- Será que dava pra você nos deixar sozinhos Jacob? – perguntei, bem calma.

- Ok...

Ele se levantou e saiu da caverna. Eu olhei bem para Edward. Ele parecia não agüentar mais respirar. Seu coração estava tão fraquinho que eu mal escutava sua pulsação. Seus olhos verdes estavam perdendo o brilho, e sua mão que até agora segurava meu braço estava com os dedos quase abertos.

- Edward...

- Bella, eu sei que você vai falar não... – ele fez uma pausa para recuperar o fôlego – mas pense... Nós vamos poder ficar juntos pra sempre...

- Mas eu não quero que você viva essa vida Edward... Ser vampiro não é tão legal quanto você pensa...

- Mas eu não me importo... Estando ao seu lado Bella, nada me importa... – ele se esforçava para deixar os olhos abertos. Eu tinha poucos minutos.

- Você não vai poder ver a sua família pelo menos por um ano...

- Não me importo... Vão ser umas férias da Alice... – ele sorriu. Até morrendo ele fazia piadas.

- É sério... Você vai se arrepender Edward...

- Não vou... – ele estava mesmo determinado.

- E se eu te matar? E se eu não conseguir para de sugar o seu sangue?

- Você vai parar... Você me ama, não me deixaria morrer...

- A parte de que eu te amo é verdade... Agora o resto eu já não sei...

- Não me importa se você vai parar ou não... Eu quero que você tente Bella...

Edward me olhou bem nos olhos, e eu sorri. Aquela confiança que ele tinha em mim me dava forças para continuar firme ao seu lado.

- Eu te amo Edward...

- Eu te amo mais Isabella Swan, minha vampira preferida...

Ele sorriu e tossiu mais uma vez, só que agora, seus olhos se fecharam. A sua respiração parou, seu coração também. Entrei em desespero, não sabia o que fazer.

- Edward, me responde... Por favor, não morra... – os ruídos saíam sem parar de minha boca. Eu estava tonta, minha vontade era de gritar.

Deitei sobre o seu peito. Ainda restava uma esperança.

Me levantei novamente e encostei meus lábios nos seus. Ele ainda estava muito quente, seus labios eram macios e receptivos.

Desci com a minha boca pelo seu rosto, até chegar em seu pescoço. Coloquei então minhas presas para fora, e depois de alguns segundos, penetrei-as em sua pele.

O sangue de Edward era tão bom quanto eu imaginava. Seu sabor fez com que eu mergulhasse em um mundo totalmente diferente de todos os que eu já tinha experimentado.

Mas eu não podia continuar com aquilo. Fiz então com que o meu veneno entrasse o mais rápido em suas veias, e depois o soltei, com a esperança crescendo em meu corpo.

Eu estava impaciente. Queria que ele tivesse alguma reação, por mais sofrida que fosse. Eu somente queria que ele reagisse.

De repente eu escutei uma batida de seu coração. Suas mãos se fecharam fortemente, e suas pernas se retraíram.

O veneno estava começando a fazer efeito. Ele iria se transformar em poucos dias.

- Edward, você pode me escutar? – perguntei colocando a mão sobre o seu rosto.

- Bella... – ele abriu os olhos. Eles estavam aflitos, cheios de sofrimento - Tira esse fogo daqui... Por favor...

- Olha, eu não posso Edward... Me desculpe, eu não queria que isso estivesse acontecendo... – mais ruídos saíram da minha boca. Eu não queria vê-lo sofrer. Era muito torturante.

Jacob entrou na caverna de repente, e eu me virei para ver o seu rosto. Ele estava feliz, provavelmente por que o amigo dele tinha entrado para o time dos sobrenaturais.

- Você mordeu ele? – ele me perguntou, se agachando ao meu lado.

- Sim... Jake, ele está sofrendo muito... – falei, tentando não olhar para Edward. Ele ainda estava se contorcendo, suas mãos agarravam uma pedra ao seu lado. Seu coração batia muito forte, e eu não sabia se tinha feito a coisa certa.

- Ele terá que sofrer Bella, não tem outra escolha...

- Nós temos que levá-lo para um lugar seguro... – falei, me levantando.

Jacob pegou Edward nos braços. Eu vi que ele mordia os labios, provavelmente porque não queria gritar. Eu virei meu rosto, não podia continuar vendo aquilo por muito tempo.

- Bella... – sua voz saiu fraca e sofrida. Me virei rapidamente e mirei seus olhos.

- Sim?

- Não saia de perto de mim... – ele estendeu a mão e tocou meu braço. Eu segurei sua mão, e sorri.

