Eu podia ver a dor só de encará-la por um segundo. Estava chorando, desesperada, molhando sua blusa vermelha que era dois números maior (a única que conseguimos roubar) com lágrimas que escorriam pelas bochechas rosadas.

Paralisada, com a boca aberta e olhos arregalados, Annabeth tropeçava enquanto corria. Eu segurava sua mão com força, apesar de ela tentar se desvencilhar a todo custo. Grover ia à frente, correndo, trotando ou seilá a toda velocidade, como se um restaurante de enchiladas tivesse acabado de abrir as portas.

E então eu olhei para trás, por cima dos ombros e tive vontade de vomitar ali mesmo. Ela, sangrando, deitada no chão, esperando a morte, com sua lança apontando para cima. Segurava-a com suas últimas forças,tremendo. E então, nada. A sombra daquela criatura a havia encoberto, a levado.

Tropecei na minha confusão e nas minhas lágrimas, quase levando nós três para o chão. O monstro se levantou, com uma lança fincada no peito e direcionou a mim seus olhos horríveis que teriam feito com que eu infartasse algumas semanas atrás.

[POV Observador]

Mas não. Aquele... aquela besta havia acabado com a vida da única pessoa que confiava, que encontrava apoio. Não ia deixar ninguém mais morrer. Se não fosse pela pequena garota de mãozinhas suadas que soluçava ao seu lado enquanto ele praticamente a arrastava colina acima, teria dado meia volta e acertado aquele idiota bem no meio da fuça.

Mas não podia fazer nada. Pegou Annabeth no colo apesar de seus braços gritarem de dor e correu como nunca havia corrido na vida. as lágrimas embaçavam sua visão, mas ele iria sobreviver e salvar a garota, custe o que custasse. Alcançou Grover que já estava praticamente no topo da colina.

Ao chegar lá, desabou, soltando a menina um pouco antes e rolando na grama, exausto, com o corpo gemendo de dor e as lágrimas inundando seus olhos e contoncendo sua garganta.

Viu o monstro se chocar com o ar e se debater. Mas não queria saber. Não queria saber de mais nada. Ela havia morrido.

Então, encarando o céu nublado cortado por raios, travando o maxilar e pensando nos piores palavrões possíveis, desmaiou enquanto as primeiras gotas de chuva da tempestade tocaram o solo.