Shunkashuutou escrita por suicide_party


Capítulo 19
taitou


Notas iniciais do capítulo

andei pensando em colocar um trecho de música em cada capítulo xD e, por incrível que pareça, todas por enquanto são do koRn ~_o mas tá né...se a idéia for má me batam por favor o/ e, ah, isso vai ficar dramalhão mesmo x_x



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"i'm, i'm confused, fighting myself
wanting to give in, needing your help
skin cold with fear, feel it when we touch
outside i know you, but inside i'm fucked

can you see it in me? skin cold from touch
each day confronted with what i have done
you pull me closer, i push you away
you tell me it's okay, i can't help but feel the pain

i hate you
why are you taken?
i love you
i feel so helpless
why is it you?
ripping my insides each time i'm with you
why do i try?
why do i really need to?"

koRn - Need To

 Já estava anoitecendo e Shou continuava no mesmo lugar. Não lembrava de ter passado tanto tempo pensando antes. E não sabia se isso fazia bem. Pensou em milhares de saídas milagrosas com finais felizes para a situação em que se encontrava, mas a única coisa razoável que sentia que podia fazer era ironicamente a que mais o machucaria: teria que terminar com Saga. Esquecê-lo de vez e tentar viver o mais comum e normalmente possível.  Odiava a todos, incluindo ele mesmo por ter que tomar essa decisão e, mesmo achando que seria a coisa certa a fazer, demorou algumas horas para aceitar. Não queria perder Saga, não queria ser obrigado a ser uma coisa que não era, mas também não queria que seus pais tivessem vergonha dele, nem que seu melhor amigo durante a vida inteira achasse que estava ficando de lado. A dor de cabeça estava piorando e a sensação de solidão crescia a cada instante que lembrava de Saga, mas tentou não pensar mais nisso. Começou a pensar seriamente em voltar para a casa dos pais e dizer que estava arrependido, mesmo não estando. Sentiu os olhos já inchados arderem novamente e voltou a abraçar os joelhos, enterrando o rosto entre os braços. Sentiu que podia ficar assim o resto do dia, o resto da vida.

 - Shou!

 Aquela voz. Shou a reconheceria em qualquer situação. Levantou o rosto e viu Saga se aproximando depressa, parecia ter corrido o dia inteiro. Shou tentou falar alguma coisa, mas nada saiu além de um murmúrio que nem ele soube o que era. Saga se ajoelhou do seu lado e o abraçou forte. Shou o abraçou de volta, deixando algumas lágrimas salpicarem o impecável tecido vermelho do casaco de Saga.

 - Você tá bem? Eu estava tão preocupado com você! – Saga ainda não o olhara nos olhos, talvez por isso não tivesse percebido de primeira que Shou não estava nada bem. O outro não falou nada – Eu te vi discutindo com o Hiroto hoje na saída, mas não quis me meter. Fui pra casa esperando que vocês se entendessem, mas você não voltou. Eu até fui na casa dele mas ele falou que não sabia onde você estava...já ia na sua casa pra ver se você estava lá mas lembrei de vir aqui primeiro. – ao não ouvir nada de Shou, Saga o encarou e viu que chorava. O alívio que sentira ao vê-lo se apagou por completo – O que aconteceu?

 - Eu...preciso conversar com você. – Shou não o encarou de volta. Não queria mais ter que olhá-lo nos olhos sabendo que teria que matar o que sentia, sabendo que teria que abrir mão de sua própria felicidade. E sua felicidade era Saga.

 - Sobre o que? O que aconteceu? – Saga tentava inutilmente buscar o olhar de Shou.

 - E-eu...Não vamos falar sobre isso aqui, por favor...

 Saga assentiu. Queria e não queria saber o que Shou tinha a lhe dizer. Queria poder aliviar o peso que parecia se acumular nos ombros do outro, mas temia o que ele tinha a dizer. Temia que suas suspeitas tivessem se tornado realidade, temia que Shou não agüentasse mais a situação toda, mas faria de tudo para mantê-lo do seu lado. E se tivessem que se separar, seria assim, quisesse Saga ou não. Acompanhou calado Shou até sua casa, tentou até segurar sua mão, mas Shou se desvencilhara dela não muito tempo depois. Sentia vontade de chorar, mas não quis sofrer por antecipação e se manteve sóbrio e sério. Girou a chave na porta da sala e passou, deixando Shou entrar em seguida e trancando a porta.

 - Eu...não posso mais ficar aqui Saga, desculpe. – Shou ainda não o encarava, e isso estava deixando o outro nervoso.

 - Mas pra onde você vai? Eu não posso te deixar ir embora assim sem...

 - Eu vou voltar pra casa dos meus pais.

 Saga o encarou por um tempo sem dizer nada. Sabia o que aquilo queria dizer, mas não queria acreditar.

 - Mas...Shou...Você não pode desistir desse jeito.

 - Desculpa. – Shou estava de costas para Saga, mas era óbvio que ainda chorava.

 Saga apenas queria abraçá-lo e nunca mais soltar. Nunca mais deixar ninguém machucá-lo. Mordeu com força o lábio inferior, tentando conter as lágrimas que não queria que saíssem e andou até Shou, colocando uma mão em seu braço. A pele estava muito gelada, por estar na rua desde que saíra da escola. O inverno estava começando e o clima já era frio. Shou olhou para sua mão, depois para ele. Uma das primeiras vezes no dia em que o olhara nos olhos. E Saga não gostou do que viu, não queria ver Shou daquele jeito. Puxou com delicadeza o braço do outro até que o encarasse e o beijou. Os lábios de Shou também estavam frios, mas Saga não se importou. O beijou com calma, não queria apressar o momento, ainda mais porque sentia que podia ser o último. Separou os lábios dos de Shou e voltou a o encarar:

 - Vai então. – Saga não pôde evitar mais, acabou deixando as lágrimas caírem quando viu a expressão de Shou ao dizer isso. Deu as costas a ele e subiu correndo as escadas, se fechando em seu quarto em seguida. Não queria que Shou fosse embora, não queria desistir do que sentia, mas a coisa que menos queria era ver Shou sofrendo como estava. E se Shou fosse mais feliz longe dele, assim seria. Sentou na cama, enterrando o rosto nas mãos e tentando se convencer de que fizera a coisa certa, mesmo que isso o matasse por dentro.

 Shou subira as escadas também, passando em silêncio pelo quarto de Saga e indo arrumar suas coisas para ir embora no quarto que antes era do irmão do outro. Arrumou tudo o mais rápido que pôde, passou pela porta do quarto de Saga, – ainda fechada – e desceu as escadas sem o menor ânimo. Olhou pela última vez a sala da casa antes de fechar a porta e sair pela fria rua. Limpou as lágrimas antes de bater na porta de sua casa.

[...]

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