Inner Outer Space escrita por matt


Capítulo 30
Começo


Notas iniciais do capítulo

Meu nome é Matt... E eu não preciso mais inventar nada.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/11492/chapter/30

 

                - Muito bem, pessoal, antes de lhes devolver os trabalhos, faço questão de destacar um grupo em particular. Joey e Matt... Eu não sei quem escreveu este trabalho de vocês, mas duvido que sejam vocês mesmos. Digam a essa pessoa que pode levar isto para qualquer universidade do país, e talvez ela saia de lá no mesmo dia com um diploma em filosofia. Está magnífico! Beira o inacreditável! Não sei onde vocês encontraram tal gênio, mas se possível, apresentem-no a mim. É claro que vocês ganharam zero, por não ser um texto da autoria de vocês, mas...

                - QUÊ???! Professor, não vem falar do que você não sabe, tá bom? Esse texto é do Matt, foi ele quem fez, ele que me mandou! Não tinha como ele conhecer um “gênio” em um único dia... Não é, Matt?

                Eu estava totalmente alheio à discussão, minha cabeça repousava sobre meus braços.

                - Matt? – Joey fez questão de cutucar minha cabeça com força – O Jeremy tá duvidando de você, não vai responder?

                - Hnf... – respondi, desinteressado.

                - Ei! Eu estou tentando te defender aqui!

                - Ele está certo...

                - ...Hã?

                - Deixa quieto, Joey.

                Ele não falou mais, ao que o professor Jeremy pôde continuar:

                - ...Bom, acho que isso esclarece nossas dúvidas, certo? Da próxima vez, escrevam o próprio texto, e eu penso em dar uma nota 6 – passou a entregar os trabalhos da turma.

                - Matt... – Joey disse, antes de voltar emburrado ao seu lugar – Você é problemático.

              Meu nome é Matt Müller. Tenho quase 18 anos. Talvez ainda seja geneticamente inalterado, tenho que checar isso. Gostava de churrasco, mas hoje não sinto tanto prazer com nenhum tipo de alimento. Minhas crises de consciência deram lugar a um vácuo incompensável. Nunca atirei em ninguém, isso era só algo que eu inventei pra fazer minha vida parecer mais interessante.

                Mas eu não preciso mais inventar nada.

                Minha vida teve uma fase extremamente incrível e impensável alguns dias atrás.

                Mas ela acabou.

                E tudo o que importava para mim se foi...

 

                - Ei, Matt, o que foi aquilo? – Joey perguntou, após soar o sinal do fim das aulas – Você pode não precisar daqueles pontos em filosofia, mas eu preciso! Que tal pensar nos outros, de vez em quando?

                - Eu achei que você estivesse “me” defendendo naquela hora, não? – respondi, olhando de esgueio.

                - Err, bom... Eu estava, mas... Ah, você entende, era para benefício conjunto! E eu realmente achei que você tinha escrito aquele texto, eu acreditei em você! De onde você tiraria aquilo? Internet? Duvido que alguém se dê ao trabalho de deixar ali um trabalho desse nível de grandiosidade... – virou-se para mim, sério – Quem escreveu aquilo, Matt?

                Ao notar que eu não atenderia à sua pergunta, ele virou a cara, emburrado.

              - Cara, você ficou muito esquisito depois que a Kasumi sumiu. Sabe, a nossa sala ficou chata pra caramba, também... Ela só ficou por menos de uma semana, mas já faz uma falta danada. Você sabe pra onde ela foi, Matt?

                - ...

 

                - Me-kun!

                A voz me alegrou momentaneamente, até eu perceber que quem me chamava era um dos clones que Kasumi deixou na Terra. Ela e o segundo eu estavam se agarrando de forma bastante suspeita em cima da minha cama. Ela veio correndo, mas ao ver minha expressão facial, percebeu a situação.

                - Você voltou sozinho...?

                - Sim...

                - Ela previu que isso fosse acontecer... Mas não se preocupe, ok? Ela queria te proteger primeiro.

                Aquelas palavras não serviam de consolo. Nem pareciam fazer sentido.

