Sunglasses escrita por belaledok


Capítulo 1
Prefácio- Jácinto




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-Eu aceito esse papel. Faço meus votos a Apolo, deus dos oráculos. Abro meus olhos para o futuro e abraço o passado. Eu aceito o espírito de Delfos, Voz dos deuses, Porta-voz dos Enigmas, Vidente do destino. – A garota falou. Seu nome era Anne. Eu assistia tudo ansioso pela grande profecia dela. Deméter, sua mãe estava ao seu lado nervosa. Uma coluna de fumaça verde desceu da boca da velha senhora do seu lado, e se enrolou em seu corpo. Por um momento não vi a garota e depois ela desabou no chão, fraca. Deméter estava mais nervosa ainda. E então o espírito aceitou seu corpo e ela abriu os olhos ainda fraca. Deméter correu pra Anne e colocou sua cabeça em seu colo. Ela era a filha preferida dela, depois de Perséfone.

-O espírito aceitou seu corpo Anne. Você é o novo oráculo de Delfos. Vamos esperar agora a sua primeira profecia- falei sorrindo. Mal terminei de falar e a névoa verde a envolveu mais uma vez. Ela ficou séria e falou:

-Por um amor começou e por um amor terminará

A maldição sem sentido estará,

Quando ele o beijo nela der,

Então, Sol e vento num só se unirão

E assim um fruto poderoso terão

A terra e o céu se rebelarão

E o pequeno fruto será a única salvação

-NÃO! – gritei com desgosto. Eu sabia do que ela estava falando, sabia do que se referia. Se referia a Jacinto.

Jacinto era filho de Clio, uma das musas que eu protegia, e de um mortal a quem ela se uniu. Era um belo garoto: Leve como a brisa, radiante como o sol, leal... Logo que nos conhecemos nos tornamos amigos. Eu acompanhava ele e ele me acompanhava. Mas como todas as histórias aqui, nesse mundo tem que ter uma complicação, existia Zéfiro. Não que eu não gostasse dele, nem nada, só que o que ele fez foi demais. Tudo bem que Jacinto era amigo dele, mas que amigo faria isso com o outro. Me lembro claramente do dia:

Eu e Jacinto jogávamos uma partida, e ele fez um primoroso arremesso. Lancei o disco alto e longe. Jacinto correu rindo e gritando excitado com o lançamento, verdadeiramente o lance primoroso de um deus. Foi então que Zéfiro obteve sua oportunidade. De sobre as árvores veio prontamente o murmúrio do Vento Oeste e golpeou o meu disco que voou com violência para a cabeça do meu amigo. Partiu os cachos de cabelos que lhe caíam sobre o rosto, atravessou a pele, as carnes e os ossos e o derrubou ao solo. Eu corri, derramando lágrimas - nada supera a dor de perder um amigo - levantei-o nos braços, mas a cabeça dele tombou sem vida sobre os meus ombros.

-Se eu pudesse morrer por ti, Jacinto!- Falei- Despojei-te de tua juventude. O sofrimento é teu, o crime é meu. Cantarei para ti sempre, ó amigo perfeito! Tu viverás eternamente como uma flor que aos corações dos homens falará da primavera e da juventude eterna-. Enquanto falava a meus pés brotava, das gotas de sangue, um cacho de flores azuis como o céu na primavera, embora pendessem as pétalas como se em estado de dor. Zéfiro olhava tudo, como de estivesse arrependido pelo que fez, com a mão na boca e os olhos cheios de lágrimas. – E tu teu ordinário, terá o que mereces! Verás todos os teus filhos sofrerem: Eu, Apollo, deus do sol, amaldiçôo teus filhos a se encontrarem um amor, sofrer por ele eternamente, e nada nem ninguém, poderá quebrar essa maldição a não ser eu. - falei e as palavras ecoaram pelo campo.

E Essa história agora? Eu nunca poderia me apaixonar por uma filha de Zéfiro! E nem gerar uma criança com ela! Se dependesse de mim essa maldição nunca aconteceria. Agora só me resta aguardar o tempo se resolver.


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Notas finais do capítulo

E ai?
o que acharam?
Gostaram do início?
Deixem review!
Amanhã tem mais (Se tiver review).
Beijos
Bells