Toda Eternidade Tem Um Começo escrita por Danda_Soares


Capítulo 5
Eu morri?


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, esse capítulo é MUITO especial.
Eu iria postar ontem, só que o site deu erro ¬¬

Boa leitura !



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POV BELLA

Eu ainda não tinha me acostumado com a palavra órfã. Mas sim, eu estava órfã. Tia Nik e Kelly eram a única família que eu tinha agora, e eu ficaria com elas.

Arrumando minhas malas, não pude suportar. Todas aquelas fotografias, tudo naquela casa me fazia lembrar deles.

Com tristeza e ódio me golpeando, sai derrubando tudo que estivesse em meu alcance, gritando em meio ao choro e a histeria. Mirei uma vez o espelho e vi uma garota desconhecida. Escorrendo pela parede lentamente, eu cai no chão. Sem me importar, eu deitei ali mesmo e chorei. Uma vibração negra e ruim pairava ao meu redor, entrando por todos os buracos feitos em minha alma e preenchendo-os com pura raiva e mágoa. Eu sentia como se a cada minuto, minha mãe fosse entrar por aquela porta e me abraçar do jeito que ela sempre fazia. Como alguém pode lidar com essa dor? Meu coração estava parando lentamente. Senti a derradeira escuridão se aproximando de meus olhos.

Setembro

Outubro

Novembro

1º Dezembro

A falta deles me tortura, já não posso suportar. O tempo não cura tudo, como dizem. Nem mesmo ele tem me feito sentir-se melhor. A saudade só aumenta e a dor me atormenta cada vez mais. 

Eu não posso evitar os pesadelos. Eles marcam sua presença toda noite, com seu vento frio e tenebroso, e com meu grito atordoado.

Tirando essa situação, seria como eu sempre sonhei, morar com Kelly. Mas agora, isso só significa que eu num tenho para onde ir, e começando essa linha de pensamento, me leva a meus pais e a dor.

Alice vinha todo dia me ver e tentar me animar. É nessas horas que nós vemos nossos verdadeiros amigos. Elas fazem de tudo para me ver bem, mas nem mesmo Alice e Kelly podem sumir com a agonia intensa no meu peito. Sempre que eu podia eu ia nos túmulos de meus pais, e conversava com eles. Para ser mais exata, eu só conversava entre os intervalos dos soluços. 

Dessa vez, eu resolvi ir à noite, para ter mais privacidade. 

- Mais uma noite. Vocês se foram, e eu aqui sozinha, o que será de mim? Conviver com a ausência de vocês é tão dificil! Impossivel tirá-los de meus pensamentos. Isso ainda me lembra nossos momentos. Não aprendi a superar essa perda, e tenho certeza que nunca vou superar - eu falava enquanto me balançava para frente e para trás em um ritmo frenético.

Um sopro gelado, fez os pelos da minha nuca se eriçarem. Agucei os meus sentidos, mesmo que eles não fossem muito bons, eles eram melhores que de um humano. Senti uma presença assustadora, mas que eu queria negar estar sentindo. Era a mesma presença dos meus pesadelos, e eu me pego pensando: Será que esse não é só mais um pesadelo?

Mas não era. E dessa vez eu realmente precisava correr. Era a mesma situação, uma floresta escura e fria. Só que elas são diferentes. A floresta do pesadelo parecia não ter fim.

Sem pensar, eu apenas peguei minhas coisas e corri o mais rápido possível. Nervosa e assustada, eu sentia alguma coisa me seguindo. Um galho estava caido no chão. Eu não consegui freiar a tempo e caí. Uma mão branca apareceu do nada na minha frente, e antes de eu reconhece-las, eu dei um grito assustado.

- CALMA BELLA! SOU EU, NÓS TEMOS QUE SAIR DAQUI! - Alice berrava em meio a minha crise histérica

- O que você está fazendo aqui? - eu disse pausadamente

- Hm... eu sabia que você viria aqui, e todo mundo já estava preocupado com você.

- Alice, está perigoso aqui, nós temos que ir - eu disse nervosa

- Tudo bem, nós vamos embora... mas por que aqui seria perigoso? - ela disse tentando disfarçar algo. Ela sabia. Mas estava tentando esconder.

- Só... vamos embora.

Alice me deixou em casa, e me fez prometer que eu ficaria bem, apesar dela saber tanto quanto eu que eu não iria ficar. Tia Nik me fez jantar antes de ir para o quarto. A única coisa que eu tenho feito realmente ultimamente, é estudar. Assim eu penso em outras coisas em vez de pensar na falta que eles fazem.

Esses meses eu tenho agido como um zumbi. Eu bloqueava minhas emoções e não fazia nada. É melhor não sentir nada, sempre é melhor. Só que tem vezes que eu esqueço como entorpecer, e a dor vem com todas as forças sobre mim.

Com o tempo, eu fui ficando fraca. Eu sempre sentia olhos sobre mim e Alice estava sempre receosa, mas eu nunca ousei perguntar o por que.

As minhas habilidades iam se esvaindo como se um buraco negro estivesse sugando-as. E isso só começou a acontecer depois que eu parei de usar o anel, mas eu pretendo esquecer isso.

Eu tenho que confessar que eu fiquei com medo no cemitério, mas eu tenho que voltar lá. Afinal, é lá que meus pais foram enterrados e por mais que só os corpos estam lá, apodrecendo, eu me sinto mais próxima deles quando vou lá, entende?

