Shou o encarou calado, limpando as lágrimas do rosto com a parte de trás da mão.

 - Sua mãe me deixou subir... – Hiroto o olhou, culpado.

 - Tudo bem, entra. – o outro deu alguns passos para trás, deixando Hiroto entrar e fechando a porta. Hiroto se sentou na cama, olhando o chão. Shou sentou do seu lado. – O que deu em você?

 - Eu só, não sei, fiquei com... ciúmes. – Hiroto o olhou com aquele famoso olhar de “a culpa é sua”. Shou sorriu.

 - Ciúmes?

 - É, você sabe, eu fiquei tanto tempo trancado em casa, e quando saio você só dá bola pra aquele... idiota.

 Shou riu, bagunçando o cabelo do amigo:

 - Idiota é você, nanico!

 Hiroto deu um sorriso gritantemente forçado e afastou o braço de Shou:

 - É sério... – sua voz era tímida, mas ainda sorria.

 Shou suspirou, sabia que era verdade. Encarou Hiroto por um tempo e levantou, ficando de costas para o mesmo, não queria ver sua reação quando contasse. E sentia que se não contasse no momento talvez nunca mais tivesse coragem.

 - Eu e Saga... estamos juntos. – sentiu o rosto corar imediatamente, e ficou feliz por ter tido a idéia de se levantar.

 Hiroto não o respondeu, mas Shou sentia que ele o olhava boquiaberto. Virou só um pouco a cabeça para confirmar a cena, e quando Shou encarou Hiroto de novo, o silêncio se tornou insuportável.

 - Fala alguma coisa! Pode me odiar pra sempre, mas fala alguma coisa! – Shou voltara a o encarar, mas Hiroto continuava sentado com a expressão surpresa.

 - Eu... Shou, eu não... – parecia fazer muita força para encontrar as palavras certas, mas quando viu Shou chorar novamente, e dessa vez de vergonha, as palavras voltaram – Shou, eu não me importo. Mesmo. Mas eu não sabia, desculpa...

 - Você não tem culpa de nada. – Shou mais uma vez dera as costas ao outro, limpando o rosto com as mãos – Eu não devia ter te deixado de lado, você nunca me deixou, eu que te devo desculpas.

 Hiroto pensou em levantar e consolar Shou, mas a situação toda o deixara atônito demais para reagir. Ele mesmo já havia dado uns amassos com Saga uma vez, mas por pura curiosidade, e não haviam ficado juntos depois disso. Mas como Shou havia dito, parecia algo sério. E ele parecia muito confuso quanto a isso. Hiroto não quis piorar a situação pra ele.

 - Nós dois pisamos na bola, mas tudo bem. Sem ressentimentos. – Hiroto sorrira, dessa vez sinceramente, ao ver que Shou não chorava mais quando o olhou novamente.

 Shou voltou a sentar do lado de Hiroto e este o abraçou. Um abraço não muito longo nem muito íntimo. Hiroto só queria mostra que estava ali, e que não queria ver Shou triste. Nunca havia se sentido tão próximo do amigo antes, bem mais que um irmão.