Vale Tudo escrita por Anna C


Capítulo 5
Maldito Acompanhante


Notas iniciais do capítulo

Demorei, sorry x.x Vou tentar postar com mais frequência, mas até lá aproveitem o 5 *-*



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Narrado por Scorpius

Com o Natal mais próximo, a escola começava a ficar cada vez mais agitada. Eu estava tranquilo. Fala sério, o que tinha demais num baile? Todos tratavam isso como se fosse o evento de suas vidas, mas que ridículo. Não era grande coisa... Música, dança, pessoas bem vestidas e fingindo ter educação por uma noite... É, isso não me animava.

– Você tem que ir de smoking, pra ficarmos combinando... – Wendy Scott me avisava com antecipação. Eu apenas ia concordando, não dando a mínima.

Ela pensava que estávamos namorando ou algo assim? Pois não estávamos, achava bom que ela soubesse.

– Wendy, é só um baile. Ninguém liga para como vamos vestidos.

– Não ligam? Essa é a oportunidade perfeita de impressionar os outros, todo mundo vai reparar! Se você vier com os sapatos errados, será a piada do dia seguinte.

Revirei os olhos.

– Realmente não ligo.

Ela bufou, irritada.

– Só me prometa que vai vir como eu te pedi. Eu sei que dinheiro para comprar o traje não é problema.

– Tá, tá...

A morena de olhos verdes sorriu, os olhos brilhando de pretensão.

– Te vejo mais tarde na Torre de Astronomia – beijou de leve meus lábios e seguiu seu caminho pelo corredor.

A nossa relação era oficialmente superficial e de segundas intenções. Ela só queria um veterano pra acompanhá-la no baile e eu só queria... Er, saciar certas necessidades. Estávamos quites.

Eu estava indo para a sala dos monitores buscar uns livros que havia esquecido, quando fui parado no meio do corredor e prensado contra parede, com uma varinha apontada para o meu rosto.

Era Dominique Weasley.

– Malfoy, é melhor dar um jeito de fazer o seu amiguinho parar de me mandar berradores cantando músicas românticas cafonas ou eu juro que arrancarei as cordas vocais dele!

– Ei, calma, Weasley! Dá pra tirar essa varinha da minha cara, por favor? É proibido ameaçar os colegas, não sabia?

Ela relaxou os braços e as mãos, afastando-se um pouco.

– Desculpe, mas o Cooper está me deixando louca! A cada ano ele consegue ser mais impossível de aturar... O que eu tenho que fazer para ele parar de me chamar pra sair?

– Já tentou dizer “sim”?

– Como é!? – ela perguntou, pensando ter ouvido mal.

– Ele só vai parar quando você aceitar. Sempre achei que isso fosse meio óbvio, mas pelo jeito nem todos nós somos dotados com o mínimo de inteligência...

– Sou eu que uso sarcasmo por aqui, ouviu sonserino? Mas isso está totalmente fora de questão, nunca aceitarei um convite dele.

– O que você tem a perder? Você pode pegar algumas horas de um dia qualquer que normalmente você usaria pra se isolar e treinar suas respostas irônicas. O Mark é um cara bem legal quando quer, não ia ser um total desperdício de tempo como você deve achar.

A loira me fitava, não parecendo nem um pouco feliz em me ouvir.

– Eu já disse que não gosto de você, Malfoy?

Dei os ombros.

– Dói ouvir a verdade, né? Pode ser cruel, mas é isso. Falando sério, deixa de querer bancar a revoltada e viva a sua vida! O Mark é irritantemente persistente, mas vai chegar a um ponto em que ele vai se cansar e, então, você vai ver que não tem ninguém atrás de você. Pense nisso – pisquei um olho para ela, que mal se movia, e fui embora.

Sim, eu sabia ser bem chato e direto às vezes, mas só quando a pessoa realmente merecia.

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Narrado por Rose

– O que você quer me dizer, Enzzo? – perguntei para ele, que gaguejava sem parar, ajeitando os óculos por estarem escorregando pelo nariz.

