Amor por Compaixão escrita por CarolFernandes


Capítulo 12
Capítulo 10 - As Verdadeiras Margaridas


Notas iniciais do capítulo

Dedico esse capítulo para a Máa, que fez aniversário dia 4. :D Muitas felicidades, queen!!



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O corpo parado no balcão me fez paralisar.

Edward.

“Sem sono?” Perguntei tentando fazer um bom teatro, que poderia se chamar: Quem não Esta Completamente Confusa em Relação aos Seus Sentimentos

Esperava ser convincente.

“Como sempre... E você?” Perguntou com a cabeça em cima dos braços cruzados no balcão. Ele não me olhava e isso incomodou.

“Só vim pegar um copo de água.” Ele murmurou um ‘hum’ e fechou os olhos. “Você esta bem?” Perguntei preocupada demais.

Zona perigosa, Bella. Não se entregue mais do que o necessário.

“Não.” Ele suspirou.

“Quer companhia?” Eu realmente não sabia se ia conseguir dormir outra vez.

“Você quer me acompanhar?” Perguntou de volta. Certo, aquilo tinha sido engraçado. Soltei uma risadinha, porque ele também tinha soltado uma.

“Se você tiver um bom assunto.” Dei de ombros, tentando não perder o ar leve que as risadas expeliram.

“Foi bem aqui.” Suspirou outra vez, abrindo os olhos e me fitando. “Meu suicídio frustrado.” Completou. Minha boca se abriu em ‘o’, mas tentei não transparecer nada muito estranho. Ele analisava cada reação minha.

“Certo...” Pensei no que dizer. O seu olhar transparecia muito cansaço e estava mais escuro que o normal. Isso me assustou.

Tive medo que ele repetisse a tentativa de se matar. Edward colocou seu braço na mesa e retirou a borda do casaco, me mostrando a cicatriz grande que havia ali no pulso. Hesitei em tocar, mas toquei e quando fiz isso ele retraiu o braço.

“Sua família é católica. Você não sabe que suicídio é pecado mortal?” Tentei ser engraçada, mas humor negro definitivamente não era a minha praia. Edward sorriu, para meu alivio.

“Não sou exatamente a pessoa mais religiosa da família...” Balançou a cabeça de um lado, para o outro. “Mas se é isso que você quer saber, eu não vou tentar me matar outra vez.”

“Isso me deixa aliviada.” Falei sinceramente. Ele tirou seus olhos de mim, talvez percebendo que eu estava desconfortável. Eu bebi minha água – na verdade, bebi duas para ficar mais tempo ali -, mas não adiantou, ficamos em um silêncio estranho. Resolvi que precisava sair dali, pois a água não tinha clareado minha mente e eu estava ficando ainda mais confusa sobre meus sentimentos.

“Por quê?” Perguntou antes que eu saísse completamente. Isso era um pouco frustrante. Ele sempre esperava o último segundo chegar.

“Do que esta falando?” Perguntei de volta.

“Esta preocupada por causa de Esme, certo?”

Droga! Ele também vai perguntar? Isso é sério ou também é um sonho?

Decidi destravar a minha mente de qualquer nervosismo e falar a suposta verdade.

“Estou preocupada com você, Edward.”

“Por quê?” Ele fez uma careta que quase chegou a dor.

“Porque eu gosto de você.” Saiu com mais convicção do que eu esperava. “Eu gosto.” Murmurei.

Eu gosto de Edward Cullen. Eu só precisava definir de que jeito.

Ele não disse nada e eu realmente estava pensativa demais para obrigá-lo a falar.

Chegando ao quarto, dei um sorriso. Estranho como ‘ele não olhar para mim’ me incomodou de inicio quando não o fez, e quando o fez demais me deixou desconfortável. Eu definitivamente estava confusa...

Mas gostava de Edward.

No dia seguinte eu me sentia melhor. Acordei bem disposta e ainda mais animada para a escola. Nossa conversa tinha renovado meu ânimo e nossa amizade. A prova disso foi o convite estranho que ele me fez.

“Hoje, às duas da tarde, você trás o carro para nós sairmos?” Perguntou normalmente. Eu quase engasguei com o suco que estava bebendo, antes de responder.

“Sim, o carro é seu...” Dei de ombros, ainda meio confusa. Edward pareceu perceber e se explicou rapidamente.

“Quero ir a um lugar e não posso dirigir.” Explicou. “Sei que, além de me levar, você vai gostar de conhecer.” Diante da explicação, eu apenas sorri.

