Edmundo

Já tinha anoitecido e nada dos pais de Luíze aparecerem, eu acho que senti um certo alívio por isso. Enquanto Luíze dormia eu aproveitei para arrumar seu quarto, pelo menos dá um jeito com as coisas que poderiam machucá-la como o vidro no chão.

A cada minuto que passava eu ficava cada vez mais nervoso pelo fato dela não acordar de jeito nenhum. Por fim o cansaço também se aproveitou de mim e acabei dormindo a encarando.

Luíze

-Venha jovem princesa... –uma voz melodiosa podia-se ser ouvida por todos os lados daquela sala branca.

-Quem está aí? –gritei.

-Venha. –novamente a voz. De repente apareceu imagens espalhadas por toda a sala. Eu olhava cada uma atentamente esperando ver se conseguia entender o porquê de elas invadirem muitas vezes minha mente.

-Edmundo? –sussurrei assim que a imagem do mesmo em trajes antigos e elegantes e uma coroa na cabeça.

-O reconhece? –a voz soou maldosa.

-Claro. –falei hipnotiza. –Por que ele está nessas roupas?

-Seu amado rapaz na verdade é um Rei. –a voz comentou.

-Impossível. –murmurei.

-Pergunte a ele. –gargalhou.

Acordei assustada e com olhei envolta e percebi que estava em meu quarto, a minha surpresa foi em encontrá-lo arrumado. Quando eu ia me levantar acabei encostando a mão em alguma coisa e assim que olhei para o lado me deparei com Edmundo. Assim que fiquei o encarando eu não tive mais vontade de me levantar, apenas me deitei novamente e fiquei olhando cada linha de expressão do mesmo. Eu mexia nos seus cabelos e passava a mão pelos meus olhos fechados, seu nariz, por fim sua boca.

Edmundo

Eu acordei com alguém mexendo no meu cabelo e assim que abri os olhos me deparei com aqueles olhos verdes que pertenciam a Luíze. Eu fiquei a encarando por um tempo enquanto a mesma se distraía com o meu cabelo, porém estávamos muito pertos e eu precisava, necessitava de um beijo dela.

Aos poucos fui me aproximando e como ela não recuou considerei como incentivo. Assim que nossos lábios estavam a centímetros de distância eu rocei levemente meus lábios nos dela para ver como ela reagia. A morena apenas fechou os olhos e foi então que eu a beijei.

Aquele beijo tinha gosto de saudade, de desespero e angustia. Fazia muito tempo que eu a beijava e isso só aumentava mais o meu desejo que tê-la perto de mim, cada vez mais, cada dia mais.

Luíze se sentou e então eu a imitei me sentando também, coloquei a mão no rosto dela e voltei a beijá-la enquanto acariciava sua pele macia.

Luíze eu poderia lhe falar todas as vezes que te desejei, os momentos que imaginei e os sonhos que tive, todos eles somente com você. O meu desespero ao te perder e a felicidade ao te encontrar, todos eles se encontraram e desencontraram quando eu te vi. Porém agora que olho para os seus olhos vejo que há algo que esconde de mim. Talvez você já saiba quem sou e não quer me dizer.

Dá-me a sua mão, tenho certeza que posso te levar para um lugar melhor do que esse, um lugar onde você nunca gostará de partir e que sempre poderei te ter comigo e ninguém nunca irá lhe tirar de mim.

Luíze

Quando paramos de nos beijar eu fiquei encarando aquela imensidão negra, o ônix. Estava perdida, já conhecia o que me escondia e ainda tinha dúvidas se deveria acreditar ou não, se deveria deixar que ele me mantivesse com ele, porém havia algo dentro de mim que queria mais respostas, queria saber quem era eu.

Levantei-me assustada e saí correndo daquele quarto carregando meu casaco junto e saindo de casa correndo, deixando Edmundo para trás. Pedia ao vento que levasse minhas dúvidas e pedia ao tempo que trouxesse minhas respostas, eu estava ficando confusa.

Eu saí correndo para o Bosque, sem me importar com os galhos das árvores me machucando, sem me importar que meu braço e meu rosto estivessem sangrando. Eu apenas queria fugir.

Muitas coisas se passavam pela minha cabeça enquanto eu corria até eu finalmente parar pela falta de ar, já não conseguia nem respirar direito. Eu encostei as costas numa árvore e aos poucos fui escorregando até me sentar no chão deixando minha cabeça sendo invadida por lembranças que não me pertenciam.

Flashback______________________________________________

-Lute! É a única coisa que você sabe fazer! –gritou o general.

-E o que você sabe fazer? –a morena de olhos verdes provocou levantando a espada e limpando o suor com a outra mão.

-Não é por que você é a princesa que pegarei leve contigo. –o general ficou na defensiva.

-Porém terei que pegar leve contigo, afinal já é velho. –provoquei me aproximando aos poucos dele.

-Aposta em quem?- ela havia escutado os irmãos apostando.

-Com certeza no general. –falou o mais velho.

-Aposto na Luíze. –contrariou o mais novo.

-Se vocês fizerem o favor de calar a boca eu agradeço! –exclamou a morena. Antes que o general falasse algo a morena sumiu do campo de visão dele se misturando com o campo de batalha em que estavam.

-Bom começo. - elogiou o velho. A garota pulou em cima dele o derrubando para logo colocar a espada em sua garganta. –Foi mais rápida do que da última vez.

-Pode me pagando. –falou o mais novo estendo a mão vitorioso.

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E com todas as várias lembranças eu ainda estava procurando um caminho para que pudesse me encontrar...