O moreno me havia abordado na saída de uma das aulas e agora estava com dificuldade em me comunicar alguma coisa. Por que ele tinha que ser o tempo todo tão estranho e complicado?

– Enzzo? – acenei com a mão. – Oi! Você tá aí ainda?

– Er, Rose... E-eu... Ok, vamos lá. Bom, você tem sido muito legal comigo nas últimas semanas...

– Claro, você é meu amigo agora – sorri, gentilmente.

– Exato – ele sorriu de volta, quase pingando suor devido ao nervosismo. Tudo isso estava começando a me angustiar. – Bom, o fato é... Rose, você é uma boa amiga e... Na verdade, minha única amiga... Ou melhor, a única garota que eu conheço...

– Enzzo, você pode ir direto ao ponto?

– Quer bailar comigo? N-não é isso, você quer ir comigo? Er, pro baile comigo? – me lançou um olhar agoniado e esperançoso.

Aquele pedido havia sido consideravelmente fofo, mas...

– Eu já estou indo com outra pessoa, me desculpe – mordi o lábio inferior, com medo de que ele ficasse muito chateado.

Ele suspirou tristemente.

– E com quem você vai? – perguntou, derrotado.

– Com Andy Hudson.

O cara com o corpo mais sarado e o sorriso mais branco e perfeito da escola, quem sabe? Sem contar que ele era uma graça, super gentil... Nossa, como eu tinha sorte! Ele foi logo me convidar. Estava bem na fita, yeah!

Porém, eu não queria constranger o Enzzo. Bastava eu dizer o nome do cara, era o suficiente. Ele não precisava ouvir meus gritinhos histéricos de euforia, eu já havia despejado tudo isso na Kate mesmo...

– Ah, tudo bem – meu amigo deu um meio sorriso. – Então acho que eu não vou ao baile. Não estou falando por mal nem nada, é só que eu não tenho par e aparecer lá sozinho seria muito mico.

– Espera aí, não precisa ir desistindo tão fácil! Têm várias garotas na escola, eu não sou a única e você nem precisa realmente conhecê-las para convidar. Vamos, quem você acha, sei lá, bonita?

Ele ficou pensativo.

– Julie Thomas! – falou com animação.

– Tem namorado.

– Inés Martinez?

– Já tem par.

– Elisa Graham?

– Ela é a bibliotecária. Enzzo, pode só citar as possibilidades para variar?

– Rose, eu não faço ideia! Deixe pra lá, eu não vou morrer por não ir. Na verdade, talvez seja melhor. Vai que alguém põe ponche nas minhas calças como fizeram essa manhã... Era suco de pêssego, mas dá no mesmo.

– Ah, nem pensar! Agora me senti desafiada. Vou te arranjar companhia pra essa festa, pode deixar.

Antes que ele pudesse retrucar, eu já estava longe. Só então que me dei conta da furada em que me havia metido... Ok, quem iria querer ir com o Enzzo? Ele não era exatamente o que pode se chamava de um bom partido. Eu o achava muito divertido com todas as manias e o seu jeito excêntrico, mas fazer uma garota desconhecida enxergar aquilo por trás daqueles óculos de aros grossos seria difícil.

–x--x--x—x-

Fui “caçar” uma acompanhante para o Enzzo na sala comunal da Grifinória e vi Lily conversando com Hugo.

– Gente, vocês sabem de alguma garota que não tem par ainda? – perguntei aos dois.

Hugo deu uma risadinha.

– A ruivinha aqui – acenou para Lily com a cabeça. Esta ficou mais vermelha que os próprios cabelos.

– Assim como você – ela retrucou acidamente.

Meu irmão revirou os olhos.

– Você não quer ir ao baile? – perguntei a ele, curiosa. – Tenho certeza de que arranjaria acompanhante fácil! – pisquei.

Fiz o grifinório corar levemente.

– Quero e o problema não é acompanhante, é que eu não estou a fim de ninguém pra convidar.

