Segredos Submersos escrita por lovegood


Capítulo 4
Os dois primos




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Saímos da sala de Poções.

– Por que você aceitou o convite de Slughorn? – perguntei, assim que andávamos pelos corredores que agora estavam cheios. Não me preocupei em abaixar a voz; por alguma razão eu me sentia dentro de um misto de sensações que variavam entre a raiva, surpresa e incredulidade.

Ele arqueou as sobrancelhas.

– E eu não devia? – perguntou, parecendo ligeiramente confuso.

– Não! Quer dizer, sim! – falei, nem percebendo que minha voz devia ter aumentado de tom. – É que, isso é tão estranho... Eu te conheço desde quando? Ontem? E agora já estamos pra dançar juntos nesse maldito baile do Slughorn! É quase como... como se estivéssemos prometidos em casamento!

No exato momento em que entoei a última frase, basicamente todo mundo ficou quieto no corredor. E o que fez todo mundo olhar para nós dois.

Engoli a bile que subiu à minha garganta.

– Oi, vocês não tem mais nada pra fazer não? – exclamei, sentindo todo o meu sangue subir para minhas bochechas. Tentei ignorar alguns cochichos e risinhos vindo de outras pessoas que ainda lançavam um olhar ou outro para cima de mim. Olhei para o lado, e vi que Percy tentava segurar o riso, mas ao mesmo tempo estava ligeiramente corado. Voltei a falar com ele, dando uma breve vasculhada em meu bolso. – A propósito, você por acaso perdeu uma... caneta esferográfica com nome grego?

– Fala dessa aqui? – perguntou Percy, tirando do bolso uma caneta em que pude ver o nome Anaklusmos escrito. Franzi o cenho, e dei outra revirada em meu bolso. A caneta não estava mais lá, mesmo que eu pudesse jurar que até dois minutos atrás eu era capaz de sentir seu peso em meu bolso. – Não se preocupe com essa caneta. É que... ela simplesmente não sabe como se perder de mim.

– Como assim? – perguntei.

Percy engoliu em seco, como se tivéssemos chegado a um assunto delicado. Ele se aproximou mais de mim, e olhou para os lados. O corredor já estava deserto de novo, já que todos os estudantes já haviam ido para suas outras aulas. Mesmo assim ele pegou meu pulso e me puxou para um corredor ainda mais vazio e silencioso.

– Olhe, Hermione – disse ele, agora ficando um pouco mais rígido. – É um assunto mais... sério, isso. Sei que nós nos conhecemos há bem pouco tempo – é, desde ontem –, e que isso parece ser baboseira, mas... você sabe um pouco, conhece pelo menos um pouco sobre mitologia grega? Sobre os Deuses, e tal?

– Claro que sei – disse eu, assentindo. Sempre me interessei muito por mitologia grega. – Zeus, Poseidon, Hades, Hermes, Afrodite, Hera, Atena, Ares, Dioniso, Hefesto, Apolo, Ártemis...

– Então – ele me interrompeu, antes que eu continuasse a explicar tudo o mais – O que você pensaria se eu dissesse que...

– Percy! – duas vozes vieram do fundo do corredor. Olhei para a direção em que elas vinham, deparando-me com uma garota e um garoto. Ela parecia ter uns 15 anos, com cabelos pretos rebeldes e olhos azuis elétricos. Já ele aparentava ter uns 13 anos, cabelos e olhos excessivamente negros. Ela estava com as vestes da Grifinória (assim como Percy), e ele vestes da Sonserina. Ambos possuíam um estilo meio... punk rock.

– Ah meus deuses – grunhiu Percy, bagunçando um pouco o cabelo, enquanto os dois se aproximavam de nós.

– Eu não te conheço – disse o garoto, fixando seu olhar em mim. Deu pra ver que ele era bem direto com as pessoas, o que me fez sentir um pouco encabulada com os dois.