                O outro clone, à minha imagem, saiu do quarto em que estava, e veio em minha direção. Parou ao lado dela. Os dois olharam para mim com um olhar triste, porém esperançoso, e desapareceram sem deixar vestígios.

                Pra quê um olhar esperançoso?

                Fui para o quarto e me deitei, desesperado.

 

                - Matt?? Você tá viajando demais pro meu gosto. Qual é o seu problema?

                - Nada de mais, Joey, eu só...

                - Matt! Posso falar com você, um instante? – uma voz veio de trás.

                - Claro, Sra. Widmore – respondi, um tanto surpreso com a aparição repentina.

                - Ahn, Matt? – Joey destacou – Eu tenho que ir, não como nada desde o café da manhã. Até amanhã!

                - Tá, até, Joey – acenei sem vontade.

                - Bom, Matt... – a diretora começou, enquanto caminhava – Eu não tenho muita certeza de como falar sobre isso, mas você é quem parece conhecer melhor a nossa aluna desaparecida.

                - Você está falando da Kasumi?

                - Não só dela. Ana também não vem à escola desde semana passada.

                Então, ninguém se esqueceu de nenhuma delas...

                - O que mais me preocupou... – ela continuou – É que quando eu liguei para a mãe da Ana, ela disse que nunca teve uma filha com aquele nome.

                Ah, uma pessoa esqueceu. Compreensível.

                - Os telefones de contato da Kasumi também não parecem funcionar. As duas sumiram sem deixar pistas. Eu não quero ter que recorrer à polícia, então só me resta perguntar a você, Matt: você sabe do paradeiro das duas?

                - Não, não faço ideia, Sra. Widmore. Eu estou tão preocupado quanto a senhora – forcei uma expressão de saudade e preocupação, que achei que seriam facilmente confundidas com meu conhecimento da situação e o que eu sentia naquele momento.

                - Mesmo que eu não te conhecesse, eu saberia dizer que você está mentindo, Matt.

                Não funcionou.

                Mantive meu silêncio por mais alguns segundos. Não era fácil ocultar a verdade sem contar uma mentira...

                - Com todo o respeito, Sra. Widmore... Eu sugiro que a senhora não perca mais tempo tentando encontrá-las. Só posso dizer que, para nós, é impossível.

                Ela abaixou a cabeça, visivelmente desapontada com a minha resposta.

                - Entendo... Bom, não cabe a mim interferir na vida dos alunos – ela se virou para ir embora – Nós vamos reencontrá-las um dia?

                - ...Quem me dera... – caminhei na direção oposta.

                Minhas lágrimas expressavam a verdade.

 

                O trajeto até a minha casa parecia infinitamente mais longo sem uma turbina nas costas, um sistema de teletransporte, ou mesmo uma simples menina ruiva maluca que tentava me convencer sobre como agir frente a um problema. Por mais que os argumentos dela fossem absurdamente objetivos e diretos e não me convencessem, a simples necessidade de diálogo e ação eram muito mais interessantes do que considerar apenas minha própria linha de pensamento. Agora, só essa linha de pensamento se faz presente.

                Do portão, senti o cheiro do almoço. Pareceria delicioso, se eu soubesse que era Kasumi quem estava preparando. Meu negativismo adquirido não permitia ao meu corpo considerar qualquer coisa “deliciosa” sem ela por perto.

                Caramba, eu pareço um daqueles carinhas de romances que só querem saber de ficar com a amada e viver feliz pra sempre, coisa que eu sempre achei melosa...

                Mas é... É isso mesmo.

                Meu realismo não poderia superar minha depressão. A tendência era que a piorasse:

                Ana nunca existiu de verdade;

                Kasumi se sacrificou para me proteger;

                As duas provavelmente fazem parte da composição atômica de uma nova estrela, cuja luz só atingirá a Terra em algumas décadas.

                Resolvi parar de pensar, ou não conseguiria me alimentar de jeito nenhum...

               

                - Cheguei, Angie!

                - Oi, Matt! – ela respondeu, sentada no sofá da sala – Pode ir comer, eu já almocei.

                - Você que preparou o almoço, hoje? – perguntei, depositando a mochila ao seu lado.

                - Você acha mesmo que eu conseguiria fazer uma macarronada desse nível? Meu conceito está subindo assustadoramente na sua cabeça, Matt...

