antes de chegarmos perto de Emmett, Charlie me puxou pelo braço e me perguntou:

– Edward, eu não queria falar sobre isso agora com você, mas antes de vir para cá James me procurou perguntando se podia vir visitá-la. Não sei como ele soube, mas disse que não daria a resposta antes de falar com você. Tudo bem? - respirei fundo, acho que as primeiras palavras me deixaram aborrecido, mas depois avaliei o quanto havia coisas mil vezes mais importantes.
– Contanto que eu não esteja aqui. - murmurei.

Charlie assentiu e passou o braço pelo meu ombro. Quando chegamos ao corredor e encontramos Emmett, uma idéia, que passou pela minha cabeça desde que a situação dela começou a piorar, resurgiu com toda a força, então resolvi a contar para seu pai.

– Acha que Bella pode nos ouvir? - ele sentou calmamente ao meu lado, apoiando uma mão nas costas e com a outra esfregou os lábios sem saber o que responder.
– Em coma?
– Sim, perguntei isso ao meu pai noite passada, mas ele disse que não acredita que haja melhoras nos pacientes que tem contato com familiares e pessoas próximas. Não é algo propriamente certo. - Charlie me olhou com uma sobrancelha erguida.
– Onde quer chegar?
– Não podemos chegar perto, mas talvez com um jeitinho, meu pai poderia ajudar e nos deixar vê-la, conversar com ela.
– Nós? Se não podemos entrar lá deve ter um motivo, garoto. Sei que está desesperado, que não quer perder as esperanças, também me sinto assim. Mas eles fazem tudo que está ao alcance, precisamos esperar.

– Não acha que se Bella pudesse ouvir a voz de Nessie, talvez a sua, a minha, não acha que melhoraria mais rápido? Não acha que seria a força que está faltando? - seu silêncio não me impediu de continuar a proposta - Sei que a melhora dela essa manhã é motivo de comemoração, mas ainda sinto aquele olhar de impotência e medo de criar esperanças quando falo com médicos ou enfermeiras. Pesquisei na internet essa madrugada, não é comprovado cientificamente, mas eu insistiria nessa idéia. Talvez só um minuto, algumas palavras seriam mais do que o suficiente.

– Você precisa falar isso com seu pai. Sei que se importa demais com minha filha, que a ama, não vou impedí-lo de fazer nada que conforte a vocês dois, mas não vá esquecer que o único que conhece as conseqüências é Carlisle. Repita o que disse para mim à ele.
– Farei isso, Charlie.
– Já voltaram? - a voz de Rose chamou minha atenção.

Ela se aproximava de mãos dadas com Nessie que logo veio para o meu colo. Rose se sentou ao lado de Emmett que agradeceu por ter levado a menina para lanchar no refeitório, ela sorriu e deu de ombros.

– Vocês já foram ver a Bella? - perguntou pousando a mão no meu rosto.
– Sim, minha pequena.
– E quando vou vê-la? - Charlie não queria que a garotinha visse a mãe naquele estado, mas a insistência de Nessie quase o estava vencendo.
– Em breve. - ele respondeu por mim.
– Edward, já que acabou o horário de visita é melhor voltarmos para casa. - minha irmã tocou meu braço.
– Sim, também precisamos ir. - Emmett se levantou e buscou Nessie dos meus braços.

Eu e Charlie também nos levantamos, mas ficamos para trás enquanto Emm e Rose distraiam a menina. Outra idéia também não saía da minha cabeça.

– Sei que não devia me meter nisso, mas não acha que deveríamos contar para Nessie a verdade?
– Hey. - ele me segurou, esperou até que os outros estivessem bem a frente - Olha, Bella te contou a verdade, mas não significa que você possa fazer isso.

– Não estou dizendo que vou fazer. Só foi uma pergunta, uma intenção.
– Por favor, não vá piorar as coisas. Se acontecer o pior, não queria que Rennesme sofresse pela perda de duas mães.
– Acho que ela tem o direito de saber, Charlie.
– Eu também acho, mas essa decisão deve ser tomada por Bella, não por mim, muito menos por você. Entendeu? - rosnou - Quando ela acordar, fará o que é melhor para a filha.
– O maior desejo de Bella é que Nessie saiba a verdade. Ela só esperava o momento certo. Acho que nós podemos fazer isso.
– Acha que o momento certo é quando sua mãe está numa maca entre a vida e a morte? Me desculpe, Edward, mas não posso permitir que faça isso com minha neta e muito menos com minha filha. Converse com seu pai sobre a visita a Bella e continue rezando, mas deixe a vida de Rennesme como está.

Ele voltou a andar na direção do elevador onde os outros já nos esperavam. Demorei uns segundos para voltar a andar, ainda com as palavras de Charlie ressoando na minha cabeça como um mantra.

