Aira Snape escrita por Ma Argilero


Capítulo 15
Uma Pessoa


Notas iniciais do capítulo

capítulo para vocês lerem!
Espero que gostem!



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Era o dia da final da Copa Mundial de Quadribol e todos estavam eufóricos por a Irlanda ter vencido. Eu, nunca liguei para o esporte, portanto, apenas fui para meu quarto, descansar, pois na manhã seguinte voltaria para minha casa.

  Laura entrou em meu quarto. Pressentia que não viria boa coisa da maneira que estava agindo. A encarei – sentia vontade de esganá-la, mas me controlava. Senti muita raiva da cascavel.

  Ela aproximou-se de mim.

  - Eu sei o que você fez!

  Laura caiu direito direitinho! Minha vingança foi melhor do que eu esperava!

  - Sei muito bem que você está jogando meu filho contra mim.

  - E como eu faria isso? – fiz cara de inocente e coloquei o dedo indicador sobre meus lábios, como se não entendesse nada.

  - Dando o golpe da barriga. Sei que você o seduziu...

  - Eu não vou estragar meu corpo e a minha vida para destruir a sua!

  O rosto dela ficou escarlate de raiva.

  Aproximei-me mais. A encararia nos olhos.

  - Você não me engana! Sua vaca!

  Agora era palavreado de baixo calão... Usei ao máximo de minha paciência para não matá-la ali mesmo.

  - Olha como fala comigo...

  Ela segurou meu braço com força.

  - Você não vai tirar meu filho de mim! Mesmo que vocês tenham transado...

  Soltei-me dela. Andei e parei na porta.

  - Foi muito gostoso transar com ele – mordi meu lábio. – Ele tem umas mãos... – adorava provocar as pessoas, principalmente as quais eu odiava. Eu não fazia a mínima ideia de como se fazia, apenas deduzi que se deve usar às mãos também.

  Laura pularia em meu pescoço, então sai e fui andar pela noite. Não precisava dela para me infernizar. Nunca mais quero ver aquela mulher asquerosa!

  Sentei-me no chão e suspirei. Quase que perdia a cabeça na presença dela. Se isso ocorresse, serio o fim de tudo.

  Era tarde e ouvi barulho e gritos. Levantei-me assustada e andei alguns metros dentro da mata, mas fui atingida por algum feitiço e desmaiei.

  Acordei zonza e com a cabeça latejando. Não ouvia mais nada. Com certeza a algazarra já tinha acabado – Perdi muita informação enquanto estava acordada. Precisava saber o que estava acontecendo. – Procurei minha varinha. A usaria se fosse necessário.

  Dei alguns passos. Minha cintura foi envolvida por um braço e minha boca foi tapada – Senti o rosto dessa pessoa próximo ao meu.

  - Quietinha!

  Ele levou-me mais para dentro da floresta e prensou-me contra uma árvore para que eu não fugisse.

  Somente via parte de rosto, não havia muita luz ali. Seus olhos eram castanhos e amedontradores. Era loiro? – Eu não tinha certeza, mas parecia existir; alguns fios loiros, existentes ali.

  Ele aproximou seu rosto de meu ouvido.

  - Não faça nada... – senti sua respiração. – Ou poderá ser pior para você...

  Minha boca foi liberada, mas não gritei e nem gritaria. Eu prezava pela minha vida e aquele homem parecia malvado...

  - Você não deveria andar sozinha por aí...

  O homem pousou a mão em meu pescoço, segurando meu colar.

  - Uma serpente? – fechei meus olhos e respirei fundo. Ao abrir, vi seus olhos. – Não existem muitos bruxos que gostem desse animal...

  Engoli em seco.

  - Eu não sou eles... – ele me fitava e isso incomodava. – Sou melhor... – eu arfava.

  Ele aproximou-se de mim e virei meu rosto. O que senti e ouvi foi totalmente estranho e desconexo para minha mente, que estava temerosa: senti o nariz dele em meu pescoço, mas a sua fala...

  - Você é tão cheirosa...

  Eu estava na presença de um pervertido, que acima de tudo era bruxo e poderia fazer coisas horríveis contra mim.

  - E ainda é uma Sonserina...