                - Tá, mas então...?

                - Mamãe não te contou? Temos uma nova empregada.

                - Ah... Imaginei que apareceria uma, mais cedo ou mais tarde.

                - Ela ainda deve estar fazendo alguma coisa na cozinha, se quiser conhecê-la.

                - Por que eu faria questão de vê-la assim?

                - Ah, ela é bonitinha, eu adorei a roupa dela. Eu tenho certeza que você vai se sentir tão atraído por essa quanto pela que esteve aqui semana passada...

                - Como assim, atraído?

                - Ah, Matt, vai dizer que você não teve uma quedinha pela Kasumi? O tempo todo perguntando detalhes de como ela apareceu, e tal...

                - Você percebe as coisas de um jeito esquisito, mana...

                - Eu sei que é verdade, você adora negar!

                Pior que se fosse hoje, ela estaria certíssima.

                - Tá, vou vê-la antes de comer, de qualquer forma... – fiz cara de tédio.

                - Boa sorte! Eu estou bastante distraída aqui, então não fiquem constrangidos!

                - Cala a boca... – respondi calmamente, enquanto me dirigia para a cozinha.

              Legal, agora eu tinha um fetiche por empregadas... É fácil assim adquirir preconceito por um ser humano? Ou então, a Angie só estava enchendo meu saco, mesmo.

                Da porta da cozinha, eu pude ver as roupas da tal novata. Não nego que eram exageradamente bem trabalhadas, parecia uma daquelas de Maid Cafés do Japão. Só não esperava tanto prezo na nossa própria casa.

                Ela estava lavando a louça. Seu cabelo solto e claro era ligeiramente familiar...

                - Com licença... – falei, me aproximando devagar da comida mais do que dela – Eu...

                - Você demorou, Matt.

                - ...Como...?!

                Ela virou a cabeça para me encarar.

                E eu entrei num estado de choque tão repentino e intenso que pensei que sofreria um ataque do coração.

                - A...A...A-A-A... ...!!!! – me apoiei na bancada para não cair.

                - Que cara é essa? Não está feliz em me rever?

                Uma andróide potencialmente perigosa se aproximava lentamente de mim. Os olhos claros me encaravam como das poucas ocasiões em que eu imaginei amá-la, e eu nunca me senti tão amedrontado com eles.

                Pânico. Eu não conseguia emitir uma palavra.

                - Eu não estou aqui para te fazer mal.

                - ...Não? – a calma parecia se esforçar para voltar – Então, Ana... Ou, er...

                - Pode me chamar de Ana, mesmo. Esse ainda é o meu nome.

                - Ah... Bem... – ainda precisava me apoiar na bancada.

                Antes que eu notasse, sua mão contornou minha cabeça e ela sussurrou no meu ouvido:

                - Se quiser, eu posso te chamar de mestre.

                Minha mão escorregou.

                A empregada de quem eu mais suspeitaria me segurou, evitando que eu batesse com a cabeça na quina.

                - Cuidado, mestre, você pode se machucar... – disse, com a voz delicada.

                Corei violentamente.

                - Não faz isso de novo, por favor – falei, virando a cabeça – Eu não sou seu mestre...

                - Nesta casa, é, sim – ela disse, com um sorriso estranhamente encorajador.

                Agora que meus sentidos se recuperavam, mil perguntas vinham à tona.

                - Como assim? Por que você está aqui? E Ka...

                - Calma, calma... Vamos pra algum lugar mais isolado, antes de tudo.

                Ela segurou minha mão. Da mesma forma que o fazia, semana passada.

                Mas eu nunca achei aquela sensação tão confusa.

 

                Chegamos a um ponto aleatório a dois quilômetros da minha casa. Eu certamente não reconheceria o lugar, não fosse o buraco fundo e estreito que se encontrava no chão. Foi ali que Kasumi apareceu pela primeira vez.

                - Pois bem, Matt. Pergunte o que quiser, agora – Ana disse, sem me olhar.

                - Ok, pra começar...

                - Não é pra mim. Pergunte pra ele – apontou para uma árvore ao lado da cratera.

                E meu pânico voltou com força total.