Quando cheguei em casa com Rosalie, procurei logo meu pai para perguntar sua opinião sobre um minuto que eu pudesse ter com Bella. Ele disse que era impossível, o estado dela era muito sensível, que eu poderia fazer mal sem querer. Veio para cima de mim com todos aqueles termos médicos, disse que era desnecessário já que Bella tivera uma pequena melhora. Mas insisti, coloquei toda a minha fé naquela possibilidade, apostei fichas altas para que ele me ouvisse.

Discutimos por horas sobre isso, o que aborreceu demais minha mãe, mas ao menos consegui plantar a dúvida em sua mente. Expliquei o quanto a voz e o toque de Nessie poderia ter poder sobre Bella, o quanto era ligada a filha que era seu bem mais precioso.

A pedido de Esme, deixei meu pai sozinho para pensar no assunto. Rolei na cama quase a noite toda pensando sobre tudo que acontecera e sobre a possibilidade de fazer Bella acordar, só quase de manhã consegui cair no sono.

Três dias depois

Cheguei ao hospital mais cedo a pedido de meu pai, ele disse que teria novidades para mim. Rosalie foi me buscar, me deixou na porta, mas disse que teria que voltar para casa para terminar um trabalho que entregaria no dia seguinte na faculdade. Me culpei por estar usurpando sua disponibilidade, mas minha irmã disse que não era problema e foi embora sorrindo.

Subi às pressas até encontrar Carlisle acompanhado do médico que cuidava de Bella. Me aproximei completamente afobado, já perguntando quais as novidades, obrigando meu pai a segurar meu braço e me pedir calma.

– Não precisa ficar assim, meu rapaz. - o doutor também me acalmou - São notícias boas, você vai gostar.
– Vocês pediram que eu viesse com urgência, pensei que fosse algo ruim.
– É que Charlie e Rennesme já estão vindo para cá, meu filho. Queria que você chegasse antes para podermos conversar.
– Charlie e Rennesme? Conversar o quê, pai?
– Filho, Bella tem melhorado esses últimos dias, mas ontem a noite a pressão dela subiu ainda mais, ela está melhor do que esteve em todo o tempo que ficou no UTI O Dr. Greive acha que mais um ou dois dias estabilizada e ela poderá sair para a CTI.

– Isso é ótimo. - sorri muito empolgado.
– Bem, Edward, a paciente estava muito instável até agora, eu poderia sim ter permitido uma visita antes, mas não quis arriscar. Agora que ela está melhor, chamei seu pai e ele me contou a idéia que teve de dar força a Isabella pessoalmente. Muitos médicos são céticos nesse ponto - meu pai fez um sinal com a cabeça - Mas eu acredito que haja melhora nos pacientes que recebem apoio, por isso pedi que Carlisle o chamasse aqui e entrasse para vê-la com a irmã dela. Vocês terão meia-hora lá dentro. Ou então fique quinze minutos lá e os outros quinze o pai e o irmão podem entrar. Seja como for, mas vocês poderão vê-la daqui a pouco. Só peço que evite qualquer tipo de estresse e que siga os procedimentos, tudo bem?

– E quais seriam?

– Bem, vocês passarão por uma higienização, respeitem todo o processo. Pedimos que evitem beijos, peço que tome conta da menina para que não mexa em nenhum aparelho, qualquer dúvida você pode perguntar ao médico de plantão e as enfermeiras. Agora, se me dão licença.
– Toda, doutor. - murmurei antes que ele saísse.

Abracei meu pai completamente empolgado. Ele me aconselhou a transmitir calma para Bella e sua família. Que a estimulasse da forma que eu queria, dizendo que estava tudo bem, que todos torciam por ela, e que a queríamos acordada. Ouvi tudo pacientemente apesar do meu grande nervosismo.

Logo Charlie e Nessie chegaram, nós explicamos a situação para eles e o pai de Bella não se incomodou de que eu fosse primeiro. Tive uma conversa um pouco mais amena para explicar o que Nessie poderia ou não fazer.

Um tempo depois a enfermeira veio nos buscar, nós fizemos a higienização de que Dr. Greive falara e o médico de plantão nos levou até a maca dela. Sentir Bella assim tão perto nunca foi tão bom e caloroso. Nessie apertou minha mão mais forte e arregalou os olhos ao ver a mãe. Me agachei até estar perto de seu ouvido, e tentando conter a voz, sussurrei:

– Não se preocupe, meu bem. Vamos chegar mais perto. - com certo receio ela fez o que pedi.

Não pude evitar uma lágrima. A última vez que me senti assim tão esperançoso foi depois da minha primeira noite com Bella. Enquanto a assistia dormir na cama daquele hotel na Califórnia, meu coração foi conquistado pelo jeito irritantemente lindo daquela menina que descobri ser a mulher mais forte que pensei em conhecer.

Me peguei também com medo de tocar Bella, mas fui o primeiro a esticar o braço e tocar seus dedos frios repousados no colchão. Não houve reação, nem mesmo quando envolvi sua mão toda com a minha. A pele parecia a mesma de antes e me trouxe confiança. Um segundo depois, Nessie também se esticou e tocou o braço da mãe.