Fiquei o caminho inteiro para a escola, pensando em qual lugar era aquele. Dirigir do lado direito já não parecia tão estranho, apesar do fato de ser uma BMW me assustar. Aos poucos, tudo aquilo começava a fazer parte do meu mundo: o carro, as roupas caras, a comida farta, o quarto elegante e Edward.

Tive a impressão de que o tempo estava contra mim. Logo quando eu queria voltar logo para casa, as aulas pareciam mais demoradas e tediosas. Rose me encurralou no almoço e perguntou um pouco sobre Emmett. Algo me dizia que ela iria perguntar, e ela perguntou.

“Ele é quente.” Disse, se abanando com a mão. Eu dei uma risada.

“Tenho a impressão de que ele acha o mesmo de você.”

“Sério?” Mordeu os lábios, escondendo um sorriso. “Isso é realmente bom.”

Para a sorte de Rosalie e Emmett, tínhamos um trabalho para entregar na semana seguinte. Nós duas combinamos de nos encontrar na quarta-feira, na minha casa e fazê-lo. Eu sabia que aquela quarta-feira era folga de Emmett.

Edward estava sentado no sofá, quando cheguei em casa. Assim que ele percebeu a minha presença, sorriu e eu sorri de volta. Ele me deu um tempo para trocar de roupa e eu pus um casaco mais leve, já que um sol discreto começava a aparecer, e um jeans preto. Deixei o casaco aberto, mostrando minha camiseta dos Guns N' Roses. A única coisa que permaneceu foi o meu all star violeta. Enquanto eu podia ter várias opções de roupa, eu as usaria.

(Roupa: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=28776380&.locale=pt-br)

“Guns N' Roses... hum, combina com o nosso passeio.” Edward disse, sorrindo, quando me viu.

“Vamos a um show de rock?” Perguntei confusa.

“Não.” Ele riu. “Mas veremos rosas.”

Eu fui dirigindo enquanto Edward me dizia em que esquina virar ou quando um lugar era contra mão. Nós fomos longe, rumo ao sul. Depois daquele passeio seria difícil eu me perder em Cambridge. Quando eu achei que iríamos cruzar a fronteira, ele pediu que eu entrasse em um caminho anexo e logo meu queixo caiu.

Cambridge University Botanic Garden, era o que a placa dizia.

O carro passou por baixo da placa e eu ainda estava embasbacada. Edward tinha me levado para o Jardim Botânico da Universidade de Cambridge, o lugar mais romântico de toda a cidade. É claro que eu queria conhecer e, percebi naquela hora, queria ir a um lugar assim com ele. Apenas ele.

“Isso é...” Respirei fundo, tentando colocar minha mente em ordem. “Incrível.” Antes que ele dissesse qualquer coisa, eu saí do carro e fui andando em direção a uma placa em alto relevo que falava sobre Darwin. Edward ficou bem perto. Apesar de não olhar para ele, eu sabia que ele olhava para mim.

O jeito como ele ficou ao meu lado enquanto eu lia, podia ter incomodado, mas não incomodou. Isso era estranho, levando em conta o meu jeito quieto e tímido. A atenção não me fez mal, e provavelmente o mérito era todo daquele lugar.

O jardim era imenso – eu olhava para o horizonte e não via um fim – e muito parecido com o paraíso idealizado. Algumas borboletas voavam entre nós, borboletas coloridas e grandes. Peguei-me sorrindo para elas e enquanto segui uma com os olhos, pude ver Edward.

“Se sinta em casa.” Ele disse, parecendo feliz em me ver feliz.

“Eu já me sinto.”

Haviam pequenos caminhos, cercados por uma grama verde e muitas flores coloridas. Esses caminhos eram misteriosos, já que as árvores não me deixavam ver onde eles iriam dar. De qualquer jeito, apenas caminhar por eles já era incrível.

Havia muitas lagoas também, de cor verde claro e limpas. Algumas tinham impulsores que formavam pequenas cachoeiras. Ninguém se atrevia a pôr a mão lá, de qualquer jeito. Tudo parecia inalcançável, intocável.

Mesmo em Forks, as florestas e os jardins não tinham essa combinação mágica de cor, vento, beleza e serenidade. Era uma coisa só de Cambridge.

As rosas que Edward comentou que veríamos, estavam todas juntas. Eram de diversas cores e até matizadas. Uma me chamou atenção: era rosa com as pontas avermelhadas.