  Virei meu rosto para vê-lo melhor – Mas como ele sabia que aquela era minha casa? – Ele era loiro, pois vi alguns fios caídos sobre seus olhos.

  - Como? – ele tapou minha boca e virou o rosto, observando os lados.

  Entendi porque ele estava agindo daquela maneira. Era um fugitivo. E eu, como o havia visto, deveria dizer o ocorrido, mas não era burra de fazer algo assim – Observei a tatuagem em seu braço esquerdo, que tapava minha boca. Era a Marca Negra; que os Comensais da Morte usavam.

  Ele abaixou sua mão e passou pela minha cintura – Como se eu tivesse algum modo de escapar ilesa...

  - Você é um Comensal da Morte.

  Fui prensada contra a árvore e bati a cabeça com força, ficando tonta e sentindo dor – Não estava me sentindo bem e deslizei até o chão. Coloquei minha mão atrás de minha cabeça e percebi um corte. Eu estava sangrando.

  Olhei para minha mão, que continha sangue. Fechei meus olhos e respirei fundo. – a dor era grande. E se tratando de um ferimento na cabeça, é muito perigoso.

  Minha visão estava ficando turva, foi, quando senti mãos me afastando da árvore e examinando o corte em minha cabeça. Não via a pessoa, mas deduzi que fosse aquele homem.

  - O que você está fazendo? – perguntei de olhos fechados e sentindo ele cuidar de mim. – Você não deveria me matar...?

  Eu devo ter perdido muito sangue, pois em sã consciência não teria falado aquilo.

  Ele segurou meu rosto com suas mãos quentes... - Ou eu estava mais fria...? – Abri lentamente meus olhos e castanho com negro se encontraram. – Ele não parecia malvado, e sim uma boa pessoa.

  Fechei meus olhos e respirei fundo, sentindo um cheiro de eucalipto. Cheiro, esse que odiava, mas que naquele momento era reconfortante.

  - Porque me ajudou? – abri meus olhos e sentei-me sem muitas dificuldades.

  O loiro se levantou e fitou-me.

  Coloquei minha mão atrás de minha cabeça. Não havia mais corte ali e nem sinal de sangue – Olhei para o loiro. Levantei-me e fui até ele.

  - Comensais não são bonzinhos...

  Mas por que eu tive que dizer a tal palavra novamente? – Ele segurou-me por trás, apontando a varinha em meu pescoço. Senti a ponta pressionando minha pele.

  - Se vai me matar que me mate de uma vez. Odeio ter que esperar para morrer... – fechei meus olhos. – Ande logo com isso!

  - Você quer morrer?

  Continuava de olhos fechados.

  - Não, mas se for para morrer que seja rápido...

  A varinha dele não estava mais em meu pescoço, soltou-me.

  - Você é diferente... Não consigo te compreender.

  - Nem eu mesma me entendo. Sou bipolar e um paradoxo humano, uma dessas coisas.

  Eu estava conversando civilizadamente com um Comensal fugitivo, que me machucou duas vezes! Não me entendo do porque de fazer isso!

  - Qual seu nome?

  Eu não deveria conversar com estranhos (até parece que sigo essa regra!) e muito menos dizer meu nome, mas eu não vi problema – não vi problema? Ser um Comensal da Morte, que pode te matar já é motivo o suficiente.

  - Aira Dulce Stwert.

  Aqueles olhos castanhos examinaram-me mais atentamente. Se é que era possível, faltando luminosidade ali.

  - Nome diferente e adequando para você... – suspirei. – Tem a aparência delicada e doce... – Quem ele estava chamando de delicada? - Nascida trouxa.

  - Não, mestiça. É diferente.

  - Mas não é sangue-puro.

  - E que importa de eu ser mestiça? Sou bruxa do mesmo jeito...

  - Eu deveria te matar... – ele apontou entre meus olhos.

  - Deveria...

  Eu sou idiota ou o que? Eu disse ”Deveria”? – Não queria morrer, muito menos antes de experimentar algumas coisas das quais ainda não pratiquei. – Deveria ter ficado calada.

  Ele era homem, eu, uma mulher (mesmo que não aparentasse), por que não...?

  Coloquei minhas mãos sobre seu peito e mordi meu lábio (técnica infalível, quando estava em falta minha luva). Aproximei-me de seu ouvido – Nem eu mesma acredito em minha ousadia!