– Ela acorda se eu fizer isso?

Demorei muito para responder, pois estava um pouco anestesiado.

– Eu acordaria. - sussurrei - Não perderia a chance de falar com você. - Nessie sorriu e fez carinho na mãe - Mas, acho que sua irmã está cansada demais, ela ainda vai dormir um pouco mais.
– Um pouco quanto?
– Alguns dias.
– Ela sempre disse que eu é que era a preguiçosa da família. - consegui rir como não fazia há muito tempo.

Rodiei a cama, sem tirar os olhos do rosto de Bella, tentando avaliar se ela teria alguma reação por eu ter soltado sua mão. As máquinas também não mostravam nada de diferente, passei as mãos pelas mechas castanhas soltas no travesseiro, sempre macias. Sorri ao sentir falta da maquiagem pesada que ela costumava usar nos olhos, das roupas largas, dos tênis e das brincadeiras que sempre fazia.

Fechei os olhos, respirando fundo, quase podendo ouvir a voz nítida de Bella.

Flash back on

– Qual seu nome?
– Para que você quer saber? Cala a boca.
– Calma, grossa. Só te fiz uma pergunta. Custa responder?
– Bê.
– Beatriz?
– Bê. E só Bê.
– Sou Edward.

Flash back off

Flash back on

– O que foi isso?
– Fratura exposta há três anos, tentando descer num corrimão.
– E isso o que foi?
– A roda do skate quebrou na rampa. Doze pontos.
– Putz!
[..]- Te assustei?
– Para ser sincero, um pouco. É incrível como você ainda está viva.
– Concordo! Mas, vaso ruim não quebra.

Flash back off

Abaixei o rosto até estar perto o suficiente de seu ouvido para sussurrar sem que Nessie ouvisse.

– Oi, meu amor. Eu estava morrendo de saudade de você. É tão bom te ter perto de novo. - empurrei mais alguns fios para trás da orelha - Você nos deu um susto. Muito grande. Mas agora você só vai melhorar, não é mesmo? - queria tanto ouvir uma resposta, mas seria impossível - Precisava tanto dizer o quanto foi bom te ouvir dizer aquilo. Eu também te amo muito, Bella. Desde o beijo na baía, eu sou seu.

Flash back on

– Satisfeita? Você é uma péssima professora.
– Ensino melhor outras coisas.
– Engraçado... era isso mesmo que eu pretendia descobrir.

Flash back off


– Não temos muito tempo com você, mas queria dizer que estamos lá fora esperando. Seu pai te quer bem e feliz com a sua menina, quer também se redimir por tudo que passaram, seu irmão quer fazer as pazes e pedir desculpas, minha família está inteira torcendo por você. Eu descobri o quanto o amor e a união muda tudo, Bella. Seu amigo James está torcendo, Phill e Andrew também, eles vieram te visitar e estão esperando a estrela de ouro deles criar forças para subir de novo no skate. E tem nós dois. Eu e Rennesme rezamos, estamos esperando aqui fora. Nós te amamos. - vi que a menina estava distraída ainda fazendo carinho nos dedos da mãe - Ela quer ter uma mãe e eu quero ter meu amor, então acho melhor não perder tempo. - sorri com minha falsa autoridade, toquei de leve sua pele da bochecha com a ponta do nariz - Sem você não tenho forças para aguentar tanta coisa. Sei que fomos dois cabeças-duras, mas também sei que seremos muito felizes em breve. Finalmente as coisas vão entrar no lugar. Me dá um motivo para sorrir, Bella. Fica boa logo.

– Edward, quando a Bells acordar a gente pode sair para passear e tomar sorvete como fizemos daquela vez. Foi bom, não foi?
– Claro. - me ergui, segurando uma lágrima para tentar sorrir para Nessie - Foi um dia maravilhoso e tenho certeza que sua irmã vai adorar ir lá com a gente.
– Não quero que demore muito.
– Nem eu.

Voltei para o seu lado e a peguei no colo para que pudesse olhar no rosto da mãe melhor. Não ficamos muito tempo, afinal Charlie e Emmett também precisavam visitá-la. Nessie não quis ir embora, mas expliquei que a veríamos amanhã também.

Antes de sairmos do quarto, nós dois seguramos mais uma vez a mão dela e Nessie disse em alto e bom som o quanto a amava. Só faltava Bella ouvir.


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Notas finais do capítulo

Leitoras, acho que nunca estive tão em falta numa fic como fiquei aqui no nyah para finalizar Skater. Além do problema do 'sumiço' do capítulo, ainda houve vários conflitos pessoais, o início das aulas na faculdade, o bloqueio criativo infernal que me atormentou e não me deixou completar os buracos na história que o orkut havia feito. Mas, apesar da demora, eu jamais poderia deixar em falta os capítulos finais dessa que é a minha fanfic preferida. Enfim, se ainda tiver leitoras, espero que vocês gostem. Volto no final de semana com o capítulo dezenove e o vinte. Me desculpem pelo atraso de meses.