Can I do Something? escrita por Rock Queen


Capítulo 1
Can I Do Something?


Notas iniciais do capítulo

Eu me inspirei quando li uma fic da AddictedFashion, sobre o Travis e a Katie, e como quase ninguém faz nada sobre os irmãos Stoll, resolvi fazer.Espero que gostem!



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Era raro ver Travis Stoll sozinho. Desde sempre, era “Travis e Connor” ou “Connor e Travis”. Às vezes, Travis nem respondia quando o chamado não vinha junto com o nome de seu irmão. Era estranho para ele estar sozinho, principalmente enquanto caminhava pelo acampamento depois do toque de recolher.

Não conseguia imaginar um cenário em que estivesse caminhando fora do horário apenas pela vontade de caminhar, e não para fazer pegadiças com inocentes por aí. Mas de qualquer forma, lá estava ele, caminhando depois do horário. E sozinho. Connor estava ocupado demais para pensar em pegadinhas, estava ocupado com aquela filha de Atena e Travis sinceramente não o culpava. Percy era um grude total com Annabeth e ele se recusava a trazer uma namorada para as pegadinhas. Pollux não saia do chalé desde a morte de Castor, e novamente, Travis também não o culpava. Connor havia trocado-o por uma garota e ele estava todo melindrado, imagine se ele estivesse morto. Preferiu não pensar muito no assunto.

Então, sem companheiros, optou por rumar pelo terreno do acampamento, pela pura vontade de matar o tempo até que Connor voltasse do chalé de Atena, ou Percy largasse sua namorada por meio minuto, ou Pollux decidisse sair do luto eterno.

– Ok, ok. Tá tudo bem - Ele ouviu, do meio das profundezas dos campos de morangos, alguém se manifestar. Aproximou-se, e arqueou as sobrancelhas surpreso ao reconhecer a garota.

Katie Gardner. Katie Gardner fora do chalé, e fora do horário. Era uma miragem ou o que?

Travis e a filha de Deméter nunca tiveram a melhor das relações. Talvez incidentes envolvendo coelhos de chocolate no telhado do chalé dela, diversas pegadinhas com os preciosos morangos, e o roubo intenso de cereais tivesse alguma coisa a ver com isso. Passaram tanto tempo naquela estranha competição, que Travis sabia mais sobre Katie do que qualquer um. Connor já até havia o alfinetado diversas vezes sobre isso, mas não tinha absolutamente nada a ver. Ele só gostava de saber das coisas. Claro, ele sabia um pouco mais sobre Kay, mas o que diabos isso tinha a ver, certo?

Sabia que ela tinha uma aversão a lugares altos, agulhas e principalmente a engraçadinhos. Sabia também que ela nunca saia do chalé fora do horário, não por medo (porque ela era definitivamente a pessoa mais destemida que ele conhecia), mas por respeitar as regras mais do que qualquer coisa. Ela também fazia a sua colheita de morangos pela manhã, sempre, e odiava mudanças de horário que interferissem nisso. O que significava que tinha que haver uma interferência divina para que ela estivesse ali fora do horário.

– Katie? - Antes que ele pudesse fazer seu estúpido cérebro pensar um pouco, o nome dela já tinha escapado dos lábios dele. No mesmo segundo, Katie olhou assustada na direção dele, com a mão no punhal ao seu lado – Whoa, take it easy. Sou só eu, Stoll.

– Stoll – Repetiu o sobrenome dele, com desgosto na voz. Agora com Katie olhando em sua direção, ele conseguia ver que os olhos dela estavam vermelhos e brilhantes – O que você quer?

– Você está chorando – Travis afirmou, se sentindo um completo idiota depois disso. Óbvio que ela estava chorando e ele havia sido completamente insensível – Uh… Por que?

– E você se importa?

Ops. A pergunta pegou o conselheiro do chalé de Hermes de surpresa. Ele deveria ter ficado em seu chalé, teria sido melhor do que ficar exposto a uma pergunta tão difícil quanto essa. Ele não deveria se importar, óbvio que não. Ela era Gardner, aquela que estava sempre falando mal dos filhos de Hermes, fazendo pose de durona na arena e sendo mandona por aí. Mas ele a conhecia. Demais, para o que deveria ser um ódio mútuo.

Impressionante o que o cérebro de TDAH de um semideus conseguia pensar e concluir com apenas uma pergunta.

– Eu… Eu não… Quero dizer, eu… - Travis atropelou-se nas palavras, algo que raramente acontecia. Esse era Connor, Connor se atrapalhava nas palavras. Travis era ótimo com as palavras então por que raios ele gaguejou como uma garotinha assustada? – Eu só… Você está chorando!