  - E o seu nome?

  E ele responderia? Não! Apenas afastou-se de mim e olhou-me com curiosidade. Pela sua expressão, nunca vira uma sonserina comportar-se daquela maneira.

  Virei-me e decidi ir embora, assim, de repente, esquecendo de que poderia ser morta.

  Fui agarrada por trás e meus cabelos puxados, tendo minha cabaça tombada para trás, ficando depositada em seu ombro.

  - Aonde pensa que vai?

  A língua dele saiu de uma maneira estranha. Era um tique nervoso. Não me incomodei com aquilo, achei até bonitinho (eu tinha problema, por achar seu tique nervoso bonitinho).

  - Não lhe dei autorização!

  - Não preciso de autorização para fazer o que quero! – Foi uma coisa nojenta de se sentir: ele lambeu meu pescoço – Não estou brincando! Ele Lambeu! – Senti um arrepio e se pudesse, eu teria limpado o lugar. – Interessante...

  Se continuar assim, eu nunca sairia dali.

  - O que é interessante? Meu gosto? E qual é?

  Posso ser tratada como doida, mas não sou doida a ponto de fazer algo extremamente burro.

  - Não é seu gosto... – não entendi nada. – É você. Muito interessante a sua personalidade.

  E ele precisava me lamber para falar isso? – Tentei me soltar, mas naquela posição eu não poderia fazer muita coisa.

  - Gostei de você...

  “E eu odiei sua pessoa!”, pensei na hora com vontade de chutar suas partes íntimas.

  - Somente por isso direi meu nome...

  Ele afastou meus cabelos e foi até meu ouvido.

  - Bartolomeu Crouch Junior.

  Por que quando ele disse seu nome fiquei arrepiada? Eu já ouvira aquele nome em algum lugar – Passou, rapidamente em minha mente onde havia visto aquele nome, fora em um jornal. “Bartolomeu Crouch, chefe foi Departamento de Execução das Leis da Magia”. O homem que me segurava era filho dele, mas pensei que ele estivesse em Azkaban...

  - Eu poderia ficar mais com você... – eu não queria isso! – mas tenho que ir!

  Ele se afastou de mim e desaparatou.

§§§

Acordei na barraca e pulei da cama – Não fazia a mínima ideia de como parei ali – Olhei as horas e eram uma e meia da tarde.

  Havia dormido demais. Senti meu estomago embrulhar, quando lembrei da noite anterior. Aquilo foi asqueroso – Corri para o banheiro, banhar-me e tirar qualquer presença dele em meu corpo e lavar, muito bem, meu pescoço, onde a boca dele tocou... Na verdade foi a língua, mas de qualquer forma era melhor desinfetar.

  No final da tarde voltei para a casa, meio traumatizada com tudo, mas não mencionei nada para minha mãe. Se eu dissesse, ele nunca mais me deixaria voltar para Hogwarts pelo resto de minha vida.

  Fiquei o restante do dia, trancada em meu quarto, tentando esquecer aquela cena de minha vida. Minha mente estava cheia de pensamentos e indagações sobre o porque dele ter estado lá. Queria uma forma de escapar da realidade, então, naquela noite, enfiei-me em um livro para me distrair.

§§§

Uma maneira, muito simples e eficaz de me distrair, era comprar. E como estava precisada de roupas, pois as que eu tinha já estavam meio acabadas e queria dar uma repaginada no visual.

  Minha mãe deixou-me no shopping e seguiu para um compromisso muito importante e entediante. As pessoas não se importaram muito de me ver entrando em uma loja especializada no tema Rock. Já ouvira falar muito daquela loja, mas nunca havia entrado ali. Era a minha primeira parada.

  Entrei e observei os diversos tipos de roupas, cada um para um tipo de rock, dos mais leves até os mais pesados. Não gostava muito de metal, então fui para uma sessão mais no meu estilo.

  Observei uma garota, que me parecia conhecida, ela estava totalmente no estilo rock: blusa com o emblema Rock’n Roll, blusa branca e larga, all star preto e maquiagem pesada. Olhei bem para seu rosto e a conheci.

  Fui até ela e resolvi fazer minha investida.