– Nico! – disse a garota, o repreendendo. – Seja educado com a amiga do Percy, por favor – ela olhou para mim, lançando um breve sorriso. – Sou Thalia Grace, e esse é Nico di Ângelo. Nós dois somos primos desse ser aqui – e deu um apertão no ombro de Percy, fazendo com que ele fizesse uma careta de dor.

Apenas assenti e apertei as mãos dos dois. Tive a impressão que levei um pequeno choque elétrico ao entrar em contato com a pele de Thalia. A princípio estranhei, mas resolvi ignorar. Ela percebeu isso e rapidamente soltou minha mão, levando-a ao bolso.

– Então, Percy – disse Nico, olhando diretamente para o primo. – O que você ia dizer a sua querida amiga Hermione, mesmo?

– Eu ia dizer uma coisa particular com ela, meu caro priminho Emo e minha priminha Cara de Pinheiro – arqueei a sobrancelha. Que apelidos carinhosos. – E vocês sabem muito bem o que eu ia dizer... não é?

Nico e Thalia se entreolharam e fizeram cara de "Aaah, entendi", e apenas assentiram, enquanto eu fiz cara de "Estou boiando".

– Entendo, Cabeça de Algas – disse ela. – Mas não acha que isso é meio... precoce demais? Tenho certeza que a querida Herms aqui – e deu uma breve palmadinha em meu ombro –, não vai se importar se nós esperarmos um pouco para chegarmos naquele assunto. Não concorda, Hermione?

– Sinceramente – disse eu, voltando a me manifestar –, eu não faço a mínima ideia do que vocês estão dizendo. Percy, se quiser falar comigo sobre esse assunto o qual eu não sei agora mesmo, pode falar. Mas se quiser concordar com seus primos... eu não me importo. Eu nem sei do que ao menos vocês estão falando!

– Pelo menos ela nos entende, Para-raios – disse Nico, olhando para Thalia. Mesmo que ainda encabulada, não pude deixar de observar o quão carinhosos eles eram entre si. De qualquer forma, porém, eu havia me simpatizado com eles. Nico era o primeiro Sonserino com que isso ocorrera. – Então, meus sinceros parabéns, Hermione. Por causa disso você tem menos chances do que os outros de ir para minha lista negra, literalmente.

– Ah... claro – disse eu, franzindo o cenho novamente e olhando para os três como se eles fossem doidos. Talvez eles fossem. Olhei meu relógio de pulso. – Ah, olha, foi um prazer mesmo conhecer vocês dois; Nico e Thalia, mas eu já tenho que ir. Meus dois melhores amigos já devem estar ficando preocupados comigo, e eu não quero me atrasar para a aula... de novo.

– Está falando do ruivo e do moreno quatro-olhos com uma cicatriz de raio na testa? – perguntou ela.

– Sim... vocês os conhecem? – perguntei, ficando mais confusa e boiando ainda mais.

– É... – disse Nico. – Digamos que conhecemos os dois por mero... acidente. – Ou não, ele murmurou baixinho.

– Foi mesmo um prazer, Hermione – interrompeu Percy, fuzilando os primos com o olhar. – Te vejo no sábado, naquele maldito baile. Tchau! – e puxou os primos para trás, como se estivesse apressado para alguma coisa importante, ou talvez quisesse apenas fugir de algo.

– Hã... tchau – murmurei, ainda parada. Voltei-me a andar no corredor afim de ir à sala de Transfiguração, mas tive quase certeza de que ouvi Nico gargalhar e exclamar para Percy: "Quer dizer que é com ela que você vai dançar no baile? Que coincidência, não?"


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Notas finais do capítulo

Eu AMO a Thalia e o Nico, e por isso os dois não podiam ficar de fora. Antes que perguntem algo sobre Grover e Annabeth... bem, não se preocupem. Eles irão aparecer, sim. (Tanto que a Annie apareceu no prólogo, mas enfim)