– Você já disse isso – Katie levantou as sobrancelhas, como se questionasse a sanidade de Travis. Com a manga da blusa, limpou as lágrimas que escorriam de seu rosto. A única coisa em que ele conseguia se concentrar era na expressão chorosa dela – Pode parar de me encarar, Stoll? Vai logo colocar coelhos de chocolate em telhados ou sei lá o que vocês Stolls fazem! – Esbravejou, mandona como sempre, e continuou a tarefa de limpar as lágrimas dos olhos. Mas quanto mais nervosa Gardner ficava, mais elas vinham e Travis não sabia o que fazer.

– Ah… O que aconteceu? Eu nunca te vi chorar. Só uma vez, quando você teve aquela fratura exposta lutando com Danny do chalé 5. Eu só… É outra fratura exposta? – Perguntou abobado, ainda estarrecido pela imagem de Katie chorando bem na sua frente.

– Claro que não, mané – Ela respondeu, antes de soltar uma risada abafada. Pelo menos ele havia a feito rir – Garotas sendo garotas. Adolescentes podem ser bem cruéis. Foi isso.

– Seja um pouco mais específica.

– Ah, as filhas de Afrodite disseram que eu não tenho chances de arrumar um namorado. E que eu sou desastrada. E q-

– Está brincando comigo que você está chorando por isso?

A pergunta saiu mais honesta e mais rápida do que Travis pretendia. Mas ele realmente não conseguia entender o que fazia alguém como Katie não chorar com dores, e medos e sofrimento, mas chorar com fofocas de filhas de Afrodite desocupadas.

– Você é Katie Gardner, pelo amor dos Deuses! – Travis exclamou indignado – Você não chorou nem quando eu incendiei suas roupas. Ou quando Connor roubou seu material de grego antigo. Ou quando Percy te jogou na água gelada por acidente. Você é Katie Gardner, a mandona. E Katie Gardner não chora por causa de filhas de Afrodite. Você está me deixando envergonhado assim, Gardner, você costumava ser um páreo complicado. Ficou mole agora? – Travis indagou, mencionando a competição imaginaria que havia entre os dois. Ela riu de novo e Travis ficou satisfeito. Se ela não parasse de chorar, pelo menos riria por mais algum tempo – Que bobagem, Katie.

– Eu sei - Ela admitiu, dando de ombros - Eu só… Sabe, tenho dezessete anos e nesse tempo ninguém nem sonhou em namorar comigo. Talvez elas estejam certas.

– Deuses, como você é boba – Travis disse, bufando. Não conseguia acreditar que ela estava sendo não estúpida assim. Não esperava isso de Katie Gardner. Mas as vezes ele se esquecia de que sua oponente era uma garota como todas as outras, também – É óbvio que alguém vai querer namorar com você. Seria uma estupidez do tamanho do universo alguém não querer namorar você. Quero dizer, já se olhou no espelho? Você deveria ser beijada constantemente. O tempo todo. Quem não vê isso é tapado.

E ele via. Travis Stoll via Katie Gardner mais do que ele via qualquer um.

– Posso fazer uma coisa? – Ela perguntou, observando-o com uma certa atenção que ele nunca havia visto. Travis deu de ombros. Ela provavelmente iria querer socá-lo ou algo do gênero, mas ele não se importava muito. Se ela sorrisse mais uma vez, seria lucro.

A filha de Deméter aproximou-se dele e... O beijou.

Sim, o beijou.

Seus lábios estavam bem ali, prensados aos dele, e seus corpos tão perto que pareciam um só. A primeira coisa que Travis fez foi colocar as mãos na cintura dela, ainda estarrecido, enquanto Katie mantinha os seus fechados e suas mãos subiam pelo pescoço dele. Ela tinha cheiro de morangos e menta, e ele gostava disso. Quando finalmente fechou os olhos, incerto do que estava sentindo, incerto de se aquilo estava mesmo acontecendo ou era seu irmão lhe pregando uma pegadinha... Katie se afastou, com as mãos no ar, a mesma cara que ele fazia quando era pego roubando alguma coisa.

– Eu sinto muito! Isso foi... Inapropriado – Ela exclamou, nervosa, e Travis arqueou uma sobrancelha. Definitivamente o (melhor e) mais estranho beijo de sua vida – Eu não deveria... Oh, desculpe.

– Você me beijou, Katie. Não me bateu. Fica calma – Pediu o filho de Hermes, encarando-a ainda confuso. Mas Katie não parecia disposta a ficar muito calma, exatamente como ele imaginava.

– Eu... Eu... Boa noite, Stoll! – Disse por fim, antes de dar mais um longo passo para trás, como se precisasse daquela distância segura para provar a si mesma de que não o beijaria novamente.

– Boa noite? – Travis respondeu, o que soara muito mais como uma pergunta. Ficaria para mais tarde entender Katie Gardner. Mas não importava, porque ele jurava que tinha visto um meio sorriso no rosto dela, enquanto corria de volta para o chalé de Deméter.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!Beijocas!