– E você, Lily? Soube que já recebeu uns convites...

– Bom, eu também não quero nada com os caras que me chamaram, mesmo que a idéia do baile me atraia – falou, decidida.

Fiquei pensando, pensando e pensando. Enfim, cheguei a uma conclusão. Resolvi compartilhar minha ideia com aqueles ruivos...

– Por que não vão juntos? – sugeri, inocentemente.

– Como é!? – perguntaram em uníssono.

– Qual o problema? Seria como amigos e primos, nada de errado. Várias pessoas vão assim...

Ambos coraram violentamente.

– Então... Você quer ir? – ele perguntou sem jeito.

Lily arregalou os olhos e não sei como, mas conseguiu ficar ainda mais vermelha do que já estava. Desviou o olhar rapidamente para a lareira e deu os ombros.

– Tá, pode ser... – pareceu forçar o tom de indiferença.

Comecei a bater palmas, sorridente.

– Ok! Parece que o problema de vocês já foi resolvido. Mas eu ainda preciso arranjar um par pro Enzzo... Hum, aqui não tem mais ninguém. Vou dar uma olhada por aí...

Saí, deixando os dois completamente constrangidos. Haha, adorava deixar os outros nessas situações tensas...

–x--x--x--x-

Após um certo tempo andando pelos corredores, ouvi a voz de Kate vindo de uma sala qualquer. Segui o som até encontrá-la, me deparando com uma cena muito estranha... Ela estava conversando com o Professor Daniels, de Defesa Contra as Artes das Trevas. Não haveria problema algum nisso se eles não estivessem tão próximos e... Ah, era muito esquisito.

Fiquei encostada ao lado da porta espiando, a fim de tirar conclusões mais concretas. Ok, aquilo era errado, mas se fosse o que eu estava pensando que era, bisbilhotar não era nada.

– Srta. Smeath... – o professor bonitão iniciava.

– Me chame só de Kate – ela sorriu.

– Não, isso não é certo. Eu poderia perder meu emprego, sabia?

– Você se preocupa muito, Michael... – a loira aproximava seus lábios dos dele, mas o homem virou o rosto.

– Devia me cha-...

– Eu não vou te chamar pelo sobrenome – a grifinória se irritou, encarando-o. – Pode ficar fingindo para si, mas não tem como negar o que há entre nós. Eu não vou dar pra trás se é isso que espera de mim.

– Mas você devia! Eu sou mais velho, sou seu professor... Devia ficar longe de mim para o seu próprio bem.

– Se me causa tanto mal, se afaste você! Eu não vou a lugar algum... – ela envolveu o pescoço dele com os braços ficando cada vez mais perto.

– Está pedindo demais de mim, eu... Eu não consigo – Prof. Daniels olhava dos olhos de Kate para sua boca, parecendo estar fazendo um esforço enorme para se conter.

Chega. Tinha que sair dali.

Corri para longe sem olhar para onde estava indo, apenas precisava deixar aquele lugar.

Ela havia mentido para mim, sua melhor amiga. Não acreditava naquilo... E como ela pôde se envolver com um professor? Era errado! Talvez tivesse sido por aquela razão que ela não contara, porque eu era certinha demais e não iria aprovar. Mas não justificava, ter omitido tal coisa era inaceitável...

– Rose, por que está correndo tanto? – virei-me e vi Albus se aproximando. Ele estava ofegante, então devia ter corrido atrás de mim.

Naquele momento me lembrei de um episódio de semanas atrás no treino de Quadribol, quando ele havia dito algo a Kate que eu não entendera e ela não quis me dizer sobre o que se tratava.

– Al... Qual é o segredo da Kate?

– O quê? – meu primo foi pego desprevenido.

– Você me ouviu, Albus – escorreguei as costas pela parede, me sentando no chão frio de pedra. – Só quero ter certeza, mas acho que já descobri.

– Você os viu não foi? – acomodou-se ao meu lado, suspirando.

– Eles poderiam ter sido mais discretos...