- Nunca vou sair do seu lado... – falei, beijando sua mão.

- Pra onde vamos Bella? – perguntou Jacob, arrumando corretamente Edward sobre seus braços.

- Pra minha casa...

Começamos a correr. Edward parecia se retorceu nos braços de Jacob, suas mãos seguravam firme em seus braços, e ele ainda mordia os labios.

Quando chegamos em casa, não deixei com que Reneé me fizesse perguntas. Com ela eu me entenderia depois.

A única coisa que me importava naquele momento era Edward. Jacob tinha o colocado em minha cama, e eu me sentei ao seu lado, segurando em sua mão. Edward agora tinha os olhos fechados, como se aquilo fosse para amenizar a dor.

Seu coração batia em um ritmo bem acelerado, forte, e a cada segundo, ele ficava ainda mais lindo.

Depois de três dias de sofrimento - meu e dele - o coração de Edward parou de bater. Suas mãos não estavam mais contraídas, e seus olhos se abriram.

A transformação estava completa.

Ele parecia um Deus. Seus traços eram delicados, mas fortes e marcantes. Sua cor pálida refletia uma luz imensa, como se sua pele tivesse sido pintada com tinta feita de pérolas.

Ele tinha se tornado mais forte, seus braços e seu abdômen estavam mais torneados. Seus olhos – vermelhos por causa da sua recém-transformação – eram enérgicos, ultrapassando até a intensidade das suas esmeradas anteriores.

- Edward...

Minha mão estava segurando a sua, a espera de uma reação. Ele apertou, e depois de alguns segundos, realmente olhou para mim e sorriu.

- Você está bem? – perguntei enquanto ele se sentava na cama.

Ele não me respondeu. Edward somente olhava a toda sua volta, e sempre acabava com os olhos focados em mim. Eu sorria, e esperava que ele falasse alguma coisa.

- Bella... – sua voz era tão suave e soava como uma canção. Assim como eu imaginei.

De repente Edward estava em meus braços, me abraçando. Ele estava muito forte, pude sentir isso na intensidade com que ele colocou seus braços em meu pescoço.

Eu não queria, mas tive que me separar, pois se continuasse, ele quebraria algum osso meu.

Nos olhamos por um tempo. Eu estava maravilhada com aquele ser na minha frente. Ele já era perfeito como humano, e agora, simplesmente não existiam palavras para descrever o que era o Edward.

Ele levantou uma das mãos e tocou em meu rosto. Sua pele estava muito macia, e seus dedos tatearem delicadamente cada parte da minha bochecha.  Eu fiz o mesmo, colocando minha mão sobre a sua nova pele, ainda mais suave.

Fiquei meio surpresa por ele estar assim, tão carinhoso. Era para Edward agir impulsivamente, desejando sangue mais do que qualquer outra coisa – como exatamente foi comigo. Mas ele não estava nem um pouco preocupado com isso, pelo contrario, ele parecia nunca mais querer retirar a mão do meu rosto.

De repente ele se inclinou graciosamente para me beijar. Eu fechei meus olhos, e quando nossos labios se tocaram, eu pude sentir aquela corrente elétrica passando por mim novamente.

Esse foi um beijo diferente de todos os outros. Ele foi novo. Edward não estava cauteloso, e eu também não. Deixei que meus instintos me levassem, e percebi que ele fazia o mesmo.

Era tão bom, que eu não queria desgrudar dos labios de Edward nunca mais. Se pudesse, ficaria ali para sempre.

Mas eu sabia que ele tinha necessidades, e que se não fossem atendidas logo, seria bem perigoso para muitas pessoas.

Quando me separei dele, pude ver seus olhos brilhando intensamente, e um sorriso – perfeito como sempre – se instalou em seus labios, me fazendo rir também.

- Você precisa caçar... – falei, me levantando.

- Como... se caça? – ele me perguntou meio confuso. Ele sabia que eu fazia isso todos os finais de semana, mas eu nunca tinha deixado ele vir junto.

- Eu te mostro...

Peguei Edward pela mão e nós saímos pela casa. Reneé estava na sala, assistindo a um programa de culinária - minha mãe não parece ser uma vampira – e quando viu Edward ali parado, com aquela perfeição, sorriu.

- Olá Edward... Bem vindo ao time de vampiros de Forks... – ela falou sorrindo. Eu achei muito estranho a minha mãe ser tão receptiva.

- Obrigada Sra. Swan... – ele falou, também sorrindo. Edward tinha se tornado muito gracioso depois da transformação. Eu até me assustei com a forma de como ele se mexia.

- Estão indo caçar? – ela perguntou, olhando para os olhos vermelhos dele.