(Rosa: http://farm2.static.flickr.com/1226/688291656_a62410fbe0.jpg)

Quando eu cheguei à área das margaridas, fiquei ainda mais maravilhada. Edward tinha razão em tê-las como sua flor preferida. Eu nunca tinha visto um jardim com margaridas tão lindas. Elas se embrenhavam no mato raso de cor verde escuro, seus miolos amarelos pareciam sorrir para mim e eu infantilmente sorria de volta. Como Edward tinha me ensinado, eram várias flores e não uma só... Várias flores brancas, que formavam um único gráfico que se repetia e iluminava todo o chão.

"Olhar para esse lugar me dá vontade de estudar botânica." Falei sorrindo.

"Eu sinto a mesma coisa." Eu fiquei feliz por ele ter dito aquilo no presente e não no passado. Edward não percebeu essa diferença e isso era bom.

Ele pegou na minha mão e me levou para um lugar cheio de frésias lilás. Chegando lá, eu não o deixei separar as nossas mãos. Como eu tinha percebido antes, aquele lugar me deixava desinibida e corajosa para fazer o que eu queria. E, bem... Eu queria segurar a mão dele sempre.

Nós não conseguimos ver tudo – seria quase impossível em uma única visita -, mas estávamos cansados de andar. Então fomos ao The Glasshouse Range, uma espécie de estufa gigante, que estava praticamente vazia. Lá dentro, ainda podíamos apreciar as cores e formatos do botânico por causa dos vidros, mas não ouvíamos som algum. E eu que pensei que nada poderia ser mais relaxante... Aquilo era.

(The Glasshouse Range: http://c.photoshelter.com/img-get/I0000iSC019sM9HI/s/750/750/The-Glasshouse-at-the-Cambridge-University-Botanic-Garden-England)

Nos fundos havia um círculo de terra, com algumas árvores e um banquinho, onde nos sentamos. O lugar me lembrou o local onde quase nos beijamos e isso me lembrou que aquele assunto precisava ser finalizado.

“O Doutor pediu que eu fosse aos lugares que eu mais gosto e depois relatasse a ele como foi. Ele disse que eu estou vivo... ainda.” Falou rindo.

“Sério? Ele disse isso?” Estranhei.

“Ok, a parte do ainda fui eu que inventei.” Riu mais e eu dei um soco no braço dele. “O que?”

“Não gosto quando você ironiza sua doença.” Falei sentando em um lado do gramado, e Edward sentou ao meu lado. Eu não olhei para ele, então não sabia qual era sua reação.

“Quando ele falou isso, eu pensei nesse lugar... E pensei em você.” Mudou de assunto e eu sorri, olhando-o. Edward deu de ombros, tentando não se mostrar vencedor.

“Adorei esse lugar.” Suspirei. Olhei em volta e olhei para Edward. Isso me encheu de coragem para algo.

True Colors - Alessandra Maestrini (versão): http://www.youtube.com/watch?v=ccp4uN2Aiz8

Você, com os olhos tristes

Não desanime

Oh, eu percebo

É difícil ter coragem

Em um mundo cheio de pessoas

Você pode perder tudo de vista

E a escuridão dentro de você

Pode fazer você se sentir tão pequeno

“Eu tento, mas algo sempre me leva de volta para você.” Ele respirou fundo, ouvindo. Sim, eu tinha dito aquilo. E não falei a frase pensando que era minha obrigação me envolver com ele... Eu falei a frase pensando no quanto ela era verídica.

Pus minha mão na sua bochecha, acariciando levemente e vendo-o corar. Apesar disso, o olhar dele estava sustentando o meu intensamente, sem vergonha. Eu olhava para Edward e via um garoto como qualquer outro. Sem doença. Perfeito. Pra mim.

Mas eu vejo suas cores verdadeiras

Brilhando

Eu vejo suas cores verdadeiras

E é por isso que eu te amo

Portanto, não tenha medo de deixá-las aparecer

Suas cores verdadeiras

Cores verdadeiras são bonitas

Como um arco-íris

“Posso beijar você?” Perguntou acariciando a minha bochecha também. Eu assenti minimamente, entorpecida.

Era uma cena bonita de se ver. Estávamos virados um de frente para o outro, lentamente nos aproximando. Flores de todas as espécies e cores se espalhavam ao nosso redor, mas o único lugar para onde eu conseguia olhar era o seu olhar.