Três semanas após o ocorrido no cemitério, eu criei coragem para ir sozinha à noite de novo. Escapei e fui o mais rápido possível até lá. Eu havia recolhido algumas flores ali perto, para colocar nos túmulos, retirei as velhas e coloquei as novas. Eu olhava para o céu, era uma noite de lua cheia e ela estava tão bela! Tão redonda e perfeita. Me perguntei que mal poderia ocorrer em uma noite tão bonita como essa.

( Recomendo escutar: http://www.youtube.com/watch?v=8FG1gNIxMqs )

Fiquei horas falando com meus pais, olhei para o relógio e ele indicava: 23:59h

Com medo, eu comecei a recolher minhas coisas e a me despedir de meus pais, afinal, meia noite é A hora, em vários significados. E novamente, aquele vento inquieto e arrepiante circulava ao meu redor, como se me atraisse para a floresta. Algo me dizia para não olhar para trás, porque eu iria me arrepender.

Eu estava nervosa, e com muito medo. Alice não estava lá para me ajudar, nem ninguém. E eu estava fraca. Sem o anel. Sem "escudos".

Então eu fiz a única coisa que meu corpo me mandava fazer.

Eu me sentia como se estivesse presa em um dos terríveis pesadelos, um onde você precisa correr, correr até seus pulmões estourarem, mas você não pode fazer seu corpo se mover rápido o suficiente. Minhas pernas se moviam devagar e mais devagar enquanto eu perdia minhas forças e ia caindo. Aquela agonia e sentimento de déjà vu me atormentavam novamente e eu não sabia para onde ir.

Eu queria correr para casa, para a minha verdadeira casa. Mas eu não podia.

Só iria me fazer chorar.

Mas do que adianta? Eu já estava chorando mesmo.

Ela quer ir pra casa, mas ninguém está em casa

É onde ela se encontra,arrasada por dentro

Não há lugar pra ir, não há lugar pra ir

Secar suas lágrimas, arrasada por dentro

Eu corri para o penhasco. Desde 12 anos de idade eu corria para lá quando precisava me acalmar. Durante todo o caminho, eu chorava. De medo, de desespero, de nervosismo, de saudade, de dor, de mágoa, de ódio. Eu só queria ir para casa, e brigar pela tv com meu pai, e ajudar a minha mãe a fazer o almoço. Eu só queria sentir os braços quentes e calorosos dos dois. Será que é pedir muito? Será que pedir que os corpos deles não estivessem apodrecendo na terra, fará de mim uma pessoa má e egoísta?

Chegando lá, eu via as ondas batendo na areia. O penhasco era de uma altura inacreditável. Apesar do medo de altura, estar vendo o mar, o céu, a lua, as estrelas, e tudo, lá de cima, me fazia ficar até zonza de tanta felicidade. Era uma beleza inigualável.

E como uma luz na escuridão, aquele pensamento vem até mim na melhor hora.

Eu só posso ter os meus pais, quando estiver morta. Aliás, eu já estou morta. Que diferença faria?

Eu não queria pensar em Alice, Kelly e Tia Nik, mas elas teimavam em aparecer nos meus pensamentos.

Elas sentiriam a minha falta?

Mas, morta ou viva, eu não irei fazer diferença. Olhei para minha roupa. Não seria difícil pular dali. Eu estava com um frágil vestido de seda vermelho.

E como eu disse, era uma bela noite. Eu estava feliz pelo fato de que iria morrer na noite mais bonita dos últimos meses. E mais feliz ainda pelo fato de que aquela dor agonizante iria sarar e eu iria ficar com meus pais novamente.

O oceano parecia muito distante, de alguma forma mais do que antes. Eu fiz uma careta quando pensei na temperatura da água. Mas eu não ia deixar isso me impedir. O vento soprava mais forte agora. Eu pisei na beira do precipício, mantendo meus olhos no espaço vazio à minha frente. Meus pés seguiram em frente, acariciando a margem da pedra quando a encontraram.

Eu me inclinei para a frente, me abaixando pra conseguir mais impulso...

E me joguei no penhasco.

Eu gritei enquanto caia no espaço como um meteoro, mas era um grito de excitação, não de medo. O vento resistiu, tentando inutilmente lutar contra a gravidade. A água estava mais gelada do que eu temia, e mesmo assim o frio só aumentou a adrenalina. Eu estava orgulhosa de mim mesma enquanto mergulhava mais fundo na água negra congelante. Eu não tive nenhum momento de terror - só pura adrenalina. Realmente, a queda não foi nem um pouco assustadora. Era questão de segundos para a corrente me pegar. E eu realizei um grande sonho, eu "voei".

Eu senti que as ondas estavam brigando comigo, me jogando pra frente pra trás, como se estivessem se juntando pra me partir ao meio. Eu não tentei lutar, apesar de meu inconsciente mandar eu nadar. E mesmo que eu fosse tentar, para onde eu iria? Eu não sabia onde eu estava.

Meus braços e pernas já estavam ficando dormentes. Eu estava nervosa por não estar adormecendo logo. O ar estava se esvaindo e doía muito. Lá no fundo, eu sabia que alguém estava me puxando, mas eu me entreguei a escuridão.


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Notas finais do capítulo

Geeeeente, eu preciso da opinião de vocês agora. Os personagens não são todos meus, mas a história é minha, então eles fazem o que eu quiser.
1º: Os vampiros podem controlar a mente de um humano.
2º: Eles dormem. Pouco, mas dormem.
3º: Eles podem ficar bêbados.
kkkkkkkkkkkkkkkkk

Mas agora, a opinião de vocês.
Como vocês preferem que um humano vire vampiro?
Só uma mordida e pronto, ou troca de sangue entre eles?

Eu preciso saber, para fazer a transformação da nossa Bella (:

Beeeijos .