- Sim... Mãe, será que você poderia avisar o Jacob pra mim? Ele disse que queria saber quando Edward terminasse de se transformar...

- Claro, eu vou ligar pra ele imediatamente...

- Eu quero ver o Jacob... – Edward falou, olhando para mim. 

- Edward, não é muito seguro... Você acabou de se transformar, então todas as suas emoções estão a flor da pele, e a sua sede dominará o seu corpo durante um bom tempo...

Ele fez uma cara meio triste. Eu odiava desapontá-lo.

- Tenha só um pouco de paciência ok? – sorri, e ele retribuiu, bem compreensivo – agora vamos...

O arrastei para fora e quando chegamos perto das arvores, ele parou.

- Que foi? – perguntei, olhando em seus olhos.

- Nós não vamos caçar por aqui não é? Seria perigoso...

- Lógico que não Edward, mas qual é o problema? – perguntei meio confusa. Por que ele estava tão preocupado?

- Eu... não sei correr como você corre... – ele falou, abaixando a cabeça. Eu ri da situação, me esqueci que ele tinha que se adaptar.

- Sabe sim... Olha, é só me seguir ok?

- Ok... – eu sorri, e me pareceu que ele se sentiu mais seguro.

Comecei a correr. Logo percebi que Edward me seguia, dançando por entre as árvores. Pude ouvir suas gargalhadas de felicidade, e ri junto, também muito feliz.

Quando eu achava que já estava a uma distancia boa da cidade, parei de correr, e ele parou junto comigo, esperando atento. Havia dois cervos ali por perto, pude sentir o cheiro de plantas que corria em seu sangue.

- O que você sente? – perguntei, e ele fechou os olhos e farejou de uma maneira engraçada.

- Tudo... – ele falou, sorrindo.

- Se foque somente na sua presa... – falei, fechando seus olhos com as minhas mãos.

Ele se concentrou. Percebi que ele procurava o cheiro certo, entre tantos outros cheiros deliciosos que se espalhavam pela floresta.

- Eles... estão a norte certo? – ele me perguntou abrindo os olhos.

- Sim... Agora eu quero que você faça somente uma coisa... – seus olhos estavam curiosos, ele parecia ser um aluno muito dedicado – Deixei que seus instintos te levem ok?

Ele fechou novamente os olhos. Em uma fração de segundos, Edward estava correndo novamente, em posição de ataque, em direção aos cervos. Eu o segui, também seguindo meus instintos, mas ainda sim atenta aos seus movimentos.

Quando cheguei junto a dele, vi que ele já estava no segundo cervo. Não me espantei muito com a sua sede, mas me espantei com a graciosidade de seus movimentos. Quando eu cacei pela primeira vez, não me lembro de ter sobrado muita roupa em meu corpo.

Depois que ele havia terminado o outro cervo, olhou para mim, e eu sorri.

- Resolveu não deixar nada pra mim? – falei, olhando para os dois cervos jogados no chão.

- Desculpa... Acho que a sede não me deixou muita opção... Mas eu me saí bem? – ele me perguntou, bem ansioso.

- Muito... Parece que você já caçou muitas vezes apesar de ter apenas algumas horas de vida...

Eu sorri e ele fez uma cara de convencido. Revirei os olhos, e comecei a andar entre as arvores.

Caçamos mais um bando que estava ao sul, e depois, voltamos pra casa. Edward parecia estar amando a vida de vampiro, e eu estava amando vê-lo daquele jeito.

- Bella, espera... – ele falou antes de alcançarmos novamente a casa.

- Sim...?

Ele pegou em minhas mãos e me olhou bem nos olhos. Seu rosto perfeito estava com um semblante suave, seus dois rubis brilhavam como duas estrelas. Eu simplesmente sorri e esperei que ele continuasse.

- Eu te amo... Obrigada por não ter me deixado morrer...

- Eu só fiz o que era certo... – falei, me inclinando em direção aos seus labios.

No meio daquele beijo tão intenso, uma coisa de repente aconteceu. Senti o cheiro de Jacob vindo em nossa direção, e Edward também.

Logo ele se colocou em posição de ataque. Eu fiquei com muito medo de não conseguir detê-lo.

- Edward, prenda a respiração... – falei firme, e acho que ele me obedeceu.

‘Jacob, toma cuidado. Eu acho que não é muito seguro você chegar mais perto.

- Eu arrisco... – ele falou, e eu pude ouvir as folhas secas se desfazendo com seus passos.

‘Ok. O pescoço é seu.

Ele foi andando mais devagar, e depois de alguns segundos, seus olhares se encontraram.