– Eu disse para Kate que ela pode se dar mal se envolvendo com ele, mas ela ficou toda nervosa e me mandou ficar de bico calado. Nós não nos falamos muito desde então...

– Bom, eles não terminaram, isso eu te garanto – comentei, revirando os olhos. – Ela não me contou nada...

– Você vai confrontá-la?

– Vou apenas alertar… Você sabe que ela faz o que bem entende.

– É... Ô Rose, a McGonagall te chamou na sala dela.

– Quê? E só me diz isso agora?! – levantei-me num salto.

– Foi mal, é que o papo tava interessante – sorriu debilmente, ganhando outra revirada de olhos minha.

–x--x--x--x-

Narrado por Scorpius

Após dar a senha para gárgula da entrada do escritório da diretora, subi as escadas em espiral e bati na porta. O que a Minerva estava querendo comigo? Não era normal ela me chamar.

– Entre – ordenou.

Assim que adentrei na sala, vi Rose Weasley sentada em uma das duas cadeiras à frente da mesa. Ah, não... Era coisa de monitor.

– Sente-se, Sr. Malfoy.

Eu não ousei desobedecer. Weasley me lançou um olhar confuso, como se esperasse que eu pudesse explicar o que estava havendo... E eu não podia.

– Como sabem, o baile de Natal está mais próximo agora que estamos no meio de Dezembro...

Aff, as pessoas só sabiam falar disso, caramba?!

– E sendo vocês os maiores exemplos como alunos da escola, eu decidi que também servirão de modelo na véspera de Natal.

– Não sei se entendi direito, diretora. Quer que nos comportemos bem? Porque se for isso, nem precisava pedir. Afinal, é nossa obrigação básica como monitores-chefes – a ruiva respondeu prontamente.

– Não é exatamente isso, Srta. Weasley. Eu quero que vão juntos ao baile.

– COMO É!? – berramos em ao mesmo tempo. Essa velha havia pirado ou o quê?!

– Você não pode fazer isso conosco, Profª McGonagall! Nós dois já temos acompanhantes! Não poderíamos fazer essa desfeita com eles e tão em cima da hora... – a grifinória protestou e eu apenas acenava positivamente com a cabeça, desesperado.

– Eu tenho certeza de que eles irão entender que se trata de um dever da monitoria. Bem, estão dispensados – sorriu para nós de forma um tanto cínica, eu achei.

Ah, mas que merda!

Assim que deixamos o escritório, Weasley se voltou para mim, raivosa.

– Eu não acredito que vou ter que passar minha noite com você! Sabe quem ia comigo? Andy Hudson! Andy Hudson ia ser meu par e você estragou tudo pra variar!

– Haha, eu estraguei? Foram ordens da diretora! Eu nunca iria com você em sã consciência, se enxerga...

– Ora, seu... Vai... Vai... – ela não falaria um palavrão. Ela não tinha coragem. – Vai se ferrar, Malfoy! Eu te odeio com todas as minhas forças!

– Pode odiar à vontade, porque é recíproco! Você é detestável! Vá chorar no ombro do Hudson e dizer que graças a mim seus sonhos cor-de-rosa foram pro buraco...

– Eu não vou chorar! – ela gritou, mas seus olhos já estavam úmidos. Weasley foi andando, mas se virou no meio do caminho. – E eu menti, tá? Você foi o meu pior oponente no xadrez, raciocina feito uma pedra! – ela virou a esquina do corredor, sumindo de vista.

Aquela chata podia ir mesmo... Esperava mais é que tropeçasse e caísse de cara no chão.

Nossa, como eu estava sendo infantil... Mas não era pra menos! Que ótimo, depois de saber disso, a Wendy com certeza cancelaria o encontro na Torre de Astronomia, os futuros da Sala Precisa também e possivelmente os do banheiro dos monitores. Incrível como eu só me dava mal...

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Notas finais do capítulo

Ok, eles podem até não ter gostado, mas eu não achei nada má essa ideia da McGonagall, haha ;D (66'