                - Vejo que não esperava me ver outra vez, terráqueo... – disse Neth.

                - O... O que... Mas... E... Ah...!!

                - Suas reações de surpresa me divertem, apesar de tudo. Eu realmente não poderia esperar uma mente calma e relaxada depois de todos os eventos que se passaram, mas o seu primitivismo fica bem evidente nesses casos.

                A atitude dele não mudou nem um pouco. E isso só servia para me deixar cada vez mais aterrorizado. Notando meu pavor crescente, o alienígena comentou:

                - Antes que pense que eu vim destruir este planeta tosco com as minhas próprias mãos, devo deixar claro que não é isso que vim fazer aqui. Não tenho tanto poder individual...

                - Não? – um pouco mais calmo, estranhei o fato de ele adotar sua aparência humana em vez da forma original – Então... Por quê?

                - Ora, achei que Ana já tivesse dito: estou aqui para responder, Matt. Eu não poderia fazer isso numa transmissão via SPIPA. O contato real faz-se necessário para que eu chegue um pouco mais perto de compreender o que Jyhl estava pensando.

                - Kasumi!! Ela está viva?!

                - Ah, você insiste nesse nome que só traz más lembranças... Mas posso te adiantar isto: ela não só está viva, como também foi responsável pela sobrevivência de todos os membros do C.E.M., pela reconstrução da base e pela minha aceitação parcial da sua situação.

                Uma alegria que eu não julgava possível para um ser humano transbordava das minhas feições. Um brilho que eu julgava extinto voltou ao mundo. Tudo fazia sentido. Tudo era maravilhoso. Caí ajoelhado, à frente do alien, lágrimas escorriam para o meu queixo.

                - Você está chorando? É assim que retribui o sacrifício que Jyhl fez por você, seu inútil? Reconstruir uma base daquele tamanho exige um esforço absurdo!

                - Senhor... – Ana interveio – É assim que os terráqueos expressam suas emoções mais fortes. Alegria é uma delas.

                - ...Realmente é um planeta deveras estranho. Se ela espera mesmo que eu adicione a Terra ao nosso banco de dados, eu preciso que criem uma seção extra.

                - Eu estou disposto a ajudar! – respondi, bizarramente exaltante – Eu faço qualquer coisa! Eu só quero poder ver Kasumi outra vez!

                - Não preciso da sua ajuda, terráqueo, o SPIPA já é uma ferramenta suficientemente boa. E por menos que eu goste disto, você não precisa da minha permissão para ver minha irmã mais uma vez. Ela já está te esperando...

                Corri.

                Ainda ouvi ao longe:

                - Ei! Não me deixe falando sozinho, seu...!

                - Deixe ele ir, por agora, senhor... Ele precisa disso.

                Não tive tempo para agradecer.

                Nem sei por que o faria, pra ser sincero.

                A única ação possível na minha mente era correr.

                E chegar ao meu quarto.

                E encontrá-la sentada na minha cama.

                E vê-la sorrindo para mim.

                Trajando roupas um pouco mais decentes do que o que ela vestia ali...

                - Ka... O que é isso? Essas roupas de novo? – evitei encará-la.

                - Pensei que você gostaria de me ver assim, Me-kun.

                - Eu gostaria... Quer dizer, queria te ver, mas assim... ah...

                - Eu sei – ela disse, se levantando – Eu só queria ver sua face corada mais uma vez.

                Ignorando minha moralidade, corri e a abracei com força.

                Todos os problemas do mundo não tinham mais significância para mim. Toda a realidade se dissipou. Nada mais existia, só eu e Kasumi. E não havia nenhuma interferência de capacetes extraterrestres causando essa sensação.

                - Eu também senti sua falta, Me-kun.

                - Por que me fez acreditar que você tinha morrido? Eu sofri tanto...!

                - Ah, é uma coisa que eu vi também em filmes da Terra e achei que poderia pôr em prática. Você conhece como grama.

                - Hein?

                - Ah, drama! O Neth ainda não pediu pra arrumarem isso?

                - Você escolhe as piores ocasiões pra colocar suas ideias em prática...

                - Se eu não o fizesse, você não estaria tão feliz quanto está agora, não é?

                - Hm... Faz sentido.