Era mais que um beijo, era um ato de carinho, compaixão e principalmente amor. Eu sentia como se Edward estivesse entregando sua vida em minhas mãos, de qualquer jeito, eu estava entregando a minha a ele.

Mostre-me um sorriso então

Não fique triste, não consigo me lembrar

A última vez que vi você

Se este mundo te deixa louco

E você deu tudo o que você pode suportar

Você pode me chamar

Porque você sabe que eu estarei lá

Seus olhos brilharam, como se fosse o primeiro beijo. Era o nosso primeiro beijo. Era muito especial. Para nós dois.

Eu quase podia me ver refletida nos seus olhos. Era uma imagem linda. Eu e a sua alma.

Os lábios tocaram levemente os meus e depois ele se afastou. Afastou-se para suspirar. Depois voltou. Voltou intenso, romântico, carinhoso e mais intenso. Minha mão correu da sua bochecha para o cabelo, puxando-o. A mão dele se mexeu um pouco, acariciando minha bochecha.

Eu ainda estava admirada pela sutileza, temperatura e gosto dos seus lábios. Será que todos eram assim? Bem, eu não podia comparar, mas me arriscaria a dizer que tudo com Edward era melhor.

Quem suspirou depois fui eu, mas não me afastei. Aproximei-me mais. Colei-me a ele o máximo possível. Encostei-o no assento do banco, ficando por cima sem colocar peso nele. As coisas não ficaram quentes, mas ficaram íntimas. Eu não queria me separar.

“Também não consigo ficar longe de você.” Ele disse quando paramos para respirar.

E eu vejo suas cores verdadeiras

Brilhando

Eu vejo suas cores verdadeiras

E é por isso que eu te amo

Portanto, não tenha medo de deixá-las aparecer

Suas cores verdadeiras

Cores verdadeiras são bonitas,

Como um arco-íris

“Não fique.” Falei roçando meu nariz no dele. Meu peito estava esquentando a cada toque. Eu ia explodir de felicidade. A felicidade que eu nunca tive.

“Eu preciso ficar.” Falou sério, mas não quebrou o clima.

Eu já imaginava isso. Edward não iria querer engatar um relacionamento na sua saúde atual. Ele era bom demais para envolver mais alguém. Mas eu já estava envolvida.

“Eu sei no que estou me metendo, já sou grandinha.” Dei uma risada, tentando manter o clima leve. Ele sorriu, de olhos fechados.

“Você é muito importante para mim.”

Eu decidi que não iria me envolver com Edward, ultrapassar as barreiras e nos magoar.

Eu falhei.

Eu me apaixonei.


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Notas finais do capítulo

Já ouço o coro de suspiros que vocês estão soltando. São muito fofinhos esses dois, certo? Pois é, a revelação e o beijo demoraram, mas chegaram.

Eu nunca fui ao Jardim Botânico da Universidade (infelizmente), então muito do que eu falei sobre a ordem onde as coisas estão e tal é pura imaginação. Mas muito também é tirado do site oficial do jardim botânico. Então, se quiserem saber mais e ver um pouco de cada lugar que eu falei: http://www.botanic.cam.ac.uk/ Vale a pena ver porque, apesar de eu falar sobre, uma imagem vale mais que um milhão de palavras. :)

E a música ‘True Colors’ que eu usei não é a original, e sim, a que eu mais gostei. Da Alessandra Maestrini, uma brasileira.

Se vocês querem saber exatamente como foi o suicídio frustrado do Edward, veja a minha outra fic chamada O Poder do Amor, a qual eu já comentei.

*propaganda on*

Então, eu queria que você fizesse a caridade de ir ao meu blog (http://umcoelhobranco.blogspot.com/) ler e depois comentar o que achou dele. Mas tem que comentar, porque eu não tenho bola de cristal. Vou deixar bem claro aqui que eu em momento nenhum disse que sou boa ou engraçada... Mas tem gente que acha que eu sou, então veja e me diga o que achou.

Ah, visite e comente também o blog da minha amiga: http://geekerthanu.blogspot.com/

*propaganda off*

Eu também queria dizer pra vocês pararem de me dizer para ‘não desistir da fic’... Eu sei que isso significa que vocês se importam, mas é um pouco chato. Eu não vou desistir. Confiem em mim. A coisa que eu mais gosto de fazer no mundo é escrever e enquanto eu tiver duas mãos, eu não pararei. Pode ser sim que eu demore, ou que o capítulo não fique muito grande, mas eu não pararei. E só da pra postar uma vez na semana mesmo, infelizmente...