  - Oi Carolina Smith – ela se virou rapidamente, assustada.

  - Como você sabe meu nome?

  Ninguém me conhecia mais, não? Não achei que a mudança física foi tão grande assim...

  - Você é muito tímida em Hogwarts, mas aqui... Sendo roqueira.

  - Você também é?

  - Sou. Não lembra de mim? Aira Stwert?

  - É você? Meu Merlin, mas o que houve com seus cabelos?

  Era uma longa história, que com certeza, todos vão querer saber, quando eu retornar a Hogwarts.

  - Fiz babyliss no cabelo.

  - Nossa! Você não se parece com nada com aquela garota de meses atrás.

  Isso era verdade. Eu estava empenhada em ser uma nova Aira, com mais atitude e presença. E para isso, o primeiro passo seria reorganizar meu armário, pois, em minha ausência, minha mãe comprou algumas peças de roupa, que não são do meu gosto.

  - Em que posso ajudá-la? – mudou de assunto e tratando-me com profissionalismo.

  Revelei que queria concertar meu estilo e deixá-lo menos mórbido (se é que isso fosse possível). E ela, como boa vendedora, ajudou-me nas escolhas e aconselhou-me – em hipótese alguma – de que não posso usar cores berrantes e nem laranja ou verde limão, pois meu perfil não se adequava a essas escolhas. E, sinceramente, odeio cores cítricas e berrantes.

  Experimentei diversas roupas, entre as quais muitas eu comprei. Também fui apresentada aos all star customizados: lantejoulas, com desenhos de caveira, entre outros legais.

  Passei em frente a um vestido, lindo, com a saia volumosa e de pregas; todo preto; até o joelho; era de bustie e bem acinturado.

  Fiquei maravilhada com aquela peça de roupa, mas quando vi o preço, quase tive um infarto de tão caro que era. Meus pais me matariam se eu comprasse e nem se fizesse em mais de vinte e cinco parcelas, eu conseguiria pagar aquilo.

  Tive que me despedir do meu maior sonho de consumo até aquele momento.

  - Por que não se veste assim em Hogwarts?

  Smith olha-me como se eu fosse de outro planeta.

  - Você tem um estilo legal e não deveria se esconder na escola...

  - E o que faço? Visto-me como uma roqueira convicta e detono em Hogwarts?

  - Detona, garota! Eu detono e posso ajudar você.

  Demorou um pouco para convencê-la, mas consegui fazer com que ela me desse seu endereço. Não importasse o que tivesse que fazer, mas eu a ajudaria. Via-me nela, se eu não tivesse mudado. Smith precisava se abrir para o mundo.

  Fui recebida em sua casa com carinho. Arrastou-me para seu quarto e quando ela abriu a porta, vi um manequim vestido.

  - Por que o manequim?

  Smith fechou a porta e foi até o manequim.

  - Você disse que vai me ajudar, então resolvi ajudar você a ter aquele vestido. Mas o único problema é que não sei, direito, como ele é.

  Ela sorriu tímida.

  Peguei um caderno e um lápis e comecei a desenhar o vestido: frente, costas, lado e os detalhes ampliados. Em cinco minutos já tinha tudo terminado.

  Foi trabalhoso, mas ela conseguiu. Fiz a prova do vestido, que ficou perfeito em mim, fazendo alguns ajustes aqui e ali. Ao olhar-me no espelho vi como eu estava. Não me reconhecia de tanta diferença e não eram pelos meus cabelos, olhos... e sim pelo meu porte, parecia mais adulta. Minhas férias com certeza renderam bastante.

  Sem permissão, pois queria saber o motivo dela esconder o seu estilo. Abri seu armário e deparei-me com peças de roupas incríveis.

  Uma mais bonita do que a outra. A obriguei vestir algumas peças.

  - Estou... Sentindo-me estranha...

  Eu não estava ouvindo aquilo! Smith é roqueira convicta e estava se sentindo estranha?

  - Você vai com essa roupa para Hogwarts.

  - Não!

  - Se não for, eu juro que te enfeitiço!

  Nunca subestime uma garota, muito menos uma sonserina.


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Notas finais do capítulo

A fic está na reta final, mais uns dois capítulos e acaba.
Comentem, por favor!