Maio de 2019
— Bella, você vai se atrasar. Nem no dia do seu casamento você larga essas malditas tintas ? Eu vou custar para tirar isso do seu cabelo… – Rosalie tinha entrado reclamando em meu ateliê enquanto eu pintava. Eu mal dei atenção, mas tive que parar quando ela tomou o pincel da minha mão. – Isabella! Olha pra mim. – Olhei para a figura loira e esbelta a minha frente, que estava com sua cara mais amedrontadora e com as mãos depositadas em sua cintura.
— Oi, Rose. Fala. – Eu perguntei, querendo a irritar um pouco mais. Rosalie era minha melhor amiga desde quando eu me entendia por gente, além de ser minha cunhada. Devido à isso, era minha única madrinha de casamento e a responsável por me arrumar.
— Pelo amor de Deus, pelo menos hoje, você pode soltar essas tintas e dar atenção à você mesma? – Ela deixou as mãos caírem ao lado do corpo. – Hoje é um dia especial, você sonhou tanto com isso.. Todo mundo está acostumado com noivas atrasadas, mas,do jeito que você é, vai deixar o Benjamin morrer esperando por você.
— Eu sei, Rose. Mas eu estou nervosa, e pintar me acalma. Eu não estou muito bem hoje. – Soltei a frase toda numa respiração só.
— Como assim, amiga? Logo hoje? É alguma coisa no estômago? Eu tenho um remédio ótimo aqui. – Ela abriu a bolsa e começou a procurar pelo remédio.
— Não, Rose. Acho que é no coração… Estou angustiada, mas é só isso. – Me levantei do banquinho e limpei as mãos no meu avental. Retirei-o, dobrei e acompanhei Rosalie até meu quarto. Tomei banho enquanto ouvia Rosalie falar sobre o último carro que ela havia arrumado.
— Bella, você iria amar aquele carro. Potencializei o motor dele e tudo mais, agora sim ele tem um motor digno de uma Mercedes… – Ela continuou devaneando sobre os carros que arrumava com o pai. Rosalie era engenheira mecânica e apaixonada por carros. Ela tagarelava enquanto secava meu cabelo. Depois que acabou, começou a arrumá-lo. Ela continuava a falar sobre o carro, mas, embora eu amasse ouví-la falar sobre o trabalho dela, meus pensamentos estavam longe. Não, eles não estavam em meu noivo, Benjamin, mas sim em uma outra pessoa.
Conheci Edward em 2008. Na época, tínhamos dezoito anos recém completados e estávamos nos formando no ensino médio. Estudamos na mesma escola por anos, mas apenas no ano da formatura, quando viramos uma dupla nas aulas de biologia, que começamos a conversar. A conexão foi instantânea e logo começamos a namorar. Eu costumava pensar nessa fase da minha vida como uma das mais tristes pelo que nos aconteceu depois, mas hoje reconheço que aquele foi o melhor ano da minha vida. Edward era uma das pessoas mais gentis e amorosas que eu já conheci. Acho que esse foi o motivo pelo qual me apaixonei perdidamente por ele.