                - Você não vai perguntar da Ana?

                Agora que ela mencionava, a Ana aparecer de empregada, e ainda tão submissa, era realmente a coisa mais aleatória até ali.

                - Eu ajudei o Neth a reprogramá-la! – ela disse, excitada.

                - Sério? Por que vocês fizeram isso?

                - Pra ela me assistir nos trabalhinhos do dia-a-dia... E pra servir a você como quiser, “mestre”.

                - Você que fez ela assim? Eu devia imaginar...

                - Eu sabia que você ia gostar, Me-kun!

                - Eu não disse que gostei!

                Ela riu. Ainda não tinha perdido a mania de atiçar meu subconsciente...

                - E o Neth? Como você o convenceu? – outra coisa que não fazia muito sentido, depois de ver a reação no mínimo desfavorável dele na extinta base do C.E.M..

                - Ah, eu só disse pra ele que não teríamos filhos.

                - ...HÃ?!

                - Foi simples assim. Ele não queria que eu prejudicasse a evolução da nossa espécie, então é só não procriar, não é verdade?

                - Bom... É, mas... Sério que foi só isso??

                - Sim. Eu te disse, Me-kun, eu o convenceria.

                - É... Mas... Wow... Foi tão besta...

                - Ou você pretende ter filhos comigo um dia?

                - Não, não pretendo!! – respondi imediatamente. Kasumi desatou a rir, mais uma vez.

                - Depois de acalmá-lo com isso – ela continuou – ...foi só voar com a turbina que nós temos nas costas e encontrar matéria-prima suficiente pra reconstruir a base. E isso foi realmente desgastante, pra ser sincera.

                - Ah... Você se esforçou tanto, e só por mim. Um ser tão inferior e insignificante em relação a você...

                - Você não está pensando em pedir desculpas, está?

                Eu estava, sinceramente.

                - Se eu o fiz, foi pela minha própria vontade, Me-kun – ela continuou, tão séria quanto carinhosa – E a única coisa que fazia o esforço valer a pena era saber que você estava salvo e que poderíamos nos ver outra vez.

                - Kasumi...

                - Você precisa pensar mais em ser o herói da Terra do que o destruidor de uma ideologia intergaláctica obsoleta, sabe?

                - Eu não salvei a Terra. Você o fez.

                - Eu não o faria se não tivesse te conhecido, Me-kun.

                Mais uma vez, eu não sabia como agir. Mas Kasumi já parecia acostumada à minha falta de reação:

                - Então para de ficar se reprimindo e diz o que você quer dizer desde o começo!

                Ela ainda me lia como um livro.

                - Eu te amo, Kasumi. Obrigado por tudo.

                - Eu digo o mesmo, Me-kun.

                Ela sorriu. Eu não tinha como não me sentir extraordinariamente feliz com aquele sorriso. Imaginei que nunca mais o veria na vida, e ali estava a dona dele. Uma alienígena doida, estranha, alegre e ligeiramente pervertida, a criatura mais bizarra que eu já conheci.

                Aquela que eu mais amo em todo o universo.

                Nossos rostos se aproximaram lentamente, enquanto ela lembrava:

                - Você ainda nem almoçou, Me-kun...

                - Ah, é mesmo... – sorri, mantendo a mesma distância.

                Nossos lábios se tocaram, ao que nossas mentes partiram para um mundo perfeito gerado pela nossa união, numa viagem que pareceu ser o início de uma longa história de vida.

                História essa que provavelmente envolveria momentos de vergonha total, alegria sem motivo, coisas absurdas surgindo do nada, ações imediatas sem muitos pensamentos prévios e um amor absoluto.

                E da qual eu nunca me arrependeria.

 

 

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E eis que, depois de intermináveis atrasos de um autor ocupado com a própria consciência, Inner Outer Space chega a um fim.
Eu peço desculpas, mais uma vez, pela lerdeza em postar que eu vim apresentando esse ano x_x
E agradeço, de verdade, todo o apoio que recebi até o fim. Dos leitores, dos amigos e dos que só sabiam que eu estava escrevendo uma história... XD
Obrigado, mesmo =3

Até uma possível (porém improvável) segunda temporada! o/